Monografia: O Desenvolvimento Físico e Intelectual da criança na Educação Infantil
RESUMO
A pesquisa pretende analisar as formas utilizadas pelos professores no desenvolvimento físico e intelectual das crianças que estão iniciando suas vidas escolares na Educação Infantil, além de procurar novas metodologias que preparem essas crianças para a série inicial do Ensino Fundamental.
A realização desse trabalho vem conhecer novas metodologias de ensino que auxiliarão os professores em um excelente planejamento e trabalho do desenvolvimento físico e intelectual das crianças, qual deve ser a influência dos pais e do meio no qual a criança está inserida para ampliar o desenvolvimento físico e intelectual dessa criança e qual a forma mais adequada para o professor ou educador trabalhar com o lúdico das crianças utilizando os materiais oferecidos pela própria escola.
A pesquisa utiliza uma análise de bibliografias de autores que se une a uma pesquisa de campo desenvolvida pelo grupo e autorizada pela diretora da E.M.E.I. (Escola Municipal de Educação Infantil) “Joana Uhl Costa” do município de Tabapuã, cidade localizada no interior do estado de São Paulo, próxima a Catanduva e São José do Rio Preto.
Palavras – chave: desenvolvimento; intelecto; criança; lúdico; inteligência.
SUMÁRIO
RESUMO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO INFANTIL
CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO FÍSICO E INTELECTUAL
CAPÍTULO 3 – MOVIMENTO
CAPÍTULO 4 – COGNIÇÃO E APRENDIZAGEM
CAPÍTULO 5 – ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA
CAPÍTULO 6 – LÚDICO
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
A – Entrevista feita com os professores
B – Entrevista feita com os funcionários
INTRODUÇÃO
Como Piaget (1978, p. 87) relata:
“A criança possui várias fases de desenvolvimento até chegar à vida adulta e essas fases devem ser respeitadas por todas as pessoas que têm ou terão influência nesse desenvolvimento (pais, familiares, professores e funcionários da escola em que a criança está estudando)”.
Outros autores visam que o desenvolvimento físico e intelectual das crianças na Educação Infantil sofre evoluções constantes, mas isso não deve fazer com que a criança pule uma fase de sua infância, pois todas as fases são importantes para a criança e devem ser respeitadas.
Através da convivência que todos os participantes de nosso grupo tiveram ou ainda têm com crianças até seis anos, percebemos uma grande mudança e inovação da Educação Infantil ou nas primeiras séries do Ensino Fundamental e que os professores estão buscando novas metodologias para se adaptarem a essas mudanças.
Essa busca de aprofundamento e aperfeiçoamento dos professores está sendo feita em razão da “bagagem” que as crianças já estão trazendo para a escola, isto é, a criança já possui um certo conhecimento e isso faz com que o professor tenha que alterar sua metodologia de ensino para conseguirem trabalhar com essas crianças e auxiliá-las no seu desenvolvimento físico e intelectual.
Além disso, o professor também está vendo a necessidade de buscar cursos, palestras e conferências que complementem sua formação, auxiliando em seu trabalho escolar e melhorando ainda mais sua forma de aprendizagem para essas crianças que estão iniciando suas vidas escolares agora.
Esse desenvolvimento físico e intelectual não só depende da própria criança ou dos que trabalham na instituição escolar (professores e funcionários), mas também dos familiares e de todas as pessoas que vivem no mesmo meio em que essa criança está inserida.
Muitos desses professores estão tendo muitas dificuldades em lidar com essas crianças, mas está havendo muitas maneiras que auxiliem o professor e até facilitem o processo de aprendizagem dessas crianças.
O principal fator que está fazendo com que as crianças já tragam uma “bagagem” nos primeiros anos de estudo na Educação Infantil é a constante informatização que todos os continentes estão sofrendo. Essas tecnologias fazem com que as crianças aprendam o que seus pais ou até mesmo os professores jamais aprenderam ou acharam necessário aprender. Porém, muitas tecnologias surgem diariamente e os pais se sentem despreparados para auxiliar nesse desenvolvimento físico e intelectual da criança.
As tecnologias auxiliam as crianças, contudo muitas vezes estão fazendo com que a criança cause uma mudança brusca de fase, deixando de aproveitar momentos que não deveriam ser passados em vão.
No meu caso, percebi através de meu primo o quanto suas professoras da Educação Infantil e seus pais influenciaram no processo do desenvolvimento físico e intelectual dele, o que foi muito importante para que estivesse pronto e com uma boa aprendizagem para ingressar na 1ª série do Ensino Fundamental. Isso mostrou e mostra que o quanto o ensino (principalmente a Educação Infantil) vem evoluindo e quanto os professores estão se preparando para trabalhar com esses alunos.
Contudo, algumas crianças ainda iniciam seus estudos sem nenhum conhecimento e necessitam de um auxílio maior de seu educador para possuírem um bom desenvolvimento físico e intelectual, mas esse auxílio não pode ser muito exagerado, pois senão os demais alunos se sentirão sem apoio e podem ser prejudicados em seu desenvolvimento físico e intelectual.
Há também outros meios que devem ser trabalhados em relação ao desenvolvimento físico e intelectual, pois cada criança deve ser vista como é e possui diferenças individuais e limitações. Cada uma delas possui suas vidas e fora da escola elas interagem o tempo todo e vivenciam experiências que também são tão importantes quanto a escola.
Além disso, tivemos contato com alguns professores, os quais relataram o quanto o ensino evoluiu e evolui desde o momento em que iniciaram suas carreiras profissionais e que tiveram de fazer vários cursos e foram a várias palestras e conferências para poderem acompanhar essa evolução do ensino e conseguirem trazer novas metodologias para dentro da sala de aula.
Pudemos observar durante a entrevista feita na E. M. E. I (Escola Municipal de Educação Infantil) “Joana Uhl Costa” que os professores dessa escola estão bem atualizados e desenvolvem atividades que unem aprendizado com brincadeiras. O que mais nos impressionou foi a atenção das crianças enquanto a educadora contava uma história de conto-de-fadas.
Minhas companheiras consideram que o ensino ainda evoluirá muito e decidiram discutir com uma professora sobre o que ela achava em relação a essa constante evolução. Essa professora relatou que essa evolução prejudica um pouco o desenvolvimento físico e intelectual das crianças, mas os professores estão se preparando e trazendo novas atividades que agradam essas crianças e ainda ajudam no processo do desenvolvimento físico e intelectual dessas crianças.
