Adjetivação de atendimento a aspectos pontuais e periféricos, no uso do seu espaço.
Todos se colocam como sendo educadores. E devem ser, mas não são.
Aspectos da vida que ela abarca nas relações pessoais, sociais e políticas com a natureza e com o entorno.
É possível trabalhar esta adjetivação quando o substantivo ainda está ausente para uma parcela significativa de nossa sociedade? Ou ela ajudará a tornar mais substantiva a educação para esta população excluída?
Como anda a educação em nosso país e em nosso Estado?
Só daremos conta de compreender a teia de relações postas e que dão unidade e direção a esses sistemas se analisarmos as transformações já produzidas e em processo do ponto de vista global, sem desconhecer as especificidades da sociedade nacional.
Não importa a terminologia utilizada e sua base epistemológica. O que importa, neste novo contexto, é o processo de formação de uma nova ordem global tendo por base o poder econômico, ao invés do poder político.
Há um processo de despolitização em face de uma visão tecnocrática, gerencial e pragmática, onde a grande empresa capitalista é posta como modelo.
A crise econômica, que se instaurou depois da recuperação da economia pós-guerra e a instalação de estados de bem-estar, trouxe como consequência imediata a retratação de gastos nas áreas sociais e particulares, na saúde e na educação, além das limitações do mercado de trabalho.
Crise não conjuntural, passageira, mas estrutural do próprio capitalismo, que busca formas novas de sobrevivência e estratégias de recomposição do lucro pelo capital e de refuncionalização do sistema, afetando sensivelmente os trabalhadores, não só pela perda do emprego e dos direitos sociais, mas também pela exigência de saberes e competências introduzidas pelas novas tecnologias de produção.
Reduzem-se ao mínimo as necessidades de mão-de-obra e exigem-se maiores qualificações.
Tornaram-se então necessários ajustes também no plano ideológico, no discurso, para buscar o convencimento da sociedade de que este é o caminho do crescimento econômico e da melhoria de vida em direção a uma sociedade justa e equitativa.
O neoliberalismo e o neoconservadorismo passarão a dar novo sentido a categorias antigas ou a reinventar outras, tais como: Estado mínimo, flexibilidade, competitividade, eficiência, qualidade total, gestão, integração, etc.
O projeto neoliberal vem assumindo no discurso e na prática contornos cada vez mais nítidos e perturbadores.
O convencimento da sociedade de que é a única saída para a crise que impera nos campos da economia, da política e, no nosso caso, da educação.
Estado paternalista e assistencialista, a incapacidade da escola de se organizar e se adequar aos novos tempos, ao corpo docente desqualificado e acomodado, sem sentir necessidade de renovação e inovação em seu trabalho.
Pensamento neoliberal, a escola ainda não se deu conta do valor do conhecimento numa sociedade onde triunfam os melhores, os possuidores de maior conhecimento.
Necessita a escola de ser submetida a uma reforma administrativa para se tornar competitiva.
Política educacional neoliberal – as escolas são empresas produtoras de serviços educacionais, e esses devem estar atrelados às necessidades do mercado de trabalho, obedecendo ao controle de qualidade e da produtividade.
Democratização da educação – mudança no discurso – formação profissional, expansão junto às camadas pobres para um discurso da qualidade – aos conceitos, preceitos e práticas empresariais.
“Ajustar o cliente, o comprador de seus serviços, às demandas do mundo dos empregos”. Teria uma função de “empregabilidade”.
Educação conformada e subordinada aos interesses do capital.
Formação Profissional
Modelo Taylorista e Fordista – exigiram do trabalhador atributos escolares e culturais de pouca relevância.
Hoje – exige requalificação e aperfeiçoamento profissional, o domínio de novas especificidades.
As transformações econômicas requerem:
Formação técnico-científica e o acesso a um saber universalizante.
Mais do que aprender a fazer, ele deve ser formado para aprender a aprender, com uma visão ampla do processo produtivo, não fragmentada.
Necessidade de uma educação técnica e profissional permanente e continuada.
