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Atualizado em 29/08/2019

Histórico da EJA no Brasil

Conheça agora o histórico da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. Saiba como tudo começou e como ela mudou a vida de milhares de pessoas. Acesse já e descubra!

Alfabetizar jovens e adultos não é um ato apenas de ensino – aprendizagem é a construção de uma perspectiva de mudança; no inicio, época da colonização do Brasil, as poucas escolas existentes era pra privilégio das classes média e alta, nessas famílias os filhos possuíam acompanhamento escolar na infância; não havia a necessidade de uma alfabetização pra jovens e adultos, as classes pobres não tinham acesso a instrução escolar e quando a recebiam era de forma indireta, de acordo com Ghiraldelli Jr. (2008, p. 24) a educação brasileira teve seu início com o fim dos regimes das capitanias.

A educação escolar no período colonial, ou seja, a educação regular e mais ou menos institucional de tal época, teve três fases:

  • a de predomínio dos jesuítas;
  • a das reformas do Marquês de Pombal, principalmente a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759;
  • e a do período em que D. João VI, então rei de Portugal, trouxe a corte para o Brasil (1808-1821).

O ensino dos jesuítas tinha como fim não apenas a transmissão de conhecimentos científicos, escolares, mas a propagação da fé cristã. A história da educação de jovens e adultos no Brasil no período colonial se deu de forma assistemática, nesta época não se constatou iniciativas governamentais significativas.

Os métodos jesuíticos permaneceram até o período pombalino com a expulsão dos jesuítas, neste período, Pombal organizava as escolas de acordo com os interesses do Estado, com a chegada da família Real ao Brasil a educação perdeu o seu foco que já não era amplo.

Após a proclamação da Independência do Brasil foi outorgada a primeira constituição brasileira e no artigo 179 dela constava que a “instrução primária era gratuita para todos os cidadãos”; mesmo a instrução sendo gratuita não favorecia as classes pobres, pois estes não tinham acesso à escola, ou seja, a escola era para todos, porém, inacessível a quase todos, no decorrer dos séculos houve várias reformas.

No Brasil, o discurso em favor da Educação popular é antigo: precedeu mesmo a proclamação da República. Já em 1882, Rui Barbosa, baseado em exaustivo diagnóstico da realidade brasileira da época, denunciava a vergonhosa precariedade do ensino para o povo no Brasil e apresentava propostas de multiplicação de escolas e de melhoria qualitativa de Ensino.

A constituição de 1934 não teve êxito, pois Getúlio Vargas o então presidente da república tornou – se um ditador através do golpe militar e criou um novo regime o qual chamou de: “Estado Novo”, sendo assim cria – se uma nova constituição escrita por Francisco Campos.

A constituição de 1937 fez o Estado abrir mão da responsabilidade para com educação pública, uma vez que ela afirmava o Estado como quem desempenharia  um papel subsidiário, e não central, em relação  ao ensino. O ordenamento democrático alcançado em 1934, quando a letra da lei determinou a educação como direito de todos e obrigação dos poderes públicos, foi substituído por um texto que desobrigou o Estado de manter e expandir o ensino público.

A constituição de 1937 foi criada com o objetivo de favorecer o Estado pois o mesmo tira a sua responsabilidade; uma população  sem educação (educação para poucos) torna a sociedade mais suscetível  a aceitar tudo que lhe é imposto; logo se entende que esta constituição não tinha interesse  que o conhecimento crítico se propagasse, mas buscava favorecer o ensino profissionalizante, naquele momento era melhor capacitar os jovens e adultos para o trabalho nas industrias.

Um dos precursores em favor da alfabetização de jovens e adultos foi Paulo Freire que sempre lutou pelo fim da educação elitista, Freire tinha como objetivo uma educação democrática e libertadora, ele parte da realidade, da vivência dos educandos.

