MANUAL INFORMATIVO AOS PAIS SOBRE O PARADIGMA DA INCLUSÃO E DÚVIDAS SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL
Marina S. Rodrigues Almeida*
Psicóloga, Psicopedagoga e pedagoga
CRP 06/41029-6
Caro leitor,
Este manual trata de questões e dúvidas de pais e pessoas do cotidiano relativas à inclusão e às expectativas do portador de necessidades especiais.
Tendo surgido da preocupação de esclarecer os pais e pessoas de um modo geral, o texto pretende ser claro e de fácil consulta.
A inclusão é uma proposta, um ideal. Se quisermos que nossa sociedade seja acessível, que dela todas as pessoas com deficiência possam participar em igualdade de oportunidades, é preciso fazer desse ideal uma realidade a cada dia. A ação de cada um de nós, das instituições e dos órgãos, deve ser pensada e executada no sentido de divulgar os direitos, a legislação e implementar ações que garantam o acesso de todos.
Sabemos que mudar o contexto atual de uma hora para outra é impossível. Desejar uma sociedade acessível e se empenhar pela sua construção não pode significar o impedimento de acesso das pessoas com deficiência aos serviços atualmente oferecidos; pelo contrário, mantemos nosso olhar no ideal, mas os pés na realidade.
A inclusão é um processo e envolve mudanças em TODOS nós, por isso é um trabalho longo e desafiador!
Igualdade de oportunidades para todos é nosso desejo futuro.
Maiores informações no e-mail [email protected] [email protected].
A autora.
*Marina S. Rodrigues Almeida, Psicóloga Clínica e Educacional, Pedagoga em Educação Especial e Pós-graduada em Psicopedagogia. Foi fundadora e organizadora do Projeto NUMAPS – Núcleo Municipal de Atendimento Psicopedagógico – atendimento aos alunos da Rede Municipal com dificuldades de aprendizagem de 5 a 14 anos. Trabalha há 18 anos no atendimento de portadores de necessidades especiais (deficiências mentais e auditivas) e fez parte do Projeto “Escola-Inclusiva” em São Vicente. Trabalha em consultório particular atendendo: adolescentes, adultos, casais, orientação de pais, supervisão a psicólogos e psicopedagogos.
O que é educação especial?
Educação Especial é uma modalidade de ensino que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de necessidades especiais, condutas típicas ou altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos compatíveis com as necessidades específicas de seu alunado.
O que é a pessoa portadora de deficiência?
É aquela que apresenta, em comparação com a maioria das pessoas, significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores inatos ou adquiridos, de caráter permanente, que acarretam dificuldades em sua interação com o meio físico e social.
Quem é o portador de necessidades educacionais especiais?
É o educando que apresenta, em caráter permanente ou temporário, algum tipo de deficiência física, sensorial, cognitiva, múltipla, condutas típicas ou altas habilidades, necessitando, por isso, de recursos especializados para desenvolver plenamente seu potencial e/ou superar ou minimizar suas dificuldades.
O que são classes especiais?
A Classe Especial é uma sala de aula preferencialmente distribuída na educação infantil e ensino fundamental, organizada de forma a se constituir em ambiente próprio e adequado ao processo ensino/aprendizagem do educando portador de necessidades educacionais especiais.
Na Classe Especial tentamos encontrar caminhos e meios facilitadores para a aprendizagem dos educandos com necessidades educacionais especiais, através de uma política de ação pedagógica, recursos educacionais mais individualizados e conta com o professor especializado.
O que é escola inclusiva?
Na escola inclusiva, o processo educativo deve ser entendido como um processo social, onde todas as crianças portadoras de necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais próximo possível do normal.
O alvo a ser alcançado é a integração da criança portadora de deficiência na comunidade.
Uma escola inclusiva deve ser uma escola líder em relação às demais. Ela se apresenta como a vanguarda do processo educacional.
O seu principal objetivo é fazer com que a escola atue através de todos os seus escalões para possibilitar a integração das crianças que dela fazem parte.
Qual a diferença entre inclusão e integração?
Embora ambas constituam formas de inserção do portador de necessidades educacionais especiais, a prática da integração vem dos anos 60 e 70, e baseou-se no modelo médico/clínico da deficiência. Neste modelo, os educandos portadores de necessidades educacionais especiais precisavam modificar-se (habilitar-se, reabilitar-se, educar-se) para tornarem-se aptos a satisfazer os padrões aceitos no meio social, familiar, escolar, profissional, recreativo, ambiental.
A prática da inclusão vem da década de 80, porém consolidada nos anos 90, segue o modelo social da deficiência, segundo o qual a nossa tarefa consiste em modificar a sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes físicos, etc.) para torná-la capaz de acolher todas as pessoas que apresentem alguma diversidade, portanto estamos falando de uma sociedade de direitos para todos.
Quais são as principais resistências para a inclusão?
Tanto no âmbito escolar, profissional, familiar como em outros setores, as principais resistências têm como origem o preconceito, a falta de informação e a intolerância a modelos mais flexíveis.
O medo do novo, do desconhecido nos educadores tem origem na formação acadêmica a qual não os habilitou para o trabalho com a diversidade, nem tão pouco o engenheiro que projetou um prédio sem rampas, e demais profissões que não preverão uma sociedade para todos.
