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A Importância da Leitura na Produção de Texto – Monografia SEO

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A Importância da Leitura na Produção de Texto – Monografia SEO

leitutaeproducaodetextoA IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA PRODUÇÃO DE TEXTO

” Cada um de nós é um ser no mundo, com o mundo e com os outros. Viver ou encarnar esta constatação evidente, enquanto educador ou educadora, significa reconhecer nos outros – não importa se alfabetizandos ou participantes de cursos universitários; se alunos das escolas de primeiro grau ou se membros da assembléia popular – o direito de dizer sua palavra. Direito deles de falar a que corresponde o nosso dever de escutá-los. De escutá-los corretamente, com convicção de quem cumpre um dever e não com a malícia de quem faz um favor para receber muito mais em troca. ” ( Freire, 2001, p.26)


RESUMO

Este trabalho monográfico tem o intuito de apresentar teorias e técnicas básicas para que se possa desenvolver competências essenciais para a comunicação. É um estudo fundamentado e baseado em especialistas que tem como propósito contribuir para a melhoria, atualização e necessidades que se apresentam de forma vital para a aprendizagem. A Língua Portuguesa na Educação Fundamental deve desenvolver, aperfeiçoar competências comunicativas, tornando o aluno um leitor competente dos mais variados tipos de textos, para que este se torne um produtor de textos orais e escritos adequados à situação e ao contexto. A importância do hábito da leitura está bem destacada neste estudo, mostrando que o aluno pode sensibilizar-se pelo ato de ler, de compreender, de interpretar, sendo capaz de criticar, de ser um cidadão pleno, através daquilo que a leitura possibilita, ou seja, o entendimento do mundo que o cerca, o esclarecimento dos sentimentos, a resolução de problemas e a elaboração de planos.

Palavras-chave: interpretação, criatividade, autonomia.


1 INTRODUÇÃO

Escrever um texto é, para muitos estudantes, uma das tarefas mais ingratas. Poucos são os alunos que têm familiaridade com o assunto e, apesar do avanço, escrever bem ainda é cobrado de forma muito tímida nas escolas. O resultado acaba aparecendo nos vestibulares, onde a redação é cada vez mais importante na hora de se calcular a nota do aluno. Porém, já há quem veja, com otimismo, uma melhoria no nível dos textos dos alunos que disputam uma vaga na universidade.

Apesar da melhoria, o nível médio dos textos ainda é sofrível. Para piorar a vida dos que não gostam de escrever, a cobrança não acaba nos vestibulares. Escrever faz parte do cotidiano de qualquer empresa, e hoje, com a Internet, se tornou imprescindível saber se expressar de forma clara, correta e com precisão.

Nós, professores, não estamos conseguindo ler a essência, a avidez, o medo, a curiosidade que existem nas entrelinhas e cada pessoa bem ali na nossa frente, formando a nossa classe. Enquanto se cumpre o horário pesado e cumpridor de deveres e contam-se minuciosamente faltas, presenças e fugas e se enchem páginas e páginas de discursos, muitos textos internos estão acontecendo.

Para a progressão do trabalho, é necessário o diálogo. Com a comunicação em dia, o plano de ação pode ser executado. E para ensinar algo a alguém, é preciso saber quem é esse alguém e o que ele sabe. Essa é mais uma verdade que deve ganhar espaço na escola.

A movimentação para escrever não significa apenas uma parte introdutória dentro de um projeto de produção de textos na sala de aula. É um movimento que desperta o ser humano que está em nós e nos coloca em concentração para recuperar nossa história e escrever sobre ela e sobre tudo que for preciso no dia a dia. Por outro lado, a motivação para escrever não se reverte em um processo que garanta a organização da escrita. É defrontar-se com a matéria da linguagem. É o exercício da palavra. Um árduo trabalho a se realizar. Árduo e doce.

1.1 Formulação de Problemas

A escola está aí. As paredes continuam quase que intactas. Os professores perduram e sustentam ainda essa instituição secular. Enquanto muitos já reconstruíram e reconstroem sem ritmo de espera o seu cotidiano profissional, ainda há muito por fazer na construção conjunta: a qualidade de ensino, a que almejamos, a real.

Não podemos retornar ao passado para buscar a tão falada velha qualidade de ensino, apesar de alguns ainda se apegarem a essa nostálgica ideia na realização do presente. A verdade é que somos outros, o conhecimento já está acrescido e enriquecido pelas novas descobertas, e a escola, inserida na vida que aí está e com uma multiclientela, exige outras artimanhas, outras justificativas.

Hoje, é muito comum perceber em meio a conversas, reuniões e debates sobre ensino e educação, que estamos insatisfeitos com a atuação e desempenho dos nossos alunos. Outro fato que direciona muitas questões a esse mesmo respeito e que ocorre em todas as bocas é a presença dos diferentes níveis de linguagem circulando em meio à língua portuguesa, a de maior valor social. A cada dia aumentam salas e salas nos cursinhos pré-vestibulares, o que justifica a tarefa educacional malfeita ou não realizada no Ensino Fundamental e Médio. Tudo isso sem contar que os que aí chegam são poucos. São privilegiados ou malabaristas… E aparece então bem à frente de nossos olhos a história do funil ilustrador da entrada e das saídas do aluno da escola.

Que história é essa? ” A escola não prepara para o vestibular? Por que existe vestibular? E para a vida? E a universidade prepara o profissional? Por que tão poucos os escolhidos? O que está acontecendo? Afinal, todos não sabem ler e escrever?…”

É oportuno levantar a questão do “para quê” e “para quem” vamos ensinar o Português. E daí sua decorrência: o “como” ensinar. É preciso ter clara essas respostas. Fazer disso um objeto de reflexão conjunta, comprometendo-se a analisar e intervir nos aspectos que dificultam ou favorecem o clima de aprendizagem dos conteúdos escolares.

O presente instrumento de estudo tende a definir e utilizar teorias e técnicas, sempre buscando recuperar defasagens nos fatores básicos que envolvem a comunicação que, afinal, é a essência deste trabalho.


2 JUSTIFICATIVA

O ser humano é necessariamente um ser que quer se comunicar. Ao contrário dos animais, o ser humano tem um mundo psíquico, não é só instintivo; tem experiências de memória, de sentimentos, de imaginação, que exigem uma forma especial de comunicação. Além disso, a sociedade atual tem cada vez mais exigido do ser humano maior capacidade de comunicação (falar, escrever e interpretar) para sua participação efetiva na sociedade.

A linguagem oral e escrita são elementos de comunicação importantíssimos ao desenvolvimento intelectual dos seres humanos e a capacidade escritora, em especial de cada um, vai depender muito do ambiente.

Estar sempre em contato com bons livros e cultivar a leitura de forma abrangente e relevante certamente contribuirá para o aumento da capacidade verbal, memorativa e imaginativa.

Além disso, a capacidade de produção textual, tão necessária na era moderna e contemporânea, depende de um exaustivo exercício de leitura. Por esta razão, a produção de texto não pode mais ser encarada apenas como uma atividade das aulas de Língua Portuguesa e restrita à composição textual que focalize apenas um tema proposto, deve sim permear todos os campos e disciplinas, uma vez que a utilização frequente da escrita contribuirá para ampliar o conhecimento do aluno sobre o funcionamento da escrita e sua capacidade de comunicação.

