Nossa vida emocional tem sido sistematicamente negligenciada por nossa cultura. Nossa educação, baseada em princípios cartesianos, coloca ênfase nos processos intelectuais e cognitivos. No entanto, a felicidade e o bem-estar, tão almejados por todos, dependem muito mais de nossos processos emocionais do que dos intelectuais. Quase todos nós sentimos que a vida pode ser muito mais intensa. Ansiamos por melhores relacionamentos, pela conexão com o outro, pelo entendimento mútuo. Estamos sempre buscando maneiras indiretas, artificiais ou dissimuladas de experimentar emoções.
Tomamos drogas, nos apaixonamos por uma pessoa intangível, ou vemos filmes românticos, de terror ou aventura, novelas, etc. Essas atividades nos proporcionam um gostinho daquilo que desejamos sem o risco da participação real. Obviamente, há uma necessidade premente de romper com o ciclo da violência e do entorpecimento emocional. Uma maneira de fazer isso consiste no aprendizado da consciência emocional, despertando aspectos adormecidos de nossas mentes, desenvolvendo os fatores emocionais de nossa inteligência.
Inteligência Emocional x Inteligências Múltiplas
Conexão com o outro, pelo entendimento mútuo. Estamos sempre buscando maneiras indiretas, artificiais ou dissimuladas de experimentar emoções. Tomamos drogas, nos apaixonamos por uma pessoa intangível, ou vemos filmes românticos, de terror ou aventura, novelas, etc. Essas atividades nos proporcionam um gostinho daquilo que desejamos sem o risco da participação real. Obviamente, há uma necessidade premente de romper com o ciclo da violência e do entorpecimento emocional. Uma maneira de fazer isso consiste no aprendizado da consciência emocional, despertando aspectos adormecidos de nossas mentes, desenvolvendo os fatores emocionais de nossa inteligência.
Recentemente, o psicólogo americano, Daniel Goleman, PhD em Inteligência Emocional, apresentou em um livro que se tornou um grande best-seller as ideias básicas do que seria um conceito novo: a Inteligência Emocional. Na verdade, esta expressão é uma redundância, a inteligência é uma só, nosso cérebro funciona como um todo integrado, incluindo aspectos cognitivos e emocionais. A novidade é a valorização dos aspectos emocionais da inteligência, os quais durante muito tempo foram negligenciados. Nossos sentimentos e emoções eram vistos como algo a ser reprimido e controlado para não perturbar nosso raciocínio lógico. Talvez uma designação mais exata do trabalho que está sendo proposto seja libertar nossa inteligência emocional, mais do que desenvolvê-la.
Podemos definir a inteligência emocional como o comportamento do indivíduo frente à sociedade, incluindo seu relacionamento com outras pessoas, reações a situações diversas e capacidade de contornar problemas da maneira mais adequada possível.
Pesquisas demonstram que, quando o corpo é estimulado por uma situação inusitada, o sistema emocional é o primeiro a agir. Deste modo, uma resposta de um sistema emocional desequilibrado poderia agravar ainda mais a situação. Durante esses poucos milésimos iniciais, o cérebro cognitivo sofre uma espécie de sequestro, pois sua ação demora mais tempo para concretizar-se.
Um efeito ainda mais devastador pode ocorrer dependendo da reação que as pessoas têm sob determinados estímulos. Quando uma pessoa explode em ira, fatalmente virá a sentir ainda mais ira. Uma resposta mais empática provavelmente faria com que essa pessoa se sentisse melhor consigo mesma e com a outra que provocou a situação estimulante. Além desta vantagem, pessoas com desequilíbrio emocional tendem a ter mais doenças do coração, derrames cerebrais ou depressão.
No entanto, do mesmo modo que a inteligência técnica, a inteligência emocional pode e deve ser treinada. De preferência, o treinamento deve se iniciar ainda na infância, pois o cérebro da criança está mais suscetível a novas experiências. No entanto, algumas experiências com pessoas que sofrem de traumas emocionais se mostraram animadoras em relação ao tratamento emocional de adultos.
Através do livro “Inteligência Emocional”, o autor procura demonstrar a influência da inteligência emocional na vida das pessoas usando para isso fatos reais. Procura ainda mostrar o que pode ser feito para evitar problemas cotidianos que podem surgir do simples desentendimento e ainda nos fornece uma visão científica sobre como a emoção age no corpo humano.