Durante muito tempo, a Educação Especial funcionou com um sistema paralelo e não como parte integrante do sistema geral de educação e ela mesma foi criando um mito de que é muito difícil trabalhar com o educando portador de necessidades educacionais especiais. Sabemos que não é fácil, mas não exige nenhuma “hiperestrutura” nem nenhum “supereducador”.
O que precisamos fazer para este quadro ser modificado?
Através de ações de sensibilização da sociedade, convivência na diversidade humana, dentro das escolas inclusivas, das empresas inclusivas e dentro de políticas públicas são os eixos fundamentais para alicerçar o processo da inclusão.
O mais importante é socializar as informações sobre os modelos de inclusão para que as teorias se aproximem, revelando verdadeiramente a realidade.
Como derrubar os preconceitos da inclusão?
Os preconceitos em relação à inclusão poderão ser eliminados ou, pelo menos, reduzidos por meio das ações de sensibilização da sociedade e, em seguida, mediante a convivência na diversidade humana dentro das escolas inclusivas, das empresas inclusivas, dos programas de lazer inclusivo. Resultados já existem que comprovem a eficácia da educação inclusiva em melhorar os seguintes aspectos: comportamento da escola, no lar e na comunidade; resultados educacionais, senso de cidadania, respeito mútuo, valorização das diferenças individuais e aceitação das contribuições pequenas e grandes de todas as pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem, dentro e fora das escolas inclusivas.
Como está a situação da educação inclusiva no Brasil?
No país inteiro, vem acontecendo uma série de discussões a respeito do que seria a Inclusão e o Sistema de Ensino, tentando se adaptar a essa nova realidade.
A educação inclusiva, embora tenha sido bandeira da educação especial, não implica somente em incluir o portador de deficiência no sistema regular de ensino. Diz respeito a um sistema educacional que dê respostas educacionais com qualidade ao conjunto das pessoas.
Quais as vantagens da inclusão para um educando sem deficiência estudar junto com uma criança com deficiência?
O desenvolvimento da consciência de cidadania não pode restringir-se à questão de direitos e deveres das pessoas em geral, mas deve abranger as questões referentes aos grupos excluídos ou rejeitados pela sociedade. A escola, enquanto agente que educa crianças, jovens, adultos e idosos, precisa oferecer oportunidades para este tipo mais abrangente de formação de cidadãos. Mais do que isso, a escola precisa oferecer oportunidades de desenvolvimento de comportamento e atitudes baseados na diversidade humana e nas diferenças individuais dos seus alunos.
Quando os educandos dos mais diferentes estilos estudam juntos, podem se beneficiar com os estímulos e modelos comportamentais uns com os outros. O ser humano necessita passar por esse tipo de experiência para se desenvolver integralmente.
A convivência na diversidade humana pode enriquecer nossa existência, desenvolvendo, em variados graus, os diversos tipos de inteligência que cada um de nós possui. O fato de cada pessoa interagir com tantas outras pessoas, todas diferentes entre si em termos de atributos pessoais, necessidades, potencialidades, habilidades, etc., é a base do desenvolvimento de todos para uma vida mais saudável, rica e feliz.
Como os pais podem ajudar o filho/a filha?
Aceitando a deficiência. Se os pais não aceitarem a deficiência de seu filho, dificilmente ela será aceita pelos outros membros da família e terá maior dificuldade na integração social, escolar, etc.
Quando os pais aceitam a deficiência, a família pode começar a fazer planos para resolver os problemas de uma maneira justa e construtiva.
Quando os pais rejeitam a deficiência, o ajustamento dos irmãos, amigos, etc., torna-se problemático.
Como os pais podem aceitar a deficiência do filho/da filha?
Não se culpar, mesmo que tenha existido alguma forma de negligência com a criança, e por conta disso colaborou para piorar o quadro comportamental ou da deficiência. O que vale a pena saber é que precisará enfrentar a situação de uma forma ou de outra.
Se penalizar só irá contribuir para mais dor e sofrimento, e acarretará mais dificuldade em encontrar ajuda correta e eficiente para os pais e para a criança.
O diagnóstico médico da criança é um fator importante para esclarecer os pais: sobre uso de medicação se for o caso, exames, escola e cuidados adequados, etc. Auxilia também a evaporar crendices, pensamentos mágicos, buscas de terapias alternativas que não tenham nenhum cunho científico, isto só leva os pais a se cansarem, ficarem desmotivados, achando que o filho não tem jeito.
Saber as possibilidades reais do filho e atendimentos adequados é o que efetivamente irá ajudar os pais.
Como lidar com a insegurança e ansiedade dos pais, dos educandos e dos educadores na classe especial e no sistema de inclusão?
Os sentimentos de insegurança e ansiedade têm origem no medo do desconhecido; geralmente, o pensamento é preenchido por ideias, fantasias, expectativas frente à situação nova que deverá ser enfrentada, via de regra sentida como ameaçadora e perigosa.
Os pais, os educandos, os educadores e pessoas em geral costumam sentir isso em situações que requerem novas adaptações e modificações da forma de pensar sobre a questão ou fato.
Quanto mais seguro e calmo o educador estiver frente a qualquer que seja a situação, a ansiedade dos pais e do educando se dissolverá com facilidade. Para isso, o educador deve se sentir respaldado, informado e sensível, evitando posturas radicais, imposições, descasos, resistências, etc. O modelo de comportamento do educador influenciará decisivamente o comportamento dos pais e dos educandos.
