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Atualizado em 18/10/2012

FREUD E O PAPEL DA BRINCADEIRA

Descubra como a brincadeira cria um lugar seguro para a exploração de sentimentos complexos. Saiba mais sobre a visão de Sigmund Freud sobre o papel da brincadeira, a sua influência no desenvolvimento e a importância da compreensão dos seus significados. Clique agora para ler mais!

Freud e o Papel do Brincar


O PAPEL DO BRINCAR

As fontes do conhecimento infantil são múltiplas, mas é no ato de brincar que a criança, de forma privilegiada, apropria-se da realidade imediata, atribuindo-lhe significado. As brincadeiras permitem que a criança desenvolva imaginação, afetos, competências cognitivas e interativas, à medida que tem a oportunidade de vivenciar diferentes papéis.

Outra importante função da atividade lúdica é a elaboração de conflitos e ansiedades, e a criança demonstra ativamente, enquanto brinca, o que sofre passivamente. Brincando, as crianças constroem seu próprio mundo, resignificam e reelaboram os acontecimentos que deram origem à vivência e sentimentos.

A brincadeira, como eixo da proposta educativa, é um conceito bastante utilizado. Friedrich Froebel (Alemanha, 1782 – 1852), criador do jardim de infância, defendia o uso pedagógico de jogos e brinquedos organizados e sutilmente dirigidos pelo professor. Durante as décadas subseqüentes, vários educadores alertaram para a importância do lúdico na Educação.

Brincar favorece a auto-estima da criança e a interação com seus pares, propiciando situações de aprendizagem que desafiam suas capacidades cognitivas. Por meio do jogo simbólico, elas aprendem a agir, têm a curiosidade estimulada, adquirem iniciativa e exercitam sua autonomia. Os brinquedos são ferramentas e parceiros silenciosos que desafiam a criança, possibilitam descobertas e a compreensão de que o mundo está cheio de possibilidades e de oportunidades para a expansão da criatividade.

A criança deve brincar em todos os espaços da creche, pré –escola, inclusive na brinquedoteca, quando a instituição dispuser de uma.

No entanto, é necessária sensibilidade por parte dos professores para acolherem suas iniciativas. Quando despreparados, tendem a interferir demais nas brincadeiras, dirigindo a atividade.


A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja presente na escola desde a educação infantil para que o aluno possa se colocar e se expressar através de atividades lúdicas – considerando-se como lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a expressão corporal, ou seja, atividade que mantenham a espontaneidade das crianças.

Na escola, é possível o professor se soltar e trabalhar os jogos como forma de difundir os conteúdos. Para isso, são necessários três pontos fundamentais: vivência, percepção e sentido, reflexão em cima da vivência. Ou seja, o educador precisa selecionar situações importantes dentro da vivência em sala de aula; perceber o que sentiu e de que forma isso influencia o processo de aprendizagem; além de compreender que no vivenciar, no brincar, a criança é mais espontânea.


É BRINCANDO QUE SE APRENDE

Qualquer coisa pode ser um brinquedo. Não é preciso que seja comprado em lojas. Na verdade, muitos dos brinquedos que se vendem em lojas não são brinquedos precisamente por não oferecer desafio algum.

Há brinquedos que são desafios ao corpo, à sua força, habilidade e paciência. E há brinquedos que são desafios à inteligência. A inteligência gosta de brincar. Brincando ela salta e fica mais inteligente ainda. Brinquedo é tônico para a inteligência. Mas se ela te de fazer coisas que não são desafio, fica preguiçosa e emburrecida. Todo conhecimento científico começa com um desafio: um enigma a ser decifrado. Aconteceu assim com um monge chamado Mendel. No seu mosteiro havia uma horta onde cresciam ervilhas, pensavam em sopa. Mas Mendel percebeu que elas escondiam um segredo. Ele tanto fez que acabou por descobrir o segredo que nos revelou o incrível mundo da genética. E é esse mesmo jogo que faz a criança que está começando a ler. Ela olha para as palavras – ervilhas-e tenta decifrar a palavra que elas formam.

