INTRODUÇÃO
Todos os povos possuem tradições, crendices e superstições que transmitem através de lendas, contos, narrativas, provérbios e canções. Esses veículos de expressão popular passam de uma geração a outra e pertencem a determinado povo, de tal modo que desconhecemos seus autores. Além disso, os povos possuem usos e costumes peculiares, fabricam produtos manuais e executam artesanatos que os distinguem em particular.
O trabalho que se desenvolverá a seguir tem como objetivo retratar alguns fatos do folclore amazônico, mostrando as influências por ele recebidas, suas lendas e danças, que são características próprias de nossa região. Para saber mais sobre o folclore brasileiro, você pode acessar este artigo.
Esperamos, através deste, enriquecer o conhecimento do leitor em torno do folclore amazônico, mostrando ao mesmo tempo o quanto nossas crendices e características populares são ricas e valiosas.
ORIGEM DA PALAVRA FOLCLORE
A maior parte das culturas populares forma-se quando há uma diferenciação violenta entre classes sociais: a classe mais pobre, sem acesso à cultura dos ricos, desenvolve costumes e instituições próprios. Geralmente, essa cultura é oral, pois os que a desenvolvem não têm o domínio da escrita. A cultura popular sofre constante transformação: a tradição é mantida, mas sempre atualizada.
A Revolução Industrial provocou um distanciamento enorme entre as camadas superiores e as mais baixas da sociedade. O povo continuou mantendo a cultura oral que herdara da Antiguidade e Idade Média. Durante o século XIX, a cultura popular começou a despertar o interesse de estudiosos, que iniciaram um trabalho dessa tradição cultural. Em 1846, então, o inglês William John Thoms designou essa cultura com o nome de folklore, cujo significado era “saber popular” ou, em alguns livros, podemos encontrar o significado “saber vulgar”.
Apesar de ter se desenvolvido há relativamente pouco tempo, o folclore brasileiro é um dos mais ricos do mundo. Isso porque houve no Brasil uma nítida diferenciação entre as classes, reforçadas pelas diferenças de raças e pela distribuição da população em grandes espaços, o que contribuiu para o distanciamento entre os vários grupos.
O folclore europeu estava perfeitamente adaptado ao seu continente. Ao chegarem ao Brasil, os portugueses encontraram uma terra de condições totalmente diferentes, com as estações ocorrendo em outra época do ano, além de um ritmo diferente do ano agrícola e da natureza diversa de vegetação.
As manifestações culturais do povo tiveram de ser quase totalmente reorganizadas, recebendo também influências da cultura africana e indígena.
A dificuldade de comunicação entre os vários povoamentos ocasionou a criação de folclores diferentes para cada região, de acordo com o tipo da população. Desenvolveram-se, assim, manifestações que sobrevivem até hoje, como o samba, o carnaval, as festas juninas e religiosas, a literatura de cordel, o bumba-meu-boi, além de uma série de histórias, danças e cantigas.
Essas manifestações são parte de uma cultura que representa o saber do povo brasileiro, surgindo de acordo com o país e sua natureza.
Com a industrialização, os habitantes locais, antes isolados nos seus grupos, passaram a ser incorporados no mercado de trabalho. Isso os obrigou a levar uma vida diferente, onde o folclore não teve mais a oportunidade de se desenvolver, pois quem trabalha numa fábrica, a festa de São João, por exemplo, não tem nenhuma relação com as colheitas.
Dessa forma, desenvolvem-se apenas algumas manifestações isoladas. O folclore acabou cedendo lugar à cultura de massas, mais estreitamente relacionada com a nova forma de sociedade.
As artes plásticas apresentam, com maior clareza, as três qualidades fundamentais do fenômeno folclórico. A técnica de produção, tradicional no local em que se exerce, foi transmitida assistematicamente de pessoa para pessoa. O artista recebe do ambiente ao mesmo tempo em que a técnica, padrões e modelos que utiliza a serviço da comunidade em que vive.