Nos tempos atuais de mundo globalizado, poder se expressar adequadamente e com facilidade pode ser decisivo para o sucesso pessoal. Ao contrário do que se valorizava no passado, o conhecimento técnico está deixando de ser o principal e exclusivo critério de seleção em empresas, dando lugar a um novo que está cada vez mais importante: a inteligência emocional. Para saber mais sobre a importância da inteligência emocional, você pode conferir o artigo sobre
Psicologia Escolar.
Uma das grandes preocupações dos pais hoje em dia é educar seus filhos emocionalmente, ou seja, prepará-los para enfrentar os desafios impostos pela vida com inteligência. Ensiná-los como reagir nas diversas ocorrências que podem vir a acontecer. Devemos desenvolver todos os tipos de inteligência na criança, pois se todo o espectro é estimulado, a criança se desenvolve mais harmonicamente, prevenindo obstruções e evitando bloqueios de capacidades. Todas as competências da criança devem ser estimuladas.
A infância modificou-se muito nos últimos anos, o que vem dificultando ainda mais o aprendizado afetivo. Os pais que são efetivamente preparadores emocionais devem ensinar aos filhos estratégias para lidar com os altos e baixos da vida. Devem aproveitar os estados de emoções das crianças para ensiná-las como lidar com eles e ensiná-las a se tornarem pessoas humanas.
Porém, nas últimas décadas, uma visão desmedidamente liberal entre pais e filhos e escola/crianças tem comprometido a educação e o aprendizado. O receio de produzir crianças reprimidas está gerando uma quantidade muito grande de crianças mal educadas e emocionalmente menos aptas.
Para aqueles pais que ainda não são preparadores emocionais, Gottman propõe 5 passos para que se tornem:
1. Perceber as emoções das crianças e as suas próprias;
2. Reconhecer a emoção como uma oportunidade de intimidade e orientação;
3. Ouvir com empatia e legitimar os sentimentos da criança;
4. Ajudar as crianças a verbalizar as emoções;
5. Impor limites e ajudar a criança a encontrar soluções para seus problemas.
Embora os pais tenham papel fundamental na educação emocional dos filhos, algumas iniciativas em escolas têm se mostrado positivas. Hoje, assistimos ao fortalecimento do indivíduo enquanto pessoa, fazendo com que as instituições, para obter sucesso, moldem-se aos indivíduos, treinando professores para tal missão. Estamos assistindo à passagem de uma sociedade de sobrevivência para uma de realização pessoal, onde o indivíduo ganha importância enquanto valor e responsabilidade. Daí o surgimento de tantas associações.
O “princípio da educação emocional” é simples. Devemos ensinar ao indivíduo o senso de respeito, importância e de responsabilidade. Não apenas falando ou impondo responsabilidades, mas compartilhando responsabilidade com ele. E isto é fácil de se conseguir: atividades em equipes, onde todos trabalham igualmente e possuem a responsabilidade de manter a equipe viva.
Segundo Gilberto Vitor, as “escolas emocionais” devem:
– Investir menos esforços em medir conhecimentos (as notas) e mais tempo e enfoque na aprendizagem.
– Compartilhar responsabilidades com seus alunos.
– Investir nas tecnologias modernas de ensino.
– Identificar e promover talentos individuais.
– Promover reciclagem permanente de professores.
– Enfatizar atividades em grupo.
– Enfatizar a criatividade de cada aluno.
– Ensinar o aluno como aprender.
Percebemos que a educação deve ser prioridade do Estado. Mas não só uma responsabilidade dele. Todos devemos compartilhar na educação de nossas crianças e adolescentes, dando oportunidade a eles de crescer e “se tornar adultos”, dando oportunidade de mostrarem-se à humanidade, para que fatos lamentáveis, como adolescentes incendiando mendigos, deixem de acontecer.
“Todos somos beneficiários de uma boa educação da juventude.”