Alguns pais estão achando que seus filhos estão aprendendo e se desenvolvendo muito rápido para a idade que possuem e eles não conseguem acompanhar e muito menos auxiliar seus filhos, mas isso ocorre por causa da época em que vivemos, a qual exige que aprendam mais informações do que era ensinado na época de estudos dos pais dessas crianças.
Mesmo assim, muitas crianças buscam apoio em seus pais ou irmãos mais velhos para ajudarem em seu aprendizado, o que é muito bom e auxilia bastante a criança em seu desenvolvimento físico e intelectual. Muitas escolas já possuem uma interação entre professores, crianças e pais para haver ainda mais um excelente desenvolvimento físico e intelectual das crianças e prepará-las para as próximas etapas escolares.
Conversando com outros educadores de escolas de nossa região, descobrimos que ainda há muito que fazer para ampliar e melhorar um pouco mais o ensino da Educação Infantil, entretanto ele já sofreu uma grande evolução e ainda vai ter um importante progresso que melhorará ainda mais o ensino da educação do país, principalmente a Educação Infantil.
Uma das atividades que ajuda nesse desenvolvimento físico e intelectual dessas crianças é a leitura, que estimula a criança na imaginação do mundo que aparece na história e como seria se elas próprias fizessem parte da história contada pelos educadores da instituição escolar.
Outra atividade muito importante é a que o professor deve fazer com brinquedos pedagógicos, estimulando a criança a desenvolver tanto o seu físico quanto seu intelecto com objetos que acabam sendo interessantes e chamando muito a atenção das crianças da Educação Infantil e ainda auxiliam em várias atividades e disciplinas que serão trabalhadas no Ensino Fundamental.
Através de uma conversa que tivemos com algumas crianças, pudemos observar e ouvir que elas estão adorando o que aprendem e as formas como todos os funcionários da instituição escolar de Educação Infantil os tratam com muito carinho, afeto e atenção, além da importância que esses funcionários dessa instituição têm, mesmo que mínimas, no processo de desenvolvimento físico e intelectual delas.
Comparado a alguns países mais desenvolvidos, ainda temos muito que fazer para melhorar ainda mais o nosso ensino e educação em todo o nosso país, contudo já houve muito progresso nessa área e nosso ensino já é considerado muito bom e até igualado ao ensino de países do mundo bem mais desenvolvidos e mais avançados tecnologicamente do que o nosso país.
Enfim, comprovaremos através de uma pesquisa de campo o quanto o ensino já evoluiu e como as crianças e professores estão fazendo para acompanhar esse caminho e também visar às formas e meios que professores e funcionários das instituições de Educação Infantil estão utilizando para que haja um preparo e um melhor desenvolvimento físico e intelectual dessas crianças, algo que pode influenciar futuramente na carreira profissional que cada uma dessas crianças desejará seguir.
CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO INFANTIL
Borges (1997, p. 03) argumenta, em seu livro, a importância nessa fase da Educação Infantil que é de fundamental ser bem entendida por pais e educadores sobre o que é realmente necessário para uma criança se desenvolver integralmente. Como podemos ver:
Segundo Borges (1997):
“Tendo em vista os primeiros anos de vida serem de fundamental importância para o desenvolvimento subsequente da criança, fica mais do que evidente a relevância e o papel da educação pré-escolar, na formação integral do indivíduo, para uma sociedade em contínua mudança.
A pré-escola, nesse caso, é um recurso benéfico, enquanto se propõe a ser um ambiente intermediário, entre o lar e a escola, num período de vida em que a personalidade começa a se formar. Cabe ao professor, proporcionar um ambiente agradável que facilite a adaptação da criança, nesse primeiro contato com a escola, demonstrando que gosta dela e se interessa por ela, uma vez que a transição dá um impacto muito grande e, por isso mesmo, exigirá, tanto do professor como dos pais, grande compreensão e paciência.” (BORGES, 1997, p. 03).
O autor Borges (1997, p. 03) diz, nesse trecho então, que a Educação Infantil deve vir de encontro às necessidades básicas da criança, partindo daquilo que ela já conhece para chegar às aprendizagens subsequentes, evitando “pular” etapas importantes. Em suma, deve-se oferecer à criança, oportunidades de ser estimulada e motivada, no momento conveniente e respeitar o tempo necessário para ela amadurecer e, portanto, deixar que uma aquisição tão marcante como é a da leitura e escrita, ocorra quando a criança estiver pronta para adquirir, com interesse e sucesso. Assim sendo, a Educação Infantil é uma poderosa socializadora e educadora, levando a criança a desenvolver sua criatividade, promovendo, também, um equilíbrio geral.
Relacionando a argumentação do autor Borges (1997, p. 03) com o que pudemos observar diariamente nas escolas de Educação Infantil, vemos que isso auxilia muito o desenvolvimento físico e intelectual dessas crianças, pois todos que estão presentes na instituição escolar de Educação Infantil são colaboradores nesse excelente desenvolvimento que vem ocorrendo nas crianças.
Além disso, as crianças estão amadurecendo muito mais em razão do contato que elas estão tendo, cada vez mais cedo, com livros, revistas e jornais, e isso está sendo muito importante em seu desenvolvimento intelectual.
Esse contato é ainda mais reforçado nas escolas de Educação Infantil, nas quais os educadores já estão introduzindo textos que acabam sendo de interesse das próprias crianças da faixa de 2 a 7 anos, as quais até estão pedindo a seus educadores para que elas possam reproduzir a história contada através de ilustrações ou até mesmo em forma de uma apresentação teatral, na qual elas querem mostrar a todos da instituição escolar, aos pais, familiares e pessoas da vizinhança o que elas entenderam e conseguiram aprender com a história contada por seus professores.
Também constatamos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1991, p. 85. art. 54. incisos I e IV) que “a criança tem direito à educação, a qual deve ser obrigatória e gratuita em relação à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental”, e isso está sendo muito bem cumprido e muito bem executado em todo o nosso país. Em nosso município, quase não há crianças de 2 a 7 anos sem estar em uma creche ou mesmo em uma escola de Educação Infantil, ou seja, elas começam a ter contato e um convívio escolar desde bem pequenas.
As próprias crianças da pré-escola que foram assistidas em suas atividades escolares diárias relataram que é melhor estar na escola e aprender do que ficar em casa ou nas ruas da cidade sem ter o que fazer ou ficar aprontando algumas artes que acabam levando-as ao Conselho Tutelar, algo que as deixa com muito medo.
