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Educação e Filosofia

Explore a intersecção entre educação e filosofia, entendendo como pensadores influentes moldaram suas vidas e como isso pode impactar a sua. Descubra a importância da educação para a liberdade e a formação do indivíduo.

Educação e Filosofia

1. Introdução:

A educação é um fator importante para a humanização e socialização do homem. Entretanto, nas sociedades primitivas, a educação se acha difusa, fato que necessita que haja algumas mudanças na área.

Por exemplo: entre educação, ensino e doutrinação, a educação é um conceito genérico, enquanto que o ensino se refere à transmissão de conhecimentos acumulados. A doutrinação é uma pseudo-educação que não respeita a liberdade do educando.

É preciso fazer reparos quanto ao conceito de educar e ensinar, distinguindo esses dois pólos que se completam. Não há como formar alguém sem informá-lo.

O que acontece com frequência é que a informação pretensamente neutra mascara um conteúdo ideológico.

O homem é um ser cultural; aliás, já ao nascer, encontra-se envolto por valores herdados. O mundo cultural é um sistema de significados já estabelecido por outros. Conforme atendemos ou transgredimos certos padrões, nossos comportamentos são avaliados como bons ou maus.

Fazemos juízos de valor quando descobrimos o conteúdo que mobiliza nossa atração ou nossa repulsa. Ou seja, diante dos seres que constituem o nosso mundo familiar, estamos atribuindo valores de forma bipolar.

Nem sempre os valores transmitidos são claramente percebidos. A educação será mais coerente se formos capazes de explicitá-los, ou seja, existe a necessidade de um trabalho reflexivo que esclareça as bases axiológicas da educação.

Educação e liberdade são inseparáveis. A educação autêntica só pode ser a educação para a liberdade. Podemos considerar inicialmente duas posições contraditórias: a da liberdade incondicional e a do determinismo absoluto.

Na liberdade incondicional, o homem teria uma liberdade absoluta. Enquanto que para as teorias deterministas, o homem, à semelhança das coisas, sofre constrangimento externo e interno, que apenas tem a ilusão de escolher livremente.

O impasse provocado por essas duas posições contraditórias pode ser superado a partir de uma visão dialética da liberdade.

A partir desses conceitos, podemos ver as dificuldades que surgem diante de uma proposta coerente de educação para a liberdade. Afinal, educar é dar condições para que o educando se encontre e faça seu caminho.

O homem não possui um aparelho instintivo como o dos animais e, portanto, precisa ser socializado para sobreviver. Isto significa que necessita ser educado. Essa mesma educação que é recebida, na maioria das vezes, é informal, assim chamada por não ser organizada.

Variam também as formas de transmissão dos comportamentos. Às vezes, os modelos são impostos pela legislação.

Estamos sendo educados a cada passo. Destacaremos a ação da família e dos meios de comunicação de massa.

– Conceito de Família – Considerando o mundo industrializado em que vivemos, que exige o concurso do trabalho feminino, podemos dizer que a família ensina informalmente o que as pessoas devem fazer, dizer ou pensar. Instituição essa que fornece, em última instância, a possibilidade de se rebelar contra os valores recebidos.

Isto significa que a família existe como suporte da aprendizagem das relações afetivas, preparando o homem para as relações da sua maturidade. Se esse mesmo trabalho não for levado a bom termo na família, o homem não se torna verdadeiramente adulto.

– Os Meios de Comunicação – Além de promover a socialização, a comunicação concorre para a formação da identidade. Assim, um mesmo conteúdo exposto em um livro ou transmitido pelo rádio terá efeitos diferentes.

São considerados mass media o rádio, o cinema, a televisão, os jornais e as revistas de grande circulação. E as suas influências reproduzem e reforçam as ideologias. Conclui-se que os meios eletrônicos de comunicação exercem uma subversão nos modos de sentir e pensar do homem contemporâneo.

– Breve Histórico da Escola – Sabe-se que a família, a religião, o trabalho e o lazer exercem uma função de educação, mas essa ação educacional é informal.

A escola institucionalizada, semelhante à que hoje conhecemos, é uma criação burguesa do século XVI. Contudo, graças à Revolução Industrial, alguns aspectos das exigências da escola burguesa alteraram-se. As consequências dessas mudanças tornaram possível o ingresso das camadas não privilegiadas da sociedade na escola.

Desde o aparecimento da educação formal, sempre existiu uma relação indissolúvel entre escola e sociedade.

Como veremos, as condições do aparecimento da educação formal, as transformações ao longo do tempo e também as críticas que têm sido feitas às soluções encontradas, trataremos das comunidades tribais, onde ainda inexistem escolas.

