Planos de Aula BNCC

Histórico da EJA no Brasil

Conheça agora o histórico da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. Saiba como tudo começou e como ela mudou a vida de milhares de pessoas. Acesse já e descubra!

Histórico da EJA no Brasil

Alfabetizar jovens e adultos não é um ato apenas de ensino – aprendizagem é a construção de uma perspectiva de mudança; no início, época da colonização do Brasil, as poucas escolas existentes eram para privilégio das classes média e alta. Nessas famílias, os filhos possuíam acompanhamento escolar na infância; não havia a necessidade de uma alfabetização para jovens e adultos, pois as classes pobres não tinham acesso à instrução escolar e, quando a recebiam, era de forma indireta. De acordo com Ghiraldelli Jr. (2008, p. 24), a educação brasileira teve seu início com o fim dos regimes das capitanias.

A educação escolar no período colonial, ou seja, a educação regular e mais ou menos institucional de tal época, teve três fases:

  • a de predomínio dos jesuítas;
  • a das reformas do Marquês de Pombal, principalmente a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759;
  • e a do período em que D. João VI, então rei de Portugal, trouxe a corte para o Brasil (1808-1821).

O ensino dos jesuítas tinha como fim não apenas a transmissão de conhecimentos científicos e escolares, mas a propagação da fé cristã. A história da educação de jovens e adultos no Brasil no período colonial se deu de forma assistemática; nesta época, não se constatou iniciativas governamentais significativas.

Os métodos jesuíticos permaneceram até o período pombalino, com a expulsão dos jesuítas. Neste período, Pombal organizava as escolas de acordo com os interesses do Estado, e com a chegada da família Real ao Brasil, a educação perdeu o seu foco, que já não era amplo.

Após a proclamação da Independência do Brasil, foi outorgada a primeira constituição brasileira e, no artigo 179 dela, constava que a “instrução primária era gratuita para todos os cidadãos”; mesmo a instrução sendo gratuita, não favorecia as classes pobres, pois estes não tinham acesso à escola. Ou seja, a escola era para todos, porém, inacessível a quase todos. No decorrer dos séculos, houve várias reformas.

No Brasil, o discurso em favor da Educação popular é antigo: precedeu mesmo a proclamação da República. Já em 1882, Rui Barbosa, baseado em um exaustivo diagnóstico da realidade brasileira da época, denunciava a vergonhosa precariedade do ensino para o povo no Brasil e apresentava propostas de multiplicação de escolas e de melhoria qualitativa de ensino.

A constituição de 1934 não teve êxito, pois Getúlio Vargas, o então presidente da república, tornou-se um ditador através do golpe militar e criou um novo regime, o qual chamou de “Estado Novo”, sendo assim, cria-se uma nova constituição escrita por Francisco Campos.

A constituição de 1937 fez o Estado abrir mão da responsabilidade para com a educação pública, uma vez que ela afirmava o Estado como quem desempenharia um papel subsidiário, e não central, em relação ao ensino. O ordenamento democrático alcançado em 1934, quando a letra da lei determinou a educação como direito de todos e obrigação dos poderes públicos, foi substituído por um texto que desobrigou o Estado de manter e expandir o ensino público.

A constituição de 1937 foi criada com o objetivo de favorecer o Estado, pois o mesmo tira a sua responsabilidade; uma população sem educação (educação para poucos) torna a sociedade mais suscetível a aceitar tudo que lhe é imposto. Logo, se entende que esta constituição não tinha interesse em que o conhecimento crítico se propagasse, mas buscava favorecer o ensino profissionalizante, naquele momento era melhor capacitar os jovens e adultos para o trabalho nas indústrias.

Um dos precursores em favor da alfabetização de jovens e adultos foi Paulo Freire, que sempre lutou pelo fim da educação elitista. Freire tinha como objetivo uma educação democrática e libertadora, partindo da realidade e da vivência dos educandos.

Ao longo das mais diversas experiências de Paulo Freire pelo mundo, o resultado sempre foi gratificante e muitas vezes comovente. O homem iletrado chega humilde e culpado, mas aos poucos descobre com orgulho que também é um “fazedor de cultura” e, mais ainda, que a condição de inferioridade não se deve a uma incompetência sua, mas resulta de lhe ter sido roubada a humanidade. O método Paulo Freire pretende superar a dicotomia entre teoria e prática: no processo, quando o homem descobre que sua prática supõe um saber, conclui que conhecer é interferir na realidade, de certa forma. Percebendo-se como sujeito da história, toma a palavra daqueles que até então detêm seu monopólio. Alfabetizar é, em última instância, ensinar o uso da palavra.

