Planos de Aula BNCC

Acolhimento e Adaptação na Educação Infantil

Descubra as melhores práticas para promover um acolhimento e adaptação de crianças na educação infantil, desenvolvendo habilidades fundamentais para um ambiente escolar saudável e feliz.

Acolhimento e Adaptação na Educação Infantil

ACOLHIMENTO0

“A adaptação pode ser entendida como o esforço que a criança realiza para ficar, e bem, no espaço coletivo, povoado de pessoas grandes e pequenas desconhecidas. Onde as relações, regras e limites são diferentes daqueles do espaço doméstico a que ela está acostumada. Há de fato um grande esforço por parte da criança que chega e que está conhecendo o ambiente da instituição, mas ao contrário do que o termo sugere não depende exclusivamente dela adaptar-se ou não à nova situação. Depende também da forma como é acolhida” (ORTIZ, Revista Avisa Lá).

I – Introdução

Este documento tem como objetivo subsidiar as discussões da equipe escolar, trazendo princípios e aspectos do acolhimento para reflexão. Por ser imprescindível a uma educação de qualidade, este tema precisa ser pensado e estudado por todos os envolvidos no cotidiano escolar: pais, professores, funcionários e alunos. Precisa também ser discutido a partir das vivências realizadas para favorecer uma atuação adequada e coesa, na qual toda a equipe escolar esteja preparada para as situações que possam ocorrer. É importante ressaltar que a síntese das discussões e decisões da equipe escolar precisa estar registrada no PPP da escola, pois é este documento que valida suas ações.

Historicamente, temos na rede de ensino de São Bernardo do Campo, especificamente na Educação Infantil, um determinado período no início do ano letivo planejado com horário flexível e atividades diferenciadas, para que os alunos se adaptem à escola.

Sabemos que no período de adaptação algumas crianças choram ou ficam retraídas na escola e que algumas famílias sentem-se inseguras quanto ao acolhimento que será dado aos seus filhos por parte dos profissionais que atuam no espaço escolar. Assim, faz-se necessário que a escola compreenda estes sentimentos e que tenha alguns cuidados para que todos (alunos e famílias) sintam-se acolhidos em suas angústias e necessidades.

“Falamos em adaptação sempre que enfrentamos uma situação nova, ou readaptação, quando entramos novamente em contato com algo já conhecido, mas por algum tempo distante do nosso convívio diário. O processo de adaptação inicia com o nascimento, nos acompanha no decorrer de toda a vida e ressurge a cada nova situação que vivenciamos. Sair de um espaço conhecido e seguro, dar um passo à frente e arriscar-se, tendo como companhia o desconhecido para o qual precisamos olhar, perceber, sentir, avaliar, nos leva às mais diferentes reações: permanecer no espaço seguro e protegido, seguir adiante ou desistir e voltar atrás” (DIESEL, 2003)

ACOLHIMENTO1

II – Concepção de Adaptação e Acolhimento

Para iniciar este diálogo, falaremos aqui de adaptação do ponto de vista do acolhimento. A concepção de adaptação apresentada sob essa perspectiva traz a ideia de que o ato de educar não está separado do ato de cuidar.

Ao acolher o aluno (seja ele criança ou adulto) em seus primeiros momentos na escola ou a cada nova etapa escolar, precisamos fazer com que se sintam cuidados, confortáveis e, acima de tudo, seguros. A forma como cada escola planeja o período de adaptação demonstra qual a concepção de educação e de aluno direcionam sua prática. A adaptação é necessária, porém não precisa acontecer de forma passiva e o acolhimento é que garantirá a qualidade dessa adaptação.

“Considerar a adaptação sob o aspecto de acolher, aconchegar, procurar oferecer bem-estar, conforto físico e emocional, amparar, amplia significativamente o papel e a responsabilidade da instituição de educação neste processo. A qualidade do acolhimento deve garantir a qualidade da adaptação; portanto trata-se de uma decisão institucional, pois há uma inter-relação entre os movimentos da criança e da instituição fazendo parte do mesmo processo” (ORTIZ, Revista Avisa Lá). Para a efetivação de uma adaptação compromissada com o acolhimento, destacamos alguns aspectos a serem considerados.

1. Planejamento

É preciso considerar todos os aspectos do período de adaptação e todas as suas variáveis, para que ele não seja feito de forma espontaneísta ou sem reflexão. Traçar um roteiro de como se dará a chegada dos alunos (novos ou não) nos primeiros dias, pensar em tempos, espaços, materiais e atribuições de cada profissional da escola são aspectos fundamentais para garantir a qualidade da adaptação.

