Segundo Maria Tereza Maldonado, em seu livro Comunicação entre Pais e Filhos, existem treze formas insatisfatórias de comunicação na relação pais-filhos, como também em qualquer outra relação marido-mulher, professor-aluno, chefe-funcionário.
1. Dar Ordens
Quando os pais ficam em cima da criança/adolescente dizendo o tempo todo o que fazer, pode provocar um desgaste, as ordens ficam cada vez menos eficazes e mais repetitivas. Além disso, o excesso de ordens pode causar resistência e rebeldia e, neste contexto, o relacionamento acaba se tornando uma luta pelo poder.
“Dar ordens é como dar antibióticos: se utilizadas em doses adequadas quando necessário, surtem bons efeitos; quando usadas e abusadas, fazem mal e tornam a pessoa insensível a elas”.
2. Ameaçar
Acontece quando a pessoa sente que está perdendo o controle da situação e quer mudar o comportamento considerado indesejável. Neste caso, também ocorre o desgaste e a criança/adolescente tende a testar a ameaça para ver se ela realmente irá ser cumprida.
Existe a ameaça de sofrer alguma privação ou a promessa de receber algo em troca diante de um comportamento desejado pelos pais. Ambas só fazem a criança agir por medo ou interesse e não porque entende que é o mais adequado, o melhor para a vida.
3. Dar Lição de Moral
É dado com o objetivo de orientar os filhos a um bom comportamento. É apresentada como uma lei máxima, que a criança/adolescente muitas vezes aceita como tal e, depois, quando não consegue realizar da forma como foi orientado, se sente inferiorizado, culpado, desajustado.
“Os sermões estereotipados são mensagens ocas, que ensinam muito pouco porque provocam resistência e irritação: Entra por um ouvido e sai pelo outro”.
4. Dar Sugestões
Vem da necessidade dos pais em orientar os filhos de acordo com o que acham importante para eles. E com isso acabam revelando na criança/adolescente uma descrença na sua capacidade de saber o que é bom para si.
“Quando a criança sente a sugestão como intromissão e desrespeito à sua individualidade, tende a resistir e insistir em se opor para defender sua opinião”.
5. Persuadir
“É convencer o outro a mudar de ideia ou de comportamento por meio da argumentação lógica”.
A persuasão pode ser eficaz em várias situações onde atinge a motivação, quando tem sentimentos fortes envolvidos, mas ela não favorece mudanças significativas, quando para a criança/adolescente é mais importante fazer o que é errado só para ser aceito por um grupo, por exemplo.
6. Negar Percepções
Para aliviar o sofrimento ou a dor do filho. Porém, o que acaba conseguindo é transmitir a incompreensão. A criança pode se magoar e procurar outra pessoa para entendê-la.
Algumas crianças aproveitam dessa situação para conseguir dos pais o que querem. A longo prazo, o uso desta comunicação pode provocar dificuldade de discriminação e confusão.
A criança acaba não compreendendo os sinais do seu próprio corpo e assim demorando para avisar um “problema” ou achando tudo um “problema”.
7. Consolar e Dar Falso Apoio
Também para minimizar sofrimento e dor. Tenta-se reduzir a intensidade dos sentimentos dolorosos, como se isso fosse diminuir a própria culpa dos pais diante da dor da criança. Querem dar alívios a si mesmos.
Na verdade, essa mensagem não consola e nem dá apoio verdadeiro, apenas bloqueia a comunicação, podendo provocar no filho sentimentos de incompreensão, afastamento e corte.
8. Distrair, Fugir do Problema
Acredita-se que distraindo a criança, afastando-a do foco do problema, conseguirá aliviá-la, mas o sentimento continua existindo e a criança se vê obrigada a sufocá-lo. Assim, ela não expressa o que sente e, portanto, não deixa de sentir, podendo até intensificá-lo.
Com o uso abusivo desta comunicação, a criança pode usar de fuga e distração como tática com seus familiares.
9. Criticar e Ofender
Critica-se, acusa-se ou julga-se os filhos, na esperança de modificar um comportamento ou sentimento. Porém, crianças/adolescentes “ficam revoltados quando são sistematicamente comparados com irmãos, amigos ou até mesmo com os próprios pais”.
Quando a crítica é usada com excesso, diversos efeitos no desenvolvimento da personalidade e na construção do relacionamento podem ocorrer. As formas de comunicação utilizadas com os filhos são rapidamente interiorizadas e utilizadas por eles. Um dos piores efeitos é prejudicar a construção da autoimagem, o filho se vê de forma depreciativa, inferior.
10. Ridicularizar e Apelidar Depreciativamente
Também faz efeitos catastróficos na autoimagem. “Os apelidos depreciativos rotulam e catalogam determinadas características e atingem os pontos vulneráveis das pessoas, deixando-as abaladas por muito tempo”.
11. Elogiar
Generaliza-se de forma indevida, pois ninguém pode ser exemplar, maravilhoso, bonzinho o tempo todo. Com o tempo, “a criança pode internalizar uma superexigência e uma autocrítica impiedosa”.
A criança/adolescente pode se sentir culpada, como se tivesse que representar um papel falso, para não decepcionar o outro. Também pode acontecer do filho ter dificuldade de desenvolver a capacidade de autoavaliação.
12. Fazer Perguntas
Quando se faz perguntas em tom interrogativo, se expressa desconfiança. Parte-se do pressuposto de que o outro está sempre errado, gerando tensão, temor e fechamento como medida de proteção.
13. Enviar Mensagens Contraditórias
“Provocam confusão e dificuldade de discriminação”. Dizer para o filho fazer algo que os pais não fazem é o mesmo que não dizer. Todas as pessoas aprendem pelo exemplo mais do que pela orientação falada, então, se o exemplo não condizer com a ação, os filhos não farão o que os pais estão solicitando, orientando.
Referência
MALDONADO, M. T. Comunicação entre Pais e Filhos: a linguagem do sentir. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
Autor: DERMIVAL ALMEIDA
Para melhorar a autoestima do seu filho, é importante entender como a comunicação pode afetar o relacionamento. Confira também dicas para melhorar a autoestima do seu filho.
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