É sempre bom lembrar que cabe ao papel do educador ser o mediador da situação, nunca ser o ditador (achando que sabe o que é melhor para o educando) ou ser um juiz (julgando os comportamentos de forma moral, quer seja dos pais ou do educando).
O papel de mediador exige postura compreensiva, diálogo, flexibilidade e delicada firmeza.
Salientamos também que cabe aos pais procurarem informações e situações que acolham suas dúvidas e medos, permitindo uma aproximação saudável e equilibrada sobre a nova situação. Essa postura favorece sensivelmente o apoio ao filho e a acomodação benéfica para todos, evitando desgastes e conflitos.
Somente meu filho ou filha precisa de tratamentos adequados?
Não. É um engano pensar que só a criança precisa de tratamentos, quer seja médico, escolar ou psicológico; os pais geralmente precisam de alguma forma de apoio.
Os pais sentem-se fragilizados, assustados, inseguros, e muitas vezes a culpa, a revolta, a raiva, sentimentos de depressão ou negação perduram por muitos anos, contribuindo para o sofrimento familiar.
Essa situação só colabora para adiar um atendimento adequado e com maior sucesso de intervenção precoce para a criança.
Orientações terapêuticas ou grupos de pais são excelentes formas de apoio e surtem efeitos benéficos na relação do casal, na relação com o filho, demais filhos e da família como um todo.
O que causou o problema no meu filho/filha?
A notícia de uma deficiência obriga a família, particularmente os pais e os irmãos, a reverem seus sonhos e expectativas para a criança deficiente e para a família como um todo.
O período de adaptação em que cada um dos elementos da família levará para “aceitar” o problema variará individualmente. Em algumas famílias, o processo pode ser longo e difícil; em outras, poderá ocorrer com mais facilidade.
Todos da família enfrentam tensão, estresse, depressão, raiva e negação. É importante neste momento procurarem alguém para acolher seus desapontamentos (especialista, psicólogo, amigo, um parente) com o objetivo de serem ouvidos, compreendidos e conseguirem pensar sobre o assunto de maneira mais clara, buscando uma solução adequada.
De quem é a culpa pela deficiência?
A busca de culpados é muito frequente; como já comentamos, esta forma de manifestação emocional vem como uma tentativa de justificar de maneira concreta uma causa evidente, uma tentativa de “empurrar para o outro toda responsabilidade” que julgo ser incapaz de sentir e buscar alguma forma de reparação ou mesmo de negar o que está acontecendo. Estas saídas buscam diminuir a dor e o sofrimento, porém não são eficazes. Podem durar muitos anos e o tempo perdido poderá ser precioso para os cuidados adequados para a criança.
Os pais, por estarem sob o efeito de forte tensão e fragilidade, sentem-se ameaçados de como irão falar a notícia para a família, aos outros filhos, amigos, parentes, etc., sendo mais um fato que contribui para arrumarem culpados.
Meus futuros filhos/filhas também terão problemas?
Depende de cada caso, em especial se foi alguma causa genética ou hereditária; os próximos filhos ou os atuais poderão ou não ter algum tipo de deficiência. Caso tenha esta suspeita ou seja um destes casos, é importante procurar um Aconselhamento Genético, com o objetivo de realizar exames de pesquisa para saber as probabilidades disto ocorrer ou não novamente.
Meu filho/minha filha sofre?
Precisamos definir o que a família entende por sofrimento: dor física, emocional, consciência da patologia, etc.
Como qualquer pessoa que possui sentimentos e esteja exposta a dores, tensão, estresse, conflitos, impasses, sofrem as angústias disso tudo; o portador de necessidades educacionais especiais também.
Isto pode ser administrado a cada caso e de como cada família vive a experiência de ter um portador de necessidades educacionais especiais: se enfrentam a situação, se conversam sobre o assunto, sentem-se mais unidos, etc.
Posturas assim diminuem o sofrimento para todos; mesmo no caso do filho/filha sofrer algum tipo de sofrimento físico, os pais estarão mais sensíveis e firmes para suportarem o processo, se puderem conversar sobre o assunto.
Meu filho/minha filha tem o mesmo sentimento do que qualquer pessoa?
O portador de necessidades educacionais especiais pode, às vezes, não ter a mesma capacidade cognitiva para entender a situação que o aflige, mas isso não impede que possamos conversar (desenhar, consolar, brincar) com ele de forma mais simples, falando do sentimento que ele vivencia: se está com medo, triste, deprimido, chateado, com raiva, etc.
O que meu filho/minha filha pensa sobre o seu problema?
Somente o portador de necessidades educacionais especiais pode nos dizer, através de um gesto, conversa, desenho, etc. Sempre há algum nível de consciência presente sobre o que está acontecendo com ele.
Meu filho/minha filha tem algum afeto por nós?
Às vezes esperamos demonstrações conhecidas, mas a individualidade de cada um e o convívio diário servirão como indicadores destas expressões de sentimentos, que podem ser: de amor, carinho, raiva, revolta, etc. É a mesma relação com qualquer pessoa, onde corremos os riscos “sentimentais e afetivos” sem garantias de sermos gratificados, frustrados, desapontados, reconhecidos, etc.
O que variará no portador de necessidades educacionais especiais será o grau e a frequência de cada comportamento e sentimento expressado.
Por que meu filho/minha filha se comporta de modo estranho?
