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Atualizado em 10/08/2024

Maquiavel

Explore a obra de Nicolau Maquiavel e sua influência na política moderna, entendendo como seu pensamento pode ajudar a enfrentar os desafios contemporâneos e a se tornar um líder mais eficaz.

Maquiavel


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O Renascimento Cultural é considerado um importante período de transição do feudalismo para o capitalismo. Manifesta-se através de uma explosão de criações artísticas, literárias e científicas que resgatam a Antiguidade clássica greco-romana e o humanismo. Chocam-se com os dogmas religiosos e as proibições da Igreja Católica, enfrentam a Inquisição e criticam o mundo medieval.

Apesar de recuperar os valores da cultura clássica, o Renascimento não foi uma cópia, pois utilizava-se dos mesmos conceitos, porém aplicados de uma nova maneira à uma nova realidade. Assim como os gregos, os homens “modernos” valorizaram o antropocentrismo: “O homem é a medida de todas as coisas”; o entendimento do mundo passava a ser feito a partir da importância do ser humano, o trabalho, as guerras, as transformações, as contradições humanas tornaram-se objetos de preocupação, compreendidos como produto da ação do homem.

Uma outra característica marcante foi o racionalismo, isto é, a convicção de que tudo pode ser explicado pela razão do homem e pela ciência, a recusa em acreditar em qualquer coisa que não tenha sido provada; dessa maneira o experimentalismo e a ciência conheceram grande desenvolvimento. O individualismo também foi um dos valores renascentistas e refletiu a emergência da burguesia e de novas relações de trabalho. A ideia de que cada um é responsável pela condução de sua vida, a possibilidade de fazer opções e de manifestar-se sobre diversos assuntos acentuaram gradualmente o individualismo. Porém, essa característica não implica o isolamento do homem, que continua a viver em sociedade, em relação direta com outros homens, mas na possibilidade que cada um tem de tomar suas próprias decisões.

Não foi por acaso que o Renascimento teve início na Itália, pois ela possuía uma economia dinâmica, geradora de excedentes que pudessem ser investidos na produção cultural. As cidades italianas monopolizavam o comércio de especiarias com o Oriente, estimulando um efervescente intercâmbio cultural através dos contatos com as civilizações bizantina e muçulmana. Veneza, Pisa, Gênova, Florença e Roma dominavam o Mediterrâneo. Além disso, a cultura clássica foi mais bem conservada que no restante da Europa ocidental, tendo em vista ser a Itália o berço da civilização romana.

A burguesia, oriunda das camadas marginalizadas da sociedade medieval, firmou-se como classe social através do prestígio que a riqueza lhes trouxe. Procurando moldar a imagem da sociedade em que ela ocuparia posição central, tornou-se mecenas, financiando artistas para seu enobrecimento. Transmitiam uma visão racional, progressista e otimista do mundo, correspondente à sua ideologia.

Porém, a concorrência pelo comércio internacional desencadeava lutas entre as cidades. Estas, para manter seus domínios, contratavam um chefe militar que denominava-se Podestá, que era encarregado de arregimentar mercenários junto aos Condottieri, estes eram uma mistura de chefe de tropa e “empresários militares” que vendiam seus serviços a quem melhor pagasse, e que posteriormente viriam a dominar os nobres a quem haviam alugado sua espada. Estabeleceram-se então nas cidades italianas ditaduras que eram exercidas pelos Podestá ou pelos Condottieri, fragmentando assim seus territórios. A ilegitimidade do poder gerava situações de crise e instabilidade permanentes, ele se fundava exclusivamente em atos de força, e pela força era deslocado de um a outro senhor.

A Itália do Renascimento encontrava-se “…mais escravizada do que os hebreus, mais oprimida do que os persas, mais desunida que os atenienses, sem chefe, sem ordem, sem batida, espoliada, lacerada, invadida…” (O Príncipe, cap. XXVI). Não havia um estado central, pequenos principados eram governados por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A essa situação de desordem e instabilidade incontroláveis, somaram-se as constantes invasões dos países próximos, assim como a França e a Espanha, que visavam o monopólio das rotas comerciais do Mediterrâneo. “O povo italiano gastava seu tempo discutindo e desejando reformas; só Maquiavel compreendeu que era preciso reconstruir desde a base.” (SFORZA, p.11).

