Hiperatividade e Distúrbio de Déficit de Atenção
No início do século XX, esse distúrbio foi chamado de disfunção cerebral mínima, passando posteriormente a ser chamado de hipercinesia, ou hipercinese. Logo a seguir, hiperatividade, nome que ficou mais conhecido e perdurou por mais tempo… em 1987, passou a ser chamado de distúrbio de déficit de atenção, ou ainda distúrbio de déficit de atenção com hiperatividade, sendo que muitas vezes utiliza-se somente a sigla DDA (em português) ou ADD (em inglês “Attention Deficit Disorder”). É também eventualmente chamado de Síndrome de Déficit de Atenção.
Caracteriza-se pela movimentação excessiva do indivíduo, falta de atenção, impaciência, impulsividade, distração, impossibilidade de focalizar a atenção por muito tempo em um determinado objetivo, o que traz ao estudante, principalmente no início de sua vida escolar, problemas de rejeição, dúvidas quanto à sua capacidade intelectual, baixa autoestima e várias situações que, com a devida informação a pais, profissionais e ao próprio portador do distúrbio, podem ser minimizadas, contornadas ou mesmo eliminadas.
Características
O distúrbio (também chamado transtorno, desordem ou síndrome) de déficit de atenção pode ou não ser acompanhado de hiperatividade (DDAH) e está mais próximo do que se pensa. Segundo estudos americanos, cerca de 1/3 da população mundial padece desse mal, em maior ou menor grau. Mas, afinal… o que é isso? Inicialmente, a palavra do Dr. Paul Elliott, especialista de Dallas: não é déficit, doença ou desordem. É apenas uma forma diferente de pensar. E isso ocasiona ao seu portador graves dificuldades de relacionamento: são em geral inquietos, agitados, distraídos, desatentos, impulsivos, não costumam terminar os (mil) projetos em que, entusiasticamente, se engajam…
Quando crianças, seu comportamento em ambiente escolar costuma ser notado desde o primeiro momento em que entram na escola: têm a atividade motora muito acentuada e suas atitudes inadequadas frequentemente dispersam a concentração dos colegas, resultando em dificuldades de inserção social. Adicionalmente, a esses problemas associam-se outros (por exemplo, baixa autoestima, depressão) que podem afetar significativamente a performance desses estudantes, e no futuro, adultos em geral inseguros.
Mas esse comportamento não surge nesse momento, pois acompanha a criança desde o seu nascimento. O que ocorre em geral é que, ao ingressar no ambiente escolar, é percebido pelos profissionais de educação (e algumas vezes, pelos próprios pais) que a atividade daquela criança é bem maior que a de seus colegas, e também passa a não compreender a matéria dada.
REFORÇANDO: DDA pode ou não ser seguido de hiperatividade, portanto algumas pessoas são quietas, reservadas, mas vivem “no mundo da lua”… e também podem ter esse distúrbio.
A desatenção é o sinal de alerta.
Muitas vezes, as pessoas que convivem com o indivíduo chegam a acreditar que até exista déficit auditivo (também um dos diagnósticos diferenciais a serem feitos), porque a pessoa parece não ter ouvido o que foi dito a ela.
Não é bem dessa forma que ocorre.
A pessoa ouve perfeitamente na grande maioria das vezes, porém seu cérebro trabalha numa velocidade maior que o da maioria das pessoas (a eletricidade passa mais rápido nele – veja como isso ocorre na parte de aspectos neurológicos – em construção), e ele pode estar pensando em três, quatro, cinco coisas ao mesmo tempo… e aquela não ser a SUA prioridade do momento…
Mas, com técnicas específicas (focadas na parte de tratamentos e terapias) e medicação (que varia de caso para caso, SEMPRE POR DETERMINAÇÃO MÉDICA, desde a administração de vitaminas até eventualmente medicação mais complexa), o portador de DDA consegue superar suas dificuldades com alguma tranquilidade e apresenta toda sua potencialidade oculta até então sob um comportamento muitas vezes inadequado socialmente.