Precisamos saber o que os pais, os elementos da família, ou as pessoas envolvidas, entendem como “comportamento estranho”, que pode ser muito diferente para cada um. Só depois compreender o que de fato está acontecendo. Buscar nomes de diagnósticos, comparações, apelidos, etc. só gera mais preconceito e não colabora para a melhora do relacionamento.
Meu filho/minha filha pode ter cura? Vai melhorar? Vai progredir? O tratamento vai ajudar?
São questões muito importantes, que indicam a preocupação e ansiedade dos pais ou pessoas envolvidas.
Não existe uma resposta padrão para estas questões; sabemos hoje que a medicina, a tecnologia e outros meios de saúde estão muito desenvolvidos, mas ainda não há cura para diversas patologias. Atualmente encontramos formas atenuantes de administrar a situação e minimizar sofrimentos do portador de necessidades educacionais especiais e da família.
A melhora, o progresso e os resultados vão depender de vários fatores: desde as condições do portador de necessidades especiais (aspectos psíquicos, físicos, comprometimento da patologia, etc.) aos elementos envolvidos (pais, técnicos, abordagem terapêutica escolhida, prescrição adequada de medicação, situação econômica da família, serviços públicos adequados, etc.).
De que ajuda meu filho/minha filha precisa?
A primeira ajuda mais importante é a dos pais, através de um envolvimento real, vontade, disposição, paciência, responsabilidade e dedicação. Todos os demais envolvidos serão parceiros neste desafio.
Cada caso exigirá formas diferentes de atendimento e serviços adequados. Geralmente a escola ou um profissional de saúde poderá ser os primeiros a apoiar e indicar as formas mais adequadas de ajuda.
Quem são os profissionais que devo procurar? São confiáveis?
Os profissionais mais adequados e confiáveis são aqueles que os pais e o portador de necessidades educacionais especiais possam trabalhar em parceria, sejam respeitados em sua singularidade, sintam-se acolhidos e consigam resultados favoráveis no atendimento.
Como os pais podem ajudar ou ensinar o filho/filha portador de necessidades educacionais especiais?
De diversas maneiras, começando com os cuidados do cotidiano, mas sempre com uma rotina diária: na alimentação (uso de talheres, copos, escolha de alimentos, nomear os alimentos), cuidados pessoais (banho, troca de roupa, escovar cabelos e dentes), promover alguma independência (trocar uma peça do vestuário sozinho, calçar chinelo, sapatos, pegar água, pegar uma fruta ou indicar o que deseja), atentar a situações que envolvam perigos e como pedir ajuda, desenvolver na criança senso de identidade autônoma (seu nome, nome dos pais, irmãos, endereço, nomear as partes do corpo), evitar apelidos depreciativos ou infantilizados, nomear objetos, falar sempre onde irão, o que irão fazer, manter horários de sono, etc.
Os outros filhos também podem ajudar; caso não exista esta possibilidade, uma atividade boa é contar histórias infantis, brincar com objetos de sucata (potes de tamanhos, formas, cores, espessuras, texturas diferentes), favorecer que as habilidades aprendidas na escola ou com outros profissionais possam ser aplicadas em casa.
Os pais não precisam ficar o tempo todo com a criança; podem estar em um ambiente onde ela esteja brincando.
A proximidade, presença e a atenção são importantes, mas isso não quer dizer que os pais tenham que se anular ou viver o tempo todo em função do filho/filha. Ter uma postura mais flexível e responsável alivia a todos as exigências dos cuidados diários e às vezes permanentes para a vida toda.
Estas sugestões citadas normalmente qualquer pai/mãe faz com seus filhos/filhas; a diferença está na frequência que estes comportamentos precisarão ser repetidos, mais tolerância e paciência.
Como os pais podem conduzir o relacionamento com outros filhos?
Podemos destacar os seguintes aspectos para um diálogo entre os pais e os demais filhos:
- Escutar os filhos: Ouvir primeiro o que os outros filhos/filhas sentem, esperam, temem, sabem, sobre o irmão/irmã portador de necessidades educacionais especiais.
- Informação: Esclarecer de forma clara, delicada e simples qual o problema do filho/filha com necessidades educacionais especiais.
- Dissolver as dúvidas e fantasias: Tirar as dúvidas das perguntas que os demais filhos/filhas possam fazer sem ressentimento, raiva ou punição.
- Apoiar: Incentivar os filhos/filhas a brincarem, fazerem tarefas, passeios ou atividades juntos.
- Elogios e Agradecimentos: Recompensar, elogiar e agradecer os filhos/filhas sempre quando ajudam, quando brincam sem brigar, quando têm iniciativas, quando expressam carinho, quando ajudam em algum problema familiar, quando se oferecem para fazer algo, quando ensinam os pais, etc. Quando os filhos/filhas são reconhecidos e têm o exemplo dos pais, se tornam mais cooperativos e afetuosos.
- Mediar, Perdoar e Desculpar: Ponderar as brigas e divergências entre os filhos/filhas, evitando punir sempre de forma tendenciosa, mas sempre verificar o que aconteceu. Brigas, ciúmes e rivalidades fazem parte do crescimento dos filhos/filhas; a ponderação, mediação, o perdão e a maneira como os pais incentivam cada um destes comportamentos podem gerar mais conflitos ou diminuir. É importante que os pais observem a frequência e o motivo dos conflitos e brigas, só depois tomar uma atitude. Incentivar sempre o perdão pela atitude, quer seja intencional ou casual, e desculpar-se pelo comportamento; isso serve para os pais também, quando fazem avaliações ou punições injustas. Quando houver muita dificuldade, procurar alguém para conversar sobre o fato com o objetivo de ter uma solução mais adequada para todos.
