Título Original: The Emperor´s Club – EUA 2004
Atores: Kevin Kline, Emile Hirsch
Diretor: Michael Hoffman
Sinopse: O fim depende do começo! Este é o lema do colégio de rapazes St. Benedict’s, frequentado pela nata da sociedade americana. É neste ambiente, cujos alicerces são a tradição e honra, que leciona o professor Hundert – um apaixonado pela história antiga que dá aulas onde a emoção e a alegria estão presentes. Mas um aluno em especial começa a incomodar. Trata-se do arrogante Sedgewick, filho de um respeitado senador, que inicia uma guerra particular com o mestre. Uma batalha de egos e vontades que vai durante mais de 25 anos. “O Clube do Imperador” é um filme gostoso de se ver. Diversão garantida que registra mais uma fantástica atuação de Kevin Kline, ganhador do Oscar por “Um Peixe Chamado Wanda”.
O Clube do Imperador
A ideia de “escola” tem mudado significativamente nos últimos anos, principalmente no Brasil, inclusive por professores. Porém, na minha opinião, a verdadeira “escola” sempre foi aquela em que professores são respeitados com honra e cavaleirismo. Afinal de contas, estes são mais experientes e sábios do que os alunos, mesmo fazendo parte da elite americana. Este ponto é o que mais impressiona no filme, que mostra esta escola que descrevi, como um lugar onde a sabedoria é profetizada da melhor maneira possível.
Neste “Clube do Imperador”, uma escola é frequentada pelos jovens que fazem e farão parte da elite norte-americana. Farão História, serão governantes, advogados e todas as profissões de prestígio na sociedade. E o professor idealista William Hundert é conhecido por suas aulas cheias de alegria e emoção. Tudo caminha bem na rica Instituição de Ensino até o dia em que um de seus novos alunos, o arrogante Sedgewick Bell, filho de um respeitado senador, inicia uma guerra particular com William, criticando inclusive seus métodos de ensino. Essa batalha de egos entre os dois acaba se estendendo por anos.
O interessante é que o diretor Michael Hoffman consegue conduzir alguns dos melhores diálogos de sua carreira. Falas pertinentes, argumentativas e que questionam o papel de homens importantes de outras eras são filmadas. Principalmente as do jovem Sedgewick que, sendo arrogante e rebelde, questiona as regras e hipocrisias da alta sociedade da qual faz parte e faz perguntas interessantes até sobre os mais importantes filósofos gregos, o que, várias vezes, deixa o professor William muito desconcertado.
Como percebe-se, este é um filme que tem de tudo para dar certo. Desde o interessante argumento até nos pontos técnicos, o diretor Michael Hoffman estava indo bem. Até que o roteiro comete o erro de mostrar os pontos mais importantes do filme na sua primeira metade, o que quebra e cai o ritmo do filme após a segunda, e isso é um erro incompreensível, já que o roteirista nos prova de que é capaz de uma obra melhor. O roteirista deixa já para a metade, por exemplo, a decisão entre o professor William e seu aluno rebelde sobre o que vão fazer com suas relações (não revelarei mais que isso). A partir daí, o filme decai, se limitando apenas em monólogos de William. E em alguns outros momentos que poderiam ter valores emocionais ótimos, o roteiro prefere deixá-los curtos, dando-lhes uma oportunidade de no máximo 5 minutos quando, na verdade, dariam maravilhosas sequências de 15 a 20 minutos, se apostassem mais nas ações, não esquecendo seus ótimos diálogos, é claro.
Infelizmente, o elenco regular não salva o maior erro do filme, permitindo assim, apenas que a fita não se torne falida e medíocre. Destacam-se Kevin Kline interpretando o professor William Hundert, um homem que ama e se dedica por inteiro à escola e seus alunos. Porém, está velho e tem que se aposentar (assim como seus métodos), mas não arruma coragem para deixar sua turma com um outro professor. E Emile Hirsch, o aluno problemático Sedgewick Bell, que nos familiariza com suas perguntas e suas atitudes irresponsáveis, que o fazem destacar-se de todo o resto da escola.