– Olhe sempre nos olhos – Você consegue “trazer de volta” uma criança DDAH através do contato visual. Isso ajuda a evitar a distração que prejudica tanto estas crianças;
– Organizar as carteiras em círculos, ou em forma de U, ao invés de fileiras – facilita o contato e particularmente o “eye contact” com os demais membros da classe, uma vez que esse tipo de aluno costuma estar “na turma do fundão”, não podendo visualizar os olhos dos companheiros de estudo, o que o torna ainda mais disperso;
– Cuidado com as cores – O estímulo multicolorido costuma deixá-los mais excitados e menos atentos ainda, devendo ser evitadas cores fortes no ambiente (do espectro vermelho e amarelo), inclusive na vestimenta da criança (Tanganelli, 1995);
– Adotar um ritmo dinâmico de aula – de tal forma a criar oportunidade para que todos os alunos participem, sempre com o cuidado de não permitir que o aluno com DDAH se empolgue demais;
– Usar recursos e formas de apresentação não habituais – crianças com DDAH adoram novidades; explorar o seu cotidiano e fazer disso motivo para uma aula posterior ou mesmo criando um “gancho” na aula atual costuma ser muito proveitoso.
– Utilizar metodologia preferencialmente visual – As crianças DDAH aprendem melhor visualmente que por outros métodos, portanto escreva palavras-chave ao mesmo tempo que fala sobre o assunto;
– Estimular a criatividade – Propor tarefas que exijam a criatividade do aluno (explorar, construir, criar) e não passivas (questionários com respostas tipo X);
– Ser claro e objetivo ao definir as regras de comportamento dentro da sala de aula – criar, juntamente com os alunos, um código de conduta (simples, com poucas palavras, para facilitar a memorização) e escrever em uma tabela SEMPRE VISÍVEL afixada na parede;
– Repetir e repetir as diretrizes – Como dito acima, as pessoas com DDAH necessitam ouvir as coisas mais de uma vez, pois são profundamente visuais, aprendendo com mais facilidade quando as coisas são apresentadas da forma visual;
– Fornecer com antecedência (preferencialmente no final do dia anterior) um programa com as atividades do dia a serem executadas (DuPaul & Stoner, 1994) – As crianças com DDAH necessitam de um ambiente estruturado. Faça listas, tabelas, lembretes, apresente o programa das aulas do dia no final do dia anterior, pelo menos informe o assunto da aula do dia seguinte antes do término da aula anterior, pois essas crianças necessitam de diretrizes, organização, regras claras, definidas e ESCRITAS (eles fixam melhor o que conseguem ver);
– Ao dar instruções para a classe, solicitar que o aluno com DDAH repita para toda a classe – Isso dará a ele duas oportunidades: de que tenha certeza de ter entendido o que é esperado dele (e dos demais) e ter sua autoestima (em geral extremamente baixa) reforçada;
– A memória é um grave problema para eles – Ensine mnemônicos, quadrinhas, dicas, rimas, pois eles têm problemas com a Memória de Trabalho Ativa (Levine, 1995) e esses processos ajudam sobremaneira a aumentar essa memória;
– O desafio costuma motivar o portador de DDAH – Deve então o professor estabelecer de antemão com o aluno qual a tarefa a ser feita, quando será considerada concluída e quais os pontos para isso (check-list a ser verificado no final da mesma). Isso dará aos poucos ao portador de DDAH formas de lidar com sua ansiedade e falhas de terminar as tarefas a que se propõe, pois em geral ele concebe projetos grandiosos demais, os quais não consegue finalizar;
– Elogiar o aluno com constância – NÃO APENAS QUANDO ELE TERMINA A TAREFA, mas DURANTE o transcorrer da mesma, INCENTIVANDO o seu término, uma vez que para o aluno com DDAH o CONCLUIR a tarefa é bastante difícil, exigindo quase o triplo de concentração (praticamente inexistente) que os demais…
– Estabelecer para o aluno com DDAH tarefas de conclusão rápida – Inicialmente, para que este comece a finalizar adequadamente as tarefas, e, aos poucos, ir inserindo maior complexidade e maior duração às tarefas dele exigidas, visto que o aprendizado de organização para essas pessoas é extremamente penoso;