- Brinquedos, Jogos: Escolher alguns brinquedos onde todos os filhos/filhas possam ter algo em comum, assim desenvolvem um senso de igualdade e de suas diferenças e preferências individuais.
Como os pais podem lidar com as brigas entre os irmãos/irmãs?
É importante que os pais saibam que a maioria dos irmãos deixa de brigar com o passar do tempo. À medida que amadurecem, vai passando o egoísmo, a competição, e surgindo comportamentos mais solidários e de colaboração.
1. Servir de Exemplo: Os pais devem se esforçar para controlar seus próprios sentimentos de ciúme e competição, mas demonstrarem uma maneira cooperativa, fornecendo assim o exemplo para os filhos.
2. Estabelecer Limites: Os pais devem estabelecer um conjunto de regras para as interações e devem ser fiéis a elas. Regras como não atirar coisas, não machucar, não praguejar, ser responsável, cuidar das coisas, ter horários, recolher os brinquedos e guardar, ajudar nas tarefas domésticas, etc. Cada família cria suas regras diferentes, mas o importante é deixá-las bem claras para todos.
3. Usar as Penalidades: Quando a disciplina é necessária, os pais devem usar uma penalidade: desligar a televisão se os filhos estão brigando por um filme e ninguém consegue assistir e não chegam a nenhum acordo, ficar sem o brinquedo preferido (vídeo-game, bicicleta, boneca) até fazer a tarefa escolar ou cumprir um acordo, perder por um tempo privilégios conquistados, procurar tirar da situação o filho/filha que está provocando a briga e colocar em outro cômodo da casa e ir conversar para ouvir as partes, evitar castigos físicos, xingamentos, ameaças de qualquer ordem. Este comportamento dos pais acaba por retirar sua própria autoridade; pode surtir efeito por um tempo, mais pelo medo e pelas consequências do ato do que pelo respeito aos pais. Evitar penalidades que retirem alimentos ou refeições importantes, salvo alimentos supérfluos como: sobremesas, doces, sorvetes, salgadinhos, refrigerantes, etc.
4. Respeito entre os Próprios Pais: De nada adiantará as regras e as punições aos filhos/filhas se cada um dos pais fizerem uso diferente do que estabeleceram, ou só usarem de vez em quando. Os pais que brigam entre si, que não se respeitam ou ficam jogando a culpa ou a responsabilidade para um só do casal, geralmente terão como consequência o não cumprimento das regras, quebra dos limites, desrespeito e conflitos constantes.
5. Permanecer Neutro: Se os pais não conseguirem saber qual foi o motivo que gerou o conflito, é melhor não tomar partido, especialmente se for sempre a favor da criança portadora de necessidades educacionais especiais; isso só intensificará a rivalidade. Perdoar todos e observar depois o relacionamento dos irmãos.
6. Ignorar as Simples Briguinhas: Os pais não devem intervir em todas as brigas entre os irmãos. Uma boa saída é ignorar as disputas que não infrinjam as regras estabelecidas pela família. Os próprios irmãos poderão arrumar uma solução para a briga, sem usar da força física, ameaça, chantagem ou xingamentos.
7. Ser Coerente: Os pais precisam ser coerentes ao orientar um conflito ou decidir por uma atitude responsável. Usar “dois pesos e duas medidas” para situações iguais ou semelhantes pode causar insegurança e confusão entre os filhos/filhas.
Por que meu filho/filha mora em casa, não seria melhor uma instituição?
Precisamos pensar primeiro quais os motivos que levaram os pais ou os elementos da família a pensarem que a sua “casa” não seria adequada para o filho/filha. Podemos destacar: a gravidade do estado da criança portadora de necessidades educacionais especiais, as condições afetivas dos pais suportarem e darem os cuidados necessários ao filho/filha, a situação econômica da família, número de filhos, outros filhos que também sejam portadores de necessidades educacionais especiais, etc. As possibilidades devem ser examinadas e pensadas com cuidado, só então encaminhar a criança para uma instituição em regime de internato, semi-internato.
Por que meu irmão/minha irmã não vive em casa?
Os pais precisam ter sempre uma conversa franca com os filhos/filhas e esclarecerem porque uma atitude foi tomada em favor do irmão portador de necessidades educacionais especiais.
Por que os pais superprotegem o filho/a filha portador de necessidades educacionais especiais?
Os pais que são constantemente superprotetores procuram dar tudo aos filhos, invariavelmente se são portadores de necessidades educacionais especiais ou não, com isso mantêm seus filhos dependentes e sem nenhuma autonomia. Em função da culpa que surge de sentimentos negativos para com os filhos, procuram compensar deficiências e faltas com mimos e presentes. A situação pode e geralmente se agrava quando a criança fica doente ou possui alguma doença de natureza psicossomática, como a bronquite, por exemplo. Os cuidados são necessários neste momento, porém são exagerados. A criança pode instalar este comportamento de adoecer para se defender e fugir das situações onde sinta medo ou muita angústia, mas ganhando, por outro lado, o apoio e proteção dos pais.