O folclore também exerce uma função específica na sociedade, exprimindo e mantendo os mores do ambiente e proporcionando a sua progressiva adaptação a novas condições.
A adversidade e vicissitudes retardaram, e talvez mesmo tenham prejudicado de vez, a aceitação do folclore como uma das novas ciências denominadas sociais.
INFLUÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS DO FOLCLORE AMAZÔNICO
A influência indígena e negra no folclore amazônico é muito grande. Para se ter uma ideia, o nome Amazonas (estado da região norte) surgiu de uma lenda: os primeiros colonizadores encontraram na região banhada pelo grande rio mulheres das lendárias tribos amazonas. Porém, não se pode deixar de lembrar que os nordestinos também influenciaram de maneira marcante o nosso folclore; basta lembrar que o boi-bumbá foi trazido do Nordeste.
Na música, a influência indígena e africana é marcante, de outra forma não se explicaria a importância da desfeita no Amazonas, o Lindu, Carimbo do Pará e o Marabaixo do Amapá.
Contudo, a raça branca também dá a sua contribuição para o folclore amazônico, como, por exemplo, na Festa do Círio de Nazaré. A procissão dos círios é realizada todos os anos, no segundo domingo de outubro, onde os devotos, procedentes de várias regiões do norte, vão para Belém pagar promessas feitas com velas e tochas.
Mas os contos e lendas da Amazônia caracterizam bem o folclore da região; através de heróis indígenas, eles explicam a origem das coisas, como a lenda da Vitória-Régia, do Irapuru, etc. Para saber mais sobre as lendas do folclore, acesse este artigo.
LENDAS AMAZÔNICAS
MAPINGUARI
Certa vez, no meio da selva, longe do município de Paragominas, no interior do Pará, havia um casebre humilde onde morava uma mulher chamada Edna, com duas crianças.
O pai estava ausente, era caçador e se encontrava longe, na selva, a exercer sua função.
É de costume de caçador, quando está no meio da mata, comunicar-se com um grito.
Uma noite, já bem de tarde, do meio da selva alguém gritou… E, em seguida, gritou de novo.
O menino, já sabendo do costume, respondeu ao grito uma, duas, três vezes.
A mãe, que observava o filho, percebendo que o grito se aproximava, teve medo e, lembrando da história do mapinguari, apagou o fogo o mais rápido que pôde e pediu ao filho que fizesse silêncio, pois o grito lhe parecia estranho e a fumaça atraía o bicho.
Então o grito estranho foi ficando distante e foi se perdendo selva adentro até desaparecer.
No dia seguinte, à noite, o marido, chegando da caça, deu notícia à mulher da morte do mapinguari em uma fazenda distante dali dois dias de viagem. O tal bicho foi morto pelos empregados da fazenda, segundo depoimento de pessoas que o viram e de outras que não conseguiram se aproximar do local, pois o mapinguari exala um odor insuportável.
MÃE-D’ÁGUA
Apesar de ser mulher, Dinahí era a criatura mais valente da tribo dos manau. Nem o pai, o velho tuxaua Kaúna, nem os irmãos superavam a coragem, a habilidade e o ardor combativo da moça nas ações de guerra na selva. Esta circunstância creditou à jovem o ódio dos guerreiros varões, que se sentiam desprestigiados.
Um dia, por arte do pajé que a mandou combater as feras, Dinahí foi cercada por índios mura. Combateu, contudo, com tal ardor que os venceu. Cheios de inveja, os irmãos tentaram surpreendê-la dormindo, para matá-la. Ouvido acurado como o da onça, a jovem obstou a cilada, abatendo os dois irmãos com certeiros golpes de borduna. Temerosa da vingança paterna, fugiu.
Ao saber da notícia, Kaúna jurou matar Dinahí. À frente de quatro mãos de índios, saiu à procura da jovem. Cercaram o outeiro onde ela se encontrava.
Alguns sóis se passaram sem que os guerreiros conseguissem agarrá-la. Uma noite, contudo, esgotada da intensa vigília, a cunha acabou caindo prisioneira. Por ordem do pai, foi jogada de cima do Lajes, justamente de um ponto onde se divisa, em todo o seu esplendor, o encontro das águas Negro-Solimões.