É importante que a escola planeje atividades adequadas para esse período, não se distanciando do que o aluno vivenciará no dia a dia, para que não sejam criadas falsas expectativas. “[…] um bom planejamento do período de acolhimento garante um processo mais tranquilo para as crianças, suas famílias, os educadores e todos os demais que acompanham essa fase tão importante na vida da criança […]” (ORTIZ, Revista Avisa Lá).

2. Envolvimento de todos os funcionários da escola

Cada funcionário dentro de suas atribuições é co-responsável pelo processo de adaptação e acolhimento dos alunos. Uma reunião tratando do tema e antecipando com o grupo situações com as quais terão de lidar nesse período possibilitará à equipe escolar a compreensão sobre a importância de suas ações para qualificar a chegada e a permanência do aluno na escola. “Para acolher bem as novas crianças e suas famílias, toda equipe da creche, professores, equipe de apoio e voluntários, no início do ano letivo, prepara esse momento, planejando suas ações de forma a contribuir neste processo de acolhimento” (PPP CRECHE CONVENIADA SONHO DE CRIANÇA, 2010).

3. Participação das famílias

ACOLHIMENTO2

A participação efetiva das famílias traz boas contribuições para o processo de adaptação, por diversas razões: diminui o medo e a ansiedade (de adultos e crianças), inicia a construção de um vínculo de confiança entre escola e família, valida para a criança a figura do professor como referência e da escola como um lugar seguro. Daí a importância de um planejamento que considere a presença da família na escola. “Nossa preocupação é ajudar os pais e as crianças a compreender este momento, para ultrapassá-lo com segurança.

Antes de tudo, é preciso estabelecer uma relação de confiança com as famílias, deixando claro que o objetivo é a parceria de cuidados e educação. Uma ação imprescindível para este período foi realizar uma reunião com os pais onde discutimos o período de adaptação, suas angústias e ansiedades, clareando sobre o papel da escola e seu funcionamento” (PPP EMEB CARMEM TABET DE OLIVEIRA, 2010). “Os pais relatam que percebem a importância de participarem da vida escolar dos seus filhos e ressaltam que quando existe a participação, ao mesmo tempo em que colaboram para a melhoria dos trabalhos da escola, estão colaborando para a melhoria da qualidade de vida dos seus próprios filhos.” (PPP EMEB LOURENÇO FILHO, 2010).

4. Atendimento à diversidade

Cada ser humano traz consigo suas vivências, experiências e modelos de convivência. As crianças, assim como os adultos, apresentam manifestações e reações diferentes em cada contexto. A escola como um todo precisa estar sensível às manifestações individuais dos alunos, atendendo às suas necessidades específicas, que podem se manifestar de forma transitória ou permanente, nos casos daqueles que possuam alguma necessidade educacional.

“Deixar que a criança mantenha seu jeito de ser, seus rituais (…) para aos poucos se ajustar ao grupo, proporciona suavidade à transição, sem rupturas bruscas e maior controle do adulto sobre o processo” (ORTIZ, Revista Avisa Lá).

5. Lidando com os sentimentos

Sentimentos diversos estão presentes no período de adaptação. Os pais ficam angustiados e inseguros por deixarem seus filhos com pessoas que não fazem parte de seu convívio. A equipe escolar lida com reações diversas das crianças: choros, birras, quietude excessiva, recusa de alimentos, entre outras. Cabe à escola acolher a cada uma dessas reações com paciência e intervenções que ajudem a aproximar os alunos da rotina escolar, criando vínculos de segurança e afeto, estabelecendo ao mesmo tempo, uma relação de confiança com as famílias através da escuta atenta sobre as várias dúvidas e inquietações trazidas nos horários de entrada e saída dos alunos.