No Brasil, o movimento da escola nova começou só no século XX, na década de 20.

Na escola renovada, o aluno é o centro e há uma preocupação muito grande com a natureza psicológica da criança.

2. A Escola Tecnicista

A escola tradicional no século XX tem sofrido inúmeras críticas de enfoques diversificados. Entre essas, a partir da década de 60, surgem propostas de inspiração tecnicista, baseadas na convicção de que a escola só se tornaria mais eficaz caso adotasse o modelo empresarial. No modelo citado, há uma nítida preocupação com a transmissão do saber científico exigido pela moderna tecnologia.

No Brasil, nunca houve de fato plena implantação de reformas de tendência tecnicista, devido ao fato de os professores estarem imbuídos ou da tendência tradicional ou das ideias escola-novistas.

3. A Desescolarização da Sociedade

A escola nova pretendia revolucionar os métodos, trazendo para a vida a escola tradicional. No entanto, seu ideal de democratização não foi atingido; aliás, ela continuou a reproduzir as formas de dominação social. Devido a esse fato, o australiano Ivan Illich apresenta uma proposta radical: a descolarização da sociedade.

A principal crítica que pode ser feita a Illich se refere à dimensão individualista do seu projeto, que despreza uma análise mais profunda dos conflitos sociais.

Na verdade, ele propõe uma revolução moral, empenhada em conscientizar os indivíduos para a mudança e converter cada um no seu íntimo.

4. As Teorias Crítico-Reprodutivas

No Brasil, a situação quanto ao estudo é péssima. Grande parte das crianças não frequenta a escola; quanto aos que conseguem entrar, há um afunilamento muito grande.

Como a escola reproduz os privilégios já existentes na sociedade:

– As Comunidades Tribais – Trata-se de sociedades que não têm Estado, classes, escrita, comércio e escola. Essa sociedade é essencialmente mítica.

Nas comunidades tribais, as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos em suas atividades diárias.

A adaptação aos usos e valores da tribo geralmente é levada a efeito sem castigo.

5. A Escola Tradicional Burguesa

Nos séculos XVI e XVII, são fundados colégios pelas ordens religiosas. Para disciplinar a criança, submetendo-a aos rigores da hierarquia, surge o hábito dos castigos corporais.

Com isso, surge o modelo da escola tradicional. Nesses colégios, existe uma rígida formação moral.

Tornam-se famosos os internatos dos jesuítas, que se espalham por toda a Europa durante 200 anos (do século XVI ao XVIII). Essas escolas se destinam à nobreza e à burguesia ascendente.

Com a Revolução Industrial, passa-se a exigir que, ao lado da formação humanística, fossem também estudadas as ciências da natureza.

6. A Escola Nova

A instituição escolar se tornou mais complexa a partir do Renascimento e Idade Moderna. Foi a partir do século XVIII que a legislação demonstrou o interesse do Estado em assumir a educação, tornando-a leiga e gratuita.

A escola nova surge no final do século XIX para propor novos caminhos a uma educação em descompasso com o mundo onde se acha inserida, favorecendo os já socialmente favorecidos. A herança escolar cabe aos herdeiros de sistemas privilegiados: o acesso à escola, o sucesso escolar e a possibilidade da escolaridade prolongada até a universidade estão reservados àqueles cujas famílias pertencem às classes dominantes.

Nos tempos atuais, encontramos o chamado modo de produção capitalista, onde as forças antagônicas são representadas pelas classes sociais, sendo os interesses dessas classes divergentes, sustentados mediante a dominação de uma classe sobre outra. Afirma ainda que o Estado é composto por dois tipos de aparelhos: o repressivo de Estado e o ideológico de Estado.

Para Establet e Baudelot, se vivemos em uma sociedade dividida em classes, não é possível haver uma “escola única”. Existem, na verdade, duas escolas: não apenas duas escolas diferentes, mas opostas, heterogêneas. Desse modo, a escola reafirma a divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual.

Da mesma forma, Snyders considera que a separação escola-mundo descrita por Baudelot e Establet parece muito defasada no tempo.

Embora tenham enfatizado a luta de classes, acabam descartando a possibilidade de que a escola seja um dos campos dessa luta, o que resulta em pessimismo e impotência.

7. As Teorias Progressistas

Na década de 70, esmorece o otimismo da escola nova, cujas promessas não atingem as camadas populares. Surgem assim, as teorias progressistas como a busca de outros caminhos a partir de uma nova concepção de educação.