A superproteção faz a criança se sentir frágil, insegura, tímida e sem condições para suprir sozinha as necessidades antes vindas dos pais.
Os filhos crescem e vão se conscientizando do que aconteceu, passam a expressar agressividade e ressentimento para com os pais, além de se sentirem culpados ao verem a preocupação e aflição deles. Infelizmente, a vida não é nem mãe e nem pai de ninguém; os filhos precisam fazer decisões, assumir responsabilidades, trabalhar, casar, enfrentar situações novas e difíceis e sentem-se despreparados.
Concluindo, esses pais tentaram preparar a vida para os filhos em vez de preparar os filhos para a vida.
Por que os pais preferem ou rejeitam um filho/uma filha?
A preferência ou favoritismo em um dos filhos em relação aos demais pode provocar sentimentos de egoísmo e amor voltado para si mesmo, e a rejeição impede o desenvolvimento da autoestima e da autoconfiança.
Independente de a família ter uma criança portadora de necessidades educacionais especiais, isso pode ocorrer em alguns lares. Tais atitudes trazem como consequência dificuldades escolares e insucessos em relação a atividades futuras dos filhos.
A origem desses sentimentos pode se encontrar nas fantasias dos pais que escolhem um descendente para concretizar seus sonhos. Quando o filho escolhido consegue ainda algum sucesso, há um pouco de gratificação nestes pais, mas nunca para a exigência; contudo, quando isso não acontece, é chamado de filho que não deu certo, ingrato, fracassado, não serve para nada, etc.
Esta dinâmica dos pais se desenvolve numa relação ambivalente (inconstante) e contraditória, já que a preferência por um filho leva à rejeição de outro ou outros.
São pais que almejam que seus próprios ideais de vida se realizem através de seus descendentes; isso está ligado à qualidade e quantidade de sentimentos envolvidos, como: a autoestima (narcisismo), a inveja, a voracidade (gula) e a culpa dos pais em relação aos filhos.
A criança que foi desconsiderada e desvalorizada carrega esse peso por toda a vida, em suas atitudes e comportamentos de insegurança, timidez, desânimo e apatia.
O mais preocupante é que esses comportamentos vão se repetindo nas futuras gerações.
É necessário que os pais e filhos se conscientizem da constituição de seu modo de pensar, seus sentimentos, seus sonhos, expectativas, esperanças, conversando entre si, respeitando os desejos de cada elemento, pois a forma que vivemos na nossa família determinará a nossa participação na comunidade.
Por que está difícil meus filhos aceitarem o irmão com necessidades educacionais especiais?
Sabemos que as atitudes dos pais exercem uma influência significativa sobre a aceitação da criança portadora de necessidades educacionais especiais por parte dos irmãos. Os irmãos se adaptam melhor quando os pais mostram maior aceitação da condição da criança deficiente.
Entretanto, o sexo e a idade do irmão normal com relação à criança deficiente parecem ser fatores que podem contribuir também no ajustamento mais favorável ou desfavorável, dependendo do caso.
O tipo de deficiência não é um fator crucial para o ajustamento dos irmãos, mas a gravidade da deficiência é uma influência desfavorável sobre os irmãos. Em famílias em posição socioeconômica mais baixa, apresentam dificuldades em manter babás, tutores e geralmente são os irmãos que assumem a divisão das responsabilidades nos cuidados e tarefas com a criança deficiente (banho, alimentação, locomoção, medicação, etc.).
Esses fatores citados podem levar ao estresse materno, alterações nas relações entre o casal, rebaixamento da autoestima, tensão e conflitos familiares. Cabe a cada núcleo familiar escolher fontes de ajuda que aliviem essa pressão, que possam colaborar no ajustamento e bem-estar de todos.
Por que os pais acabam fazendo diferenças entre os filhos?
Como todas as pessoas, aqueles que têm um irmão ou irmã deficiente precisam ser respeitados como indivíduos. Devem ser reconhecidos por suas próprias realizações, características, sentimentos, sem serem constantemente comparados com o irmão portador de necessidades educacionais especiais. Precisam ser independentes e desenvolver sua identidade fora da família. Os pais precisam ficar atentos para perceberem se estão exercendo forte pressão ou superproteção sobre os outros filhos numa tentativa de compensar as esperanças perdidas.
Esta dinâmica é pertinente a qualquer núcleo familiar, mas ela poderá ser intensificada pela criança portadora de necessidades educacionais especiais se o grupo não ficar atento em suas relações no cotidiano.
Meus filhos podem fazer perguntas sobre o que está acontecendo?
Os irmãos e a criança portadora de necessidades educacionais especiais precisam ter “voz” no núcleo familiar: os pais precisam aprender a ouvir suas opiniões, dúvidas, e esclarecer de forma honesta, direta, compreensiva sobre os assuntos da escola, tratamento, decisões, etc. Necessitam deste espaço em vários momentos de suas vidas de maneira a sentirem-se acolhidos e perceberem os pais disponíveis e atentos às suas demandas.
Por que em casa ninguém fala sobre o assunto?
Os irmãos ou a criança portadora de necessidades educacionais especiais que nunca pergunta, postula esse silêncio talvez refletindo um desejo de proteger os pais da dor causada pela deficiência. Algumas crianças podem imaginar que os pais não aguentem ou as rejeitem por terem feito a pergunta; também pode ser uma forma de negação da deficiência. Os irmãos e a criança portadora de necessidades educacionais especiais precisam da informação e do acolhimento, mas guardam suas perguntas e seus pensamentos para si mesmos.