As atividades de leitura e escrita não devem ser exercitadas separadamente. Devem ser integradas uma à outra, a todas as disciplinas e exploradas amplamente em suas diversidades para o fortalecimento do ensino e o preparo do indivíduo para enfrentar as situações do cotidiano em um mundo recheado de gostos de leitura e de diferentes textos que circulam nas instituições e grupos sociais, afinal, é para enfrentar autonomamente a vida que vamos trabalhar o aluno.

Empenhar-se, alunos e professores, no uso da língua como código comum, lei social, complexa e possibilitadora de infinitas combinações é a nova barreira a enfrentar. Formar o aluno livre e espontâneo que sabe se submeter aos caprichos e instrumentos da língua para dar forma ao seu querer deve ser a preocupação pedagógica em todas as instituições.

Trabalhar o projeto da escrita é reconhecer o poder do aluno, para criar algo novo a fim de que, valorizado na sua produção e acreditando na capacidade de continuar produzindo, adquira a autoconfiança. Deste modo, também se estará favorecendo a formação de um cidadão crítico que um dia poderá transformar a realidade.

O estudo em questão justifica-se pela necessidade de melhor compreensão da leitura para a elaboração de textos, dada à sua complexidade e importância no meio acadêmico.

2.1 Hipóteses

Todos os indivíduos são capazes de criar, desde que lhes sejam oferecidas situações adequadas para o desenvolvimento do seu potencial criador, devendo a produção de textos despertar no aluno o prazer de criar, de interagir com o outro, através de sua expressão criadora, da forma mais ampla possível.

Escrever é uma atividade que exige exercício contínuo, para que o aluno perca o medo e adquira, através do estímulo constante do professor, o gosto e o domínio da arte de redigir.

Com relação à escrita, a questão fundamental é a de que um texto existe para ser lido. Por outras palavras, há sempre um público (restrito ou não) implícito no texto escrito. Assim, o autor se projeta no texto escrito como um emissor, falando a um interlocutor que se deve fazer presente, ainda que, às vezes, não necessariamente explicitado no texto.

Na maioria das produções, esse interlocutor é o professor, podendo este assumir vários papéis.

Existe assim a necessidade de que professores e alunos leiam os textos e, juntos, discutam a melhor maneira de reestruturá-los. Claro que, como o professor tem mais experiência com a língua escrita, ele certamente alumiará os pontos obscuros. Mas o importante é que essa prática leve os alunos a serem leitores e críticos de seus próprios textos.

Deve-se inserir um projeto coletivo no qual o grupo de professores seja conscientizado e estes realmente se posicionem de maneira tal, que seu empenho de concretizar e avaliar o ensino da língua na unidade escolar tenha êxitos e consiga refletir na formação global do indivíduo.

Os currículos estão aí, abertos e abarcando a diversidade de realizações. Muitas necessidades e desejos se encaixam nessas diretrizes. Inserindo essa resposta contextualizada na escola, efetivando e dando corpo à programação de cada área, de cada professor, desvelam-se os primeiros passos a serem dados. Esse posicionamento dá direção e é uma forma de verificar até que ponto o professor quer, acredita e se convence de sua prática pedagógica com sentido e adequação. Essa opção é uma forma de revelar o convencido e o seu acreditar.

O conhecimento não pode ser colocado à margem na situação de uso e compreensão do sistema do código lingüístico. O lúdico associa-se ao sistema, ao jogo de regras, normas e leis. E às suas exceções. O prazer, a emoção, o usufruir dos sentidos associa-se à liberdade do ser humano de ler e escrever sob sua ótica de ser humano único e original do mundo. Esse conhecimento inerente ao homem, a intuição – conhecimento pela emoção, pela imaginação, pela sensibilidade – é um mecanismo de compreensão e apreensão do real pouco valorizado, sobretudo no que concerne aos currículos escolares. O conhecimento pelos sentidos, essa capacidade natural e verdadeira do homem, por certo se coloca na direção de muitas descobertas. Uma delas pode ser a do texto.

2.2 OBJETIVOS

2.2.1 Geral

Compreender a leitura como procedimento privilegiado para conhecer, informar, divertir, posicionar, emocionar e escrever melhor, pelo fato da leitura e da produção de texto serem interdependentes.

2.2.2 Específicos

  • Distinguir as inúmeras possibilidades de expressão que a língua apresenta, sendo capaz de utilizá-las da forma mais adequada, ao falar e, principalmente, ao escrever.
  • Escolher os materiais escritos criteriosamente como: jornais, livros, revistas etc., identificando-os como instrumentos valiosos para o desenvolvimento cultural.


3 METODOLOGIA

O estudo será apresentado sob forma de dissertação fundamentada numa pesquisa essencialmente bibliográfica e baseada teoricamente na visão de especialistas.

3.1 Delimitação do Estudo

A falta de conscientização do hábito da leitura faz com que cada vez mais crianças tenham sérios problemas na organização do pensamento e na escrita.

A família e a escola são instituições de peso na influência sobre o hábito da leitura e na orientação da escolha do assunto.

Uma das prioridades da escola é fazer com que o professor se empenhe nas atividades práticas, concretas, explorando o meio em que vive, como área de ação, para assim despertar maior interesse no aluno.

Ler e escrever são atividades que se complementam. Os bons leitores têm grandes chances de escrever bem, já que a leitura fornece a matéria-prima para a escrita. Quem lê mais dispõe de um vocabulário mais rico e compreende melhor a estrutura gramatical e as normas ortográficas da Língua Portuguesa.

O ato de ler é um ato de aprender, de conhecer, de compreender e ajuda a viver com mais plenitude. Formar “ratos de biblioteca” faz parte do processo de emancipação do país.


4 DESENVOLVIMENTO

4.1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

A aprendizagem da fala e, consequentemente, da leitura e da escrita é um processo progressivo, no qual a criança vai integralizando experiências auditivas, verbais e visuais, diferenciando sons e símbolos, uns dos outros, atribuindo-lhes significados e armazenando-os na memória, e melhorando o nível de desempenho.

Sabemos que a linguagem é o ponto central no desenvolvimento, mas não podemos dizer que ela seja sempre e imprescindivelmente o mais importante no processo educativo. Enquanto as habilidades representacionais são necessárias para o pensamento e o facilitam, a capacidade verbal não reflete pensamento ou inteligência superiores. Não é verdade que as crianças aprendem melhor e adquirem mais conhecimento através da linguagem.

Isso é um paradoxo que educadores e professores precisam reconhecer. Ainda que a linguagem oral e a representação gráfica sejam instrumentos eficazes para o desenvolvimento do pensamento pré-operatório e operatório concreto, elas não desempenham papel direto na construção do conhecimento até que as operações formais estejam desenvolvidas, como nos ensina Piaget.

É preciso considerar que o conhecimento ativamente adquirido é a base sobre a qual se constrói a compreensão. Isso significa que a competência verbal (a fala, a leitura e a escrita, em termos de facilidade e compreensão) não é objetivo final para o processo educativo, mas sim o desenvolvimento do pensamento, por meio do qual podem originar-se compreender e o ser verbalmente competente.

Por outro lado, frequentemente observamos que as dificuldades de fala, de leitura e, como consequência, de escrita produzem complicações na aprendizagem escolar e se apresentam incidentes no diagnóstico de crianças com problemas de adaptação.

A fala e a leitura não são habilidades isoladas: elas fazem parte de um processo lingüístico complexo, percorrido, desde o nascimento, em etapas interdependentes e hierarquizadas.

