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Depressão na Infância
O transtorno mental que mais atinge pessoas no mundo se aproxima das crianças, mas pode ser tratado e, quanto antes, melhor.
A depressão infantil pode aparecer a partir dos 4 anos.
Pode aparecer sob noites mal-dormidas, dificuldade de socialização, tristeza, alterações de humor, irritação e choro frequente, sofrimento moral e sentimento de rejeição, atingindo todas as classes sociais, econômicas e culturais.
Nos próximos 20 anos, a depressão deverá se tornar a doença mais comum do mundo, atingindo mais pessoas do que o câncer e os problemas cardíacos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas por transtornos mentais diversos, a maioria delas nos países em desenvolvimento.
Entre as crianças, o índice de depressão também é preocupante. Nos últimos 10 anos, de acordo com a OMS, o número de diagnósticos em crianças entre 6 e 12 anos passou de 4,5 para 8%, o que representa um problema ascendente.
Etiologia (causas)
As causas para a depressão infanto-juvenil podem ser as mais diversas. Há fatores biológicos, como vulnerabilidade genética, complicações obstétricas e temperamento; fatores ambientais, como o funcionamento familiar, a interação entre mãe e criança ou eventos adversos de vida, e fatores sociais, como a pobreza, o suporte social ou o acesso a serviços de saúde.
A convivência com uma psicopatologia dos pais e a experiência de episódios traumáticos nesta idade, como separação, luto ou mudanças radicais de ambiente, também podem ser fatores decisivos para o desencadeamento de transtornos mentais em crianças e adolescentes.
Setenta por cento dos adultos que apresentam quadro de depressão crônica têm histórico desde o período da infância. Ou seja, se não tratarmos o paciente enquanto criança, podemos contribuir para que ele se transforme em um adulto depressivo.
A origem da palavra infante vem de “aquele que não fala”.
Há relatos de depressão na infância desde 1928, quando Runke falou sobre “mania Fantástica”.
Em 1861, Emil Kraepelin, grande psiquiatra que separou a psicose maníaco-depressiva (atual transtorno bipolar) da esquizofrenia (dementia praecox), descreveu casos de crianças com mania: fuga, erotismo precoce e mitomania. 3% dos bipolares que Kraepelin estudou apresentaram sintomas iniciados antes dos 7 anos.
A psicose maníaco-depressiva, já chamada de “ciclofrenia”, foi descrita por Delasiave e Moreau em 1888.
Campbel relatou casos de depressão em crianças de 6, 7, 10 e 12 anos.
A Psiquiatria infantil foi reconhecida como área de atuação da Psiquiatria pela Medicina apenas em 1999. Crianças não são economicamente ativas.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico IV da Associação Americana de Psiquiatria e pela Classificação Internacional de Doenças, 1993, os principais critérios diagnósticos para depressão infantil são:
- Maior sensibilidade
- Choro fácil
- Irritabilidade
- Sintomas não verbais (somatização)
- Comportamento agressivo
- Alterações abruptas no comportamento (disforia).
- Alterações do humor por mais de 2 semanas
- Cinco características abaixo com prejuízo funcional
(sendo pelo menos 2: redução do humor e perda do prazer)
- Alterações no peso (aumento ou redução)
- Alteração no sono (redução ou aumento)
- Agitação psicomotora ou retardo psicomotor
- Redução da energia
- Dificuldade de concentração.
- Não provocado por doenças orgânicas ou medicamentos
Critérios pela CID 10 (Classificação Internacional de Doenças, versão 10)
- Redução do humor, energia e prazer (sintomas mais importantes)
- Redução da concentração
- Baixa estima
- Alterações no sono e apetite
- Idéias de culpa
- Pessimismo
- Idéias de autoextermínio
- Sintomas físicos
Para um melhor diagnóstico, é importante atender a criança separada dos pais.
Prevalências diferentes nas diferentes faixas etárias:
Categoria | Faixa Etária | Prevalência de Depressão(%) | SintomasPsicossomáticos
inibição afetiva, enurese (fazer xixi na roupa), encoprese (liberação das fezes), onicofagia (comer unhas) em excesso, manipulação genital excessiva, terror noturno (acordar de madrugada com medo, gritando), crises de choro excessivo e pirraça, alterações gastro-intestinais, prurido ruminações ou idéias e impulsos suicidas, idéias de inferioridade, cefaléia (dores de cabeça não localizada). |
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Pré Escolares | 2 a 6 anos | 0,9 | ||||
Escolares | 6-12 anos | 1,9 | ||||
Adolescentes | 12 a 18 anos | 4,7 | ||||
Crianças menores têm dificuldade de localizar e expressar seus sentimentos com palavras. Jorffe criou o índice de Hamstead (Ajuriaguerra).
· Tristeza sem perceber mal-estar
· Retraimento e desinteresse
· Descontentamento, sem prazer.
· Sentem-se rejeitadas
· Não aceitam ajuda ou consolo
· Insônia
· Autoerotismo (e outras repetições)
· Maior dificuldade de contato com outras pessoas.
· Angústia
· Inibição
· Insegurança
· Agressividade
· Enurese
· Mutismo
· Onicofagia (roer e comer unhas)
Há mais tempo se usava o termo “depressão mascarada”, pelo exagero dos sentimentos, dificuldade para dormir, medo aumentado de morrer. Autoimagem negativa (é o mais comum).
Adolescentes (Características Diferentes por sexo)
- Meninas apresentam mais ideias de ruminação, são mais tranquilas e inibidas).
- Meninos apresentam mais dificuldade de contato, isolamento, dificuldade de aprendizado, irritabilidade e agressividade.
Fatores Desencadeantes
Trauma – perda de objeto amado
Separações e perdas
Famílias desorganizadas.
Crianças que sofrem são privadas de obter prazer.
Autoagressão (por identificação com o objeto idealizado).
Fracasso na Individualização (Psicanálise)
a) Fase pré-edipiana: simbiose com mãe “onipotente” – ego x ideal de ego, levando a inferioridade e inadequação, enfraquecendo o ego.
b) Fase edípica – culpa e masoquismo moral com superego punitivo (decepção quando o adolescente perde o ideal de pai e mãe, levando à rejeição de si).
BIBLIOGRAFIA
LURIC 1950, Depression
MAHLER 1961 Berler
Ajuriaguerra, J.
KANNER, 1972.
GRUNSPUN, H, 1965.
PIAGET 1936-1967
BENDER.
Winnicott – 1969-
Para mais informações sobre saúde mental infantil, consulte este artigo.
Se você está buscando formas de ajudar seu filho a lidar com a depressão, considere explorar opções de brinquedos terapêuticos que podem ser úteis.
Para entender melhor o impacto da saúde emocional na educação, veja este estudo.
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