Não podemos deixar de citar também o quanto o índice de analfabetismo está diminuindo diariamente, o que demonstra como o ensino está evoluindo e os educadores estão bem preparados para esse grande salto que o ensino teve, além da vontade da própria criança de começar seus estudos cada vez mais cedo, o que se torna um grande aliado futuramente na carreira profissional que cada uma escolher.
Acredita-se, também segundo o autor Borges (1997, p. 04) que:
“O objetivo da pré-escola é estar oferecendo um clima de bem estar físico, afetivo social e intelectual, e atividades lúdicas, que promovam a curiosidade e a espontaneidade, estimulando descobertas e novas relações. E que a pré-escola tenha responsabilidade para resolver não os problemas de Ensino Fundamental, embora colabore, em muito, para a criança apresentar um melhor comportamento de entrada, naquele nível de ensino, mesmo porque, uma pré-escola, que tenha como objetivo prevenir o fracasso escolar das crianças desloca, injustamente, para ela, a responsabilidade por uma incompetência que não está nela, mas, sim, no sistema educacional e na desigualdade social.”
Isso quer demonstrar que a Educação Infantil também tem a função de auxiliar o processo de educação da criança e os professores, junto com os pais, têm um papel muito importante nesse processo de educação. Essa educação acaba influenciando também no desenvolvimento físico e intelectual da criança.
Em muitos lugares de nosso país, através de uma análise feita por dados vistos em jornais de nosso estado e dos transmitidos na televisão, percebemos que as crianças não acabam tendo um bom aprendizado fornecido por seus educadores e sentem muitas dificuldades no momento em que acontece a transição entre a Educação Infantil e a 1ª série do Ensino Fundamental, isto é, elas não recebem e nem apresentam uma melhoria no desenvolvimento físico e intelectual delas.
Um grande objetivo que também podemos acompanhar, segundo Aroeira (1996, p. 24) é que:
“Quanto menor for a criança, mais bem preparado deve ser o profissional. E que tais fatos, como escola adequada, equipamentos favoráveis, apoios didáticos e assistenciais, gestão competente, interesse dos alunos, etc.” Mas que a estratégia principal para uma motivação de qualidade, é a valorização do professor. Sendo assim, professor competente e socialmente satisfeito, é a melhor motivação para a qualidade.
Um outro aspecto que estamos observando nas escolas é a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais nas salas de aulas, conforme consta no ECA (1991, p. 85. art. 54. inciso III) principalmente na Educação Infantil, demonstrando que as escolas estão preparadas para receber essas crianças, as quais aprenderão e executarão as mesmas atividades propostas a todas as crianças da turma e também terão chance de desenvolverem muito bem o seu físico e intelecto para prosseguirem seus estudos como todas as demais crianças, no qual o educador deve saber lidar e ter paciência para que aconteça esse desenvolvimento.
Também notamos na Educação Infantil os vários objetos oferecidos pela própria instituição escolar, os quais estão sendo muito utilizados pelos educadores para realizarem atividades muito produtivas e bem elaboradas que auxiliarão e ajudarão no desenvolvimento físico e intelectual da criança.
Isso tudo representa para Kamii (1991, p. 61) que:
“Conclui-se automaticamente que se as crianças propõem ideias, problemas e questões sobre um conteúdo específico, se elas colocam em relações objetos e acontecimentos, as operações feitas por elas também estão destinadas a se desenvolver junto com elas. As crianças também continuarão pensando sobre o conteúdo fascinante que eventualmente tomará a forma, academicamente “respeitável”, de física, matemática, história, geografia e outras matérias.”
Além disso, como relatamos em nossa visita à escola, as estruturas presentes nas escolas de Educação Infantil (espaços de recreação, salas ambientes, refeitórios e dormitórios decorados, playground, entre outras coisas), são fundamentais para que a criança consiga um bom progresso em seu desenvolvimento físico e intelectual, além de praticarem atividades incentivadoras para a criança começar a ter uma curiosidade pela leitura e também uma forte motivação de seus educadores sobre o quanto à leitura é importante para todos, por toda a vida e para seu próprio desenvolvimento intelectual.
Ronca (1999, p. 86), faz uma reflexão sobre a importância da aula operatória e afirma que “tal ideia bate de frente com a tradicional e assim criticando por não fazer a cabeça de seus alunos com assuntos políticos e sexuais. Mas sim tornando seres apolíticos, assexuados, amorais históricos, acompromissados.”
CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO FÍSICO E INTELECTUAL
A respeito de Desenvolvimento Infantil, o autor demonstra, de uma maneira geral, alguns aspectos importantes para essa fase. Wadsworth (1987, p. 64) descreve e baseia-se em sua obra, em pensamentos e técnicas de Piaget. Um dos pensamentos são os períodos de desenvolvimentos baseados em Piaget, tais como: (1) período sensório – motor, de 0 a 2 anos; (2) período pré-operacional, de 2 a 7 anos; (3) período das operações concretas, de 7 a 12 anos; e período das operações formais, de 12 anos em diante, até o final da adolescência.
A partir das experiências que presenciamos, podemos dizer que as faixas etárias para cada período demonstram as ideias médias em que as crianças demonstram as características de pensamento ocorridas em cada período. No nosso caso, o grupo compreendeu e estudou profundamente o período pré – operacional, de 2 a 7 anos, período em que a criança frequenta a Educação Infantil.
Sobre o desenvolvimento da linguagem “fala”, pudemos observar o autor Wadsworth (1987, p. 64) expressar que, apesar da criança usar palavras, muitas vezes os sons usados não representam objetos e acontecimentos. Quando a criança diz uma palavra, para representar algo que não há significado para a criança, ela diz apenas uma palavra e acaba sendo atendida com aquilo que ela deseja. Porém, notamos que crianças de 5 a 7 anos já estão conseguindo demonstrar corretamente nomes de objetos que utilizam e isso é muito importante e ajuda no desenvolvimento tanto físico como intelectual dela.
Também Wadsworth (1987, p. 65) retrata que “durante o período pré – operacional a criança representa internamente os objetivos acontecidos e transmitidos pelo pensamento. O pensamento é dominado pela percepção”.
Também identificamos a característica do egocentrismo no livro de Wadsworth (1987, p. 65), demonstrando que:
“A criança acredita que todas as pessoas pensam do mesmo modo que ela e que tudo o que ela pensa está certo. Nessa fase ela raramente questiona seu pensamento, dificuldades de aceitar pontos de vista diferentes dos seus; principalmente quando lida com pensamentos de colegas que estão em conflito com seu próprio pensamento, o egocentrismo tende a diminuir lentamente nessa fase.”