Conforme Coldemarim e Blomquist: A criança começa recebendo estímulos auditivos, visuais, táteis, olfativos e gustativos que, uma vez associados, tornam-se significativos. Com eles, ela forma uma linguagem interna. Simultaneamente, a criança escuta símbolos auditivos que representam acontecimentos de seu ambiente que, progressivamente, também passam a ser significativos. Assim, está desenvolvida a linguagem receptiva.

Após um período de assimilação, e por imitação, a criança começa a utilizar símbolos verbais que compreende e emprega adequadamente, entrando, então, na fase da linguagem expressiva.

Quando ingressa na escola, pela imposição de símbolos visuais verbais à sua linguagem auditiva (fala), a criança aprende a ler. A palavra impressa representa símbolos sonoros que, por sua vez, são representativos da experiência pessoal. A partir daí, a criança é capaz de expressar-se através da escrita.

Retomando as etapas sequenciais do desenvolvimento da linguagem, elas podem ser resumidas como:

  • adquirir significados;
  • compreender o que ouve;
  • expressar-se oralmente;
  • compreender a palavra impressa (leitura);
  • expressar-se pela palavra impressa (escrita).

Qualquer percalço nessa trajetória poderá significar uma dificuldade ou interferência na aprendizagem e no desenvolvimento da linguagem. E isto deve merecer a atenção dos professores. ” Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos ignoramos alguma coisa. (Freire, 2001, p.69)

Ao mandar os filhos para a escola, os pais têm uma expectativa clara: meu filho vai aprender a ler. No entanto, uma percentagem significativa de crianças não aprende a ler, contrariando o esperado. As razões para essa decepção podem ser as mais variadas:

  • imaturidade na iniciação da fala e da leitura;
  • alterações no estado físico e sensorial;
  • problemas emocionais;
  • carência socioeconômica e cultural;
  • metodologia defeituosa e procedimentos didáticos inadequados;
  • incapacidade para aprender.

Todas as dificuldades apontadas podem se transformar em verdadeiras inabilidades para falar, para ler e escrever.

Para conceituar inabilidade, reportemo-nos às noções de habilidades.

O que é ser hábil? É ser capaz; é conseguir realizar algo com adequação e correção, conhecendo o que se está executando. Ser hábil é ser competente, ser apto a, é evidenciar desempenho compatível com padrões considerados satisfatórios.

Quando dizemos que um aluno é hábil ao falar, ao ler, ao escrever, entendemos que seu desempenho torna evidente:

  • o domínio de habilidades intelectuais e motoras;
  • o desenvolvimento de funções psiconeurológicas;
  • o interesse, os hábitos e as atitudes próprios do expressar-se oralmente, do ler e do escrever.

Inabilidades, então, são as defasagens, os desvios, as insuficiências, as ausências presentes nos desempenhos específicos que caracterizam a fala, a leitura e a escrita. Uma das dificuldades específicas de aprendizagem da leitura tem o nome de dislexia. As causas da dislexia ainda são controvertidas, mas já existem algumas direções claras para o atendimento das crianças com dificuldade de aprendizagem.

O termo dislexia é aplicável a situações nas quais uma criança não consegue ou é incapaz de falar ou de ler com a mesma facilidade de seus iguais, ainda que seja inteligente, sadia e tenha órgãos sensoriais intactos, seja livre emocionalmente, tenha motivação, seja incentivada e didaticamente bem orientada.

Uma das causas mais frequentes de dificuldades para a aprendizagem da fala, da leitura e da escrita é o que chamamos de dislexia específica, também identificada como dislexia de evolução.

Como decorrência, a dislexia é acompanhada de transtornos na aprendizagem da escrita, da gramática, de elaboração textual.

Existem inúmeros estudos relacionados à dislexia, origens, sintomas, tratamentos, com grande variedade de técnicas terapêuticas que visam ao saneamento do distúrbio.

No entanto, o que muitas vezes os pais e professores não consideram é que a leitura e a escrita são habilidades que exigem da criança a atenção a aspectos da linguagem aos quais ela não precisa dar importância, até o momento em que começa a aprender a ler. Por isso, toda criança encontra alguma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita. A leitura e a escrita exigem dela novas habilidades, que não faziam parte de sua vida diária até aquele momento.

Desde muito pequenos aprendemos a entender o mundo que nos rodeia. Por isso, antes mesmo de aprender a ler e a escrever palavras e frases, já estamos “lendo”, bem ou mal, o mundo que nos cerca. Mas este conhecimento que ganhamos de nossa prática não basta. Precisamos ir além dele. Precisamos conhecer melhor as coisas que já conhecemos e conhecer outras que ainda não conhecemos. (Freire, 2001, p.71)

4.2 PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO TEXTUAL

Na produção de mensagens orais e escritas temos elementos que são implicados em qualquer situação de comunicação.

O código que é nossa linguagem será utilizado através de um canal que poderá ser oral ou escrito, onde o professor escolherá a forma de conduzir o assunto, que será a mensagem, tendo como referente o tema escolhido, sendo o emissor, que é o professor, a pessoa que vai produzir todo o processo, sendo o aluno o receptor, a pessoa que receberá essa mensagem.

O receptor pode, a partir de um comentário, passar a ser um emissor, levando assim o emissor a ser receptor.

Em situações de comunicação e produção lingüística deparamos com diversas formas que merecem um destaque na nossa linguagem. Em sua vivência com o oral, lhe é garantido a emissão das mensagens, tornando-o um comunicador. No mesmo processo, podemos deparar com ato isolado de linguagem usando solilóquio ou monólogo, é mais comum no pré-escolar, extensivo àqueles com a capacidade de imaginação fértil e criadora. Já na dialógica utilizamos a língua como instrumento de comunicação coletiva ou social.

A vivência que a criança possui com o oral mostra claramente que um ato de comunicação envolve dois pólos alternantes: um eu e um outro. Além disso, ela já reconhece, embora de forma intuitiva, que a manifestação lingüística ocorre de forma particularizada. Desse modo, ela já percebe a variabilidade dos desempenhos lingüísticos. Podemos dizer que a criança é sensível à percepção das diferenças e da distância entre a linguagem que utiliza no seu cotidiano e a linguagem ensinada pela escola.

Numa sociedade como a nossa, a escrita, enquanto manifestação formal dos diversos tipos de letramento, é mais do que uma tecnologia. Ela se tornou um bem social indispensável para enfrentar o dia a dia, seja nos centros urbanos ou na zona rural. Neste sentido, pode ser vista como essencial à própria sobrevivência no mundo moderno. Não por virtudes que lhe são imanentes, mas pela forma como se impôs e a violência com que penetrou nas sociedades modernas e impregnou as culturas de um modo geral. Sua prática e avaliação social a elevaram a um status mais alto, chegando a simbolizar a educação, desenvolvimento e poder.

Não obstante disso, sob o ponto de vista mais central da realidade humana, seria possível definir o homem como um ser que fala e não como um ser que escreve. Entretanto, isto não significa que a oralidade seja superior à escrita, nem traduz a convicção, hoje tão generalizada quanto equivocada, de que escrita é derivada e fala é primária. A escrita não pode ser tida como uma representação da fala. Em parte, porque a escrita não consegue reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade, os movimentos do corpo e dos olhos, entre outros. Em contrapartida, a escrita apresenta elementos significativos próprios, ausentes na fala, tais como tamanho e tipo de letras, cores e formatos, elementos pictóricos, que operam como gestos, mímica e prosódia graficamente representados.

Oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas lingüísticos nem uma dicotomia. Ambas permitem a construção de textos coesos e coerentes, ambas permitem a elaboração de raciocínios abstratos e exposições formais e informais, variações estilísticas, sociais, dialetais e assim por diante. A eficácia comunicativa e potencial cognitivo não são vetores relevantes para distinguir oralidade e escrita, de modo que a tese da grande virada cognitiva que a escrita, de modo especial a escrita alfabética, representaria com seu surgimento na humanidade, não passa de um mito já superado.

Quanto à presença da escrita, pode-se dizer que, mesmo criada pelo engenho humano tardiamente em relação ao surgimento da oralidade, ela permeia hoje quase todas as práticas sociais dos povos que penetrou. Até mesmo os analfabetos, em sociedades com escrita, estão sob a influência do que contemporaneamente se convencionou chamar de práticas de letramento, isto é, um tipo de processo histórico e social que não se confunde com a realidade representada pela alfabetização regular e institucional.

Conforme estudiosos, deve-se ter imenso cuidado diante da tendência à escolarização do letramento, que sofre de um mal crônico ao supor que só existe um letramento.

O letramento não é o equivalente à aquisição da escrita. Existem “letramentos sociais” que surgem e se desenvolvem à margem da escola, não precisando por isso serem depreciados. Letramento é um processo de aprendizagem social e histórica da leitura e da escrita em contextos informais e para usos utilitários, por isso é um conjunto de práticas, ou seja, letramentos, que se distribui em graus de domínio que vão de um patamar mínimo a um máximo.

A alfabetização pode dar-se, como de fato se deu historicamente, à margem da instituição escolar, mas é sempre um aprendizado mediante ensino, e compreende o domínio ativo e sistemático das habilidades de ler e escrever. A Suécia alfabetizou 100% de sua população já no final do século XVIII no ambiente familiar e para objetivos que nada tinham a ver com o desenvolvimento, e sim com práticas religiosas e atitudes de cidadania.

A escolarização, por sua vez, é uma prática formal e institucional de ensino que visa a uma formação integral do indivíduo, sendo que a alfabetização é apenas uma das atribuições/atividades da escola. A escola tem projetos educacionais amplos, ao passo que a alfabetização é uma habilidade restrita.

O letramento envolve as mais diversas práticas da escrita (nas suas variadas formas) na sociedade e pode ir desde uma apropriação mínima da escrita, tal como o indivíduo que é analfabeto, mas letrado na medida em que identifica o valor do dinheiro, identifica o ônibus que deve tomar, consegue fazer cálculos complexos, sabe distinguir as mercadorias pelas marcas etc., mas não escreve cartas nem lê jornal regularmente, até uma apropriação profunda, como no caso do indivíduo que desenvolve tratados de Filosofia e Matemática ou escreve romances. Letrado é o indivíduo que participa de forma significativa de eventos de letramentos e não apenas aquele que faz um uso formal da escrita.

A fala seria uma forma de produção textual discursiva para fins comunicativos na modalidade oral (situa-se no plano da oralidade, portanto), sem a necessidade de uma tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano. Caracteriza-se pelo uso da língua na sua forma de sons sistematicamente articulados e significativos, bem como os aspectos prosódicos, envolvendo, ainda, uma série de recursos expressivos de outra ordem, tal como a gestualidade, os movimentos do corpo e a mímica.

A escrita seria um modo de produção textual discursiva para fins comunicativos com certas especificidades materiais e se caracterizaria por sua constituição gráfica, embora envolva também recursos de ordem pictórica e outros (situa-se no plano dos letramentos). Pode manifestar-se, do ponto de vista de sua tecnologia, por unidades alfabéticas (escrita alfabética, ideogramas (escrita ideográfica) ou unidades iconográficas, sendo que no geral não temos uma dessas escritas puras. Trata-se de uma modalidade de uso da língua complementar à fala.

A escrita é usada em contextos sociais básicos da vida cotidiana, em paralelo direto com a oralidade. Estes contextos são, entre outros: o trabalho, a escola, o dia a dia, a família, a vida burocrática, a atividade intelectual.

Em cada um desses contextos, as ênfases e os objetivos do uso da escrita são variados e diversos. Inevitáveis relações entre escrita e contexto devem existir, fazendo surgir gêneros textuais e formas comunicativas, bem como terminologias e expressões típicas. Seria interessante que a escola soubesse algo mais sobre essa questão para enfrentar sua tarefa com maior preparo e maleabilidade, servindo até mesmo de orientação na relação de textos e definição de níveis de linguagem a trabalhar.

A supervalorização da escrita, sobretudo a escrita alfabética, leva a uma posição de supremacia das culturas com escrita ou até mesmo dos grupos que dominam a escrita dentro de uma sociedade desigualmente desenvolvida.

Foram propostas teorias e sugestões de análise das relações entre oralidade e a escrita e um modelo de tratamento das retextualizações, particularmente, do texto oral para o texto escrito. Muito resta por se dizer e aprofundar neste campo que ainda não foi devidamente trabalhado. Trata-se de uma área de grande interesse tanto teórico como prático que já pode ser desvendada com alguma segurança. O que aqui se fez não foi mais do que abrir um caminho e mostrar algumas das possibilidades de investigação cuja corretude deve ser comprovada com muito cuidado.

Diante do que se vem postulando para o ensino da língua relativamente à oralidade, inclusive nos atuais Parâmetros Curriculares Nacionais, supomos que um trabalho atento e meticuloso no campo das atividades de retextualização em suas várias alternativas pode ser um bom início. É uma maneira prática e eficaz de se obter informações sob o ponto de vista textual-discursivo e acabar com uma série de mitos a respeito da oralidade na sua relação com a escrita. Em especial fica evidente que a escrita não é uma representação da fala.

Também fica claro que a fala não é o lugar do caos. Quanto a este mito tão comum nas décadas de 60 e 70 nos estudos sobre a oralidade e escrita, que os anos 80 tentaram desfazer, ainda há muito o que se investigar. Neste trabalho ficaram claros alguns aspectos fundamentais. Entre eles vale a pena ressaltar dois. O primeiro refere-se à noção de que as diferenças não são tão essenciais no plano do conteúdo nem no plano da organização básica das informações, o que comprova que o texto oral apresenta nos diversos gêneros alto grau de coesividade e coerência, não podendo ser tido como desordenado ou fragmentário. O segundo refere-se ao problema de qualidade cognitiva da oralidade, que não fica a dever à escrita no que respeita ao grau de abstração do raciocínio. Pois é fácil perceber que os conteúdos e os raciocínios resultantes nos textos escritos não aumentam o grau de abstração presente nos correspondentes textos orais originais. Os processos de compreensão desenvolvidos na oralidade são os mesmos que na escrita, variando as formas de implementação em virtude das condições de produção, em especial quando o texto se dá no formato dialogado.

Esta proposta tem a propriedade de ser utilizada também para o trabalho com a compreensão do texto e não só com a produção. Trata-se de uma maneira muito interessante de lidar com a questão, já que se opera com o sentido no campo das ações situadas em seus contextos reais de produção. Observe quanta confusão é gerada na comunicação diária quando temos que desdizer o que dizem que dissemos. Pois é comum as pessoas dizerem que alguém disse algo e depois serem desditas. Não é sem razão que a maioria das autoridades políticas tem seus porta-vozes, cuja missão é interpretarem o que o chefe disse, já que isso nem sempre é tão evidente como o chefe imaginava.