Ao longo das mais diversas experiências de Paulo Freire pelo mundo, o resultado sempre foi gratificante e muitas vezes comovente. O homem iletrado chega humilde e culpado, mas aos poucos descobre com orgulho que também é um “fazedor de cultura” e, mais ainda, que a condição de inferioridade não se deve a uma incompetência sua, mas resulta de lhe ter sido roubada a humanidade.  O método Paulo Freire pretende superar a dicotomia entre teoria e prática: no processo, quando o homem descobre que sua prática supõe um saber, conclui que conhecer é interferir na realidade, de certa forma. Percebendo – se como sujeito da história, toma a palavra daqueles que até então detêm seu monopólio. Alfabetizar é, em última instância, ensinar o uso da palavra.

Na época do regime militar, surge um movimento de alfabetização de jovens e adultos, na tentativa de erradicar o analfabetismo, chamado MOBRAL, esse método tinha como foco o ato de ler e escrever, essa metodologia assemelha – se a de Paulo Freire com codificações, cartazes com famílias silábicas, quadros, fichas, porém, não utilizava o diálogo como a de Freire e não se preocupava com a formação crítica dos educandos.

A respeito do MOBRAL; Bello (1993) cita que:

O projeto MOBRAL permite compreender bem esta fase ditatorial por que passou o país. A proposta de educação era toda baseada aos interesses políticos vigentes na época. Por ter de repassar o sentimento de bom comportamento para o povo e justificar os atos da ditadura, esta instituição estendeu seus braços a uma boa parte das populações carentes, através de seus diversos Programas.

A história da Educação de jovens e adultos é muito recente, durante muitos anos as escolas noturnas eram a única forma de alfabetizá-los após um dia árduo de serviço, e muitas dessas escolas na verdade eram grupos informais, onde poucos que já dominavam o ato de ler e escrever o transferia a outros; no começo do século XX com o desenvolvimento industrial é possível perceber uma lenta valorização da EJA.

O processo de industrialização gerou a necessidade de se ter mão de obra especializada, nesta época criou – se escolas para capacitar os jovens e adultos, por causa das indústrias nos centros urbanos a população da zona rural migrou para o centro urbano na expectativa de melhor qualidade de vida, ao chegarem nos centros urbanos surgia à necessidade de alfabetizar os trabalhadores e isso contribuiu para a criação destas escolas para adultos e adolescentes.

A necessidade de aumentar a base eleitoral favoreceu o aumento das escolas de EJA, pois o voto era apenas para homens alfabetizados. Na década de 40 o governo lançou a primeira campanha de Educação de adultos, tal campanha propunha alfabetizar os analfabetos em três meses; dentre educadores, políticos e sociedade em geral, houve muitas críticas e também elogios a esta campanha, o que é nítido e que com esta campanha a EJA passou a ter uma estrutura mínima de atendimento. Com o fim desta primeira campanha, Freire foi o responsável em organizar e desenvolver um programa nacional  de alfabetização de  adultos, porém com o golpe militar o trabalho de Freire foi visto como ameaça ao regime ; assim a EJA volta a ser controlado pelo governo que cria o MOBRAL conforme foi citado anteriormente.

O ensino supletivo foi implantado com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB 5692/71. Nesta Lei um capitulo foi dedicado especificamente para o EJA. Em 1974 o MEC propôs a implantação dos CES (Centros de Estudos Supletivos), tais centros tinham influências tecnicistas devido à situação política do país naquele momento.

Em 1985, o MOBRAL findou – se dando lugar a Fundação EDUCAR que apoiava tecnicamente e financeiramente as iniciativas de alfabetização existentes, nos anos 80 difundiram – se várias pesquisas sobre a língua escrita que de certa forma refletiam na EJA, com a promulgação da constituição de 1988 o Estado amplia o seu dever com a Educação de jovens e adultos.

De acordo com o artigo 208 da Constituição de 1988:

“O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;”

Na década de 90 emergiram iniciativas em favor da Educação de jovens e adultos, o governo incumbiu também os municípios a se engajarem nesta política, ocorrem parcerias entre ONG’s, municípios, universidades, grupos informais, populares, Fóruns estaduais, nacionais e através dos Fóruns a partir de 1997 a história da EJA começa a ser registrada no intitulado “Boletim da Ação Educativa”.