Inteligência/Inteligências
Em tempos recentes, a palavra “inteligência” tem sofrido certas transformações em seu significado que parecem sinalizar no sentido de profundas reformulações nas ações docentes, sem que a escola tenha dedicado a tal fato a atenção necessária. No próprio discurso pedagógico, ao lado de expressões como “testes de inteligência”, “indivíduo inteligente”, “inteligência brilhante”, “falta de inteligência”, encontram-se cada vez com maior frequência outras como “inteligência artificial”, “tecnologias da inteligência”, “sistemas inteligentes”, “inteligência múltipla”, que apresentam, naturalmente, pontos de contato com as anteriores, mas que sugerem com muito vigor outros núcleos de significação.
De fato, já não parece absoluta a consideração outrora tão frequente da inteligência como uma grandeza passível de medição, quase sempre associada, de modo circular, aos conhecidos “testes de inteligência”; ou como uma competência individual, uma capacidade de raciocinar, de compreender, comprometida não diretamente com a ação, mas sim com aspectos lógico-matemáticos-linguísticos de sua representação.
Cada vez mais ganha terreno a associação da inteligência a um caráter múltiplo, a um espectro de competências, que certamente inclui as componentes lingüística e lógico-matemática, mas que não se esgota nelas. É cada vez mais perceptível certa tendência em adjetivar-se como “inteligentes” não mais indivíduos considerados isoladamente, mas sistemas (inclusive indivíduos como sistemas) capazes de exibir determinadas competências, a primeira das quais talvez seja a capacidade de ter projetos e de mobilizar-se, tendo em vista a realização de seus projetos.
O caminho para a consolidação dessas novas concepções ainda está, no entanto, por ser construído.
Inteligência: Preconceitos
De fato, certas ideias preconcebidas sobre a natureza da inteligência encontram-se tão firmemente arraigadas no senso comum que costumam ser repetidas de modo automático, chegando mesmo a contrapor-se às concepções emergentes.
Foram vítimas de tal preconceito: Einstein e Jung.
No caso de Einstein, os seguintes fatos são bastante conhecidos:
a) ele não foi exatamente um bom aluno, bem adaptado à escola e com desempenho exemplar;
b) ao raciocinar, as imagens vinham antes, comandando as articulações do pensamento e relegando a dimensão verbal, as palavras, a um momento posterior, secundário.
Depoimento de Einstein, sobre seu modo de pensar:
“As palavras ou a linguagem, como são escritas ou faladas, não parecem desempenhar qualquer papel no meu mecanismo de pensamento. As entidades psíquicas que parecem servir como elementos no pensamento são certos sinais e imagens mais ou menos claras que podem ser voluntariamente reproduzidas e combinadas… Os elementos acima mencionados são, no meu caso, do tipo visual e alguns musculares. Palavras convencionais ou outros sinais devem ser laboriosamente procurados num estágio secundário, quando o já mencionado jogo associativo foi suficientemente estabelecido, podendo ser reproduzido à vontade.”
Quanto a Jung, suas dificuldades escolares com a matemática parecem tê-lo marcado de modo permanente. As afirmações abaixo são um testemunho de tal fato:
“O colégio me aborrecia. Tomava muito tempo que eu teria preferido consagrar aos desenhos de batalhas ou a brincar com fogo. O ensino religioso era terrivelmente enfadonho e as aulas de matemática me angustiavam. A álgebra parecia tão óbvia para o professor, enquanto que para mim os próprios números nada significavam: não eram flores, nem animais, nem fósseis, nada que se pudesse representar, mas apenas quantidades que se produziam contando…
Para minha surpresa, os outros alunos compreendiam tudo isso com facilidade. Ninguém podia me dizer o que os números significavam e eu mesmo não era capaz de formular a pergunta. Com grande espanto descobri que ninguém entendia a minha dificuldade… O fato de nunca ter conseguido encontrar um ponto de contato com as matemáticas (embora não duvidasse que era possível calcular validamente) permaneceu um enigma por toda a minha vida. O mais incompreensível era a minha dívida moral quanto à matemática… As aulas de matemática tornaram-se o meu horror e o meu tormento. Mas como tinha facilidade nas outras matérias, que me pareciam fáceis, e graças a uma boa memória visual, conseguia desembaraçar-me também no tocante à matemática: meu boletim geralmente era bom, mas a angústia de poder fracassar e a insignificância da minha existência diante da grandeza do mundo provocavam em mim não apenas mal-estar, mas também uma espécie de desalento mudo que acabou por me indispor profundamente com a escola.”