Este estudo contribui para identificar aspectos úteis não só a um trabalho com textos orais e escritos, mas principalmente para esclarecer que a língua não é simples sistema de regras, mas uma atividade sociointerativa que exorbita o próprio código como tal. Em conseqüência, o seu uso assume um lugar central e deve ser o principal objeto de nossa observação porque só assim se elimina o risco de transformá-la em mero instrumento de transmissão de informações. A língua é fundamentalmente um fenômeno sociocultural que se determina na relação interativa e contribui de maneira decisiva para a criação de novos mundos e para nos tornar definitivamente humanos.

Com base na ideia central, de que a língua é uma atividade sociointerativa, histórica e cognitiva, e não um sistema de regras ou simples instrumento de informação, as relações entre oralidade e escrita fundadas na tese de que ” falar ou escrever bem ” não é ser capaz de adequar-se às regras da língua, mas é usar adequadamente a língua para produzir um efeito de sentido pretendido numa dada situação.

A oralidade seria uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora: desde uma realização mais informal à mais formal nos mais variados contextos de usos. Uma sociedade pode ser totalmente oral ou de oralidade secundária, como se expressou Ong (1982), ao caracterizar a distinção entre povos com ou sem escrita. Considerando-se essa posição, nós brasileiros, por exemplo, seríamos hoje um povo de oralidade secundária, tendo em vista o intenso uso da escrita neste país.

Entende-se por texto qualquer passagem falada ou escrita que, independentemente de sua extensão, forma um todo significativo e articulado. Qualquer texto visa a um interlocutor, tem uma função e deve ser compatível com uma situação concreta. A sua interpretação, ou seja, a sua leitura é vista como a interação autor-leitor na qual o leitor ativa seu conhecimento prévio em relação ao assunto, relaciona as partes do texto, faz antecipações, infere significados, na tentativa de reconstruir o sentido do texto.

O conhecimento prático que o aluno já possui ao chegar à escola e sua visão de mundo, expressos em textos espontâneos, devem ser desenvolvidos e ampliados, cabendo ao professor propiciar oportunidades permanentes de criação e interpretação de novos textos.

..”na prática democrática e crítica, a leitura do mundo e a leitura das palavras estão dinamicamente juntas. O comando da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e de temas significativos à experiência comum dos alfabetizandos e não de palavras e de temas apenas ligados à experiência do educador” ( Freire, 2001, p.29)

A orientação que ainda prevalece na aprendizagem da língua portuguesa nas escolas é a de exercitar apenas o conhecimento de certas estruturas com preocupação descritivo-normativa e, sobretudo, a nomenclatura referente a este conhecimento. A pressuposição é que, deste modo, estará capacitando o aluno ao saber discursivo, isto é, à capacidade de produção e interpretação.

O mais importante na aprendizagem da língua não pode ser o aluno saber escrever sem nenhum erro ortográfico ou nomear corretamente categorias gramaticais. O ensino da gramática é relevante se a considerarmos e entendermos como um conjunto de recursos que possibilitam a compreensão do funcionamento da língua. Portanto, a gramática não deve ser estudada desvinculada do texto, da sua leitura e da sua produção. As observações gramaticais devem ir surgindo sempre a partir do que propiciam os textos construídos ou apresentados pelos alunos ou pelo professor.

É importante destacar a produção textual (oral e escrita, individual e coletiva) como principal conteúdo a ser desenvolvido em uma aula de Língua Portuguesa. É preciso proporcionar às crianças situações nas quais elas possam desenvolver o gosto pelo falar e o escrever e, especialmente, o sentir prazer de escrever. Oferecer essas oportunidades aos alunos deve ser uma atitude permanente e diária na prática educativa.

É necessário que o aluno descubra a escrita como uma das formas de comunicação, de expressão de ideias: tanto faz ele escrever uma redação sobre um tema apresentado como escrever um bom bilhete para o colega que o importuna, a questão central é fazê-lo realizar essa tarefa da forma mais apropriada possível. E isso só se concretiza com o desafio diário de o professor apresentar sempre situações diversificadas e significativas que quebrem sua resistência à escrita e contribuam para enriquecer suas produções. Assim sendo, é preciso oferecer à criança algumas sugestões para favorecer a produção de textos.

Para elaborar uma produção textual é necessário ter em mente um roteiro, para não correr o risco de ficar dando voltas em torno de um tema, não chegando a lugar nenhum. Por isso, antes de escrever um texto, é preciso planejá-lo, procurando elaborar um esquema. Esquema este, no qual colocamos em palavras ou frases sucintas um roteiro a ser seguido para a elaboração do texto. No rascunho, será dada forma ao texto, e nele passarão a ser redigidas, tomando a forma de frases até chegar a um texto coerente.

Como o texto é dividido em partes, é preciso ordenar as ideias, selecionando as melhores e colocando-as em ordem de importância. Processo este chamado de hierarquização das ideias.

O não-conhecimento do significado das palavras pode impedir que as pessoas se comuniquem. E é evidente que comunicar-se não é fazer uso de palavras difíceis que poucos conhecem.

A clareza é muito importante, devemos escrever de maneira que os outros possam entender e para isso o domínio do vocabulário é fundamental.

A linguagem verbal é aquela cujos signos são palavras. Ao escrevermos, nossas ideias são expressas através das palavras. Mas ter um bom vocabulário não significa necessariamente ter um bom domínio da língua, porque língua é formada não só por palavras, mas também por relações existentes entre elas que nos permitem construir frases.

Pessoas que se dedicam à prática de palavras cruzadas podem possuir um vocabulário extenso, mas não são necessariamente grandes escritores, mas com certeza pode ajudar e muito na elaboração de textos.

Desde o início da aprendizagem, o aluno deverá ser desafiado a produzir com clareza, logicidade e organização o seu próprio texto, não apenas o escrito, como o oral, respeitando-se a sua fala e sua escrita, sem preconceitos. Para tal, o professor não pode perder de vista a necessidade de trabalhar com os alunos os diferentes usos da língua, as variações dialetais, sem preconceitos de superioridades de uma variação sobre outra. Deve assegurar ao aluno o direito de conhecer e usar diferentes variantes lingüísticas de acordo com as situações do contexto social e discursivo, e deve assegurar também ao aluno o acesso e o uso da norma culta da língua, entendida como variação socialmente prestigiada.

Para que um aluno possa conseguir desenvolver a capacidade de produzir e modificar textos, a escola deverá tornar-se um ambiente favorável a este exercício, o que significa incentivar constantemente a criação de textos espontâneos da criança.

A língua falada, tomada como ponto de partida, indica um começo da produção textual que, aos poucos, busca novas formas de manifestação. São importantes: a leitura de conto de fadas e sua reescrita; a participação em entrevistas; a possibilidade da criança falar sobre suas experiências etc., sempre em ambiente descontraído onde as várias formas de linguagem estejam presentes.

O aluno vai querer ler e escrever e este seu desejo o motivará a pensar, levantar hipóteses sobre como se organiza e funciona o jogo das letras, palavras e histórias.