III – Efetivando o planejamento

Abordaremos a questão do planejamento, a fim de que as escolas organizem uma boa acolhida às famílias e alunos para a construção dos primeiros vínculos.

josuedecastro1

Acolhendo as famílias

  • Apresentando a escola: Muitas escolas têm como prática propor atividades que contem com a participação das famílias nos primeiros dias de aula para que, juntamente com seus filhos, conheçam os espaços, os funcionários e vivenciem algumas das práticas pedagógicas, como: roda de história, lanche, parque e outros. Esses momentos são bem avaliados, pois trazem segurança aos pais e, consequentemente, aos seus filhos.
  • No ato da matrícula: O acolhimento às famílias e aos alunos se inicia nos primeiros contatos com a escola, na forma como se conversa e se fornecem informações, como são abordados os dados da família sem ser invasivo, deixando claro que educação é um direito e não um “favor” do poder público. Assim, é necessário que os funcionários da secretaria da escola também estejam preparados para atender o público de forma atenciosa e informar como a escola funciona, seus horários, início das aulas e outros esclarecimentos que se fizerem necessários.
  • Construção de vínculo com as famílias: É essencial neste processo que a equipe escolar discuta e decida sobre a importância de estreitar os vínculos com as famílias, obtendo informações relevantes para o trabalho na escola e para os cuidados com os alunos no dia a dia. A forma e o instrumento que utilizarão devem ser sempre avaliados e decididos pela equipe escolar e pelas famílias. A reunião com pais, que neste ano conta com o diferencial da dispensa de aula, possibilitará a organização de diferentes estratégias para conhecer melhor as famílias e trocar informações sobre os alunos.
  • Reunião com pais dos novos alunos da escola: Como procedimento para qualificar o início do ano letivo, algumas escolas realizam uma reunião somente com os pais dos novos alunos da escola. Esta reunião pode ser feita no ano anterior, logo após as matrículas, objetivando sanar dúvidas acerca do funcionamento escolar, divulgar o Projeto Político Pedagógico, apresentar a rotina e espaços existentes, orientar as famílias sobre a importância da preparação dos filhos para o início das aulas. As estratégias utilizadas podem ser diferenciadas: vídeos com a rotina da escola, álbuns de fotos à disposição dos pais, murais com atividades das crianças, exposição dos projetos desenvolvidos, folders e outros.

Acolhendo os alunos

  • Conhecer o aluno: Como vimos, acolher é parte essencial da adaptação e vários são os aspectos que precisam ser pensados para um bom acolhimento. A atenção e os cuidados, assim como a cortesia e a afetividade, principalmente com as crianças menores, são fundamentais para que os alunos se sintam seguros. A observação do professor e o diálogo com o grupo e com cada estudante estão presentes no processo de conhecer os alunos, suas características e preferências, suas experiências, as formas de ser e estar no mundo. O período de adaptação precisa favorecer o conhecimento mútuo, a interação com os colegas e os adultos. Os relatórios individuais de aprendizagem devem estar a serviço deste processo também, pois trazem as experiências anteriores vividas na escola: suas aprendizagens, seus avanços, suas superações, vistas a partir de outro olhar, em outro tempo, e que auxiliam no prosseguimento de suas vivências. É de extrema importância que os professores tenham acesso aos relatórios do ano anterior para que conheçam melhor o aluno e com isso possam planejar o trabalho pedagógico necessário à turma nova e às intervenções individuais necessárias a cada aluno.
  • Espaços: Diante da concepção de acolhimento, é necessário organizar da melhor forma possível o espaço físico da escola para atender às especificidades de cada turma e dos alunos individualmente. Indicamos que esta organização seja feita considerando-se alguns aspectos: que os materiais estejam ao acesso dos alunos, que haja uma boa circulação entre os espaços para favorecer a construção da autonomia, o uso ou não de mesas e a organização destas em grupos ou isoladas, conforme os objetivos a serem atingidos em cada proposta, a limpeza e manutenção dos materiais visando a saúde, segurança e integridade dos alunos. É natural a exploração dos diferentes espaços da escola pelos alunos novos, pois tudo é novidade para eles. Nesse sentido, a atenção de todos os funcionários da escola é imprescindível, pois várias situações podem acontecer: alunos sem saber onde é a sua sala, exploração de jardins e partes mais afastadas e/ou perigosas, tentativas de ir embora para casa sozinho, etc. A orientação e intervenção aos novos alunos para que voltem ao seu grupo, assim como fazer com que conheçam os diferentes espaços da escola ajuda na adaptação e segurança de todas as crianças.
  • Choro, Silêncio e Outras Manifestações: ACOLHIMENTO4
  • “O choro sempre está presente na nossa vida, sobretudo nos momentos em que não conseguimos expressar apenas em palavras ou gestos o que sentimos, mesmo quando somos adultos ou idosos. Muitas vezes no cotidiano, quando “engolimos” o choro nos sentimos muito mal e depois o choro chega sem controle” (MARANHÃO & FIGUEIREDO, Revista Avisa Lá).