– Divida as grandes tarefas em tarefas menores – Isso possibilita à criança vislumbrar que a tarefa PODE ser terminada, algo que é extremamente difícil para os portadores de DDAH, possibilitando ao professor trabalhar a capacidade da criança, geralmente minimizada por ela (baixa autoestima…) além do que evita acessos de fúria pela frustração antecipada de não terminar a tarefa em crianças menores, e as atitudes provocadoras dos maiores;
– Utilize uma agenda de contato com a família – Isso facilita a troca de informações, pois os únicos momentos de contato (quando existem) entre professores e pais são os horários de entrada e saída dos alunos. E, convenhamos, não são os momentos mais adequados para trocar informações tão valiosas e individuais…
– Utilizar exercícios físicos – Exercícios (até um enfoque de psicomotricidade) auxiliam sobremaneira o portador de DDAH, pois ajudam a liberar o excesso de energia, concentrar a atenção em um objetivo facilmente entendido e visualizado (correr até a linha vermelha), estimular a fabricação de endorfina, além de ser muito divertido.
– Não deixe que a panela de pressão exploda – Propicie uma válvula de escape como, por exemplo, sair da sala de aula por alguns instantes, (isso se for permitido pela direção da escola) indo buscar algo na classe vizinha, dar um recado para alguém que se encontra fora da sala de aula, (inicialmente entregar um bilhete a uma pessoa, pois eles esquecem o recado a ser dado), ir ao banheiro, pois isso fará com que ele deixe (sob controle) a sala e não fuja dela, além de começar a aprender meios de auto-observação e auto-monitoramento.
50 dicas para administração do Déficit de Atenção em Sala de Aula
Os professores sabem o que muitos profissionais não sabem: não existe apenas uma única síndrome de Déficit de Atenção (DA), mas muitas; que DA raramente ocorre de uma forma “pura” mas, ao contrário, normalmente apresenta-se ligada a muitos outros problemas como dificuldade de aprendizado ou mau humor; que DA muda conforme o clima, é inconstante e imprevisível; e que o tratamento para DA, a respeito de ser claramente esclarecido em vários livros, representa uma dura missão de trabalho e devoção.
50 dicas para administração do Déficit de Atenção em Sala de Aula
Os professores sabem o que muitos profissionais não sabem: não existe apenas uma única síndrome de Déficit de Atenção (DA), mas muitas; que DA raramente ocorre de uma forma “pura” mas, ao contrário, normalmente apresenta-se ligada a muitos outros problemas como dificuldade de aprendizado ou mau humor; que DA muda conforme o clima, é inconstante e imprevisível; e que o tratamento para DA, a respeito de ser claramente esclarecido em vários livros, representa uma dura missão de trabalho e devoção.
Não há uma solução fácil para administrar DA na sala de aula ou em casa. Depois de tudo, a eficácia de qualquer tratamento deste problema na escola depende do conhecimento e da persistência da escola e do professor.
Aqui apresentamos algumas dicas para o trato de crianças com DA na escola. As sugestões a seguir visam o professor na sala de aula para crianças de qualquer idade. Algumas sugestões vão ser evidentemente mais adequadas às crianças menores, outras às mais velhas, mas, em termos de estrutura, educação e encorajamento, são pertinentes a qualquer um.
01 – Antes de tudo, tenha certeza de que o que você está lidando é DA. Definitivamente não é tarefa dos professores diagnosticar a DA, mas você pode e deve questionar. Especificamente tenha certeza de que alguém tenha testado a audição e a visão da criança recentemente e tenha certeza também de que outros problemas médicos tenham sido resolvidos. Tenha certeza de que uma avaliação adequada foi feita. Continue questionando até que se sinta convencido. A responsabilidade disso tudo é dos pais e não dos professores, mas o professor pode contribuir para o processo.