No vigor de sua maturidade intelectual, consciente de sua competência em raciocinar, em arquitetar relações analógicas envolvendo campos semânticos bastante variados, de sua grande capacidade analítica, em uma reação talvez inconsciente, Jung desdenha da difundida máxima que associa o ensino da matemática ao desenvolvimento da capacidade de pensar:
O “Westismo” consistiria em reduzir-se o significado do pensamento, da racionalidade, do quadro de valores, ao universo ocidental, de fundamentação aristotélica e natureza lingüístico-lógico-matemática, ignorando-se ou subestimando-se outras formas de associação de ideias. Tal predisposição condiciona, naturalmente, a caracterização dos indivíduos “inteligentes”, excluindo ou subvalorizando competências.
O “Bestismo”, outro preconceito apontado por Gardner, teria como fundamento a difusão do pressuposto de que, tanto nos processos educacionais quanto no desenvolvimento das relações sociais, o que importa a cada um é destacar-se individualmente, é ser melhor do que todos em algo considerado socialmente valioso.
Quanto ao “Testismo”, ele pode ser diretamente associado aos processos de avaliação e envolve a suposição de que tudo o que tem valor pode ser avaliado através do recurso aos testes “objetivos”. Da inteligência em sentido amplo às formas mais específicas de manifestação de competência, todos os processos avaliativos poderiam ser tributários de tais instrumentos.
De modo geral, portanto, para a ultrapassagem dos três preconceitos apontados por Gardner, é fundamental um reexame da concepção de inteligência, em busca de uma perspectiva mais abrangente, que considere as múltiplas faces da manifestação da competência, valorizando diferentes formas de associação de ideias, englobando mas transcendendo o cenário do pensamento ocidental.
Inteligência Múltipla
Sempre prevaleceu em nossa cultura as referências das capacidades cognitivas, de raciocínio, de memória conhecidas genericamente por Q.I. Essa forma de categorizar a inteligência vem sendo muito contestada. Modernamente, o conceito de Inteligências Múltiplas provoca muitas discussões. Trata-se do trabalho realizado pelo psicólogo Howard Gardner, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Gardner propõe uma nova visão da inteligência, dividindo-a em pelo menos 7 diferentes competências, que se interpenetram:
– inteligência linguística;
– inteligência lógico-matemática;
– inteligência corporal cinestésica (capacidade de usar o próprio corpo de maneiras diferentes e hábeis);
– inteligência espacial (noção de espaço e direção);
– inteligência musical;
– inteligência interpessoal (habilidade de compreender os outros);
– inteligência intrapessoal (relacionamento consigo mesmo, autoconhecimento).
No sentido apontado acima, Gardner e uma grande equipe de pesquisadores desenvolvem diversos projetos na Universidade de Harvard, buscando a caracterização e o desenvolvimento do que é chamado de Inteligência Múltipla. Em seu trabalho, exploram e desenvolvem a ideia de que as manifestações de inteligência compõem um amplo espectro de competências, incluindo as dimensões lingüística, lógico-matemática, mas também a musical, a corporal-cinestésica, a espacial, a intrapessoal, a interpessoal.
A dimensão lógico-matemática tem sido regularmente considerada pelos psicólogos e epistemólogos, como Piaget, por exemplo. Ela é normalmente associada à competência em desenvolver raciocínios dedutivos, em construir ou acompanhar cadeias causais, em vislumbrar soluções para problemas, em lidar com números ou outros objetos matemáticos, envolvendo cálculos, transformações, etc. Em seu estereótipo mais frequente, o pensamento científico encontra-se fortemente associado à dimensão lógico-matemática da inteligência.
A dimensão linguística, como a lógico-matemática, também é tradicionalmente lembrada pela psicologia. Ela se expressa de modo característico no orador, no escritor, em todos os que lidam criativamente com as palavras, com a língua corrente, com a linguagem de uma maneira geral. Existem estudos interessantes referentes à lateralização das funções cerebrais, pretendendo que localizar regiões do cérebro onde se desenvolveria a competência lingüística. A competência corporal-cinestésica manifesta-se tipicamente no atleta, no artista, que seguramente não elaboram cadeias de raciocínios para realizar seus movimentos, e na maior parte das vezes, não conseguem explicá-los verbalmente. Os exercícios, os treinamentos conseguem desenvolver tal competência, embora os limites alcançados difiram significativamente em diferentes indivíduos.