Maquiavel, historiador, político e filósofo, é o iniciador do pensamento político moderno. “O primeiro italiano moderno a rejeitar toda e qualquer fórmula arcaica, ele viu que já nem a igreja nem o império eram mais forças políticas vivas.” (SFORZA, p.11). Alimentava a convicção de que uma monarquia absoluta era a única solução possível para unificar a Itália e libertá-la do domínio estrangeiro naquele momento de corrupção e anarquia da vida italiana. Apesar disso, considerava a república como o regime mais propício à realização do bem-comum.

As repúblicas apresentariam três formas: a aristocrática, na qual uma maioria de governados se encontra diante de uma minoria de governantes; a democrática, em que uma minoria de governados se acha diante de uma maioria de governantes; e a democracia ampla, quando a coletividade se autogoverna, isto é, o Estado se confunde com o governo. Maquiavel acreditava que a forma perfeita de governo republicano é aquele que apresenta características monárquicas, aristocráticas e populares de forma harmoniosa e simultânea, ou seja, uma república mista. Observa que uma monarquia facilmente se torna uma tirania; que a aristocracia degenera em oligarquia e que o governo popular converte-se em demagogia, formas corrompidas da república segundo o ideal aristotélico.

Em oposição ao pensamento medieval, Maquiavel desvincula totalmente o Estado da Igreja. Sendo este uma entidade política secular, dotada de fins próprios, moralmente isolada e soberana, não podendo estar subordinada a Deus, ao direito natural ou à Igreja, encontrando sua razão de ser na convicção dos homens de que a autoridade estatal é indispensável para garantir a segurança individual, e não na “graça” divina.

Não é idealista, é realista. Propõe estudar a sociedade pela análise da verdade efetiva dos fatos humanos, sem perder-se em vãs especulações. O objeto de suas reflexões é a realidade política, pensada em termos de prática humana concreta. Seu maior interesse é o fenômeno do poder formalizado na instituição do Estado, procurando compreender como as organizações políticas se fundam, se desenvolvem, persistem e decaem. Desvinculada de qualquer convicção moral, religiosa ou ética, a máxima “os fins justificam os meios”, jamais foi escrita por Maquiavel. Encarando a política como uma técnica, ele apenas julgava os meios em função de sua eficiência política, independente de serem bons ou maus. Não importa os meios que serão empregados, o Estado nacional soberano está autorizado a promover a qualquer preço a prosperidade e a grandeza do grupo humano – a nação, a pátria – por ele representado, sem que isso acarrete em qualquer condenação ou culpa.

Conclui, através do estudo dos antigos e da intimidade com os poderosos da época, que os homens são todos egoístas e ambiciosos, o homem quer conservar o que tem e buscar mais ainda. Por esse motivo, os homens vivem em conflito e competição, o que pode acarretar uma anarquia declarada a menos que seja controlada pela força que se esconde atrás da lei. Assim, o governo, para ser bem-sucedido, quer uma monarquia ou república, deve objetivar a segurança das propriedades e da vida, sendo esses os desejos mais universais da natureza humana. Os desejos e as paixões seriam os mesmos em todas as cidades e em todos os povos. Quem observa os fatos do passado pode prever o futuro em qualquer república e usar os métodos aplicados desde a Antiguidade ou, na ausência deles, imaginar novos, de acordo com a semelhança entre as circunstâncias entre o passado e o presente.


BIBLIOGRAFIA

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Porto Alegre, L & PM Pocket, 1999.

SFORZA, Conde Carlo. O Pensamento Vivo de Maquiavel. São Paulo, Livraria Martins editora, 1951.

PERRY, Marvin. Civilização Ocidental. São Paulo, Martins fontes.

Nicolau Maquiavel e “O Príncipe”:.

DUCLÓS, Miguel. Thomas More e Maquiavel – Teoria social e política no Renascimento.

GOMES, Alexandre. Maquiavel e a política contemporânea.

MULLER, June. Niccolò Machiavelli.

Renascimento: História de um Significado.

  • Autor: Patrícia W. Andri

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Este texto foi publicado na categoria Cultura e Expressão Artística.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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