Brincando, as crianças constroem seu próprio mundo e os brinquedos são ferramentas que contribuem para esta construção. É com os brinquedos que elas começam a desenvolver sua criatividade e sua habilidade para mudar o futuro. Quando as crianças têm oportunidade de brincar, individualmente ou em grupos, vivem experiências que enriquece sua sociabilidade e sua capacidade de tornarem-se pessoas mais criativas.

Os brinquedos fazem com que as crianças compreendam que o mundo está cheio de possibilidades e que eles, brinquedos, simbolizam as oportunidades de expansão da criatividade do homem.


DIREITO À BRINCADEIRA

Baseando-se nos Referenciais Curriculares de Educação Infantil, aparecem os seguintes direitos:

  • Entender a brincadeira como uma atividade com um fim em si mesma;
  • Prever espaço, tempo, periodicidade (no mínimo diária) e materiais destinados às brincadeiras das crianças;
  • Prever organização, reposição e manutenção de materiais;
  • Prever a intervenção dos adultos nestes momentos apenas no sentido de garantir direitos equivalentes a tidas as crianças, assim com sua segurança;
  • Prever a participação do adulto com parceiro, quando estiver disposto a isso;
  • Instigar, aguçar a fantasia, a curiosidade, o espírito de investigação, a criatividade.


FREUD

Neurologista e psiquiatra austríaco (6/5/1856-23/9/1939). É o fundador da psicanálise. Nasce em Freiburg, na Morávia, e estuda medicina em Viena. Em 1885 vai para Paris, onde se dedica ao estudo da histeria e ao uso da hipnose no tratamento de distúrbios mentais. De volta a Viena, em 1886, passa a buscar explicações psicológicas para as desordens mentais, atividade que denomina psicanálise. Em Estudos sobre Histeria (1895), descreve os sintomas da doença como manifestação de energia emocional não descarregada, ligada a traumas psíquicos esquecidos. Substitui a hipnose pela análise dos sonhos e pelo processo mental de associação de idéias para revelar o papel do inconsciente na raiz do distúrbio. Suas teses sobre a participação do inconsciente nas ações humanas e sobre a relação dos impulsos sexuais com as neuroses atraem a crítica do meio científico, o que não o impede, no entanto, de usar suas teorias para interpretar a cultura, a mitologia, a religião, a arte e a história do passado e de seu tempo. Foi o primeiro a descobrir as propriedades psíquicas das brincadeiras, ao observar uma criança de dezoito meses brincando com um carretel de linha. Esta criança jogava o carretel até uma distância onde não conseguia vê-lo. Diante de sua ausência, a criança expressava tristeza. Logo depois, ela puxava a linha e o carretel voltava para si, deixando-a extremamente alegre. Fazia o carretel aparecer e desaparecer de seu campo visual repetidas vezes, o ele percebeu ser uma brincadeira utilizada para que a criança elaborasse as situações de distanciamento da mãe. O brinquedo permitia que ela jogasse a mãe (carretel) para longe de si, descarregando assim suas fantasia agressivas, e a recuperasse, satisfazendo então o seu amor. A criança era dona da situação e podia elaborar a sua angústia diante de cada afastamento materno, a angústia de separação. Em 1903 funda a Sociedade Psicanalítica de Viena e ganha adeptos. Em 1938, com a Áustria ocupada pelos alemães, foge para a Inglaterra, como tantos outros judeus. Morre em Londres no ano seguinte.


DESCOBERTA FUNDAMENTAL

Comprovou-se que o bebê passava entre os sete e doze meses, por um período em que a genitalidade era muito importante e apresentava suas formas de descarga adequadas. Entre elas, uma das mais significativas era o brincar, não de um modo geral e sim de maneira específica, como: colocar e retirar coisas, introduzir objetos penetrantes em orifícios, encher recipientes com pequenos objetos, explorar buracos.

Durante todo o primeiro ano de vida, os interesses da criança se centralizavam nos alimentos e nos prazeres e exigências derivados da fase oral: chupar, morder, beijar, lamber, explorar os objetos com a boca. A experiência demonstrou que isso se processava assim e de maneira intensa até a aparição dos dentes, para então, dar lugar a novos interesses. Aparecia, por exemplo, uma necessidade imperiosa de explorar o corpo, tanto o seu como o dos outros, o que a levava a descobrir no seu os genitais.