O que todos os participantes do grupo questionamos foi uma cena vista na sala de recreação com crianças de 5 e 6 anos, as quais estavam brincando. Um garotinho foi até uma coleguinha e tomou uma massinha da mão dela, dizendo que era dele. A menina começou a chorar e um outro coleguinha falou para esse garotinho que ele não deveria ter feito aquilo, que era muito feio e que ele poderia pegar a sua massinha, pois estava fazendo outra atividade.
O menino acabou levando em consideração aquilo que foi falado por seu amigo, devolveu e pediu desculpas à menina e disse que nunca mais faria aquilo. Foi uma cena comovente que demonstrou o quanto as crianças estão aprendendo o sentido em relação ao objeto do outro e também o processo de socialização, ou seja, de compartilhar aquilo que estão fazendo ou brincando com outra criança.
De acordo com autores piagetianos, principalmente Wadsworth (1987,p. 66), notamos que:
“O conhecimento se separa em três tipos: conhecimento físico, lógico – matemático e social – arbitrário. Acreditam que cada um desses conhecimentos depende das ações da criança. Conhecimento físico – abstraído diretamente dos objetos; lógico – matemático – abstraído das ações da criança sobre os objetos e não dos objetos em si mesmos; social – arbitrário – abstraído das interações da criança com outras pessoas.”
Com isso, descobrimos e percebemos que o conhecimento não ocorre diretamente através dos sentidos, mas sim através da ação e da interação da criança. A quantidade de significados da informação escrita e falada de uma criança depende das ações que ela teve. Em termos, identificamos que a criança aprende, desenvolve estruturas mentais novas ou modifica as que estão presentes nela, isso quando age espontaneamente sobre o ambiente escolar e também no qual ela está inserida, resultando na assimilação de objetos e acontecimentos.
Outro fator importante que pudemos notar por Wadsworth (1987, p. 70) e nas experiências presenciadas que o desenvolvimento é a experiência ativa da criança. Sem ações sobre os objetos, as crianças podem não desenvolver o conhecimento físico e intelectual, além do lógico matemático. É preciso agir sobre o ambiente para que essas possibilidades façam acontecer um desenvolvimento pré – operacional, e sem empenho ativo no ambiente a criança acaba não desenvolvendo esse período importante para a vida dela.
A experiência social também afeta esse desenvolvimento (linguagens, conceitos, morais, valores, entre outros). Assim como a maturação, considerada por Piaget (1978, p. 95), dependente de fatores genéticos, ela também é influenciada por fatores da experiência como a nutrição e a atividade da criança (exercício). Um ritmo de maturação mais lento do que o normal pode prejudicar no desenvolvimento físico e intelectual da criança.
No desenvolvimento sensorial e motor descrito por Wadsworth (1987, p. 70):
“No desenvolvimento sensorial e motor aparecem várias formas sensoriais em que a criança pode colher informações do ambiente: sistema visual e auditivo, do paladar (gosto), do olfato (cheiro), do tato (sentido háptico ou tátil) e os sentidos sinestésico e proprioceptivo. Os educadores dão mais atenção para o desenvolvimento visual e auditivo na pré – escola e primeira série do Ensino Fundamental, sendo que dessa forma o aspecto motor – sinestésico acaba recebendo pouca atenção.”
Dessa maneira descrita por Wadsworth (1987, p. 71), vemos que a criança deve e precisa ser ativa a nível motor, significado do desenvolvimento motor, o qual é, normalmente, desconsiderado na educação. Além do sensório motor, temos a propriocepção e a sinestesia que ocorrem quando temos uma relação entre o desenvolvimento motor, aprendizagem e desempenho. A propriocepção e a sinestesia são movimentos produzidos internamente de formas contínuas de estimulação sensorial.
Não podemos deixar de descrever, em um debate ocorrido com os participantes do grupo, que, mesmo que existam variadas formas de estimular um melhor desenvolvimento, ainda conseguimos notar problemas de aprendizagem, às vezes até por não ter surgido oportunidades. Essa criança, mesmo com problemas de aprendizagem, apresenta pontos fortes no seu desenvolvimento físico e intelectual. Uma criança pode ser capaz de aprender a ler, mas não ser capaz de aprender através de uma aula expositiva ou apresentação visual. Quando se espera que as crianças aprendam, devem ser ensinadas através de seus pontos fortes, fazendo assim com que ela desenvolva e elimine esses pontos fracos que possui.
A respeito do desenvolvimento físico e intelectual da criança que Wadsworth demonstra (1987, p. 71), em idade pré-escolar, estão envolvidas na aprendizagem de como se mover eficientemente. Esse desenvolvimento pode ser visto de uma forma em que se analise o progresso das capacidades físicas e mentais das crianças.
Podemos ver que muitos autores, tal como Borges (1997, p. 07), Piaget (1978, p. 98) e Wadsworth (1987, p. 84) relatam que “no período pré – operacional predomina os movimentos fundamentais para um aperfeiçoamento dos períodos dos movimentos rudimentares, no qual as crianças estão envolvidas, ativamente, na experimentação e exploração das suas capacidades físicas e intelectuais.” Este período está dividido em 3 estágios:
1º – Estágio inicial: o movimento é caracterizado por ausência de partes ou sequência imprópria; uso restrito do corpo, coordenação e fluidez rítmica insuficientes.
2º – Estágio elementar: envolve maior controle, melhor coordenação e ritmo dos movimentos fundamentais. O padrão de movimento é restrito ou exagerado, ainda que melhor coordenado.
3º – Estágio maduro: é caracterizado pela eficiência mecânica da coordenação motora e performances controladas.
No caso de Galvão (1995, p. 42), ele retrata que “o desenvolvimento físico e intelectual da criança é constituído por processos pontuados por conflitos”. Isso quer dizer que a criança começa a criar conflitos em relação às suas ações praticadas e o meio exterior em que está inserida, estruturado pelos adultos e pela cultura.
Conseguimos observar esse conflito nas crianças da escola em que visitamos, pois nem sempre o mundo externo está preparado para atender as necessidades das crianças em relação ao ensino e sua educação, mas a grande maioria chega feliz na escola e comenta com seus colegas e educadores a ajuda que seus pais, irmãos ou os próprios vizinhos dão quando estão com problemas para fazer as atividades transmitidas pelos educadores para serem feitas em casa.