Ao cair na água, porém, um imenso cardume de peixes sustentou Dinahí à superfície. E, à luz do luar, ela se transformou numa princesa das águas. Seu corpo irradiando claridade, foi se modificando: da cintura para cima continuou linda mulher, de cabelos negros como as águas do Uruna (rio Negro); na parte inferior era peixe.
Tupã não viu motivo para o sacrifício da guerreira tão valente. Imortalizou-a como Mãe-d’água, a cunha poranga (moça bonita) que permanece até hoje no fundo dos igarapés, representando a coragem e a beleza, nunca desmentidas, da cabocla Amazônica.
A VITÓRIA RÉGIA
Era uma noite de lua, as estrelas brilhavam no céu como diamantes. E a lua iluminava a terra com seus raios prateados. Um velho cacique, fumando seu cachimbo, contava às crianças as histórias maravilhosas de sua tribo. Ele era também feiticeiro e conhecia todos os mistérios da natureza. Um dos curumins que ouviam perguntou ao velho de onde vinham as estrelas que luziam no céu. E o cacique respondeu:
– Eu as conheço todas. Cada estrela é uma índia que se casou com a Lua. A Lua é um guerreiro belo e forte. Nas noites de luar, ele desce à terra para se casar com uma índia. Aquela que estão vendo é Nacaíra, a índia mais famosa da tribo dos Maués. A outra é Jana, a flor mais graciosa da tribo dos Aruaques. A respeito disso, vou contar a vocês uma história que aconteceu, há muitos anos, na nossa tribo. Prestem atenção:
Havia, entre nós, uma índia jovem e bonita, chamada Naia. Sabendo que a Lua era um guerreiro belo e poderoso, Naia por ele se apaixonou. Por isso, recusou as propostas de casamento que lhe fizeram os jovens mais fortes e bravos de nossa tribo.
Todas as noites, Naia ia para a floresta e ficava admirando a Lua com seus raios prateados. Às vezes, ela saía correndo através da mata para ver se conseguia alcançar a Lua com seus braços. Mas esta continuava sempre afastada e indiferente, apesar dos esforços da índia para atingi-la.
Numa noite, Naia chegou à beira de um lago. Viu nele, refletida, a imagem da Lua. Ficou radiante! Pensou que era o guerreiro branco que amava. E, para não perdê-lo, lançou-se nas águas profundas do lago. Coitada! Morreu afogada.
Então a Lua, que não quisera fazer de Naia uma estrela do céu, resolveu torná-la uma estrela das águas. Transformou o corpo da índia numa flor imensa e bela. Todas as noites essa flor abre suas pétalas enormes para que a Lua ilumine sua corola rosada.
O BOTO
A lenda diz que o boto, peixe encontrado nos rios da Amazônia da família dos golfinhos, se transforma em um belo rapaz elegante durante as noites, quando sai das águas à procura das moças. Elas não resistem à sua beleza e simpatia e caem de amores por ele.
O boto também é considerado protetor das mulheres, pois quando ocorre algum naufrágio em uma embarcação em que o boto esteja por perto, ele salva a vida das mesmas empurrando-as para a margem dos rios.
As mulheres são conquistadas pelo boto às margens dos rios quando vão tomar banho, ou mesmo nas festas realizadas nas proximidades dos rios. Os botos vão aos bailes e dançam alegremente com elas, que logo se envolvem em seus galanteios e não desconfiam de nada. Apaixonam-se e engravidam desse rapaz. É por essa razão que ao boto é atribuída a paternidade de todos os filhos de mães solteiras.
Existe uma infindável mitologia em torno do boto. Muitos acreditam que alguns de seus órgãos podem servir de talismã depois de devidamente tratados por curandeiros de “muita força”.
No alto Solimões, os caboclos acreditam que os homens que não têm sorte para conseguir mulher têm que matar um boto, arrancando-lhe os olhos e mandar um curandeiro tratá-los. Usando os olhos do boto como talismã, não lhes faltarão mulheres.