Os pais podem justificar esta falta de fluxo de comunicação por acharem que os membros não entenderiam o assunto, mas também geralmente não tentam formas simples de comunicação.
Os pais precisam notar o quanto a comunicação é importante para todos, sendo fonte de fortalecimento e crescimento para todos.
Os pais podem utilizar os seguintes pontos para desenvolver uma comunicação com os filhos:
- Ouvir atentamente: esperar o filho/a filha falar, formular a pergunta; caso não entenda, pergunte novamente explicando para que ele possa dar mais detalhes sobre o assunto.
- Não apressar a conversa: procurar não terminar a frase, palavra, ou concluir apressadamente a conversa. Se no momento estiver ocupado ou com pressa, diga que ao voltar poderá conversar com mais tempo e atenção. Evite respostas apressadas e pouco refletidas.
- Dar o exemplo: os pais devem dar o exemplo, fazendo perguntas francas, buscando informações válidas, expressando seus sentimentos honestamente.
- Manter-se informados: Os pais devem se manter informados, realizar parcerias e trocas com os profissionais que atendem a criança portadora de necessidades educacionais especiais; desta forma poderão transmitir as informações aos filhos de maneira mais clara e segura.
- Serem sinceros e honestos: Os pais, mesmo bem informados, podem sentir dificuldades em responder perguntas dos filhos. Não precisam se sentir envergonhados; podem dizer que não sabem e vão procurar quem possa ajudar ou que vão pensar sobre o assunto, ou apenas podem se emocionar com o teor da questão que também é uma forma de resposta e depois conversar de maneira mais tranquila sobre o assunto.
- Fornecer informações equilibradas: Um enfoque equilibrado é aquele onde consideramos os dois lados da situação, seus aspectos positivos e negativos. Os pais precisam ficar atentos em sua forma de conversar, evitando distorções, dramatizações, medos, ameaças, chantagens, excessos de positivismo em relação ao assunto, etc.
- A comunicação não-verbal: Os pais às vezes não percebem outras formas de comunicação que estão transmitindo aos filhos através das expressões faciais, dos movimentos do corpo, tom de voz, que são demonstradas na conversa e podem estar em desacordo ou em acordo com o que dizem pela maneira como falam, sentam, movimentam-se, etc.
Quais as expectativas e preocupações, enquanto pais devemos ter sobre o portador de necessidades educacionais especiais referente a: sexualidade/casamento/filhos/trabalho?
Partimos do pressuposto que o desenvolvimento psicossexual do portador de necessidades educacionais especiais segue as mesmas condutas de que qualquer pessoa. As diferenças se encontram na maturidade de entendimento, resposta do ambiente (família, escola), cultura e tolerância frente à sexualidade (liberal, compreensivo, repressor).
Os deficientes mentais severos e profundos apresentam conduta predominantemente indiferenciada, vinculada à gratificação sensorial, sem a possibilidade de estabelecimento de relações interpessoais com vivência específica e duradoura.
Desta maneira, a sua conduta permanece no âmbito das manipulações genitais, com a utilização esporádica de parceiros indiferenciados (em condutas hetero ou homossexuais), com a finalidade única de satisfação dos próprios impulsos.
Os deficientes moderados têm algumas possibilidades de relacionamento interpessoal, porém pouco específico e com pequena durabilidade. Observa-se a presença da masturbação, no qual a ação se satisfaz em si, com pequeno conteúdo imaginativo. Apresenta jogos hetero e homossexuais (brincadeiras de papai e mamãe, médico, etc.), mas os conteúdos afetivos e culturais que caracterizam uma relação adulta.
Os deficientes mentais leves costumam ter mais possibilidades em manter relações interpessoais, com relacionamento mais estável.
Os deficientes mentais, em alguns casos, apresentam dificuldades no estabelecimento da estrutura familiar nos seguintes pontos: manutenção do lar, cuidados básicos, emprego fixo ou suficiente para manter economicamente os dependentes, dificuldade na criação dos filhos, etc. Esses manejos podem estar prejudicados pelo fato dos instintos maternais e paternais estarem pouco desenvolvidos e poucos indivíduos apresentarem estrutura cognitiva com pensamento abstrato (que visa prever um futuro, elabora situações mais complexas, etc.). A formação e oportunidade profissional variará caso a caso, bem como a remuneração e estabilidade empregatícia.
As questões ligadas à gravidez, condições de procriação, esterilização, métodos contraceptivos, também variam caso a caso; deverão ser acompanhadas e discutidas com um profissional da área médica.
Os educandos hiperativos, com sérios problemas motores, autistas, psicóticos, com síndromes, perdas auditivas profundas, e demais casos graves, etc. também serão inclusos?
Sim, mas dependerá de cada caso, podendo ser a médio e longo prazo na medida de suas evoluções e adaptações do ambiente escolar que poderão se preparar para acolhê-los de forma humana e eficaz.
No sistema de inclusão meu filho/minha filha não estará mais sujeito a preconceitos e discriminações?
Não. Se o ambiente de inclusão respeitar as diferenças e as pessoas envolvidas estiverem informadas, o preconceito se dissolve.
