A teoria cognitiva foi construída por Piaget partindo do princípio que existe certa continuidade entre os processos biológicos de morfogênese e adaptação ao meio e a inteligência. “Com efeito, a vida é uma criação continua de formas cada vez mais complexas e um equilíbrio progressivo entre essas formas e o meio. Dizer que a inteligência é um caso particular de adaptação biológica é, pois supor que ela é essencialmente uma organização e que sua função é estruturar o universo como o organismo estrutura o meio imediato” (Piaget, 1991:10). Esta citação tem significado a partir da estrutura anatômica e morfológica que passa pelos sistemas de reflexos levando aos hábitos e associações adquiridos que dão origem a inteligência prática ou sensório motora e a inteligência refletida.
Piaget destaca dois sentidos diferentes para a relação entre o hereditário e o intelectual: o estrutural está presente no sistema nervoso e órgãos sensoriais e o funcional, diz respeito ao funcionamento da inteligência. A adaptação é um processo de transformação desencadeado pelo organismo visando a sua conservação no meio em que vive.
Os processos de organização, assimilação e acomodação são operacionalmente eficientes ao longo da vida, fornecendo a continuidade essencial através dos estágios de desenvolvimento. É constante ocorrer interações entre assimilação e acomodação, e a adaptação não poderia ocorrer se as interações não tivessem que ser reguladas.
Com relação aos efeitos de maturação, experiência e ambiente social, Piaget destaca que a maturação influencia no ritmo de desenvolvimento, incluindo a inteligência, porém não é o único determinante. Os efeitos de maturação consistiam em abrir novas possibilidades para o desenvolvimento e dar acesso às estruturas que não poderiam surgir antes que as estruturas fossem oferecidas. “Mas entre possibilidade e atualização, deve intervir uma série de outros fatores tais como exercício, experiência e interação social” (Piaget, 1970:720). Exercícios com ou sobre objetos, obtendo informação dos objetos pelo processo de abstração e experiência lógico-matemática estão incluídas na experiência do ambiente físico. O ambiente social inclui o ambiente educacional e o ambiente cultural mais geral, vivenciado pelo indivíduo. Em conseqüência do ambiente social os estágios de desenvolvimento são acelerados ou retardados, porém a ordem invariável da passagem de um estágio para outro não pode ser atribuída a efeitos ambientais, pois todas as crianças percorrem os estágios na mesma ordem seqüencial.
Segundo Piaget, todas as crianças percorrem os estágios na mesma ordem seqüencial fixa, mas a idade cronológica em que as crianças completam cada estágio sucessivo varia um pouco.
Estágio I: Sensório Motor (Do nascimento aos 2 anos):
- O pensamento ocorre principalmente através de ações.
- Melhora a coordenação de “input” sensorial.
- Melhora a coordenação de respostas físicas.
- Objetos e pessoas, incluindo a si mesmo, são diferenciados um do outro e reconhecidos como permanentes.
Estágio II: Pré-operacional (2 a 7 anos):
- Aumenta o uso da linguagem e do pensamento simbólico.
- Predomina o egocentrismo.
- A centralização (prestar atenção a uma característica ou parte marcante), em vez de descentralização (análise de todo e partes) caracteriza a percepção e o pensamento.
- Produz imagens mentais de situações e coisas estáticas, em vez de processos e transformações.
- Irreversibilidade no pensamento (sabe pensar de um modo, mas não de modo reverso; p.ex., contar, dizer letras do alfabeto).
- Objetos perceptivelmente similares são classificados como semelhantes.
- Palavras (nomes) são associadas com algumas coisas e com algumas classes de coisas.
Estágio III: Operações concretas (7 a 11 anos):
- Ocorre o pensamento lógico, usando objetos concretos.
- Ocorre a conversa menos egocêntrica e mais socializada.
- Ocorre a conversa de modo aumentado.
- Ocorre a descentralização e a reversibilidade.
- Compreende mudanças, processos, eventos e relações estáticas mais complexas.
- As relações entre coisas reais e classes de coisas são compreendidas; também estão estabelecidas relações entre as palavras que representam coisas e as classes de coisas que forem vivenciadas e compreendidas.