UIRAPURU
O uirapuru é o cantor das florestas amazônicas. É um pássaro que tem um canto tão lindo, tão melodioso que os outros pássaros ficam quietos e silenciosos, só para ouvi-lo. O uirapuru tem a cor verde-oliva e a cauda avermelhada. Quando começa a cantar, toda a mata parece emudecer para ouvir seus gorjeios maravilhosos.
Por isso, os sertanejos acham que esse pássaro é um ser sobrenatural. Aliás, irapura quer dizer pássaro que não é pássaro. Depois de morto, seu corpo é considerado um talismã, que dá felicidade a quem o possui.
A lenda do irapuru é interessante. Dizem que, no Sul do Brasil, havia uma tribo de índios cujo cacique era amado por duas moças muito bonitas. Não sabendo qual escolher, o cacique prometeu casar-se com aquela que tivesse melhor pontaria. Aceita a prova, as duas índias atiraram as flechas, mas só uma acertou o alvo. Essa casou-se com o chefe da tribo.
A outra, chamada Oribici, chorou tanto que suas lágrimas formaram uma fonte e um córrego. Pediu ela a Tupã que a transformasse num passarinho para poder visitar o cacique, sem ser reconhecida. Tupã fez-lhe a vontade. Mas, verificando que o cacique amava a sua esposa, Oribici resolveu abandonar aqueles lugares. E voou para o Norte do Brasil.
Para consolá-la, Tupã deu-lhe um canto melodioso. Por isso, ela vive a cantar para esquecer suas mágoas. E os outros pássaros, quando encontram o irapuru, ficam calados para ouvir suas notas maravilhosas.
A IARA
A Iara é um dos mitos mais conhecidos e também dos mais confundidos da região amazônica. Geralmente, as pessoas acham que a Iara é uma mulher loira, de olhos azuis e a parte inferior do corpo em forma de peixe. Esta descrição, na verdade, é da sereia europeia e não da Iara.
A Iara, além de ser confundida com a sereia europeia, é também confundida com a Iemanjá africana e, na verdade, nada tem a ver nem com uma nem com a outra. Em certos locais, dizem-na boto-fêmea, também a encantar os homens e levá-los para o fundo, e em outros dizem ser a própria Boiúna (cobra preta), que traduzem erroneamente por cobra grande.
Na verdade, a Iara é uma linda mulher morena, de cabelos negros e olhos castanhos. De beleza ímpar, os que a veem nua a banhar-se nos rios não conseguem dominar seus desejos e atiram-se nas águas… Nem sempre voltam ao mundo dos vivos… Os que o fazem, voltam assombrados, falando em castelos, séquitos e cortes de encantos… e é preciso muita reza e pajelança – e de um pajé com muita força para tirá-lo do estado de torpor. Alguns a descrevem como tendo uma cintilante estrela na testa, que funciona como chamariz para atrair o olhar e assim ser facilmente hipnotizado… Quanto à possível forma de peixe da parte inferior da Iara, isto é apenas um vestido, ou melhor, uma espécie de saia, que ela veste por vaidade e para dar a ilusão de ser metade mulher e metade peixe… Confundida ou não com crenças de outras plagas, a Iara até hoje.
DANÇAS E AUTOS AMAZÔNICOS
DANÇA DO CARIMBÓ
A mais extraordinária manifestação de criatividade artística do povo paraense foi criada pelos índios Tupinambá que, segundo os historiadores, eram dotados de um senso artístico invulgar, chegando a ser considerados, nas tribos, como verdadeiros semi-deuses.