A dimensão espacial da inteligência está diretamente associada às atividades do arquiteto, ou do navegador, por exemplo, revelando-se em uma competência especial na percepção e na administração do espaço, na elaboração ou na utilização de mapas, de plantas, de representações planas de um modo geral. Existem estudos que sugerem fortemente que tal competência desenvolve-se primordialmente no lado direito do cérebro, no caso de um ocidental destro.
A consideração da competência musical como uma das dimensões básicas da inteligência é, para Gardner, resultante de numerosas observações empíricas e é apresentada como um dado de realidade. Ele analisou o papel desempenhado pela música em sociedades paleolíticas, em diferentes culturas, em diferentes épocas, bem como no desenvolvimento infantil e convenceu-se de que a habilidade musical representa uma competência em estado “puro”, no sentido de que não estaria necessariamente associada a nenhuma das outras dimensões citadas.
A inteligência interpessoal revela-se através de uma competência especial em relacionar-se bem com os outros, em perceber seus humores, suas motivações, em captar suas intenções, mesmo as menos evidentes, em descentrar-se, enfim, conseguindo analisar questões coletivas de diferentes pontos de vista. Em sua forma mais elaborada, é característica nos líderes, nos políticos, nos professores, nos terapeutas, e é fundamental nos pais.
No caso da inteligência intrapessoal, a característica básica é a de estar bem consigo mesmo, administrando os próprios humores, os sentimentos, as emoções, os projetos. A criança autista é um exemplo prototípico de um indivíduo com a inteligência intrapessoal prejudicada; ela não consegue, muitas vezes, sequer referir-se a si mesma, embora possa exibir habilidades em outras áreas, como a musical ou a espacial.
As sete competências acima relacionadas compõem um espectro onde todos os elementos componentes interagem, equilibrando-se ou reequilibrando-se em razão de deficiências específicas; localmente, seríamos todos deficientes em algum aspecto, ao mesmo tempo em que globalmente, sempre seríamos competentes. A pressuposição implícita é a de que toda criança teria possibilidades de um desenvolvimento global de suas competências, podendo revelar-se especialmente “inteligente” em uma ou mais áreas de interesse. À escola, cabe estimular a emergência destas áreas, alimentando os interesses despertados, oferecendo canais adequados para sua manifestação e seu desenvolvimento.
De modo geral, no entanto, é possível notar-se que as componentes lingüística e lógico-matemática podem ter sido consideradas de forma um tanto restrita, nas análises de Gardner. De fato, em sua caracterização, o lingüístico praticamente resume-se ao verbal, dissociando-se muito nitidamente de outras formas de expressão, como a musical ou a corporal, que estariam associadas a outras dimensões da inteligência; por outro lado, o lógico-matemático parece estar diretamente associado a cálculos envolvendo números ou medidas, rotulando-se de outra maneira competências como as associadas à elaboração de croquis, plantas ou mapas, ou a outros elementos geométricos, que corresponderiam à dimensão espacial.
Assim, compreensivamente interpretado, o par lingüístico/lógico-matemático poderia subsumir praticamente cinco das sete competências do espectro de múltiplas inteligências, englobando a musical, a corporal-cinestésica, a espacial; restariam fora de sua alçada as inteligências intrapessoal e interpessoal. As críticas de Gardner ao fato de a escola privilegiar no máximo duas das componentes do espectro, ainda que permanentemente pertinentes, podem resultar bastante enfraquecidas a partir de tal alargamento nas concepções.
Quando as espécies básicas constituintes do “verdadeiro” mundo, o mundo das ideias, foram reduzidas a apenas duas: as ideias matemáticas e as ideias morais. Os instrumentos fundamentais para a manifestação das competências; associadas a uma arquitetura de valores, elas constituem condição sine qua non para a plena realização de cada indivíduo, assim como para a construção de uma significação global para as ações humanas.