Muitas delas ficaram curiosas e até perguntaram se nós, que estávamos visitando a escola, éramos novos professores e um menino até disse para mim que achava legal ter um professor na escola, já que só havia professoras. Senti-me muito honrado, mas não possuo formação em Pedagogia, mas sim em Letras. Expliquei que estávamos somente fazendo uma visita, a qual foi muito agradável e gratificante, pois tivemos um bom e excelente contato com as crianças e conseguimos observar as diferentes etapas de evolução e construção do desenvolvimento físico e intelectual dessas crianças.
CAPÍTULO 3 – MOVIMENTO
Segundo Galvão (1995, p. 73) apud, já citado em desenvolvimento físico e intelectual, baseado em Wallon, que “além do movimento ter relação com o mundo físico, também tem um papel fundamental na afetividade e também na cognição”. Como podemos ver:
“Os movimentos da atividade cognitiva fazem com que o movimento se integre à inteligência. A criança torna-se capaz de prever mentalmente a frequência e as etapas de atos motores cada vez mais complexos. Integrado pela inteligência, o ato motor sofre um processo de internalização. Esta possibilidade de virtualização resulta na redução da motricidade exterior.
O desenvolvimento da dimensão cognitiva do movimento torna a criança mais autônoma para agir sobre a realidade exterior. Diminui a dependência do adulto, que antes intermediava a ação do mundo físico.”
Para Ronca (1999, p. 88), “a profunda energia e as mais diversas forças canalizam-se para o movimento, nele encontrado profunda e prazerosa realização. É, pois, justamente neste círculo vicioso movimento, prazer-realização, que a inteligência vai se desenvolvendo, vai se construindo”.
Através da Teoria do Vínculo de Pichon Rivière (1995, p. 38), podemos perceber que: “a complexidade de ações e reações que podem acontecer numa sala de aula. Se o professor não tiver conhecimento, para saber lidar com tais situações, poderá contribuir, sem desejar, para a construção de vínculos negativos com ele, com a matéria etc.”
Um fator que pode auxiliar na parte da movimentação é a Teoria dos 3Ds, a qual demonstra um outro indicador para a construção de uma atuação psicopedagógica, demonstrando, dessa forma, o professor estar aberto para receber os depósitos de seus alunos, fazendo com que diminua a ansiedade excessiva, tanto do grupo como a do professor.
Outro referencial fundamental para servir como indicador é o Movimento Cognitivo-Afetivo-Social do Ser/Sujeito: Um Paradigma Transdisciplinar para a Educação.
Borges (1994,p. 40) assinala que:
“O grande salto para um trabalho efetivo é o professor descentrar, ou seja, sair de si mesmo para entender a lógica do outro e, a partir disso, reconstruir a história do sujeito, respeitando a sua singularidade; é perceber em que movimento este ser está:(indiferenciado – diferenciado- separado- integrado) frente ao conhecimento para o início do resgate. A parceria ideal seria pensar para cooperar.
Assim, a observação, os vínculos, os princípios do ato de aprender, a lógica operatória dos alunos, os movimentos frente ao novo, as teorias que fundamentam a nossa prática, a escuta psicopedagógica, nossos objetivos educacionais enquanto ensinantes, os níveis de aprendizagem: (organismo- corpo- inteligência- desejo) que as crianças puderam mobilizar nas atividades propostas, a avaliação com enfoque processual e a autoavaliação constante do professor, se constituíram em exemplos de indicadores retirados da história, que funcionaram na prática psicopedagógica do professor.”
CAPÍTULO 4 – COGNIÇÃO E APRENDIZAGEM
Segundo Ronca (1999, p. 92):
“Colocar os alunos em interessantes desafios, chamados conflitos cognitivos, torna-se excelente forma de despertar e manter a atenção e a percepção e, principalmente, caminho atraente para torná-los cúmplices no processo do conhecimento a ser construído. O conflito cognitivo ou problema são intrigantes e excitantes e neles podem concretizar-se as mais belas funções do professor, entre outras, as de incomodar, desaprumar, questionar, desarrumar, romper, desalinhar, instigar para o pensar, exercitar fortemente a curiosidade.”
Através da pesquisa, queremos verificar, na questão das inteligências múltiplas, a relação que elas possuem com o tema proposto. No caso do autor Gardner (1994, p.51), o qual procura apresentar, em seu livro, uma noção de cada inteligência específica, fala a respeito de suas operações centrais e sugere como elas se desenrolam e prosseguem em seus níveis mais elevados. Também diz confiar em alguns exemplos centrais, como conhecedores de cada área e possa apenas apresentar a sua impressão e a sua esperança sobre isto. A respeito das inteligências, o autor Gardner (1994, p. 51) explica que:
“As inteligências deveriam ser pensadas como entidade num determinado nível de generalidade, mais amplas do que mecanismos computacionais altamente específicos (como detecção de linha), embora mais estreitas do que a maioria das capacidades gerais como análise, síntese ou um senso de “eu” (caso se possa mostrar que algum destes existe independentemente de combinações de inteligências específicas). Mesmo assim, está na própria natureza das inteligências que cada uma opere de acordo com seus próprios procedimentos e possua suas próprias bases biológicas. Assim, é um erro tentar comparar inteligências em todos os detalhes; cada uma deve ser pensada como um sistema próprio e com suas próprias regras. Aqui, uma analogia biológica pode mostrar-se útil. Embora o olho, o coração e os rins sejam todos órgãos do corpo, é um erro tentar comparar estes órgãos em cada detalhe: a mesma restrição deveria ser observada no caso das inteligências.”
A respeito do desenvolvimento cognitivo, Wadsworth (1987), baseado em Piaget, argumenta sempre em favor da educação “ativa”. E para ocorrer aprendizagem e desenvolvimento, a atividade pode ser física ou mental, e os objetos relacionados a acontecimentos precisam ser manipulados, trabalhados e transformados. Faz breves comentários da relação das teorias de Piaget com outro método. Segundo Wadsworth (1987, p.251), “os princípios gerais da sala de aula aberta, a tradicional escola maternal e pré-primária, e alguns aspectos dos programas de Montessori, na opinião do autor, são geralmente coerentes com a teoria de Piaget.”
Salvador (1994, p. 154 e 155):
“… a motivação de um aluno perante uma atividade concreta de aprendizagem é, por sua vez, o resultado de uma série de processos que é necessário indagar. Apelar para a motivação sem mais nada não oferece uma explicação satisfatória. A maneira como o professor apresenta a tarefa e, sobretudo, a interpretação que o aluno faz disso em função de fatores, tais como o seu autoconceito acadêmico, os seus hábitos de trabalho e de estudo, os seus estilos de aprendizagem, etc, são, sem dúvida, alguns dos elementos-chave a levar em conta. O fato importante a destacar, no entanto, é que esta interpretação tem um caráter dinâmico, não vem dada de uma vez por todas, mas é forjada e modificada no próprio decorrer da atividade de aprendizagem.