Inicialmente, segundo tudo indica, a “Dança do Carimbó” era representada num andamento monótono, como acontece com a grande maioria das danças indígenas. Quando os escravos africanos tomaram contato com essa manifestação artística dos Tupinambás, começaram a aperfeiçoar a dança, iniciando pelo andamento que, de monótono, passou a vibrar como uma espécie de variante do batuque africano. Por isso, contagiava até mesmo os colonizadores portugueses que, pelo interesse de conseguir mão-de-obra para os mais diversos trabalhos, não somente estimulavam essas manifestações, como também, excepcionalmente, faziam questão de participar, acrescentando traços da expressão corporal características das danças portuguesas. Não é à toa que a “Dança do Carimbó” apresenta, em certas passagens, alguns movimentos das danças folclóricas lusitanas, como os dedos castanholando na marcação certa do ritmo agitado e absorvente.
LUNDU MARAJOARA
O “Lundu” é uma dança de origem africana trazida para o Brasil pelos escravos. A sensualidade dos movimentos já levou a Côrte e o Vaticano a proibirem a dança no século passado. No Brasil, o “Lundu”, assim como o “Maxixe” (a dança excomungada pelo Papa), foi proibido em todo o Brasil por causa das deturpações sofridas em nosso país. Mas, mesmo às escondidas, o “Lundu” foi ressurgindo, mais comportado principalmente em três Estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais e na Ilha de Marajó, no Pará.
Coreografia: A dança simboliza um convite que os homens fazem às mulheres “para um encontro de amor sexual”. O Lundu é considerado, ao lado do Maxixe, uma dança altamente sensual, que desenvolve movimentos ondulares de grande volúpia. No início, as mulheres se negavam a acompanhar os homens, mas, depois de grande insistência, eles terminam conquistando as mulheres, com as quais saem do salão, dando a ideia do encontro final.
A FESTA DO BUMBA-MEU-BOI / BOI BUMBÁ
Originária no Maranhão, a brincadeira tomou características próprias no Amazonas, devido às miscigenações indígenas.
É a maior expressão folclórica da Amazônia, mas é praticada também em outros estados da região Norte, popularizando figuras místicas de vaqueiros e índios. A origem do bumba-meu-boi é comumente atribuída aos países de língua espanhola, onde era usado com o nome de “vaca loca e toro candil”. Foi trazida para o Brasil pelos imigrantes; os bois Corre Campo e Gitano eram os mais conhecidos. Hoje, os bois Garantido e Caprichoso são as maiores atrações da festa maior do folclore amazonense, realizado em Parintins.
As mudanças são inevitáveis, afinal todas as manifestações que envolvem o povo precisam, visceralmente, ajustar-se à cultura local. Sejam elas de ordem moral ou legal, pagãs ou sacras.
Mas foi em Parintins que o Bumbá se transformou mesmo. Transformou-se para melhor, enriqueceu e criou identidade própria. Criou uma mensagem nova que se espalha por todo o baixo e médio Amazonas; Barreirinha, Itacoatiara, Urucuritiba, Santarém e outras cidades estão fazendo seus festivais, sempre inspirados no estilo Parintins.
O auto do bumba-meu-boi é referência, é memória, é relíquia. O apelo do Boi Bumbá vem da floresta, das histórias do interior e da dança indígena que faz o bailado contagiante da festa.
O tema: a esposa grávida do negro Francisco, um funcionário da fazenda pecuária, tem o desejo insubstituível de comer a língua do boi preferido de seu patrão. Com medo de que a criança venha ao mundo deformada, Pai Francisco sucumbe à vontade da mulher, Mãe Catirina, e mata o boi. Irado, o amo manda índios atrás de Pai Francisco para capturá-lo. Com a ajuda do pajé e suas forças mágicas, Pai Francisco consegue ressuscitar o boi. Notadamente, a presença da tese da ressurreição ensinada pelos jesuítas, neste teatro popular. É sobre esta trama que se desenrola a apresentação dos bois. O bumba-meu-boi brasileiro não tem taqueras ou ripas de madeira, recoberto com pano ordinário, apenas a cabaça que é uma de boi ou vaca com os respectivos chifres.
Debaixo da armação, que imita o corpo do boi, se intromete o “tripa”, o homem que se propõe a sair com a carcaça bovina sobre a sua. Este homem tem que ser bem forte para aguentar a brincadeira.