O que fazer quando os pais não aceitam a inclusão do filho/filha em classe regular?
A Inclusão é um processo relativamente novo, e que ainda causa muitos medos e resistências entre os pais, educadores e educandos. A família que apresenta extrema resistência, acreditamos que devemos respeitar sua opção.
Cabe a nós orientá-los levantando os aspectos positivos e negativos da inclusão, permitindo que os pais se responsabilizem pelo processo. A Inclusão nunca poderá ser de maneira impositiva, porque cairíamos nos modelos de tirania, desrespeitando o momento de cada um. Salvo exceções aonde observamos prejuízos na criança ou adolescente, poderemos nos fundamentar segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente que a situação que os pais escolherem não é adequada ou traz prejuízos para o educando.
O que fazer quando os pais não aceitam a classe especial para o filho/a filha com necessidades educacionais especiais?
Segundo a legislação vigente, prevê que é facultativo (opcional) os pais matricularem seus filhos portadores de necessidades educacionais especiais em Educação Especial. O ingresso no Ensino Especial deverá ser discutido com os pais e com a criança; na oportunidade, deverão ser informados e esclarecidos da real necessidade desta modalidade educacional.
O educando que sai da classe especial está preparado para a inclusão na classe regular e se deparar com conteúdos de sexo, drogas, violência, etc.?
Depende de cada caso, de que informações a criança ou adolescente com necessidades educacionais recebeu em casa, dos pais, na escola, em sua vida social, no contato com os meios de comunicação (televisão, rádio, revistas, jornais, internet, etc.). Compreendemos que, em geral, as pessoas apresentem resistências para falarem sobre estes temas que fazem parte do nosso cotidiano; portanto, não é pertinente de uma modalidade de ensino ou outra, é uma questão de consciência de mundo que deverá ser encarada como qualquer outro conteúdo que faça parte da vida. A maneira e a forma de comunicação utilizada para esclarecer estes temas será o diferencial.
Se meu filho/minha filha for incluso na classe regular e não se adaptar, poderá voltar para a classe especial?
Não. Portanto, é imprescindível o período de adaptação do educando incluso em classe regular, só então se efetivar definitivamente sua matrícula.
O educador de classe regular que recebeu meu filho/minha filha para inclusão deverá “cobrar” as tarefas e comportamentos dele/dela da mesma forma que os demais educandos?
Sim, respeitando os limites individuais.
Como os pais podem ajudar o filho/a filha no processo de inclusão na escola? No cotidiano? É possível prepará-los para esta nova situação?
Conversando e tirando dúvidas com a professora, com as coordenadoras de Educação Especial, lendo a respeito, conversando com filho/filha. Na medida que os pais se sentem mais seguros e conscientes do processo, tudo transcorrerá com mais facilidade.
Quais as brincadeiras que podem ajudar os irmãos a interagirem melhor entre si?
São apenas sugestões; cada ambiente familiar pode se beneficiar de brincadeiras e jogos entre os pais/filhos e irmãos/irmãos de forma criativa e variada.
Faixa etária de 0 a 6 anos:
- Jogar bola
- Brincar com blocos
- Material de sucata
- Representar histórias, cenas de televisão ou cinema
- Boliche
- Brincar de loja
- Bonecas
- Carros e caminhões
- Brincar de escola
- Brincar de casinha
- Soprar bolinhas de sabão
- Bolas de gude
- Dançar
- Cantar
- Marchar
- Brincar de índio, polícia, bombeiro, etc.
- Brincar com animaizinhos de plástico ou reais
- Usar marionetes
- Recortar, colar, pintar, desenhar
Faixa etária de 7 a 10 anos:
- Com regras: xadrez, loto, dominó, cartas, ludo, etc.
- Basquete
- Vídeo Games
- Preparar lanches
- Dançar
- Jogos de fantasia
- Passear juntos
- Pingue-pongue
- Piquenique
- Nadar
- Andar de bicicleta
Faixa etária de 11 anos em diante:
- Fazer compras juntos
- Arrumar o quarto
- Ouvir músicas
- Preparar refeições
- Jogos
- Esportes
- Escolher programas de TV, cinema, etc.
- Artesanato
- Fazer bailinhos ou festas em casa
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Powell, Thomas H. Irmãos Especiais: Técnicas de Orientação e Apoio para Relacionamento com o Deficiente. São Paulo: Ed. Maltese-Norma, 1992.
Sassaki, Romeu. K. Entrevista realizada pela Secretaria de Educação Especial, do Ministério da Educação e do Desporto. Brasília: In Revista Integração no. 20, ano 8, pp.8-10, 1998.
Assupção Junior, Francisco B e Sprovieri, Maria H. Deficiência Mental, família e sexualidade. São Paulo: Ed. Memnom, 1993.
Pessanha, Antonio L. S. Além do Divã: Um Psicanalista Conversa sobre o Cotidiano. São Paulo: Ed. Casa do Psicólogo, 2001.
Annais do 3o. Encontro sobre Inclusão – Ensino e Trabalho de Qualidade de Ensino para Todos. São Paulo: Promovido pelo Grupo 25, agosto, 2001.
Revista Pedagógica Pátio Ano V No. 20, fevereiro/abril. Porto Alegre: Ed. Artemed, 2002.
Construir e Incluir
http://construireincluir.blogspot.com/2011/05/manual-informativo-aos-pais-sobre-o.html
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