02 – Segundo, prepare-se para suportar. Ser uma professora na sala de aula onde há duas ou três crianças com DA pode ser extremamente cansativo. Tenha certeza de que você pode ter o apoio da escola e dos pais. Tenha certeza de que há uma pessoa com conhecimento à qual você possa consultar quando tiver um problema (pedagogo, psicólogo infantil, assistente social, psicólogo da escola ou pediatra), mas a formação da pessoa não é realmente importante. O que importa é que ele ou ela conheça muito sobre DA, conheça os recursos de uma sala de aula e possa falar com clareza. Tenha certeza de que os pais estão trabalhando com você. Tenha certeza de que os colegas podem ajudar você.
03 – Conheça seus limites. Não tenha medo de pedir ajuda. Você, como professor, não pode querer ser uma especialista em DA. Você deve sentir-se confortável em pedir ajuda quando achar necessário.
04 – PERGUNTE À CRIANÇA O QUE PODE AJUDAR
Estas crianças são sempre muito intuitivas. Elas sabem dizer a forma mais fácil de aprender, se você perguntar. Elas ficam normalmente temerosas em oferecer informação voluntariamente porque isto pode ser algo muito ousado ou extravagante. Mas tente sentar sozinho com a criança e perguntar a ela como ela pode aprender melhor. O melhor especialista para dizer como a criança aprende é a própria criança. É assustadora a frequência com que suas opiniões são ignoradas ou não são solicitadas. Além do mais, especialmente com crianças mais velhas, tenha certeza de que ela entende o que é DA. Isto vai ajudar muito a vocês dois.
05 – Lembre-se de que as crianças com DA necessitam de estruturação. Elas precisam estruturar o ambiente externo, já que não podem se estruturar internamente por isso mesmas. Faça listas. Crianças com DA se beneficiam enormemente quando têm uma tabela ou lista para consultar quando se perdem no que estão fazendo. Elas necessitam de algo para fazê-las lembrar das coisas. Eles necessitam de previsões. Eles necessitam de repetições. Elas necessitam de diretrizes. Elas precisam de limites. Elas precisam de organização.
06 – LEMBRE-SE DA PARTE EMOCIONAL DO APRENDIZADO
Estas crianças necessitam de um apoio especial para encontrar prazer na sala de aula. Domínio ao invés de falhas e frustrações. Excitação ao invés de tédio e medo. É essencial prestar atenção às emoções envolvidas no processo de aprendizagem.
07 – Estabeleça regras. Tenha-as por escrito e fáceis de serem lidas. As crianças se sentirão seguras sabendo o que é esperado delas.
08 – Repita as diretrizes. Escreva as diretrizes. Fale das diretrizes. Repita as diretrizes. Pessoas com DA necessitam ouvir as coisas mais de uma vez.
09 – Olhe sempre nos olhos. Você pode “trazer de volta” uma criança DA através do contato visual. Faça isto sempre. Um olhar pode tirar uma criança do seu devaneio ou dar-lhe liberdade para fazer uma pergunta ou apenas dar-lhe segurança silenciosamente.
10 – Na sala de aula, coloque a criança sentada próxima à sua mesa ou próxima de onde você fica a maior parte do tempo. Isto ajuda a evitar a distração que prejudica tanto estas crianças.
11 – Estabeleça limites, fronteiras. Isto deve ser devagar e com calma, não de modo punitivo. Faça isto consistentemente, previamente, imediatamente e honestamente. Não seja complicado, falando sem parar. Estas discussões longas são apenas diversão. Seja firme.
12 – Preveja o máximo que puder. Coloque o plano no quadro ou na mesa da criança. Fale dele frequentemente. Se você for alterá-lo, como fazem os melhores professores, faça muitos avisos e prepare a criança. Alterações e mudanças sem aviso prévio são muito difíceis para estas crianças. Elas perdem a noção das coisas. Tenha um cuidado especial e prepare as mudanças com a maior antecedência possível. Avise o que vai acontecer e repita os avisos à medida em que a hora for se aproximando.