A música é que dá o tom ritualístico ao Festival de Parintins; no início do século, quando a festa ainda tinha conotação marginal e era celebrada nas ruas, o som do boi-bumbá era produzido por batuques de tambores, repiques, caixinhas e surdos.
CARNAVAL
É bastante animado o Carnaval na Amazônia. Os desfiles de blocos e de escolas de samba acontecem normalmente no Centro de Convenções. Os ensaios acontecem de outubro até o carnaval. A folia de rua também é muito interessante; durante os meses de janeiro, fevereiro e março, espalham-se pela cidade.
Existem também diversas bandas carnavalescas, organizadas por frequentadores de bares, clubes e agremiações.
MARABAIXO
Os ritmos afro são predominantes na música e na dança do Amapá. Os negros preservam o marabaixo (mar abaixo), dança que se assemelha ao arrastar dos pés presos pelas correntes da escravidão. No canto cadenciado aparecem os lamentos do cotidiano e saudades da África. O marabaixo ocorre nas principais comunidades negras, como Mazagão Velho, Curiaú e Igarapé do Lago, além dos bairros do Laguinho e do antigo bairro da favela em Macapá. Essas comunidades negras também desenvolvem o Batuque, ritmo tirado de tambores artesanais e instrumentos de percussão feitos com madeira e sementes.
O CÍRIO DE NAZARÉ
Acontece no mês de outubro na cidade de Belém, no estado do Pará. São dois milhões de pessoas que acompanham a imagem da Virgem de Nazaré, que é transportada da Catedral da Sé até a Basílica de Nazaré, em um trajeto de aproximadamente 6 horas. O Círio de Nazaré é um espetáculo grandioso. São 15 dias de festividades que iniciam com o Círio e terminam com o Recírio, que é a volta da imagem da Virgem Maria para a Capela do Colégio Gentil. Durante esse período, pode-se encontrar barracas com comidas típicas e artesanatos regionais. A cidade entra em clima semelhante ao Natal. O Círio é época ideal para visitação turística em Belém.
FESTA DE SÃO TIAGO DE MAZAGÃO VELHO
Na data de 25 de julho, os habitantes da histórica Vila de Mazagão Velho comemoram a festa de São Tiago.
Antes do dia da festa, várias cerimônias são realizadas. No dia 18 de julho, é escolhido o festeiro, pessoa de algum recurso e com influência dentro da comunidade da Vila ou do Município.
A pessoa escolhida passa a ser o festeiro; o fato é marcado com a instalação de duas bandeiras nas cores vermelha (moura) e branca (cristã) entrecruzadas, que são colocadas no alto da porta de sua casa.
Para a casa do festeiro, são encaminhados os donativos e daí partem todas as ordens para o bom andamento dos festejos de São Tiago, que antigamente tinha como local o largo de Nossa Senhora da Assunção, que vem a ser a padroeira dessa Vila Histórica.
No meio desse largo, são colocadas as imagens de São Tiago e São Jorge em seus andores, que ficam sobre uma mesa especialmente ornamentada e dominam todo o ambiente. Hoje, embora existindo essas duas imagens, duas pessoas vestidas a caráter representam os dois santos, reverenciados nessa manifestação folclórica, que no dia do círio caminham no meio do povo.
A humanização desses santos guerreiros vai levando animação e estímulo aos competidores da cavalhada, representando a luta entre mouros e cristãos.
A procissão do Círio é realizada pela manhã do dia 25 de julho, com os cânticos sagrados, acompanhamento de música, com grande pompa, sob diversas bandeiras coloridas de São Tiago e São Jorge.
PASTORINHAS DO NATAL
O folclore das Pastorinhas, por muito tempo, foi apresentado em Porto Velho e nas cidades do beiradão do rio Madeira e seus afluentes. Eliser dos Santos, conhecido como Bola Sete, costumava apresentar esse folguedo, assim como “Dona Pretinha”. A respeito das Pastorinhas, o historiador José Monteiro escreve o seguinte:
“Elemento folclórico do ciclo natalino, geralmente apresentado nos salões paroquiais ou em frente a igrejas católicas. A representação acontece diante de uma manjedoura onde se encontra a imagem do menino Jesus e, por ele, os dois cordões, azul e encarnado, fazem louvações cantadas em versos”.