Estágio IV: Operações formais (11 anos em diante):
- São conduzidas operações mentais sob forma simbólica e são realizadas operações sobre idéias como coisas. Comparações, contrastes, deduções e inferências a partir de conteúdo ideacional, em vez de coisas e eventos concretos.
- São compreendidas relações entre e inter símbolos que representam conceitos que não forem vivenciados diretamente.
Exercício de Memória:
- Todos os jogadores estão sentados, em forma circular.
- O animador indica um primeiro jogador, que sai de seu lugar e toca qualquer objeto da sala e, ao mesmo tempo, diz-lhe o nome.
- Retorna para o seu lugar e toca no seu vizinho, e este por sua vez irá tocar no objeto que seu colega tocou, diz-lhe o nome e toca um segundo objeto, também dizendo o nome.
- Volta para seu lugar e toca no seu colega seguinte, que se dirige para o objeto do primeiro colega, ao tocá-lo diz o nome, toca no objeto do segundo colega, diz o nome e toca um terceiro objeto, dizendo igualmente o nome, retorna para o seu lugar, continuando assim o jogo.
- O jogador que se lembrar e tocar o maior número de objetos será o vencedor.
A frase curiosa:
- Todos os participantes estão sentados em forma circular, com uma folha e lápis na mão.
- Por ordem do animador, cada qual escreverá um nome, quer o seu próprio, quer um outro nome qualquer.
- Uma vez escrito, todos devem dobrar a folha, para esconder o nome escrito, passando a folha para o vizinho da direita.
- A seguir, todos devem escrever agora um adjetivo, dobrando novamente a parte, para esconder o adjetivo, passando novamente a folha para o seguinte.
- Em continuação, escreverão um verbo, um advérbio, um nome, um adjetivo, dobrando e passando a folha como a primeira vez.
- No final todos lerão a sua folha, formando uma frase com as palavras estabelecendo a seqüência necessária.
Ajuntar as metades:
- O animador organiza antes do jogo um conjunto de avisos, comerciais, fotografias, anúncios de jornais ou revistas.
- Todo este material preparado é cortado pelo meio e colocado em duas caixas separadas.
- A brincadeira se inicia com a orientação do animador, que organiza duas equipes de participantes.
- Uma das equipes tirará as metades dos conjuntos de uma caixa e a outra, da outra caixa.
- Em continuação, cada participante procurará encontrar a pessoa que é possuidora da outra metade.
A propósito:
- Todos os participantes estão sentados em forma circular.
- O primeiro jogador começa uma frase que contém dois nomes concretos ou abstratos. Por exemplo: Durante as minhas férias, irei para a praia.
- O jogador seguinte continua imediatamente: A propósito de praia, lembro-me de um passeio de barco.
- O seguinte dirá: A propósito de barco, lembro-me, etc.
- Quem não souber continuar imediatamente, pagará no final uma prenda.
FRITZEN, Silvino José. Dinâmicas de Recreação e Jogos. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1985.
KLAUSMEIER, Hebert J. Manual de Psicologia Educacional. São Paulo: Editora Harbra, 1977.
A Trabalho de Jean Piaget. Disponível em:
http://www.eps.ufsc.br/teses96/edla/cap4/cap4.htm Acesso em: 4 abr. 2005.
Primeiramente as crianças são capazes de agrupar duas ou mais coisas que parecem semelhantes de algum modo. Na medida em que a criança cresce, ela aprende a ampliar seu agrupamento para mais do que dois. Ela aprende também as categorias aceitáveis para agrupamento.
Experiências em construir uma classe por vez preparam a criança para formar classificações sucessivas e simultâneas, para depois compreender a inclusão de classe. A criança começa a reconhecer lentamente que certos objetos não pertencem exclusivamente a diferentes categorias e tenta diferentes maneiras de agrupar os objetos, escolhendo primeiro um e depois outro atributo singular como foco para agrupamento.
Seu método de escolha dos critérios para agrupar objetos torna-se mais complexos a medida em que a capacidade lógica se desenvolve. O uso de estrutura combinatória capacita-a a formar classes que permanecem em uma relação de inclusão uma com a outra.
Autor: Tiago Effting
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