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Atualizado em 09/08/2024

Discalculia: Dificuldade em Cálculos

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A discalculia faz parte da linguagem quantitativa e está associada a várias causas, como ausência de fundamentação matemática. Essa dificuldade atinge diversos graus, incluindo a leitura, a escrita e a ortografia.

O termo discalculia refere-se à capacidade de compreensão dos números e de suas relações, ou seja, a uma dificuldade de executar operações matemáticas. Segundo Brown (1953), “a matemática pode ser considerada como uma linguagem simbólica cuja função prática é expressar relações quantitativas e espaciais, cuja função é facilitar o pensamento.”

Desenvolvimento

As noções de matemática, para Fonseca (1995), emergem de experiências concretas e envolvem inúmeras habilidades que têm sua raiz na hierarquia da experiência e nos estágios do desenvolvimento psicomotor e do pensamento quantitativo. Entre essas habilidades, o autor cita, como principais, as noções de tamanho, forma, cor, quantidade, distância, ordem e tempo. Para Piaget (1989), essas noções têm início na faixa etária de 4 a 7 anos, quando a criança começa a fazer uso do julgamento da forma, do tamanho e de outras relações que dependem mais da experiência do que do raciocínio, este último ainda em fase intuitiva.

Os desvios da linguagem verbal representam um fator importante nas causas da discalculia. Portanto, a alteração dos sistemas da linguagem está geralmente associada às dificuldades de organizar e categorizar a informação. No entanto, sabe-se de crianças não-disléxicas que não apresentam discalculia, assim como o contrário, isto é, crianças disléxicas que não apresentam problemas de cálculo.

A discalculia infantil ocorre em razão de uma falha na formação dos circuitos neuronais, ou seja, na rede por onde passam os impulsos nervosos. Normalmente, os neurônios transmitem informações quimicamente através da rede. A falha de quem sofre de discalculia está na conexão dos neurônios localizados na parte superior do cérebro, área responsável pelo reconhecimento dos símbolos. Detectar o problema, no entanto, não é fácil. Na pré-escola, já é possível notar algum sinal do distúrbio, quando a criança apresenta dificuldade em responder às relações matemáticas propostas – como igual e diferente, pequeno e grande. Mas ainda é cedo para o diagnóstico preciso. É a partir dos 7 ou 8 anos, com a introdução dos símbolos específicos da matemática e das operações básicas, que os sintomas se tornam mais visíveis.

Embora reconheça os números, a criança que tem o distúrbio não consegue estabelecer relações entre eles, montar operações e identificar corretamente os sinais matemáticos. Para ela, é como se, de repente, o professor estivesse falando uma língua desconhecida. Mas, ao contrário do que muitos pais imaginam, a discalculia nada tem a ver com a inteligência, podendo atingir pessoas com potencial de aprendizagem em diversas áreas. Geralmente, ela aparece associada a outros distúrbios, como a AAD (Desordem do Déficit de Atenção), que se reconhece pela dificuldade de concentração e organização. Além disso, é comum a falta de noção espacial, levando quem tem o problema a derrubar objetos e esbarrar em móveis como se não tivesse noção da extensão de seus braços e pernas.

Caso não seja detectado a tempo, o distúrbio pode comprometer o desenvolvimento escolar de maneira mais ampla. Inseguro devido à sua limitação, o estudante geralmente tem medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem por acreditar que não é capaz de evoluir. Pode também vir a adotar comportamentos inadequados, tornando-se agressivo e apático ou desinteressado. Sem saber o que se passa, pais, professores e até colegas correm o risco de piorar a autoestima da criança com punições e críticas. Por isso, é importante chegar a um diagnóstico rápido, de preferência com a avaliação de psicopedagogos e neurologistas, e começar o tratamento adequado.

Para a habilitação ou reabilitação dos casos de discalculia, torna-se imprescindível identificar a área em que ocorre a dificuldade que impede a criança de aprender a lidar com dados matemáticos, para possibilitar a elaboração de um programa adequado. Para tanto, a investigação deve incluir:

  • Noções de conjunto de objetos
  • Noções de posição de objeto “termo a termo”
  • Associação de símbolos auditivos e visuais a números
  • Contar e compreender o princípio de conservação
  • Reversibilidade de pensamento
  • Noções de espaço e tempo (seriação e ordenação).

Planejamento de Terapia

Antes de iniciar a terapia, é necessário um plano de atividade, com a finalidade de selecionar recursos e de tornar claros e precisos os objetivos, de acordo com cada caso, tendo em vista maior eficiência na ação terapêutica. Planejar é organizar a própria ação, transformando a realidade numa direção escolhida (Gandin, 1991). Para o autor, é preciso termos consciência de que a elaboração é apenas um dos aspectos do processo; depois disso, vêm, vinculados, os aspectos de execução e avaliação. A esses aspectos acrescento os ajustes, que decorrem da avaliação constante para a consecução dos objetivos. Um dos principais objetivos do tratamento dos distúrbios de aprendizagem é o de aumentar a autoconfiança e a autoestima da criança, tão desgastadas pelos contínuos fracassos escolares. Quanto à escola, é necessário que os professores desenvolvam atividades específicas com este aluno, sem necessidade de isolá-lo do resto da turma nas outras disciplinas. É importante que o aluno só deixe de receber atendimento especializado quando readquirir a autoconfiança. Já o uso de remédios é necessário somente para minimizar possíveis sintomas associados, com distúrbios de atenção e hiperatividade.

Reflexos no Aprendizado

Veja os requisitos necessários para o aprendizado da matemática e as dificuldades causadas pela discalculia.

Aptidões esperadas

3 a 6 anos – Ter compreensão dos conceitos de igual e diferente, curto e longo, grande e pequeno, menos que e mais que, classificar objetos pelo tamanho, cor e forma, reconhecer números de 0 a 9 e contar até 10, nomear formas, reproduzir formas e figuras.

Dificuldades

Problemas em nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos, insucesso ao enumerar objetos reais ou em imagens.

Aptidões esperadas

6 a 12 anos – Realizar operações matemáticas como soma e subtração, começar a usar mapas, compreender metades, quantas partes e números ordinais.

Dificuldades

Leitura e escrita incorreta dos símbolos matemáticos.

Aptidões esperadas

12 a 16 anos – Capacidade para usar números na vida cotidiana, uso de calculadora, leitura de quadros, gráficos e mapas, entendimento do conceito de probabilidade.

Dificuldades

Falta de compreensão dos conceitos matemáticos, dificuldade na execução mental e concreta de cálculos numéricos.

Conclusão

Devido à complexidade dos distúrbios de aprendizagem, os resultados para sua solução serão mais concretos se houver participação conjunta da família e da escola. Cada criança precisa ser vista de forma particular, pois é em casa que a criança recebe as primeiras e mais duradouras influências que servem de base para as futuras aprendizagens, cabendo à escola o papel de complementar e dirigir a formação integral da criança.

Autor: Daniela Filgueiras Britto

Para ajudar seu filho a superar a dificuldade em cálculos, considere explorar a importância da pedagogia logosófica no desenvolvimento integral do ser humano.

Além disso, você pode encontrar recursos úteis para o aprendizado de matemática, como calculadoras educativas que podem facilitar o entendimento dos conceitos matemáticos.

Por fim, é fundamental que os professores desenvolvam atividades específicas com alunos que apresentam dificuldades, como mencionado em Pedagogia Histórico-Crítica, que pode oferecer uma abordagem mais inclusiva e eficaz.


Este texto foi publicado na categoria Educação Inclusiva e Especial.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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