Com a introdução de novas tecnologias na produção, exigem-se competências para lidar com elas, excluindo-se significativo contingente de trabalhadores.
Como garantir a educação para todos se não há recursos públicos suficientes?
A EAD em Expansão:
Uma questão de funcionalidade?
De resistência e preconceito à modalidade alternativa economicamente viável.
A conjuntura política e tecnológica tornou-se favorável à implementação da EAD.
Estratégica para satisfazer as amplas e diversificadas necessidades de qualificação das pessoas adultas.
A educação continuada e permanente impõe-se hoje.
Segundo a FernUniversität, existem aproximadamente:
- 1500 instituições atuando em EAD;
- 10 milhões de estudantes.
Redes de educação – apoiadas e subvencionadas pelos:
- Governos locais;
- Organismos internacionais (UNESCO, OEA);
- Conselho de Europa;
- Parlamento Europeu.
Redes intercontinentais de Educação à Distância.
- CIFFAD
- AIESAD
Redes continentais:
- AADE
- ASÉSA
- AAOU
- AECS
- EDEN
- EADTU
- CREAD
“Dual mode system” – EAD associada a uma universidade ou instituição convencional. EAD e as novas tecnologias da comunicação.
Experiências têm evidenciado a qualidade dos cursos oferecidos e os resultados obtidos foram superiores aos cursos presenciais.
Nova conjuntura econômica e os avanços nas tecnologias da comunicação têm pesado para que gestores e administradores se inclinem em direção à EAD.
As redes eletrônicas e o telefone celular permitem contato com pessoas, conhecer fatos e lugares, fazer curso sem sair de casa.
Risco:
- Alienação;
- Crença ilimitada;
- Panaceia;
- Creditar a elas a capacidade de solucionar problemas de aprendizagem e as dificuldades de acesso ao saber.
Para muitos, curso via televisão, satélite ou por computador, num ambiente multimídia ou internet, é garantia de qualidade e da atualidade.
Texto escrito – tecnologia ultrapassada.
As novas tecnologias devem ser encaradas como meios e não fins em si mesmas. Não devem ser avaliadas como neutras.
Foram produzidas para responder a problemas concretos e para desempatar conflitos. Têm, pois, um conteúdo político e social.
Mudanças tecnológicas alteram o conceito de EAD: (quatro gerações de tecnologia)
- 1ª desenvolvida a partir de 1940 – baseada no texto escrito;
- 2ª a partir de 1950 – utilizando a televisão e o áudio;
- 3ª 1960 – 1970 – incorporando as tecnologias das duas primeiras gerações, produzindo um sistema de multimeios;
- 4ª a que estamos vivendo, desenvolvendo sistemas de comunicação mediados pelo computador, como as conferências assistidas por computador e o correio eletrônico.
“Uma aplicação gerenciada pelo computador que interage com o usuário, fazendo uso simultâneo de diversos meios: áudio, imagens estáticas ou em movimento, gráficos e textos” (Coutinho, 1995).
Tinha-se como ponto de partida que o aluno deveria assimilar passivamente os conteúdos lendo o material escrito ou ouvindo fitas. Aos poucos, a EAD passa a utilizar tecnologias mais interativas, pois reconhece o papel ativo do sujeito no processo de auto-aprendizagem. Se antes importavam muito mais os resultados, agora são os processos.
Todos esses meios tecnológicos podem ser utilizados ao mesmo tempo, sendo como principal e básico, os demais como complementares e auxiliares.
Porém, são válidos na medida em que: possibilitem o acesso ao conhecimento àqueles que socialmente estão em desvantagem e não teriam como, presencialmente, participar de sua educação e formação profissional.
As tecnologias devem possibilitar “ao professor ensinar e ao aprendiz aprender” (Rumble, 1996, p.1).
Vários fatores associados ao êxito no processo de aprendizagem não estão relacionados aos meios utilizados, às tecnologias, e sim à motivação e ao interesse de aluno e professor.
