Toda proposta pedagógica é sempre orientada por pressupostos teóricos que explicitem as concepções de criança, de educação e sociedade.
Recorre-se sempre para sua formulação à: história, sociologia,
antropologia e psicologia, pois indicam o delineamento da proposta.
Bases Teóricas
Situando a educação de crianças de 4 a 6 anos no Brasil.
Contribuição da visão histórica – Nos últimos 50 anos, a educação passou a ser encarada como dever do Estado e direito de todos os cidadãos, situando-se nesse aspecto a educação elementar de 4 a 6 anos de duração (antiga escola primária).
– Criação da L.D.B.
– Década de 70 – reconhecimento da educação para crianças de 4 a 6 anos, mas não assegurada pela legislação.
Atual momento histórico: Necessidade de ampliação da oferta de educação para crianças de 0 a 6 anos, garantindo acesso e permanência.
Contribuições da Sociologia
Contribuições da Sociologia: Há uma estreita relação entre educação e sociedade.
O trabalho pedagógico precisa se orientar por uma visão das crianças como seres sociais, indivíduos que vivem em sociedade, cidadãs e cidadãos.
Recomenda-se trabalhar em grupos com as crianças para que tenham uma ação construtiva, desenvolvendo a autonomia, cooperação e solidariedade com as demais. Valorização dos jogos e da formação ética e moral.
Para mais informações sobre a importância da educação, consulte Educação: meio de disseminação da cultura.
Contribuição da Psicologia
Contribuição da Psicologia: Os estudos provenientes da psicologia têm dado contribuições bastante relevantes que nos permitem conhecer o desenvolvimento infantil nas diferentes áreas (sensório-motora, sócio-afetiva, simbólica e cognitiva).
Permitem compreender de que modo e forma as crianças constroem seu conhecimento como sujeitos ativos do ponto de vista sócio-afetivo, cognitivo, linguístico, psicomotor etc.
É responsabilidade da proposta pedagógica oferecer ambiente para os respectivos desenvolvimentos.
Contribuições Antropológicas
Contribuições Antropológicas: Os estudos antropológicos exigem que levemos em conta o contexto de vida mais imediato das crianças e as próprias características específicas dos professores e da escola como instituição.
Compreendendo cada criança a partir de suas experiências e condições concretas de vida.
Colaboração da família no conhecimento e colaboração na montagem da proposta pedagógica, prezando pelo critério único como requisito para uma educação democrática.
DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS À EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR
A prática pedagógica é contrária e de difícil adaptação e está sempre em movimento. Está sempre referenciada em alguns princípios.
A educação se alimenta de várias ciências, norteadas por um eixo político e movida pela história.
Várias são as fontes de influências às teorias educacionais e as tendências pedagógicas nelas fundamentadas.
A tendência romântica: A pré-escola é um jardim, as crianças são as flores ou sementes, a professora é a jardineira – A educação deve favorecer o desenvolvimento natural.
Essa tendência se identifica com o próprio surgimento da educação pré-escolar. Nasce no século XVIII, num contexto em que os princípios do liberalismo, no plano filosófico.
Fundamentos da Escola Nova (século XIX e XX)
- Valorização dos interesses e necessidades das crianças;
- Defesa da ideia do desenvolvimento natural/ênfase no caráter lúdico das atividades infantis/crítica à Escola Tradicional (aquisição de conteúdos);
Froebel (1782-1852) defendia a ideia da evolução natural da criança e enfatizava a importância do lúdico simbolismo infantil. Sua proposta – currículo de atividades. Jardim de infância – lugar de agrupar as crianças.
Decroly (1871-1932) destacava o caráter global das atividades infantis e a função de globalização do ensino. Sua proposta (pedagógica) organiza a escola por “centros de interesse”, onde a criança possa ter três momentos: observação/associação/expressão.
– Para Decroly “a sala de aula está em toda parte”. O objetivo do trabalho escolar é a aquisição do conhecimento.
Destes princípios derivam as diretrizes metodológicas de Montessori, que estão calcadas na importância da escola ativa, na visão de que a criança “absorve” o meio, na noção de “silêncio” e autocontrole (para Montessori uma conquista), capacidade de concentração e disciplina.
Este autor deu grandes contribuições, mas observa-se seu limite por não levar em consideração a heterogeneidade social e o papel político que a pré-escola desempenha no contexto mais amplo da educação e da sociedade brasileira.
Tendência Cognitiva
A criança é o sujeito que pensa e a pré-escola o lugar de tornar as crianças inteligentes – A educação deve favorecer o desenvolvimento cognitivo. A aprendizagem é construída por estágios que devem ser respeitados.
Discípulos – Jean Piaget (fontes inspiradoras). Para Piaget, o desenvolvimento resulta de combinações entre aquilo que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio.
Interacionismo: (organização interna e adaptação ao meio) Piaget – os estágios evoluem como uma espiral, de maneira que cada estágio engloba o anterior e amplia.
Principais objetivos da educação: formação de homens “críticos, inventivos e descobridores”. Desenvolvimento da inteligência (prioridade no trabalho).
Emília Ferreiro: (pesquisadora argentina) sua obra pode ser considerada continuadora de Piaget, na área da construção da linguagem escrita. Ferreiro tem conferido grandes contribuições extremamente relevantes à questão da alfabetização.
A Tendência Crítica
A pré-escola é um lugar de trabalho, a criança e o professor são cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis. A educação deve favorecer a transformação do contexto social.
– Proposta muito recente no Brasil. Uma das propostas pedagógicas que mais tem trazido contribuições a essa discussão é a de Celestin Freinet.
Freinet foi criador, na França, do movimento da escola moderna, que atinge atualmente professores dos vários graus (da pré-escola à universidade). Seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular.
Críticas de Freinet à “Escola Tradicional”: denuncia as práticas, os manuais e os prédios escolares como os produtores de “doenças” escolares graves, tais como a dislexia, anorexia escolar etc.
– Crítica à proposta da Escola Nova (Decroly e Montessori).
Freinet constrói uma pedagogia, não cria um método como calminho fechado, mas técnicas construídas lentamente como base na experimentação e documentações, que fornecem à criança instrumentos para aprofundar seu conhecimento e desenvolver a ação.
Freinet destaca a extrema importância da participação e integração entre famílias/comunidade e escola.
Proposta pedagógica de Freinet: centra-se em técnicas, dentre as quais pode-se citar: aulas passeio, desenho livre, etc.
Currículo da Pré-escola: elaborado levando em conta as características específicas das crianças e do momento em que vivem (seu desenvolvimento psicológico).
Conclusão
Mais importante do que adotar uma metodologia pré-elaborada é construir na prática pedagógica aquela metodologia apropriada às condições, necessidades e objetivos formulados.
Para saber mais sobre a formação de professores, acesse Formação de professores na teoria histórico-crítica de Saviani.
Se você está em busca de materiais pedagógicos, considere explorar opções de materiais educativos que podem enriquecer sua prática.
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