Isto quer dizer que o sentido que os alunos atribuem a uma tarefa escolar e, consequentemente, os significados que podem contribuir a respeito, não estão determinados apenas por seus conhecimentos, habilidades, capacidades ou experiências prévias, mas também pela complexa dinâmica de intercâmbios comunicativos que se estabelecem a múltiplos níveis entre os participantes, entre os próprios alunos e, muito especialmente, entre o professor e os alunos. Mediante o jogo das representações mútuas, das expectativas que são geradas, dos comportamentos a que estas dão lugar, do intercâmbio de informações, do estabelecimento mais ou menos explícito e do consenso de regras ou normas de atuação, em suma, mediante o jogo dos processos psicosociológicos presentes na situação de ensino vai se definindo progressiva e conjuntamente o contexto em cujo âmbito o aluno atribui um sentido ao que faz e constrói alguns significados, isto é, realiza algumas aprendizagens com um determinado grau de significância.”
CAPÍTULO 5 – ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA
Aroeira (1996), já citado no item da educação infantil, tem uma visão construtivista e explica que as teorias construtivistas são um fenômeno do século XX, que está mexendo com o ensino em todos os países e também a questão do agir sobre aquilo que está querendo ser ensinado. Segundo Aroeira (1996, p. 37):
“Justamente o construtivismo inaugura a valorização do agir de quem aprende como elemento central para se compreender algo. O sentido desse agir vem se burilando gradualmente e hoje se sabe que a ação que produz conhecimento é a ação de resolver problemas. Sabe-se, portanto, que para aprender é preciso permitir que a inteligência do aprendente aja sobre o que se quer explicar, isto é, a aprendizagem resulta na interação entre as estruturas do pensamento e o meio que necessita ser compreendido. Nesse contexto, se vê que a falta representa um ingrediente fundamental para a aprendizagem, que se realiza na resolução de um problema e que problema está associado intrinsecamente a uma ausência.”
Salvador (1999, p. 14) demonstra que:
“… valoriza uma aprendizagem significativa e uma memorização compreensiva. Significativa porque não é repetitiva com relação aos modos de conhecer o novo; porque valoriza os conhecimentos prévios da criança; porque questiona e respeita o significado lógico e psicológico da aprendizagem para a criança; porque valoriza os aspectos motivacionais e funcionais; significativa, enfim, porque valoriza a “intensa atividade do aluno”. Psicopedagógica porque diferencia os conteúdos e, simultaneamente, os integra em uma intenção pedagógica que está sempre voltada para o crescimento do ser humano.”
CAPÍTULO 6 – LÚDICO
A questão das brincadeiras de “faz de conta”, na perspectiva Walloniana demonstra, através da citação de Oliveira (2000. p. 51) que:
“As brincadeiras, num exemplo de uma atividade, demonstram que a criança poderia ser vista como se estivesse num mundo só seu, num mundo de fantasia. Mas, sendo estudada com detalhes, ela tem revelado como as crianças estão engajadas uma com as outras, construindo e compartilhando significados e, assim, podemos identificar que elas estão começando a aprender o significado de dividir aquilo que possui com outra criança.”
Através de uma observação feita em alguns autores como Oliveira (2000), Piaget (1978) e Vygotsky (1984), descobrimos e identificamos que houve uma grande mudança em relação ao compartilhar, pois algum tempo atrás a criança raramente aceitava dividir seu brinquedo com outra criança na escola, porém isso se modificou positivamente, ou seja, as crianças estão aprendendo o quanto é bom e até mais divertido se dividirem seu brinquedo com outra criança que não possui nada para brincar.
No caso da escola em que visitamos, mesmo as crianças mais carentes de nosso município têm oportunidade de terem contato com brinquedos que jamais puderam ter, o que faz com que ela demonstre uma felicidade por brincar com ele e também um bom aprendizado e desenvolvimento físico e intelectual delas.
Também podemos identificar em Oliveira (2000, p. 51) que: “Até algum tempo atrás a criança brincando era vista como se estivesse em um mundo só seu, um mundo de fantasia, à parte do nosso mundo da realidade…”.
Essa afirmação citada de Oliveira (2000, p. 51), explica esta visão da brincadeira de uma criança está suspensa da realidade, a qual sofreu mudanças. E também afirma que, no meio das brincadeiras, as crianças se constituem como indivíduos. Utilizando meios comportamentais extraídos de seu registro de competências, em cada período de vida, e das aquisições e modificações que sua microcultura impõem.
No momento da brincadeira, como podemos ver e também pudemos presenciar em sala de aula, as crianças acabam construindo um mundo próprio dela, o qual nem sempre é admirado por seus pais, os quais algumas vezes até criticam esse comportamento da criança, algo que não deve ser feito porque esse bloqueio pode interferir no aprendizado da criança e também no processo de desenvolvimento físico e intelectual dela.
No período compreendido entre os 2 e os 7 anos, a tendência se manifesta, predominantemente, sob a forma de jogo simbólico, isto é, jogo de ficção ou imaginação e de imitação. Segundo Rizzi (1993, p. 14):
“A situação de jogo mobiliza os esquemas intelectuais: sendo uma atividade física e intelectual, o jogo aciona e ativa as funções psiconeurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento. Quando nos referimos às características do jogo, afirmamos que ele já é por si uma forma de ordenação do tempo, do espaço e dos movimentos, sendo que esta ordenação se expressa principalmente através de regras.
O jogo vai se integrar às várias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. Como atividade física e intelectual que mobiliza as funções e operações, o jogo aciona as esferas motora e cognitiva, e medidas que geram envolvimento emocional, a qual apela para a esfera afetiva. Nesse particular, o jogo se assemelha à atividade artística, como um elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. A criança ou o ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende, se desenvolve”.
Nesse caso, a criança começa a ter seus primeiros contatos com jogos que possuem regras, o que fará com que ela tenha que obedecer aquilo proposto pelo jogo. No início, muitas dessas crianças não aceitam fazer aquilo pedido pelo jogo, mas sim aquilo que desejam fazer. Depois de um período, elas começam a entender que se elas não fizerem justamente o que se pede no jogo, ela não alcançará seu objetivo, que em muitos é a vitória. Esses tipos de jogos também demonstram a essas crianças que há determinadas situações no meio em que vivem que apresentam regras, as quais devem ser cumpridas, pois se isso não ocorrer, pode prejudicar a todas as pessoas que estão inseridas nesse meio em que a criança está inserida.