Desta zona genital, surgiram exigências que tendiam à satisfação, e que a criança, além de conhecer a diferença de sexos, também tinha seu modo de expressar formas de procurar satisfazê-lo, o que demonstrava conhecer suas funções sexuais. Tais excitações e exigências necessitavam de descarga, que de acordo com a maturação e o desenvolvimento, eram específicas para cada idade.

Parte das necessidades genitais se satisfaz com a masturbação, como o mostrar seu corpo e demonstrar curiosidade pelo dos outros. Outras necessidades se satisfazem graças à identificação projetiva com a figura dos pais unidos e, por último, com a atividade lúdica,na qual conseguem a união simbólica dos sexos.Ao mesmo tempo surgia a aprendizagem do movimento e a necessidade de se deslocar no espaço, que acarretava, por sua vez, uma nova série de exigências: movimentar-se, exercitar a força, manipular objetos, às vezes com violência.Ao surgirem às novas necessidades era necessário atendê-las para que o desenvolvimento seguisse o seu curso normal e, se estas eram descuidadas, a criança apresentava distúrbios.
O BRINQUEDO

O brinquedo possui muitas características dos objetos reais, mas pelo seu tamanho, pelo fato de que a criança exerce domínio sobre ele, pois o adulto concede-lhe a qualidade de algo próprio e permitido, transforma-se no instrumento para domínio de situações penosas, difíceis, traumáticas, que se engendram na relação com os objetos reais. Também o brinquedo é substituível e permite que a criança repita, à vontade, situações prazerosas e dolorosas que, entretanto, ela por si mesma não pode reproduzir no mundo real.

Freud foi o primeiro a descrever este mecanismo psicológico de brincar quando interpretou o brinquedo da criança de dezoito meses (como já citado), corresponde a motivos psicológicos profundos ,pois, neste momento, o bebê atravessa uma etapa de desenvolvimento chamada “posição depressiva” , na qual tenta elaborar a necessidade de se desprender da relação única com a mãe para poder passar para a relação com o pai; deste modo, se estabelece a tríade mãe-pai-filho, que é a base das futuras relações do indivíduo com o mundo.

Desprender-se da situação única com a mãe e orientar-se para o pai abre à criança o caminho de interesses múltiplos no mundo exterior e lhe permite formar laços com pessoas e objetos cada vez mais variados e rumorosos. Estas novas relações e todas as situações de mudança mencionadas despertam ansiedade e, de diversos modos, o brinquedo oferece a possibilidade de elaborá-las. A canalização de afetos e conflitos para objetos que ela domina e que são substituíveis cumpre a necessidade de descarga e de elaboração, sem por em perigo a relação com seus objetos originários. Com o crescimento surgem novos interesses, novas situações de mudança e os brinquedos se modificam.

A substituição do objeto originário, cuja perda é temida e lamentada, por outros mais numerosos e substituíveis, a distribuição de sentimentos em múltiplos objetos e a elaboração de sentimentos de perda através da experiência e recuperação.

Usando o mecanismo da identificação projetiva, as crianças fazem transferências positivas e negativas para os objetos conforme estes excitem ou aliviem sua ansiedade e este mecanismo é à base de toda sua relação com os objetos originários. Através das personificações no brinquedo observa-se como o objeto pode modificar-se com rapidez, de bom para mau, de aliado para inimigo. Por isto, o brinquedo infantil, quando normal, progride constantemente para identificações cada vez mais aproximadas da realidade.

O ludo simboliza para a criança o manejo de suas forças na luta de adaptação e conquista do mundo.

Os adultos fabricam os brinquedos das crianças, como o chocalho e a bola. Alguns permanecem sem modificações através dos anos. Outros são cópias de situações novas e vão cumprindo as necessidades dos adultos de elaborar a inclusão de novas situações de perigo.
AS FEZES E A URINA

As fezes e urina que o corpo elabora, também são modelos fantasiados do que seja a concepção. Entram alimentos em sua boca, passam através do corpo e saem transformados, sólidos, suscetíveis de originar formas; transformam-se no símbolo de sua capacidade criadora. A criança ama e teme as substâncias que saem de seu corpo. Se elas estão condenadas a desaparecer devido às proibições dos adultos, a criança busca na água, na terra e areia os substitutos permitidos das fezes e da urina. Água, terra e areia passam do estado de puras substâncias para adquirir aspecto de objetos. Serão crianças, castelos, animais selvagens, líquidos com poderes mágicos, etc. Mais tarde o adulto lhe fornecerá uma assa especial com a qual pode modelar. Seu ventre fecundo e o da mãe vão tomando o primeiro plano. A fecundidade, conseqüência da união, começa a interessá-la. Aparecem os tambores e bolas como brinquedos prediletos que simbolizam tal ventre.