Com esta motivação, ainda que sem qualquer pressuposição de cunho formal, observando-se a manifestação e o desenvolvimento das habilidades infantis, é possível notar que qualquer criança, desde idade muito tenra, expressa-se através de desenhos. Antes mesmo que a linguagem escrita lhe seja acessível, os recursos pictóricos tornam-se elementos fundamentais na comunicação e na expressão de sentimentos, funcionando como um canal muito especial, através do qual as individualidades revelam-se – ou são construídas -, expressando ainda, muitas vezes, características gerais da personalidade, ou mesmo, sintomas dos mais variados desequilíbrios psíquicos. A expressão pictórica associa-se naturalmente a manifestações artísticas de diversas naturezas, como a pintura, por exemplo, situando-se ainda no limiar da instalação da linguagem escrita, ainda que esta não venha a substituir-lhe completamente.
Apesar das múltiplas relações com as demais formas de manifestação de competência, esta capacidade de representação, esta aptidão para o desenho, que poderia ser chamada mais genericamente de inteligência pictórica, parece associar-se natural e complementarmente à inteligência musical, compondo com ela um novo par, uma nova e especial direção no espectro de competências.
Basicamente, os estudos do Prof. Gardner falam da pluralidade das inteligências, onde o aprendiz é possuidor de um espectro de competências que podem ser desenvolvidas, o que é bem diferente do conceito de sujeito inteligente ou não, mensurado e rotulado pelo seu QI.
Recentemente, TVs, jornais e revistas têm veiculado reportagens sobre a Inteligência Emocional, um tema que afeta a vida de todos, especialmente os que vivem, dia a dia, a Educação – como é o caso de pais e educadores.
Se você ouviu ou leu algo a respeito, é provável que isso lhe tenha despertado o interesse. É natural. De repente, parece fazer sentido que se reconheçam nos homens outras “inteligências” além da capacidade de raciocinar logicamente.
Embora este seja um assunto vital para todos os aspectos da Educação, é necessário que pais e educadores olhem essa discussão com cuidado, para não criar novos mitos, simplesmente substituindo o conceito de Quociente Intelectual pelo de Quociente Emocional.
Ambos são conceitos complementares, não contraditórios. O desenvolvimento emocional é um fator dos mais importantes para o crescimento humano. Essas são as premissas básicas deste texto. Vamos falar de Educação?
A origem da discussão
A maior parte dessas recentes discussões surgiu com o livro Inteligência Emocional, escrito pelo psicólogo e jornalista norte-americano Daniel Goleman. Reunindo trabalhos científicos publicados a respeito do assunto nos últimos 20 anos, Goleman procura demonstrar que nossas possibilidades de realização na vida, no campo profissional ou pessoal, são determinadas em grande parte pela maneira com que desenvolvemos o que chama de Inteligência Emocional, ou seja, um conjunto de capacidades humanas como:
– de se automotivar e persistir frente a frustrações;
– de controlar impulsos e adiar as gratificações;
– de manter o humor e não perder a capacidade de reflexão, mesmo em situações ansiógenas (de ansiedade);
– de ter e gerar empatia;
– de ser otimista e manter a esperança.
Goleman chega mesmo a afirmar que 80% das chances de sucesso de um indivíduo são determinadas pelo chamado Q.E. (quociente emocional) e 20% pelo que chamamos de Q.I.
A reafirmação da importância da emoção para o desenvolvimento humano não é exatamente nova. Muitas correntes da psicologia e da pedagogia têm reconhecido e valorizado o aspecto emocional há muitos anos, e algumas escolas, como a Móbile, sempre assimilaram em seu projeto pedagógico e em seu ambiente de ensino tal princípio. Por esse motivo, há poucas semanas, a Móbile foi citada pela Veja, em reportagem sobre o assunto.
Qual é a novidade desta discussão, enfim? Há pelo menos três aspectos novos, que justificam o grande interesse do tema, hoje:
– o livro de Goleman, psicólogo e jornalista, reúne muitos trabalhos científicos em uma linguagem acessível para um público não-especialista;
– o reconhecimento de que as características emocionais de uma pessoa não estão predeterminadas, mas podem ser desenvolvidas através de um trabalho educativo;
– e, por fim, o momento que vivemos, marcado, entre outras características, por uma nova organização do trabalho. Essa nova organização valoriza justamente a capacidade dos indivíduos de agir cooperativamente, pensar em grupo e enfrentar situações novas.