No caso da escola, como pudemos ver, o próprio educador e os funcionários devem auxiliar as crianças para que aprendam as regras, pois assim elas aprendem o que pode ser feito ou não e também qual é o sentido quando uma pessoa diz que uma determinada ação pode ser feita ou não. Esse fato faz com que a criança lembre das regras.
Em nossa visita à escola, não tivemos oportunidade de observarmos as crianças brincando com jogos de regras, mas resolvemos questionar uma educadora e ela nos respondeu que acha muito importante esse tipo de jogos, pois dessa forma a criança desenvolve seu físico e muito mais seu intelecto. Além disso, ela relatou também que em muitas vezes as próprias crianças que estão fazendo atividades com jogos de regras acabam corrigindo as outras, dizendo que determinada ação não pode ser feita e que ela deve ser feita como a educadora ensinou ao brincar. Gostaríamos de ter presenciado essa situação, porém não estava na hora das crianças brincarem.
Também pudemos observar segundo Wajskop (1999, p. 33) que:
“Na situação do brincar, as crianças podem colocar desafios e questões entre si além do seu comportamento diário, levantando hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pelas pessoas e pela realidade com a qual interagem. Quando brincam, ao construir relações reais entre elas e elaborar regras de organização e convivência. Concomitantemente a esse processo, ao reiterarem situações de sua realidade, modificam – nas de acordo com suas necessidades. Ao brincarem, as crianças vão construindo a consciência da realidade, ao mesmo tempo em que já vivem uma possibilidade de modifica – lá.”
Isso demonstra, segundo Wajskop (1999, p. 33) que a criança, a partir de contatos com jogos de regras, começa a inserir a realidade do mundo escolar e também do mundo em que ela está inserida, pois ela percebe que nem sempre aquilo que ela imagina está interligada com a realidade que ela vive, ou seja, a sua imaginação a tira do mundo em que ela se insere e do mundo da escola, os quais possuem realidades antes desconhecidas por elas.
Pudemos observar na escola visitada, mesmo sem as crianças estarem brincando com jogos, que elas já sabem o significado de regras e já as utilizam em outros conceitos, como na sala de aula, pois quando chega uma pessoa que está visitando o lugar e entra na sala, as crianças se levantam de seus lugares, cumprimentam essa pessoa e agradecem a visita, sem o educador pedir. Achei isso muito bom e que esse gesto poderia ser feito em qualquer escola, sendo ela de Educação Infantil, Ensino Fundamental ou Médio, ato que demonstraria respeito com outras pessoas que não fazem parte daquele ambiente.
Também podemos comentar, conforme consta em Ronca (1999, p. 97) que:
“O movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois nele a criança constrói classificações, elabora sequências lógicas, desenvolve o psicomotor e a afetividade e amplia ainda mais conceitos das várias áreas pedagógicas. O jogo e a brincadeira exigem partilhas, confrontos, negociações e trocas, promovendo conquistas cognitivas, emocionais e sociais. Sem essas situações, a criança não aprenderá esses conceitos e ficará isolada das outras, pois nenhuma outra criança vai querer brincar com ela, pois ela não gosta de dividir aquilo que possui, ação que trará aspectos negativos.”
Os funcionários da escola, em uma conversa conosco, disseram que a maioria das crianças divide aquilo que possui com outros colegas e também preferem brincadeiras que envolvam várias crianças a brincadeiras individuais. Concluímos que a criança acaba desenvolvendo muito mais seu físico e intelecto quando está brincando com outras crianças do que se estivesse brincando sozinha.
Com a citação de Ronca (1999, p. 97), pudemos compreender que as atividades, quando trabalhadas de forma prazerosa, essa relação de afeto entre professor e aluno se torna muito mais sólida, desenvolvendo sentimentos e emoções tão fortes, com olhares atentos. A partir daí surge o relaxamento e descanso físico e intelectual e nasce o envolvimento com a aula.
Então, podemos dizer que a criança, através das brincadeiras oferecidas dentro e fora do âmbito escolar, fazem com que a criança aumente seu afeto com o educador, funcionários da escola, pais e amigos, algo muito importante para que haja uma evolução no aprendizado e também no desenvolvimento físico e intelectual de cada uma delas.
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO
Enfim, podemos relatar que o desenvolvimento físico e intelectual é muito importante para a criança e deve ser bem trabalhado pela instituição escolar e também pelos próprios pais, os quais são os “pilares” da educação dessas crianças.
Há muitos problemas a serem resolvidos em relação ao ensino de nosso país, contudo não podemos falar que o ensino no Brasil está péssimo, pois essa não é a realidade de nosso país atualmente. A cada dia, esse ensino está melhorando ainda mais e já está ao nível de alguns países desenvolvidos e com ótimas qualidades de ensino, fato que demonstra a evolução e a qualidade de ensino de nosso grande país.
Muitos professores acabam fazendo papel de pais de muitas crianças por causa do pouco contato que têm com seus pais, os quais chegam cansados em casa, não ajudam seus filhos nas atividades propostas e até ficam bravos quando as crianças insistem que os pais brinquem com eles.
Apesar desse cansaço dos pais, acreditamos que sempre há um tempo livre, mesmo que mínimo, para acontecer um momento de auxílio e de convivência entre a família, o qual se torna um fator compromissor ao desenvolvimento físico e intelectual das crianças e também um momento alegre e bom de ser desfrutado por todos da família.
Alguns professores constataram o quanto estão felizes pelos resultados alcançados na escola visitada de Educação Infantil, pois a grande maioria das crianças entra com um excelente desenvolvimento físico e intelectual e também com um ótimo desempenho em atividades e avaliações das disciplinas que fazem parte da grade curricular da 1ª série do Ensino Fundamental.
Há muito que falar sobre o desenvolvimento físico e intelectual da criança, mas chegamos a um acordo que os capítulos citados nessa monografia são fundamentais e os mais importantes para serem analisados por nós de todo o grupo.
Em relação à escola que visitamos em nosso município, a E. M. E. I. “Joana Uhl Costa”, conseguimos observar cada etapa desse desenvolvimento físico e intelectual das crianças detalhadamente, como está ocorrendo esse desenvolvimento delas e se essas crianças estão realmente conseguindo acompanhar o processo de aprendizagem transmitido pelos seus educadores. Todos os funcionários da escola nos receberam muito bem, apresentando todas as instalações que a escola oferece para essas crianças desenvolverem seu físico e intelecto.