Para produzir textos não existem fórmulas mágicas. É necessário o exercício contínuo aliado à prática da leitura de bons autores e a reflexão. A maioria dos autores que explora, estuda e incentiva a produção textual é unânime em afirmar que não é nada fácil colocar pensamentos em letra de forma, porém nada é melhor do que sentir que a clareza da linguagem torna efetiva a comunicação humana. ” Estudar exige disciplina. Estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros dizem. Estudar é um dever revolucionário! ” (Freire, 2001, p. 59)

Existem algumas qualidades que se deve cultivar para produzir um texto.

Ser conciso, isto é, não devemos abusar das palavras para exprimir uma ideia, deve-se ir direto ao assunto, eliminando o desnecessário. A linguagem utilizada deve estar de acordo com a norma culta, ou seja, deve obedecer aos princípios estabelecidos pela gramática. Ser claro e coerente, exprimindo a ideia de forma que possa ser compreendida com facilidade pelo leitor.

Deve ser um dos objetivos primordiais do educador e da escola otimizar o uso da linguagem oral e escrita, uma vez que a fala e a escrita tornam possível a comunicação, a troca de ideias, de experiências, de emoções e sentimentos, ao mesmo tempo que oportunizam e possibilitam a criação de valores, proporcionando assim diferentes formas de construir a vida.

O educador, ao propor tarefas que visem o desenvolvimento da expressão oral e escrita, é necessário que tenha em mente que está oferecendo ao aluno a oportunidade de incrementar a curiosidade intelectual e sua capacidade reflexivo-crítica, ampliando assim seus interesses e possibilidades pessoais, aumentando sua sensibilidade e participação efetiva no grupo que vive e convive, formando hábitos eficazes para realizar trabalhos criativos, ficando habilitado também para assumir uma profissão.

Ao se empenhar na execução destas propostas, o educador certamente irá desencadear uma série de ações cooperativas para atingir seus objetivos. Neste caso, cooperar significa ensinar composição aos alunos para que eles busquem chegar a um nível de excelência na comunicação, seja oral, seja escrita. Não podemos admitir e nem permitir que o aluno fique bracejando num oceano de palavras, fruto das combinações de sons, utilizando-as mal, inadequadamente ou inutilmente. Muito menos podemos pensar que aprender a fazer composição resulta de uma profunda meditação sobre a gramática, da conjugação exaustiva de verbos, da preocupação desenfreada com a melhoria do vocabulário ou com o preenchimento de fichas de uma leitura que quase nunca foi realizada. Tudo isso não passa de pontos de apoio para um possível desenvolvimento da expressão. Atividades dessa ordem não são meta final ao ensino de língua portuguesa.

Além do mais, o homem é o único ser livre para fabricar e manipular símbolos, atribuindo-lhes os valores que desejar. As palavras são símbolos e o desenvolvimento da fala e da escrita significa capacidade de manipulação desses símbolos (linguagem oral ou escrita), com vistas ao valor maior: comunicar-se.

Uma das mais importantes e difíceis tarefas atribuídas, no Ensino Fundamental, ao professor de língua materna é a de oportunizar aos seus alunos o desenvolvimento (e conseqüentemente a avaliação) da leitura/redação compreensiva, intensiva, analítica dos mais variados tipos de textos em prosa: informativos (jornalísticos, científicos), opinativos, descritivos, narrativos etc.

Uma das técnicas que auxiliam o professor nessa difícil tarefa é o chamado procedimento cloze (do inglês closure: fechamento). Ele apresenta as seguintes características gerais:

  • apresenta-se para o aluno com uma situação problema que resulta numa atividade lúdica.
  • apela para a competência lingüístico-gramatical e para seus conhecimentos prévios refletidos no vocabulário;
  • desenvolve o raciocínio lógico-verbal ao propor ao aluno uma situação de ensino/aprendizagem que propicia a compreensão de relações sintático-semânticas na progressão temática de um dado texto.

O cloze é um material instrucional (no caso, textos), que apresenta a eliminação sistemática de uma palavra, geralmente a 5ª, num texto em prosa, e a conseqüente substituição da palavra eliminada por um espaço assinalado por uma linha de tamanho único. O aluno recebe o mesmo texto com a instrução de reconstruir-lhe a mensagem, escrevendo a palavra mais adequada (e apenas uma palavra) em cada lacuna. Cabe observar que, em uma mesma turma, os alunos poderão encontrar palavras diferentes para preencher as lacunas. O importante é que essas palavras deverão ser adequadas ao corpo do texto.

O cloze pode ser aplicado em situações de exercício para desenvolver a compreensão da leitura, de redação ou em situações de avaliação dessas aptidões. Ele relaciona leitura e produção textual, já que, com a 5ª palavra eliminada, o aluno recebe 80% do texto, tendo de produzir, a partir de seus conhecimentos e saberes, os outros 20%, a fim de completá-lo em sua unidade significativa, fazendo uso – consciente ou inconscientemente – de processos psicolingüísticos e cognitivos, relacionados à percepção/compreensão de uma rede de significantes/significados relacionados entre si (coesão e coerência textuais).

O cloze pode ser combinado com cenas de peças de teatro ou textos dialogados, quando se apresenta a fala de um dos personagens em cloze, solicitando ao aluno recompor a provável fala do outro interlocutor.

Este tipo de procedimento, quando aplicado, propõe um problema, um desafio para os alunos, contribui para a melhoria da qualidade do ensino, relacionando o ler e o produzir textos, permitindo ao aluno a construção do próprio conhecimento e ao grupo, a socialização do saber.

É preciso ter consciência que a produção de textos não é apenas uma forma de exercício ou uma atividade realizada pelos alunos na escola, nem uma tarefa relacionada a um assunto proposto pelo professor e somente por ele. Onde estaria colocada a expressão espontânea da criança? ou do adolescente? do indivíduo? Quando um professor limita a vontade do aluno expressar sobre outro assunto, produto de sua imaginação ou criação, está, conseqüentemente, desensinando a falar ou escrever, e, o mais grave, a refletir e a expressar o produto de sua reflexão.

Redigir é uma das formas de compor, de produzir textos. O diálogo que desencadeamos com nossos alunos, as respostas que eles nos oferecem quando questionados oralmente são as produções mais autênticas e criativas realizadas diariamente, a cada instante de suas vidas. Sabemos que não é objetivo da escola e do professor fazer de nossos alunos produtores literário-artísticos. Eventualmente, podemos ter nos bancos da escola um futuro poeta ou escritor de renome. O propósito é auxiliá-los a construírem sua própria forma de expressão, para que possam comunicar-se com facilidade: entenderem e serem entendidos na troca de mensagens entre os homens e o mundo que os cerca.

” O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no ato comum de conhecer e reconhecer o objeto de estudo. Então, em vez de transferir o conhecimento estaticamente, como se fosse posse fixa do professor, o diálogo requer uma aproximação dinâmica na direção do objeto” (Freire, 1986, p.125)

A produção textual é uma das formas do indivíduo expressar-se, usando como instrumento a linguagem verbal (oral e escrita, no caso), através de ideias coerentes interna e externamente ao contexto, conectadas, harmônicas, produtos do pensamento organizado pelo desenvolvimento de habilidades mentais e pela pragmática da língua, pois só seremos capazes de nos expressar sobre aquilo que sabemos ou conhecemos.

Produzir texto oral ou escrito é tornar evidente a capacidade de expor ideias, apreendidas ou imaginadas, emoções, pensamentos, sentimentos, através de estruturas frasais manejadas de modo inteligente e criativo.