“Há algum tempo, a Pastorinha foi perdendo espaço no cenário folclórico de Porto Velho, o que tem levado os órgãos de cultura ao propósito de revitalizá-la, colocando-a como instrumento de preparação para o Natal”.
GASTRONOMIA
O pescado é a base da alimentação amazonense, com mais de 2 mil espécies de peixes, a gastronomia local oferece uma variedade de pratos com predominância indígena, além da influência portuguesa, africana e francesa.
Junto com as deliciosas frutas tropicais de sabor marcante, com pimentas e a farinha de mandioca, a culinária regional é uma comprovação da exuberante e rica culinária amazônica.
Os principais peixes são: o Tambaqui, servido assado ou como caldeirada; o Pirarucu, conhecido como o bacalhau da região norte pelo processo de conservação utilizando o sal. Há também o Tucunaré, de sabor delicado, utilizado para as caldeiradas, ou o Jaraqui, muito consumido pela população, com farinha e molho de pimenta. A culinária local reserva para o pescado um exótico acompanhamento. A farinha de mandioca de vários tipos é uma das principais combinações junto com as verduras e pimentas, malagueta-muripi ou de cheiro. Normalmente, são servidos com molho de tucupi, também extraído da mandioca e de sabor marcante, com alto grau de acidez. Outras comidas típicas (indígenas, originárias do estado do Pará): Pato no tucupi – pato assado no forno e depois cozido no tucupi, com folhas de Jambu (erva de sabor exótico) e camarão; Tacacá – espécie de sopa indígena servida em cuias negras (uma explosão de sabores) dominados pelo tucupi (sumo fermentado da mandioca); outro ingrediente, a goma se soma ao camarão seco e ao jambu (folha que adormece a língua); Quebra-queixo; broas; pamonhas; tapiocas com castanhas…
Para acompanhar as refeições, o ideal são os sucos de frutas regionais, que também servem de base para os doces, geléias, cremes e sorvetes de sabor delicioso e incomum. As frutas mais apreciadas são: o cupuaçu, a graviola, o taperebá, o buriti, o maracujá, etc., além dos frutos das palmeiras como: pupunha, tucumã, açaí, buriti, bacaba, patoá e o famoso Guaraná.
CONCLUSÃO
O inglês William Thoms definiu o folclore como saber popular, pelo fato dessa cultura, danças, provérbios, etc… serem transmitidos de geração a geração. Mas, ainda falta-nos um conhecimento maior sobre esse conjunto de crenças, costumes e tradições; não conhecemos de fato as nossas origens, daí decorreu a importância de um estudo mais detalhado sobre o assunto.
No decorrer do trabalho, pudemos perceber que as danças, canções, lendas e até mesmo os hábitos alimentares e de vestimentas fixados na terra, às vezes dando uma nova característica ao local, também fazem parte do denominado folclore. Portanto, percebemos a importância do conhecimento de nossas raízes, de algumas lendas que para nós ainda eram ocultas.
Aprendemos, assim, como algumas das nossas manifestações surgiram e qual sua importância, mesmo que o folclore ainda não tenha se firmado como uma ciência e merecido uma cadeira de ensino para o nosso maior conhecimento.
BIBLIOGRAFIA
ASSAYAG, Simão; Boi-Bumbá, festas, andanças, luz e pajelanças; Rio de Janeiro; 1995.
Enciclopédia Barsa; Vol.07; Rio de Janeiro; Encyclopaedia Britannica do Brasil Ltda.; 1987.
Conheça mais sobre o folclore brasileiro
www.amazontrade.com.br/lendashtml
Autor: Aline Amaral de Castro
vcs podem fazer um com algumas superstições
pfv iria ajudar
Vcs me ajudaram muito gostei muito de tudo que aprendi
🙂