Como percebe-se pelo próprio cartaz, a fotografia merece ótimos elogios por se mostrar eficiente quando falamos em filmar um ambiente elegante, com cores, externas ou internas, sempre claras com a presença de luz solar. Assim, nenhum detalhe do ambiente é perdido ou passado em branco. Bom trabalho também da direção de arte que, com ajuda da fotografia, constitui cenários típicos, porém originais, elegantes e brilhantes.
Infelizmente, tudo isso é jogado fora quando tomamos um susto após a primeira hora de exibição, e vemos que o filme decai a cada minuto ou cena, o que é uma pena. Apesar da segunda metade não abandonar a elegância e a inteligência, ficou a impressão que foi feita às pressas, e que faltou trama para filmar uma fita de aproximadamente 2 horas.
Muitos dos filmes que circulam pelas telas do Brasil, seja nos cinemas, através das locadoras ou dos canais especializados via cabo, além de bom entretenimento, podem oferecer, também, boas lições para gestores de empresas. Basta ficarmos atentos para descobrir lições para o nosso dia-a-dia empresarial e também, muitas vezes, familiar. Um desses filmes, que recomendamos, é intitulado “O Clube do Imperador”. Está nas locadoras. Ao assisti-lo, lembramos da fábula do sapo e do escorpião, pois a índole das pessoas, os erros de avaliação e julgamentos, facetas do comportamento humano, são algumas das mensagens marcantes retratadas no enredo.
Nele, o diretor Michael Hoffman conta a carreira do professor Hundert, que durante 34 anos lecionou história antiga numa tradicional e rica escola para rapazes colegiais chamada Saint Benedict. Para mais sugestões de filmes sobre educação, confira nossas sugestões.
O filme começa com a chegada do professor, de helicóptero, a um requintado hotel. Depois saberemos que ele, já aposentado, está nesse lugar a convite de ex-alunos que querem uma segunda rodada de um famoso e tradicional concurso anual que havia na Saint Benedict pelo qual se podia mostrar sólido conhecimento em história antiga.
Antes de mostrar o concurso – chamado de Imperador Júlio César – o filme relata diversos episódios entre o mestre Hundert e seus alunos na escola. Vale destacar, por exemplo, que numa cena da solenidade de boas-vindas, o diretor, sr. Woodbridge, declara o lema da escola: “O fim depende do início”. Essa frase, como se verá no filme, tem forte ligação com a história nele descrita.
O professor Hundert é mostrado como alguém capacitado, íntegro e espartano. Praticava remo e dizia que quando começava o dia remando, “tudo transcorria melhor”. Falava com desenvoltura e costumava envolver os alunos na história da humanidade. Um dos detalhes importantes do filme é que na sala de história havia uma placa dedicada ao conquistador Shutruk Nahhunte, que no século XIII Antes de Cristo invadiu a Babilônia. O professor costumava instigar seus alunos a lerem a placa e repetirem quem tinha sido Nahhunte.
O mestre Hundert demonstra o comportamento clássico de professor e deixa clara sua intenção de não apenas ensinar, mas moldar a personalidade dos alunos por meio do conhecimento. Logo que aparece um aluno-problema, Sedgwick Bell, filho de um senador, Hundert procura o pai para falar do rapaz e tentar apoio na sua educação e formação. Mas o senador, no melhor estilo mau-caráter, repreende o professor. “Você não tem de moldar ninguém. Sua função é apenas ensinar”, diz o político.
Em outro episódio, Hundert, apesar de toda a sua formação e titulação acadêmica, é preterido para dirigir a Saint Benedict. A escolha recai sobre o professor Ellerby, que tem currículo inferior, mas é um homem com excelente network e com grande capacidade para arrecadar fundos para a escola. Entre outras benesses, Ellerby conseguiu uma doação para construir uma biblioteca de 2.300 m2.
O final do filme é surpreendente, mostrando as tramas dessa “revanche” dos personagens do concurso Imperador Júlio César.