Através de uma conversa com alguns funcionários e uma educadora dessa escola de Educação Infantil, ficamos sabendo que algumas crianças melhoraram muito seu desenvolvimento físico e intelectual e também o seu aprendizado desde que chegaram à escola em razão da implantação de aulas de Educação Física, as quais estão sendo colhidas também nas demais atividades e conteúdos ministrados pelos educadores.
No meu caso, o que mais me chamou a atenção foi observar o interesse que as crianças estão construindo sobre a leitura, pois os próprios educadores trabalham as historinhas através de representações com fantoches ou utilizando as próprias crianças, as quais ficam eufóricas por quererem participar dessa representação administrada por seus educadores.
Além disso, os funcionários também notaram que as crianças começaram a ter interesse em representar as historinhas contadas pelos professores, mostrando assim que entenderam o que a historinha quis mostrar a elas e também que elas prestaram atenção e sabem o que cada personagem fala nessa historinha. Essa atitude das crianças demonstra o quanto elas estão motivadas e também estão conseguindo desenvolver muito bem seu físico e intelecto.
Entretanto, há uma pessoa que tem uma grande importância para a escola poder ter um bom funcionamento e também possui uma grande influência no desenvolvimento físico e intelectual das crianças, o diretor da escola. Se essa pessoa tão importante para o andamento do ensino na escola não conseguir administrar muito bem a instituição escolar de Educação Infantil, os funcionários e educadores não conseguirão trabalhar bem e não terão oportunidades de ampliar sua profissionalização, o que trará problemas e as crianças não conseguirão obter um excelente ou bom desenvolvimento físico e intelectual.
O Diretor da escola não pôde nos acompanhar em nossa visita às instalações, porém disse à funcionária para mostrar ao nosso grupo todas as instalações oferecidas pela escola às crianças e também avisou que está de portas abertas ao nosso grupo e às demais pessoas que fazem parte da nossa turma para esclarecer dúvidas sobre a Educação Infantil e também para observar as ações e atitudes das crianças naquele ambiente.
Muitas escolas de Educação Infantil ainda estão ampliando suas instalações para oferecer novos meios e também auxiliar ainda mais o desenvolvimento físico e intelectual, construindo bibliotecas nas próprias escolas, brinquedotecas e salas nas quais as crianças possam brincar em dias de chuva com muito conforto. Além disso, muitas dessas escolas também já oferecem cursos extracurriculares como inglês, judô, balé, xadrez e outras atividades que influenciam muito no desenvolvimento físico e intelectual dessas crianças.
Por fim, concluímos que as crianças da Educação Infantil possuem vários meios para que desenvolvam seu físico e intelecto, isto é, a criança sai bem preparada para prosseguir em sua vida escolar, além de enfrentar os obstáculos que aparecem em seu ambiente no qual está inserida. As escolas de Educação Infantil demonstram melhorias na qualidade de ensino das crianças e também tentam fazer com que os pais também façam parte desse ambiente escolar, auxiliando seus filhos nas atividades propostas pelos educadores para serem feitas em casa e, dessa forma, ajudando na evolução do desenvolvimento físico e intelectual de suas crianças.
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ANEXOS
ENTREVISTA FEITA COM PROFESSOR
Nome: X
Função: Professora de pré – escola.
1) Como está o desenvolvimento físico e intelectual da criança na escola?
R: Podemos dizer que o desenvolvimento físico e intelectual da criança na escola está bom. A escola abriga crianças de 0 a 6 anos internas e oferece professores especializados na área de Educação Física. Desde os primeiros anos de vida a criança já tem contato com brinquedos pedagógicos, jogos educativos, brincadeiras no espaço interno e externo, sala de pintura, modelagem, música, os quais buscam desenvolver cada vez mais o físico e o intelectual delas.
2) A Criança já traz uma “bagagem” ao entrar na escola ou não possui nenhum conhecimento sobre o que se faz na escola?
R: Sim. A criança ao entrar na escola, já traz conhecimento, principalmente os alunos internos que têm contato com vários materiais didáticos, jogos educativos, atividades orientadas pelo educador, procurando cada vez mais incentivar a criança e valorizar suas próprias produções.
3) Há meios ou formas em que os pais participem ou possam participar do desenvolvimento físico e intelectual das crianças? Quais são elas?
R: Sempre há meios em que os pais possam ajudar. Em primeiro lugar, afetividade, presença, diálogo, a participação delas no contexto escolar, saber como estão se desenvolvendo, os pais devem sempre dar atenção, brincar com eles, incentivar comprando jogos educativos, livros, estar presente no dia – a – dia e incentivar e valorizar as crianças.
4) Como os pais podem ajudar os professores no processo de desenvolvimento físico e intelectual das crianças?
R: Os pais podem ajudar os professores sempre que possível com sua participação, ajudar nas tarefas, estar sempre presentes nas reuniões, ficar informados sobre o que está acontecendo com seu filho na escola, incentivar a leitura, os estudos e valorizar o que a criança aprendeu.
5) Quais são os meios desenvolvidos para auxiliar e ampliar o desenvolvimento físico e intelectual das crianças?
R: A escola desenvolve várias atividades para ampliação dos desenvolvimentos, as brincadeiras são estimuladas e orientadas, feitas no espaço interno e externo da escola, contato com livros e revistas, massa de modelagem, pintura, orientação com higiene pessoal, música e teatro, histórias, fantoches, material pedagógico, vídeos, sempre buscando cada vez mais ampliar gradualmente o conhecimento, valorização das suas próprias produções.
6) Quais as formas de atualização (cursos, palestras, complementações) você recebeu ou recebe para se atualizar no processo de educação dessas crianças?
R: São vários cursos, palestras, vídeos conferências. Há reuniões semanalmente para que é feito, o planejamento no que vai ser dado na semana e fazendo uma análise no que poderá ser melhorado na sua prática pedagógica.
7) As crianças estão saindo preparadas para a 1ª série do Ensino Fundamental ou ainda necessitam de uma preparação mais completa? E o que pode ser feito para melhorar essa preparação?
R: A maioria das crianças estão saindo preparadas para a 1ª série do Ensino Fundamental. Para melhorar essa preparação, a criança tem que estar sempre motivada e trabalhar com a criança individualizada.
Instituição: Universidade Castelo Branco e IESDE Brasil S. A.
Autor: Shirley Monteiro Lima
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