Outro aspecto a ser considerado é que mudanças muito velozes nas tecnologias de comunicação, especialmente as relacionadas ao computador, oferecem um risco aos nossos programas em EAD.
Estudos apontam que necessitam de pelo menos 5 anos para que as novas tecnologias sejam implementadas em um curso de EAD, para que ela se torne eficiente e eficaz, para que ela se torne estável e que possa ser melhor conhecida, desenvolvida, testada e avaliada.
Considerações finais
Certos fatores estruturais e conjunturais foram favoráveis à implantação de políticas, sistemas e programas em EAD.
Político-social – buscando estabelecer um Estado mínimo, e frente à desqualificação dos trabalhadores, impunha-se dar uma nova formação aos trabalhadores e criar um consenso de aceitação das duras e amargas medidas econômicas e sociais. Como fazer isso, atingindo rapidamente o maior número de trabalhadores?
Econômico – como dar essa formação sem onerar os cofres públicos ou das empresas, sem tirar o trabalhador do seu local de trabalho?
Pedagógico – a escola que temos visto não é muito atraente, sua estrutura é fechada e burocratizada. Necessita de uma modalidade mais leve, mais flexível e que ofereça alternativas que correspondam à realidade do trabalhador.
Tecnológico – os atuais meios tecnológicos favorecem pensar em situações de aprendizagem novas, onde a figura presencial do professor, na maioria das vezes, é dispensável, interagindo com poucos ou centenas de alunos, mantendo o nível de qualidade dos cursos oferecidos.
Se esses fatores indicam tendências positivas para a expansão da EAD, não podemos, diante do quadro de análise que foi esboçado, negar que esses mesmos fatores também apontam e indicam tendências perturbadoras e desafiantes, que, diante da crise, acabamos sentindo seus reflexos.
Desafios – no sentido de demonstrarmos nossa capacidade de produzir uma educação de qualidade voltada para o trabalhador. Devemos tratá-la enquanto uma qualificação social e não simplesmente técnica.
A EAD deve ser praticada enquanto uma outra opção que se coloca ao trabalhador para sua qualificação. A EAD é uma conquista histórica do trabalhador e um compromisso e obrigação do Estado com as classes trabalhadoras.
A EAD é um caminho mais barato, atingindo um número maior de trabalhadores, uma estratégia política onde não há necessidade de se estar reunidos e ter que se encontrarem em locais determinados, sem a presença do educador, mais impessoal. A EAD “é um dos poderosos instrumentos de cidadania e integração social”, pois permite ao trabalhador continuar sua educação e formação (Martins, 1996, p.4).
Desafios – no sentido de adentrarmos nessa nova linguagem de comunicação, mas sem sermos por elas abafados e anulados pelo encantamento. Não podemos segregar o trabalhador da sociedade. Tem que aprender a conviver com as novas tecnologias e a desenvolver-se como cidadão livre e responsável.
Desafios – para superarmos a dimensão reprodutivista, da individualidade acrítica favorecida pelo vislumbramento do indivíduo frente à modelagem de belas verdades, rumo à construção de sujeitos sociais coletivos, mais presentes nos destinos da sociedade.
O processo de globalização da economia não vem se dando de maneira igual em todos os países, tem seguido ritmos diferenciados no confronto com as organizações de classe. Mas não podemos fechar os olhos diante desta realidade, diante das demandas por uma educação diferenciada que instrumentalize o trabalhador, o cidadão a compreender e superar os novos desafios no campo da produção e da vida política e social.
Estamos vivendo em uma época que vem sendo definida, em diferentes campos, como marcando mudanças radicais de paradigmas e de valores. Fala-se, em fim de religião, ciência, história, pedagogia. Não se trata de fins, mas de rupturas que abrem horizontes novos, espaços para construção do novo milênio.
A busca por uma sociedade mais justa, onde a educação, a formação e o conhecimento sejam realmente um bem de todos e não de minorias.
REFERÊNCIA
PRET, Oreste (org). Educação a distância: construindo significados. Cuiabá: NEAD/JE-UFMT, Brasília: Plano, 2000.
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