4.3 RELAÇÃO DA LEITURA COM A PRODUÇÃO TEXTUAL

Saber escrever pressupõe, antes de mais nada, saber ler e pensar. O pensamento é expresso por palavras, que são registradas na escrita, que por sua vez é interpretada pela leitura. Como essas atividades estão intimamente relacionadas, podemos concluir que: quem não pensa (ou pensa mal), não escreve (ou escreve mal): quem não lê (ou lê mal) não escreve (ou escreve mal).

Ler, portanto, é fundamental para escrever. Mas não basta ler, é preciso entender o que se lê. Entender o que se lê significa ir além do simples reconhecimento do significado das palavras que aparecem no texto. É preciso, também, compreender o sentido das frases, para que se alcance a finalidade maior da leitura: a compreensão das ideias e, num segundo momento, os recursos utilizados pelo autor na elaboração do texto. ” A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto ” ( Freire, 2001, p.11)

Apesar do grande poder dos meios eletrônicos de comunicação de massa, a leitura ainda é uma das fontes mais ricas de informação. A leitura não só nos ensina os mecanismos da língua escrita, mas também nos fornece ideias que nos ajudam na tarefa de escrever.

Em termos de linguagem, assim como em muitos outros domínios, a criação e a descoberta não ocorrem no vazio. Existem convenções lingüísticas que a criança necessita dominar. Não será, portanto, simplesmente incentivando e respeitando os textos produzidos espontaneamente pelas crianças e tampouco impondo-lhes, através de um treino repetitivo de textos simplificados, em modelo correto de língua escrita, que estaremos possibilitando o momento de elas serem capazes de criar textos compatíveis aos padrões convencionados para o português escrito. Temos de oferecer-lhes oportunidades de contato com diferentes modelos, contextualizando a língua escrita através de seus usos, mesmo antes de se tornarem efetivamente capazes de ler e escrever.

Engana-se quem pensa que uma criança fica esperando a permissão da escola para iniciar suas leituras. O crescimento urbano popularizou o uso de símbolos, códigos, sinais e imagens e é preciso entendê-los.

A aquisição da língua escrita não se dá unicamente no espaço escolar. Muitos pequenos leitores já estão se formando em seu ambiente familiar, graças ao contato freqüente com livros escritos principalmente para eles. E aí que se pode afirmar que as crianças começam a gostar da leitura antes de aprender a ler: ouvindo histórias lidas por adultos, folheando seus próprios livros, examinando as gravuras, criando seus próprios enredos, sempre de acordo com suas motivações e interesses imediatos.

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.” (Freire, 2001,p.11)

Não que a situação econômica mais favorecida desenvolva por si só, o hábito da leitura. Mas é certo que as crianças desse meio, muito mais que as outras, têm acesso a livros, revistas especializadas, enciclopédias, jogos e outros materiais que lhes estimulam o desejo de ler.

No entanto, o ensino formal da leitura converge para o interior da escola, cujo papel se amplia e se intensifica para com as crianças das famílias, condicionadas a problemas de ordem sócio-econômica. A abertura da escola a todas as crianças, independente do gênero, etnia ou classe social, desencadeou um processo de socialização do saber e acesso aos bens culturais, bem como a valorização da palavra escrita. Dependendo de como compreende a leitura, a escola pode tomar caminhos diferentes. Há processos e métodos que, amparados por seus materiais alfabetizadores, mais afastam do que sensibilizam seus alunos para o ato prazeroso de ler. O gosto pela leitura se perde nas escritas sem sentido, sem significado e alienadas da realidade social e fantástica que povoa o mundo infantil. E há outros cuja proposta pedagógica se apoia na formação do leitor, usando textos variados que trazem para o cotidiano do ensino a vida que ” corre solta ” fora dos muros da escola.

Para que a leitura faça sentido, é preciso, antes de mais nada, que esteja em sintonia com as motivações de quem lê. Quando se fala em sintonia, em prazer de ler, deve ficar claro que a satisfação não se reduz ao lúdico, ao recreativo. O prazer está tanto em obter uma informação, em compreender uma instrução, em estudar um tema, em tomar conhecimento de fatos, em embalar-se na poesia e em dar asas à imaginação.

De acordo com pesquisas realizadas em bibliotecas e livrarias, as crianças, na idade em que normalmente iniciam a escolarização, preferem as histórias que falam do cotidiano, de pessoas, de animais, de fatos da vida em família e escolar. E que falam também de medos, de fantasmas, de fantasias, de dificuldades e de situações novas.

Como toda arte, a literatura privilegia um domínio do conhecimento normalmente ignorado pelo ensino tradicional: o domínio afetivo. Por esse motivo, deve ser oportunizado à criança o encontro com o texto literário através da descoberta do prazer e da beleza. Oferecendo uma visão original da realidade, a literatura permite que a criança possa preencher lacunas resultantes de sua ainda pequena e escassa experiência existencial, nas classes de Educação Infantil. Através dos livros de gravuras com pequenos textos, da história oral, da leitura de histórias e poesias, das cantigas de roda, das lendas e fábulas, a criança vivencia as aventuras não vividas na realidade.

O convívio com o texto literário resulta num alargamento de horizontes, no descortinar de uma realidade possível, numa reestruturação de sua leitura de mundo. Vendo as gravuras de um livro ou ouvindo uma história, a criança pode criar seu próprio mundo, povoando-o de sonhos e fantasias, mas, ao mesmo tempo, insere-se no nosso mundo de adultos e no seu mundo infantil.

A literatura oferece alimento à criatividade e ao imaginário e oportuniza à criança o conhecimento de si mesmo, do mundo que a cerca, do seu ambiente de vida e lhe permite, então, estabelecer as relações tão importantes e necessárias entre o real e o não-real.

A literatura possibilita especialmente à criança uma leitura em vários níveis: o sensorial, através dos aspectos exteriores do livro; o emocional, pelos sentimentos que a leitura provoca, pelo gostar ou não do que lê ou ouve, pela reordenação do mundo subjetivo; o racional, pela reflexão a que conduz, oportunizando a construção do conhecimento e a reordenação do mundo objetivo.

Como fonte de prazer, estímulo à criatividade, enriquecimento de experiências, desenvolvimento da percepção entre texto e contexto e das dimensões afetiva e social do conhecimento, a literatura se constitui fator de impulso à aprendizagem.

As histórias e contos podem ser apresentados de inúmeras formas, de acordo com a criatividade e disponibilidades de cada educador e as condições da turma de alunos, sendo sempre importante que se procure variar as dinâmicas utilizadas: leitura oral com gravuras grandes de apoio, leitura simples, conto espontâneo, dramatização com fantoches ou placas ilustrativas, slides, discos infantis, vídeo, teatro, leitura apenas das gravuras, histórias sem texto, leitura apenas do início e do meio, deixando que as crianças imaginem e levantem hipóteses para criar o fim, podendo ou não ser apresentada a sugestão do autor do livro.

Antes de qualquer consideração acerca da função da leitura na escola, é preciso refletir sobre esse suposto dogma pedagógico. O que é ser um bom leitor? Ou melhor ainda, o que é ser leitor?