São muitas as lições que se pode tirar da história do professor de história. O filme é rico em mensagens, sem esquecer de uma pequena passagem romântica, que mostra a perseverança e a persistência desse professor para conquistar um amor quase impossível. Há também cenas de hombridade, honestidade e companheirismo num ambiente escolar que, no entanto, também evidencia o lado obscuro de gente que quer levar vantagem em tudo. “Estou me lixando para a educação”, diz a Hundert o ex-aluno Bell ao lançar sua candidatura ao Senado.
O filme demonstra ainda que não basta ser um bom profissional, é preciso também ter o conhecimento global do negócio, mantendo sempre a preocupação com os resultados para a empresa.
É um filme para reflexão sobre valores humanos e deve ser visto mais de uma vez.
A sorte está lançada
“Terminus pendeo in exordium”, do latim, “o fim depende do início”. Em suma, eis o segredo de uma vida. As histórias são feitas de vidas, e vidas são feitas de momentos e atitudes. O que determinará cada momento, o que definirá cada ação é parte diretamente da educação recebida. Como já diziam sociólogos e filósofos, nada mais somos do que o resultado do meio em que vivemos. O filme O Clube do Imperador (2004) apresenta esse conceito como ponto de partida de uma história capaz de confirmar a real importância de uma educação verdadeira.
O cenário é uma escola exclusiva para garotos ricos. O herói, um professor amante da História Antiga. O objetivo, transformar meninos em homens com princípios morais, homens de sucesso. Enquanto houve vontade e receptividade, a meta foi cumprida. Porém, ao se deparar com a indiferença, o cinismo e a mediocridade calculada, o professor se vê ante a mais difícil batalha de sua carreira: admitir que dar asas a quem não quer voar é missão destinada ao fracasso.
O Brasil anda às voltas com a onda “vamos educar”. A mídia superlota a mente da população com campanhas de conscientização que ostentam uma única mensagem: Educar, caminho para o primeiro mundo. A questão é que informar o povo sobre a “obrigatoriedade” da educação não o faz necessariamente compreender a real necessidade e a devida utilidade dela no processo de desenvolvimento. Nossas escolas estão cheias de pessoas que buscam certificados sem nenhuma intenção de assimilar o que é ensinado.
Que detalhes, que responsabilidades, que consequências a educação compreende na íntegra? Esse é o ponto proposto no filme para reflexão. A guerra entre um mestre idealista que procura dar verdadeiro significado à vida e um aluno que se contenta com a própria estupidez e com a influência e dinheiro do pai para garantir sua ascensão. É um retrato cru da mentalidade em que se encontra parte do povo. Educar é ampliar horizontes, redefinir metas, aguçar a sensibilidade, e não simplesmente disponibilizar um diploma. Educação de nada serve se não puder ser revertida em crescimento, desenvolvimento. Se não resultar em mudança.
Em dado momento do filme, o professor pergunta: “Grande ambição e conquista sem contribuição não têm significado. Qual será a contribuição de vocês?” Qual será a nossa contribuição. A mídia deveria se empenhar nessa questão, acima de tudo. No detalhe invariável de que verdadeira educação cria consciência política. Utilizando-se da leveza e banindo a opressão típica do drama, a história consegue induzir a uma constatação pura. Um professor vive da esperança de moldar o caráter de um homem e da convicção de que o caráter de um homem pode mudar seu destino.
Assim, “alea jacta est”: a sorte está lançada. A história de um bom educador se prolonga e se imortaliza nas muitas vidas por ele conduzidas no caminho da aprendizagem. A trama salienta sabiamente que a cota de alunos medíocres sempre existirá. Afinal, joio e trigo se misturam facilmente, porém, a fé na educação deve permanecer. Em todo empreendimento de sucesso há uma pequena margem de fracasso. Aos sábios, que aproveitem o que lhes é ensinado. Aos eternamente medíocres fica o conselho de Aristófanes, citado em um dos empolgantes diálogos do filme: “A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriaguez passa, mas a estupidez dura para sempre.”
Autora: Andréia Moura
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