O desenvolvimento emocional é um dos aspectos das inteligências intra e interpessoais, e tem grande influência sobre o desenvolvimento das demais. Basta imaginarmos o quanto nossas relações diárias, complexas, embaralhadas, interferem em toda a nossa vida – por exemplo, nas nossas relações de trabalho e no diálogo com nossos filhos.
A Inteligência Emocional possui muitos aspectos complexos – que envolvem, por exemplo, o conhecimento bioquímico do cérebro -, cuja discussão não caberia nesta oportunidade. É importante que saibamos, porém, que o temperamento não é um dado determinado desde nosso nascimento, mas pode ser modificado e aprendido.
Para ilustrar o alcance dessa reflexão, podemos utilizar exemplos de nossas emoções mais cotidianas: a raiva, a ansiedade, a melancolia, o humor, a impulsividade, a empatia.
O conhecimento do cérebro mostra que nós temos pouco controle sobre quando ou qual emoção teremos, mas é possível controlar quanto ela durará. O problema surge quando a tristeza, a preocupação, a raiva são muito intensas e contínuas, de modo a produzir complicações, como a depressão e a ansiedade.
Das reações negativas, a raiva é a mais difícil de controlar. Após um fato desagradável (um não que recebemos ou uma fechada no trânsito), temos impulsos de raiva e vingança. É comum ouvirmos que alguém não controlou a ira e agiu impensadamente. O modo como enfrentamos situações de raiva, no entanto, pode ser trabalhado, de modo a resolver os conflitos da melhor forma.
Na educação, por exemplo, está é uma situação recorrente. Ao vermos duas crianças brigando, podemos dizer simplesmente: parem de brigar! A briga acaba, mas a raiva continua. Se as educamos para entender o que está acontecendo e para controlar seus impulsos, elas terão chance de desenvolver outros recursos para enfrentar com sucesso situações semelhantes no futuro.
Esse mesmo raciocínio pode ser aplicado à nossa forma de encarar as situações adversas, as ansiedades, as preocupações. Vale também para a questão da empatia – uma das emoções que mais positivamente influenciam o sucesso das pessoas.
São muitos os aspectos da chamada Inteligência Emocional a serem discutidos, e é importante entender que, para acompanhar o mundo, precisamos mudar também posturas cristalizadas em nossa cultura. Isso não significa abandonar a noção de limites e a necessidade do estudo e do domínio do conhecimento, fundamentais para a sociedade em que vivemos.
Garantir a transmissão desses conhecimentos, formar a consciência de cidadania são papéis fundamentais que as escolas e as famílias não deverão abandonar. Isso não nos impede de aproveitar todas as oportunidades de reflexão (como esta) para aprimorar nossos conceitos de Educação.
CONCLUSÃO:
Depois de várias pesquisas em artigos e livros, chegamos à conclusão que se o aluno for encarado como “pouco inteligente” por apresentar dificuldades em matemática, na lógica das ciências e na expressão lingüística, pouco ou nada poderá ser feito por ele, a não ser deixar que se evada dos bancos escolares. Por outro lado, na concepção das I.M., o que está acontecendo com ambiente e ações apropriados, recebendo diferentes estímulos necessários ao desenvolvimento das I.M. são importantes.
Outro grande problema da escola reside na não sistematização desse tipo de dinâmica, talvez até por desconhecer as etapas fundamentais de um Projeto, que para o aluno, é uma forma de tirá-lo da passividade e colocá-lo diante de oportunidades de participar ativamente de seu processo de construção do conhecimento. Ao professor, é um auxílio para trabalhar seus conteúdos, não só de formas conceituais, mas também de formas procedimentais e atitudinais, fatores estes essenciais na formação do sujeito verdadeiramente integral.
Referências :
• GARDNER, Howard – Inteligências Múltiplas. Nova York: Livros Básicos, 1993;
• JUNG, Carl Gustav – Memórias, Sonhos e Reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975;
• HUNTLEY, H. E. – A Divina Proporção. Brasília: Editora UnB, 1985;
• MACHADO, N. J. – Epistemologia e Didática. São Paulo: Cortez Editora, 1995;
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