13 – Tente ajudar as crianças a fazerem a própria programação para depois da aula, esforçando-se para evitar um dos maiores problemas do DA: a procrastinação.
14 – Elimine ou reduza a frequência dos testes de tempo. Não há grande valor educacional nos testes de tempo e eles definitivamente não possibilitam às crianças DA mostrarem o que sabem.
15 – Propicie uma espécie de válvula de escape como, por exemplo, sair da sala de aula por alguns instantes. Se isto puder ser feito dentro das regras da escola, poderá permitir à criança deixar a sala de aula ao invés de se desligar dela e, fazendo isto, começa a aprender importantes meios de auto-observação e auto-monitoramento.
16 – Procure a qualidade ao invés de quantidade dos deveres de casa. Crianças DA frequentemente necessitam de uma carga reduzida. Enquanto estão aprendendo os conceitos, elas devem ser livres. Elas vão utilizar o mesmo tempo de estudo e não vão produzir nem mais nem menos do que elas podem.
17 – Monitore o progresso frequentemente. Crianças DA se beneficiam enormemente com o frequente retorno do seu resultado. Isto ajuda a mantê-los na linha, possibilita a eles saber o que é esperado e se eles estão atingindo as suas metas, e pode ser muito encorajador.
18 – Divida as grandes tarefas em tarefas menores. Esta é uma das mais importantes técnicas de ensino das crianças DA. Grandes tarefas abafam rapidamente as crianças e elas recuam a uma resposta emocional do tipo eu nunca vou ser capaz de fazer isto. Através da divisão de tarefas em tarefas mais simples, cada parte pequena o suficiente para ser facilmente trabalhada, a criança foge da sensação de abafado. Em geral, estas crianças podem fazer muito mais do que elas pensam. Pela divisão de tarefas, o professor pode permitir à criança que demonstre a si mesma a sua capacidade. Com as crianças menores, isto pode ajudar muito a evitar acessos de fúria pela frustração antecipada. E com os mais velhos, pode ajudar as atitudes provocadoras que elas têm frequentemente. E isto vai ajudar de muitas outras maneiras também. Você deve fazer isto durante todo o tempo.
19 – Permita-se brincar, divertir. Seja extravagante, não seja normal. Faça do seu dia uma novidade. Crianças DA adoram novidades. Elas respondem às novidades com entusiasmo. Isto ajuda a manter a atenção – tanto a delas quanto a sua. Estas crianças são cheias de vida, elas adoram brincar. E acima de tudo, elas detestam ser molestadas. Muitos dos tratamentos para elas envolvem coisas chatas como estruturas, programas, listas e regras. Você deve mostrar a elas que estas coisas não estão necessariamente ligadas às pessoas, professores ou aulas chatas. Se você, às vezes, se fizer de bobo, poderá ajudar muito.
20 – Novamente, cuidado com a superestimulação. Como um barro de vaso no forno, a criança pode ser queimada. Você tem que estar preparado para reduzir o calor. A melhor maneira de lidar com o caos na sala de aula é, em primeiro lugar, a prevenção.
21 – Esforce-se e não se dê satisfeito, tanto quanto puder. Estas crianças convivem com o fracasso e precisam de tudo de positivo que você puder oferecer. O fracasso não pode ser super enfatizado: estas crianças precisam e se beneficiam com os elogios. Elas adoram o encorajamento. Elas absorvem e crescem com isto. E sem isto, elas retrocedem e murcham. Frequentemente, o mais devastador aspecto da DA não é DA propriamente dita e sim o prejuízo à autoestima. Então, alimente estas crianças com encorajamento e elogios.
