Aventura de Nietzsche no Romantismo Alemão
Introdução
Falar sobre Friedrich Nietzsche (1844-1900) é uma tarefa assustadora e, ao mesmo tempo, instigante. Neste artigo, vamos analisar o trabalho deste filósofo alemão e sua relação com o romantismo alemão.
Os princípios Apolíneo e Dionisíaco
Nietzsche descreve a arte dos gregos através dos princípios apolíneo e dionisíaco. O princípio apolíneo se refere à perfeição demonstrada nos sonhos, que mostram imagens divinas e belas. Já o princípio dionisíaco representa a embriaguez manifesta daquele mundo belo e divino. Ambos os princípios são fundamentais para compreender a arte grega.
Apolo e a busca pela verdadeira vida
Para os gregos, a vida verdadeira estava ligada ao princípio apolíneo. O homem deveria estar centrado no princípio de individuação, que permitia entrar em contato com um mundo de aparências divinas e gerar obras de arte. A experiência apolínea levava a um profundo estado de prazer e interpretação da vida.
Dionísio e a celebração da vida
O princípio dionisíaco era interpretado como uma embriaguez manifesta daquele mundo belo e divino de Apolo. A natureza celebrava a volta daquele que havia se perdido, o homem. Nas festas, as pessoas se esqueciam de si mesmas e vivenciavam a alegria da união. A arte dionisíaca não levava em consideração o homem de forma individual, mas sim sua relação com a natureza e a vida.
O Romantismo Alemão
O Romantismo alemão surge como uma resposta ao iluminismo francês, defendendo a supremacia do sentimento em relação à razão. Os artistas românticos acreditavam que a arte revelava uma verdade mais profunda do que a razão poderia alcançar. Eles buscavam resgatar uma conexão perdida com a natureza.
A busca pelo Absoluto
Os artistas românticos alemães buscavam o Absoluto, uma verdade absoluta que não poderia ser alcançada pelo homem, apenas expressa através da arte. A transcendência era vista como a determinante do Absoluto, e eles corriam atrás dessa verdade inalcançável.
Schelling, Hegel e a busca pela unidade
Fichte, Schelling e outros românticos alemães buscavam explicar uma totalidade orgânica. Schelling defendia a união dos pensamentos de Fichte e Espinosa, em busca de uma unidade que revelaria o absoluto. Hegel também se juntou a esse movimento, analisando o real como um processo dentro de uma grande unidade.
Separação de Nietzsche do Romantismo alemão
Friedrich Nietzsche rompe com o romantismo alemão ao perceber a morte de Deus e questionar a busca por uma verdade eterna. Ele introduz o conceito de perspectivismo, defendendo que a verdade pode ser alcançada de várias formas e não deve ser limitada por uma única perspectiva. Nietzsche acredita na vontade de poder como elemento fundamental da realidade, explicando que tudo no universo é resultado das alianças e oposições entre forças.
Conclusão
Nietzsche passa por uma transformação em sua visão filosófica, abandonando a crença na verdade apolínea e abraçando o princípio dionisíaco. Ele rompe com a tradição metafísica e revela a morte de Deus, defendendo uma filosofia para a vida que valoriza o confronto de ideias e a busca pela compreensão do mundo real. Nietzsche nos convida a celebrar a vida e a viver de forma plena, sem seguir dogmas impostos por uma única visão de mundo.
Bibliografia
- Nietzsche, Friedrich. O Nascimento da Tragédia. Trad. J. Guinsburg São Paulo. Companhia das Letras. 1992
- Nietzsche, Friedrich. Ecce Homo. Trad. José Marinho Lisboa. Oficinas de Guimarães. 1973
- Junior, Oswaldo Giacoia. Nietzsche. São Paulo. Publifolha, 2000
- Abrão, Bernadette Siqueira (org.). História da Filosofia. São Paulo Nova Cultural, 1999
- Junior, Oswaldo Giacoia. Nietzsche – 100 anos. In Dossiê Cult
Autor: Edvaldo Nabuco
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