    O choro é uma expressão humana e na infância ele costuma ser mais constante, pois os sentimentos muitas vezes não conseguem ser explicitados com a linguagem oral. No período de adaptação, precisamos ter um olhar atento para o choro ou quaisquer manifestações de angústia, pensando em intervenções diferenciadas para cada “tipo” de choro e para cada criança que chora, usando estratégias diferenciadas até que o choro cesse. Além de oferecer diferentes propostas de atividades, o professor também pode envolver o aluno, aconchegando-o, solicitando seu auxílio na organização de materiais, ou para ajudar os colegas. Outras estratégias podem ser a mudança de espaço por um momento, a intervenção de outros adultos ou deixar que a criança leve para a escola algum objeto de apego. A colaboração da família é essencial, compartilhando com a escola os costumes da criança a fim de que os educadores possam pensar em procedimentos para que a criança pare de chorar.

    Mesmo com crianças maiores e com jovens e adultos, precisamos ter um olhar para o choro e angústia, estabelecendo um diálogo com o aluno e tentando ajudá-lo em suas necessidades imediatas.

    Assim como o choro, outras manifestações de desagrado podem surgir: não alimentar-se, não ir ao banheiro, não conversar, entre outras. Todas elas necessitam de intervenções pontuais para que sejam sanadas. A escuta atenta aos alunos, além da participação da família, é fundamental para decidir o que pode ser feito.

    IV – Avaliação

    Avaliar o processo de acolhimento e adaptação dos alunos, revendo as ações, a organização da escola como um todo e deixando indicativos para o próximo ano é imprescindível para a concretização do Projeto Político Pedagógico. A avaliação deve acontecer com a participação das famílias e equipe escolar logo ao final do período de adaptação. A articulação entre os instrumentos metodológicos: o planejamento, a observação, o registro (escrito, fotográfico ou por meio de filmagens), a reflexão e a avaliação, discutindo os vários pontos de vista e as várias experiências desse período ajudam nos encaminhamentos para os próximos anos. A escuta dos alunos e das famílias nesta avaliação é muito importante, pois eles podem ajudar a indicar para a equipe o que foi bom e o que precisa ser melhorado nesse período, bem como em todo o processo educativo.

    V – Considerações Finais

    Esperamos que as questões aqui abordadas possam subsidiar a reflexão da equipe escolar sobre este momento tão importante na vida dos alunos: sua entrada ou retorno à escola.

    Para além das datas e regras estabelecidas, não podemos nos esquecer dos princípios que norteiam a construção das relações humanas. Não queremos nos pautar simplesmente no mecanicismo e nas questões burocráticas, mas na humanização da educação. Essa concepção precisa ser contemplada desde os primeiros dias na escola e ao longo de todo o processo educativo.

    Assim, o acolhimento é um princípio a ser considerado em várias situações: nos atrasos na chegada e saída dos alunos, no retorno depois de um tempo afastado por viagem ou doença, um incidente ou acidente durante o período letivo, enfim em todo e qualquer momento podemos viver situações que necessitem de acolhimento e todos devemos estar preparados para realizá-lo da melhor forma, resgatando a humanização das relações na educação.

    VI – Referências bibliográficas

    DIESEL, M. Adaptação Escolar, Sentimentos e Percepções do Educador Diante da Questão”. Revista do Professor, p.10, Porto Alegre, 2003

    MARANHÃO, D. G.; FIGUEIREDO, V. C.; VERONEZ, J.; SANTANA, J. Jeitos de Cuidar- Que Choro é Esse? Revista Avisa Lá.

    ORTIZ, C. Cuidados Compartilhados, um Planejamento para Acolher os Pais, Revista Avisa Lá, p. 9.

    ORTIZ, C. Entre Adaptar-se e Ser Acolhido. Revista Avisa Lá, p. 6-7.

    PPP Creche Conveniada Sonho de Criança, 2010.

    PPP EMEB Carmem Tabet de Oliveira, 2010.

    PPP EMEB Lourenço Filho, 2010.

    Fonte: Portal da Educação

    Atividades para crianças de 3 a 5 anos

    Brinquedos educativos que estimulam o aprendizado

    Método Montessori e a Pedagogia Montessoriana

    A importância da estimulação na vida da criança


Pedagogia ao Pé da Letra
Pedagogia ao Pé da Letra
Este site faz parte da Webility Network network CNPJ 33.573.255/0001-00