22 – A memória é frequentemente um problema para eles. Ensine a eles pequenas coisas como mnemônicos, cartões de lembretes, etc. Eles normalmente têm problemas com o que Mel Levine chama de Memória do Trabalho Ativa, o espaço disponível no quadro da sua mente, por assim dizer. Qualquer coisa que você inventar – rimas, códigos, dicas – pode ajudar muito a aumentar a memória.
23 – Use resumos. Ensine resumido. Ensine sem profundidade. Estas técnicas não são fáceis para crianças DA, mas, uma vez aprendidas, podem ajudar muito as crianças a estruturar e moldar o que está sendo ensinado, do jeito que é ensinado. Isto vai ajudar a dar à criança o sentimento de domínio durante o processo de aprendizagem, que é o que elas precisam, e não a pobre sensação de futilidade que muitas vezes definem a emoção do processo de aprendizagem destas crianças.
24 – Avise sobre o que vai falar antes de falar. Fale. Então fale sobre o que já falou. Já que muitas crianças com DA aprendem melhor visualmente do que pela voz, se você puder escrever o que será falado e como será falado, isto poderá ser de muita ajuda. Este tipo de estruturação põe as ideias no lugar.
25 – Simplifique as instruções. Simplifique as opções. Simplifique a programação. O palavreado mais simples será mais facilmente compreendido. E use uma linguagem colorida. Assim como as cores, a linguagem colorida prende atenção.
26 – Acostume-se a dar retorno, o que vai ajudar a criança a se tornar auto-observadora. Crianças com DA tendem a não ser auto-observadoras. Elas normalmente não têm ideia de como vão ou como têm se comportado. Tente informá-las de modo construtivo. Faça perguntas como: Você sabe o que fez? ou Como você acha que poderia ter dito isto de maneira diferente? ou Você acha que aquela menina ficou triste quando você disse o que disse? Faça perguntas que promovam a auto-observação.
27 – Mostre as expectativas explicitamente.
28 – Um sistema de pontos é uma possibilidade de mudar parte do comportamento (sistema de recompensa para as crianças menores). Crianças com DA respondem muito bem às recompensas e incentivos. Muitas delas são pequenos empreendedores.
29 – Se a criança parece ter problemas com as dicas sociais – linguagem do corpo, tom de voz, etc – tente discretamente oferecer sinais específicos e explícitos, como uma espécie de treinamento social. Por exemplo, diga antes de contar a sua história, procure ouvir primeiro a de outros ou olhe para a pessoa enquanto ela está falando. Muitas crianças com DA são vistas como indiferentes ou egocêntricas, quando de fato elas apenas não aprenderam a interagir. Esta habilidade não vem naturalmente em todas as crianças, mas pode ser ensinada ou treinada.
30 – Aplique testes de habilidades.
31 – Faça a criança se sentir envolvida nas coisas. Isto vai motivá-la e a motivação ajuda o DA.
32 – Separe pares ou trios ou até mesmo grupos inteiros de crianças que não se dão bem juntas. Você deverá fazer muitos arranjos.
33 – Fique atento à integração. Estas crianças precisam se sentir enturmadas, integradas. Tão logo se sintam enturmadas, se sentirão motivadas e ficarão mais sintonizadas.
34 – Sempre que possível, devolva as responsabilidades à criança.
35 – Experimente um caderno escola – casa – escola. Isto pode contribuir realmente para a comunicação pais – professores e evitar reuniões de crises. Isto ajuda ainda o frequente retorno de informação que a criança precisa.
36 – Tente utilizar relatórios diários de avaliação.
37 – Incentive uma estrutura do tipo autoavaliação. Troca de ideias depois da aula pode ajudar. Utilize também os intervalos de aula.
38 – Prepare-se para imprevistos. Estas crianças necessitam saber com antecedência o que vai acontecer, de modo que elas possam se preparar. Se elas, de repente, se encontram num imprevisto, isto pode evitar excitação e inquietação.
39 – Elogios, firmeza, aprovação, encorajamento e suprimento de sentimentos positivos.