Na época do regime militar, surge um movimento de alfabetização de jovens e adultos, na tentativa de erradicar o analfabetismo, chamado MOBRAL. Esse método tinha como foco o ato de ler e escrever; essa metodologia assemelha-se à de Paulo Freire, com codificações, cartazes com famílias silábicas, quadros, fichas, porém, não utilizava o diálogo como a de Freire e não se preocupava com a formação crítica dos educandos.

A respeito do MOBRAL, Bello (1993) cita que:

O projeto MOBRAL permite compreender bem esta fase ditatorial pela qual passou o país. A proposta de educação era toda baseada nos interesses políticos vigentes na época. Por ter de repassar o sentimento de bom comportamento para o povo e justificar os atos da ditadura, esta instituição estendeu seus braços a uma boa parte das populações carentes, através de seus diversos Programas.

A história da Educação de jovens e adultos é muito recente. Durante muitos anos, as escolas noturnas eram a única forma de alfabetizá-los após um dia árduo de serviço, e muitas dessas escolas, na verdade, eram grupos informais, onde poucos que já dominavam o ato de ler e escrever o transferiam a outros. No começo do século XX, com o desenvolvimento industrial, é possível perceber uma lenta valorização da EJA.

O processo de industrialização gerou a necessidade de se ter mão de obra especializada. Nesta época, criaram-se escolas para capacitar os jovens e adultos. Por causa das indústrias nos centros urbanos, a população da zona rural migrou para o centro urbano na expectativa de melhor qualidade de vida. Ao chegarem nos centros urbanos, surgia a necessidade de alfabetizar os trabalhadores, e isso contribuiu para a criação destas escolas para adultos e adolescentes.

A necessidade de aumentar a base eleitoral favoreceu o aumento das escolas de EJA, pois o voto era apenas para homens alfabetizados. Na década de 40, o governo lançou a primeira campanha de Educação de adultos, tal campanha propunha alfabetizar os analfabetos em três meses. Dentre educadores, políticos e sociedade em geral, houve muitas críticas e também elogios a esta campanha, o que é nítido é que, com esta campanha, a EJA passou a ter uma estrutura mínima de atendimento. Com o fim desta primeira campanha, Freire foi o responsável por organizar e desenvolver um programa nacional de alfabetização de adultos, porém, com o golpe militar, o trabalho de Freire foi visto como ameaça ao regime; assim, a EJA voltou a ser controlada pelo governo, que criou o MOBRAL, conforme foi citado anteriormente.

O ensino supletivo foi implantado com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB 5692/71. Nesta Lei, um capítulo foi dedicado especificamente para o EJA. Em 1974, o MEC propôs a implantação dos CES (Centros de Estudos Supletivos), tais centros tinham influências tecnicistas devido à situação política do país naquele momento.

Em 1985, o MOBRAL findou-se, dando lugar à Fundação EDUCAR, que apoiava tecnicamente e financeiramente as iniciativas de alfabetização existentes. Nos anos 80, difundiram-se várias pesquisas sobre a língua escrita que, de certa forma, refletiam na EJA. Com a promulgação da constituição de 1988, o Estado amplia o seu dever com a Educação de jovens e adultos.

De acordo com o artigo 208 da Constituição de 1988:

“O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;”

Na década de 90, emergiram iniciativas em favor da Educação de jovens e adultos. O governo incumbiu também os municípios a se engajarem nesta política, ocorrendo parcerias entre ONG’s, municípios, universidades, grupos informais, populares, Fóruns estaduais, nacionais e, através dos Fóruns, a partir de 1997, a história da EJA começa a ser registrada no intitulado “Boletim da Ação Educativa”.

É notório que, nesta fase da história da Educação brasileira, a EJA possui um foco amplo. Para haver uma sociedade igualitária e uma Educação eficaz, é necessário que todas as áreas da Educação sejam focadas e valorizadas; não é possível desvencilhar uma da outra.

Além disso, a importância da leitura no processo de ensino/aprendizagem é fundamental. Para saber mais sobre isso, acesse a necessidade da leitura no processo de ensino/aprendizagem.

Se você está em busca de recursos para auxiliar na alfabetização, considere explorar opções de materiais educativos que podem ser encontrados em lojas especializadas. Esses produtos podem ser muito úteis para facilitar o aprendizado e tornar o processo mais dinâmico. Confira algumas opções de materiais educativos que podem ajudar nesse processo.


Pedagogia ao Pé da Letra
Pedagogia ao Pé da Letra
Este site faz parte da Webility Network network CNPJ 33.573.255/0001-00