É notório que nesta fase da história da Educação brasileira, a EJA possui um foco amplo, para haver uma sociedade igualitária e uma Educação eficaz é necessária que todas as áreas da Educação sejam focadas e valorizadas, não é possível desvencilhar uma da outra.


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 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

26 respostas para “Histórico da EJA no Brasil”

  1. gostaria de saber o autor da foto pra usar no meu trabalhoa cadêmico sobre a EJA. e seria bom saber também quem é o autor do texto.
    Obrigada

    • Olá. Temos uma explicação sobre como referenciar o texto no final da página.

  2. Sou professor da EJA e gosto do que faço, por isso é preciso entender toda problemática que envolve essa modalidade de ensino , tendo em vista o seu histórico pregresso e ainda continua precarizado por um sistema que privilegia outros interesses pertinentes a uma classe elitista. E ainda assim percebemos os descasos acerca da formação curricular que não agrega valor a está realidade dentro do processo ensino aprendizagem, falta de formação continuidade nessa especificidade, implementação ,investimento e políticas públicas que tenha um olhar mais notável para os alunos dessa etapa que foram negados a eles de terminar os seus estudos na idade regular , já que é um dever do Estado , garantir uma educação de qualidade para todos. Sendo assim percebo que este ensino trouxe e vem trazendo benefícios para aqueles que realmente precisam avançar os seus estudos, mas isso deve ser feito com comprometimento de todos envolvida dentro de uma ação conjunta entre professor/alunos/escola/sistema. Enquanto esse olhar crítico a esse tipo de seguimento escolar continuemos esperando que os principais atores do processo continuem trabalhando na esperança de fazer com que esses alunos se aproprie de um saber realmente a altura desse nosso público que sofre e trabalha para não desistir dos seus sonhos.

  3. 23/11/2020 Eu me formei no Eja é graças a Deus hoje estou fazendo faculdade, eu não tinha enterresse em ler é escrever hoje gosto de ler é de ir em busca do conhecimento, pois eu me casei muito nova é não tive oportunidade de terminar os meus estudos, é seguida veio às minhas filhas é o meu tempo era muito pouco é tinha muitos anos para eu terminar já tinha tinha 28 anos é foi aí que eu conheci a Eja é minhas filhas disse para eu ir que eu ia conseguir é foi aí que comecei é graças a Deus hoje sou formada no ensino médio é estou fazendo faculdade…Nunca desista de lutar pelos seus sonhos (SE TIVER QUE DESISTIR DESISTA DE SER FRACO.

    • Olá só , Jeferson Carlos , faço pedagogia na UFPE , e também vim do EJA , compartilho da sua esperiencia e é isso mesmo não desistir dos sonhos PARABÉNS.

  4. Boa tarde. Eu também gostaria de saber o nome de quem escreveu essa matéria e a Data .

    agradeço!

  5. Gostaria de saber o nome de quem escreveu essa matéria. Preciso dar as devidas referências no meu TCC.

  6. Texto incrível, me ajudou muito a entender melhor o início da história da EJA.

    • Histórico da EJA no Brasil. Pedagogia ao Pé da Letra, 2013. Disponível em: . Acesso em: 29 de julho de 2020.

      • Isso ajudou muito nas referências, visto que o autor do portal não se identifica

      • bom texto, o ano de publicação do texto poderia constar na publicação, com dia e mês, pôs na citação diretamente não precisa de página apenas o nome do site e ano, mas, na referencia precisa, os professores das faculdades não vão lê as mensagens para descobrir essa informação.

  7. Eu também gostaria de saber o nome de quem escreveu essa matéria. Preciso dar as devidas referências no meu TCC.

  8. A ABNT não aceita que a autoria seja de um SITE, pode-se usar o site, mas quem escreveu e postou tem que ser referenciado.

  9. QUEM É O AUTOR DESSE POST?… queria usar para meu trabalho.. vou referenciar direitinho.. é professora vania?

  10. gostei de saber um pouco da EJA, como começou o seu desenvolvimento no Brasil, OBRIGADA
    CECILIA JARDIM
    BELÉM-PARÁ

  11. a Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 foi revogada pela Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996!

    Atenciosamente,

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