40 – Com as crianças mais velhas, faça com que escrevam pequenas notas para eles mesmos, para lembrá-los das coisas. Essencialmente, eles anotam não apenas o que é dito a eles, mas também o que eles pensam. Isto pode ajudá-los a ouvir melhor.
41 – Escrever à mão às vezes é muito difícil para estas crianças. Desenvolva alternativas. Ensine como utilizar teclados, faça ditados, aplique testes orais.
42 – Seja como um maestro: tenha a atenção da orquestra antes de começar. Você pode utilizar do silêncio ou bater o seu giz ou régua para fazer isto. Mantenha a turma atenta, apontando diferentes partes da sala como se precisasse da ajuda deles.
43 – Sempre que possível, prepare para que cada aluno tenha um companheiro de estudo para cada tema, se possível com o número do telefone (adaptado de Gary Smith).
44 – Explique e dê o tratamento normal a fim de evitar um estigma.
45 – Reúna com os pais frequentemente. Evite o velho sistema de se reunir apenas para resolver crises ou problemas.
46 – Incentive a leitura em voz alta em casa. Ler em voz alta na sala de aula tanto quanto for possível. Faça a criança recontar histórias. Ajude a criança a falar por tópicos.
47 – Repetir, repetir, repetir.
48 – Exercícios físicos. Um dos melhores tratamentos para DA, adultos ou crianças, é o exercício físico. Exercícios pesados, de preferência. Ginástica ajuda a liberar o excesso de energia, ajuda a concentrar a atenção, estimula certos hormônios e neurônios que são benéficos. E ainda é divertido. Assegure-se de que o exercício seja realmente divertido, porque deste modo a criança continuará fazendo para o resto da vida.
49 – Com os mais velhos, a preparação para a aula deve ser feita antes de entrar na sala. A melhor ideia é que a criança já saiba o que vai ser discutido em um certo dia e o material que provavelmente será utilizado.
50 – Esteja sempre atento às dicas do momento. Estas crianças são muito mais talentosas e artísticas do que parecem. Elas são cheias de criatividade, alegria, espontaneidade e bom humor. Elas tendem a ser resistentes, sempre agarradas ao passado. Elas tendem a ser generosas de espírito, felizes de poder ajudar alguém. Elas normalmente têm algo especial que engrandece qualquer coisa em que estão envolvidas.
Lembre-se de que no meio do barulho existe uma sinfonia, uma sinfonia que precisa ser escrita.
O termo Hiperatividade é muitas vezes utilizado de maneira inadequada, designando crianças com comportamento agitado aliado a dificuldades de concentração e aprendizagem. Com o objetivo de verificar qual nível de conhecimento que os professores possuem a respeito deste conceito, realizou-se o presente estudo que teve como sujeitos 14 professores da rede pública e privada de ensino, que lecionavam no primeiro grau. O material utilizado foi um questionário com questões abertas que versavam sobre o distúrbio da Hiperatividade. No procedimento, foi utilizada a aplicação individual do instrumento aos sujeitos.
Os resultados demonstraram que a totalidade dos sujeitos não possui nenhuma informação das possíveis causas médico-neurológicas deste distúrbio, tendendo a classificar a criança hiperativa sem uma fundamentação consistente. Os sujeitos definiram basicamente este distúrbio através de descrições de aspectos comportamentais e fisiológicos ou relacionarem a aspectos emocionais e intelectuais. Todos os sujeitos indicaram características corretas da hiperatividade, porém uma pequena parte dos sujeitos relatou não ter certeza se já tiveram contato anterior ou não com crianças com este distúrbio.
Neste sentido, uma parcela não significativa dos sujeitos admitiu não saber identificá-las, embora também afirmem já terem trabalhado com algumas delas. Os dados permitem concluir que os sujeitos não possuem um mínimo de informação a respeito da hiperatividade, fato este que dificulta a percepção e o consequente trabalho dos docentes com crianças com este tipo de distúrbio.
Autores: Marcelo Cunha Bueno e Fernando Lage Bastos
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