A educação progressista pretende formar o homem para o trabalho.

Se o trabalho fosse integrado à escola, também seria possível superar a dicotomia entre cultura erudita e cultura popular.

A teoria progressiva parte do pressuposto de que não existe educação neutra.

Não estarmos atentos a esse fato pode nos levar a sucumbir à ideologia.

8. A Educação Popular

Grandes são as dificuldades em se definir com clareza o que se entende por educação popular. A própria palavra povo é bastante ambígua. Assim, de forma mais genérica possível, consideraremos como povo o conjunto dos indivíduos de uma sociedade.

Quando falamos em povo, fazemos naturalmente a separação do povo e da elite. Por exemplo: ao usarmos termos como “Zé povinho e Povão”.

A separação existe na divisão desigual dos bens culturais. Portanto, observa-se que persiste a escola dualista. Então, falar em educação popular é se referir ao tipo de educação que é dado ao povo, mas que não foi por ele escolhido.

A educação popular deve ser entendida como aquela que é oferecida de maneira universal.

Desde a antiguidade, quase não existia oportunidade para a camada menos favorecida frequentar a escola. Entretanto, no século XIX, esse quadro foi mudado, havendo uma ascensão social, sobretudo para as classes médias.

Com o tempo, diminui o número de empregos oferecidos em relação ao número de formados. Além disso, os filhos dos trabalhadores que porventura conseguissem encaminhar-se para a burocracia das empresas, ao encontrarem pouca oferta de emprego, tinham o salário pressionado para baixo.

O descaso pela educação popular decorre de uma economia dependente e exclusivamente agrária que não exige mão-de-obra qualificada.

Com a vinda da família real para o Brasil, é dada ênfase à criação de escolas de nível superior, deixando ao abandono os demais níveis.

Só será possível a construção de uma autêntica escola popular se for abandonada a crença dos educadores liberais de que o Estado deve se incumbir da educação popular.

9. Possibilidade e Limites da Educação

A ação humana é uma práxis, ou seja, supõe a relação dialética entre teoria e prática.

No século XX, a expansão do ensino tornou muito clara a oposição entre duas escolas: aquela destinada à elite e a outra ao proletariado. Essa situação só poderá se conter se for evitado que as decisões sejam tomadas “de cima para baixo”, sem a prévia discussão com os envolvidos no processo.

As reformas educacionais realizadas no Brasil são carregadas de vícios que impossibilitam a execução dos projetos; desse modo, somos influenciados por modelos estrangeiros inadequados para a resolução de nosso problema.

O principal fator que fez com que a escola continuasse dualista decorre do fato de a legislação sempre se espelhar aos interesses das classes representadas no poder.

Além disso, esse estado de coisas penaliza mais uma vez os alunos vindos das classes desfavorecidas, uma vez que os jovens bem preparados pela escola particular ocupam as vagas das melhores universidades, quase sempre as públicas. Originam-se então inúmeras faculdades, oferecendo cursos de baixo nível. Para elas se encaminham os que foram barrados nas principais universidades, consequentemente inflacionando o mercado com diplomas sem categoria.

Segundo os teóricos crítico-reprodutistas, é preciso compreender a educação dentro de um contexto maior, a fim de desenvolver nos alunos a capacidade de questionamento e desencadear a desmistificação da cultura onde a mistificação existe.

De fato, os alunos que cursaram uma escola melhor, no caso as particulares, podem obter um sucesso maior nas universidades públicas. Entretanto, não é porque estes passam nas públicas que as particulares se destinam àqueles que não tiveram oportunidade de se educar numa escola particular. Como pode-se notar, a PUC é particular e é uma das melhores faculdades deste país, e seu critério de avaliação é rigoroso, buscando constantemente alunos cada vez mais qualificados para a instituição. Daí, não importar muito se o aluno estudou numa escola pública ou particular, pois o que se avalia é o seu conhecimento.

Deve ser lembrado então que a escola pode ser excelente, mas se o aluno é ruim, não será este aluno que chegará a uma universidade pública. Aliás, creio que nem na particular teria chance. Enquanto que se tivermos uma escola ruim e um aluno bom, seja ele de qualquer classe social, este poderá estar apto a ingressar em uma universidade pública, bastando para isso que se dedique aos estudos através de livros específicos que muitas vezes são excepcionalmente mais didáticos que muitos professores. Professores estes que podem estar tanto em escolas públicas como nas particulares.

Autor: Anônimo


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As relações de gênero e a pedagogia feminista também são aspectos importantes a serem considerados na educação contemporânea.

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