Entre onze e dezoito meses, usa uma tampa e uma colher para percutir como tambor e isso serve às suas necessidades de descarga motriz, além do que, sendo inquebrável, facilita esta descarga, pois percebendo a realidade de que não se destrói, diminui na criança o temor a suas tendências destrutivas e, por conseguinte, também sua culpa.

Ao final do primeiro ano o globo e depois a bola constituirão o centro de seus interesses. As fantasias de união vão dando origem ao forte desejo de ter um filho. Seu próprio corpo está simbolizado nas formas esféricas. As aprendizagens da maternidade e da paternidade começam com as brincadeiras e jogos com bonecas e animais que corporificam os filhos imaginários. Vasilhas, pratos, talheres servem para receber e dar alimento aos filhos imaginários ou para submetê-los a privações. Esta experiência de alimentar e ser alimentado traz também experiências de perda e recuperação.

Com aproximadamente dois anos, começam a interessar-lhe os recipientes que utiliza para derramar substâncias de um lugar para outro. Esta atividade lúdica pode ser tomada como indício de que espera e necessita aprender a controlar os esfíncteres, isto é, adquirir a capacidade de entregar à sua vontade os conteúdos do corpo.
COMPARAÇÃO

Comparando a criança – Gabriel, 17 meses- com as teorias de Freud, compreendemos que a criança não brinca só por ser prazeroso, mas também ajuda com que a criança supere situações traumáticas.

O brinquedo deixa de ser um objeto neutro e passa a agregar-se na história da criança. A brincadeira é uma fonte de gratificação.

Por diversas vezes o Gabriel, pegava as peças de encaixe em cima da mesa e as jogava no chão; segundo Freud, a criança estava num processo de Mais Além do Princípio do Prazer, onde diz que os símbolos, imagens, objetos e gestos não são neutros; mas se apresentam sempre erotizados. Esta erotização inicia os circuitos libidinais de repetição.

O Gabriel se encontra na fase oral, segundo Freud; esta fase vai do 0 até 18 meses, onde a fonte de prazer é a boca, pois ele pegava as peças e colocava-as na boca. Em outro momento começou a chorar e colocou os dedos na boca. E que em vários momentos o Gabriel utiliza-se desses fatores, por exemplo: em um certo momento, ele chorou, levou sua mão à boca, colocou o dedo no buraco da cadeira e em seguida chupou o dedo. Baseando-se na incorporação oral; como identificação, está relacionada a uma ação de conhecimento, de atitudes de posses, que em certas circunstâncias o Gabriel, toma atitudes em que quer ter a posse do brinquedo que está com o outro amiguinho. Ele tem várias atitudes repentinas, visando sempre ter a posse dos brinquedos.

Através desse trabalho conclui que a atividade lúdica exerce grande influência no desenvolvimento social da criança.

A criança quando brinca, tonifica seus prazeres e torna sua vivência mais feliz. Devemos respeitar as suas criatividades, assim se tornará mais proveitoso o que se aprende.

A pessoa que não brinca, é um ser incompleto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOCK, Ana Maria. Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. 12º edição. 1999.São Paulo.Ed. Saraiva.

SANTO, Joana Maria Rodrigues Di. Resenha do livro: A criança e seus jogos. São Paulo.

Revista Páginas Abertas: edição especial; ano 28; nº 19; 2003; editora Paulus

DIÁRIO DO GRANDE ABC. Sexta-feira. 26 de Setembro de 2003. Diário na Escola.

Referenciais Curriculares de Educação Infantil.

Fontes Para a Educação Infantil; Brasília; UNESCO; São Paulo; editora Cortez; São Paulo; Fundação Orsa; 2003.

Autor: Danielle Lopes da Silva

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