Na concepção de leitura que temos, entendemos a leitura como o encontro efetivo da pessoa do aluno com o texto. Isso significa que ele participa do ponto de vista ou da mensagem veiculada pelo texto lido. Não só os compreende como insere nesse contexto abstraído sua visão de mundo e o acumulado pelas demais leituras até então realizadas. Assim, a leitura de textos provoca, no leitor, um movimento de reflexão sobre o mundo e sobre o mundo do texto. A prática de ler acaba envolvendo o aluno. Ler é valorosa ação e acontecimento para que o aluno extrapole e avance enquanto ser que pensa e que descobre o pensamento dos outros, através da palavra e da sua organização. Nesse sentido é que há a troca. E então leitura e troca podem ser sinônimos.

A leitura, por esse ponto de vista, torna-se um grande investimento pedagógico, e um importante material que circula pelas aulas. É aí que se retorna ao papel de orientador do professor para que ocorra o encontro do leitor com o texto, no sentido de o ler ir impulsionando o leitor e também o seu escrever. O texto que lemos tem o seu lado de organização e escuta. Alguém o criou. O que será que determina a este ou aquele autor escrever um texto? É por aí que o aluno atua. Do lado de cá da leitura. Nas atividades de estudo do texto, quando ele compreende a sua mensagem, ou avalia a opinião do autor, ou ainda relaciona ideias nele implícitas, estamos a um passo ou no ritmo da extrapolação de suas ideias. A leitura reconstrói o próprio texto em direção ao contexto do aluno-leitor.

O que é também um posicionamento crítico. É criativo, à medida que concretiza a passagem da leitura do texto para a elaboração do texto pessoal. A leitura impulsiona outras leituras. Uma delas, e aqui priorizada, é escrever.

O ler e escrever, na ótica desse trabalho, são de direções opostas: o texto a ser escrito se reconstrói para desfazer. O movimento da leitura se dilui enquanto passa a gerar e instigar a produção de outros textos. E prossegue, acoplada à produção escrita do aluno enquanto o influencia na organização textual. O leitor passa agora a assinar a autoria. E assim esses limites vão se dissipando, pois, uma vez escrito, o texto tem o potencial da leitura: autores, leitores e texto e o mesmo espaço de trabalho.

O que vale como estratégia de interpretação de textos é a colocação do ponto de vista pessoal: o posicionamento claro e coerente de cada leitor. É importante se sentir à vontade para dialogar com o texto. Seja ele literário ou não. No espaço das salas de aula, no acontecimento das palavras, não deve prevalecer o discurso ” pré-concebido “, e sim apoiar-se o discurso próprio: a história de cada um e suas impressões pessoais interagindo diante do texto. É o ponto de partida para a construção de um discurso. E nele se inclui o da análise textual.


5 CONCLUSÃO

Nas Educação Infantil, o investimento do professor centra-se na utilização da língua pelo aluno e na apropriação dela. Tornar os alunos mais comunicativos e verdadeiros usuários da palavra escrita é uma trilha a traçar, e assim podendo estar acompanhando todo o percurso do Ensino Fundamental. Paralelamente e com intenção e aprofundamento, vai abrindo espaços para reflexão sobre o escrito, como um objeto de leitura e de estudo. A relação da organização com o sentido se torna a sistematização da norma gramatical. Num caráter lúdico, o jogo gramatical vai se interiorizando no texto do aluno através da utilização da palavra. Ele vai percebendo que o ” erro ” é uma outra forma de dizer. De representar. E vai se aproximando do ” certo” da convenção. E aceitando as regras do jogo da língua.

Penso que é um trabalho que se inicia timidamente, junto ao exercício da palavra de cada um e que vai se prolongando, ampliando e se organizando no decorrer da Educação Infantil e prosseguindo nas outras séries. São outras regras de trabalho que vão sendo construídas. Inicialmente a palavra do professor tem maior amplitude sobre a apreciação do texto. Outras palavras, dos leitores e colegas, vão introduzindo nessa leitura crítica. E à medida que os trabalhos de leitura e de produção de texto avançam e se interligam, essa apreciação se divide com os demais participantes da vivência do aluno.

É evidente e nenhum educador pode descartar que o que diferencia fundamentalmente os seres humanos dos outros seres que há na natureza é a sua capacidade de criar cultura. O animal é incapaz de progredir, pois não acumula conhecimentos; o ser humano, entretanto, ao nascer já se torna parte de uma história, tem um passado, é herdeiro de um saber. Ele não começa do zero; ao contrário, beneficia-se de tudo o que já foi criado pelas gerações anteriores e, a partir daí, desenvolve sua vida. E, ao desaparecer, cada geração deixa sua parcela de contribuição, por menor que seja, para o aumento do conhecimento humano.

Nessas indagações, urge priorizar no trabalho de professor o ler e o escrever. Esse é o investimento maior na intenção de orientar o aluno no uso e domínio da língua portuguesa. Saber a língua é o pressuposto teórico que embasa todas as atividades a serem propostas no ensino de Português. Saber analisar a língua é decorrente desse saber, é ter a palavra como objeto de estudo. Assim, uma prática não elimina a outra: fundamentam-se e se completam. E isso nada mais é do que se apropriar da palavra enquanto meio de interação.

A prática nos mostra que a memorização de nomenclaturas, regras e definições, arrolada em programas de ensino, é ineficiente e não promove uma aprendizagem efetiva do ler e escrever. O aluno discursa de uma forma metalingüística em provas e exercícios, mas não transfere esse pseudo-conhecimento para a formulação de seu pensamento por escrito. É uma das maneiras de desrespeitar a evolução do conhecimento e da natureza do raciocínio da criança, sobretudo nas séries iniciais. É imprescindível que o aluno tenha a língua em suas mãos com o sentimento e com a razão. Ele usa a palavra, observa esse uso, e o professor vai acentuando esse acesso e aprofundamento a ela, lenta e atentamente. E é longo esse caminho. Essa é a condição para a língua ser um objeto de sistematização e aprimoramento: é preciso colocar a palavra a serviço da criança para ela ir verificando esse funcionamento.


6 REFERÊNCIAS

BRYANT, Peter; BUARQUE, Lair, NUNES, Terezinha. Dificuldades na Aprendizagem da Leitura: Teoria e Prática. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2000. 111p. (Coleção Questões da Nossa Época, 44)

CINEL, Nora Cecília Bocaccio. Produção de textos: falar e escrever exigem manejo inteligente e criativo da linguagem. Revista do professor, Porto Alegre, RS, ano XVI, n.62, p.18-22, abr./jun.2000.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler : em três artigos que se completam. 41. ed. São Paulo: Cortez, 2001.87p. ( Coleção Questões da Nossa Época, 13)

MACHADO, Raul José Moraes. Reconstruindo textos: cloze como técnica para aprender a ler, compreender e redigir. Revista do professor, Porto Alegre, RS, ano XVI, n.61, p.16-20, jan./mar. 2000.

MARCURCHI, Luiz Antonio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

NETO, Antonio Gil. A produção de textos na escola: uma trajetória da palavra. 4. ed. Rio de Janeiro: Loyola, 1996. 172p. ( Séries práticas pedagógicas, 2 )

O uso do RPG na sala de aula pode ser uma ferramenta interessante para o desenvolvimento da criatividade e da expressão oral. Para saber mais sobre isso, você pode conferir opções de jogos de RPG disponíveis no mercado. Explore as opções de jogos que podem enriquecer a experiência de aprendizagem.

Autor: Aurea Borges Sarmento


Pedagogia ao Pé da Letra
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