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Atualizado em 10/08/2024

Deficiência Mental

Este artigo explora a deficiência mental, suas causas, definições, diagnóstico e tratamento, além de oferecer orientações sobre como cuidar de pessoas com essa condição.

Deficiência Mental


Introdução

A deficiência mental é causada por inúmeros fatores orgânicos e agravada por fatores sociais que enfatizam somente os aspectos de déficit que estão nela embutidos. O processo de amadurecimento do ser humano, desde seu nascimento até a idade adulta, comumente recebe a denominação de desenvolvimento. Na verdade, este processo pode ser dissociado em dois componentes: o crescimento, que vem a ser as mudanças das dimensões corpóreas, correspondendo a mudanças puramente físicas do tipo: peso, estatura, perímetro cefálico, etc.; e o desenvolvimento funcional, isto é, a aquisição e o aperfeiçoamento de capacidades e funções, que permitem à criança realizar coisas novas, progressivamente mais complexas, com uma habilidade cada vez maior. Apesar de cada indivíduo apresentar características muito próprias (aqui podemos exemplificar alguns casos de deficiência mental, como a Síndrome de Down, a Síndrome de Rett, etc, que têm seu desenvolvimento em curso um pouco diferente do de crianças ditas “normais”, no que refere ao tempo cronológico pertinente de certas aquisições do próprio desenvolvimento: controle de esfíncteres, deambulação sem apoio, sentar-se sem apoio, etc.), o crescimento e o desenvolvimento normalmente se processam numa mesma sequência e com ritmos semelhantes, o que lhes garante uma certa previsibilidade. No entanto, no caso mais específico da deficiência mental, há que se ter certos cuidados e uma permanente observação deste desenvolvimento, pois, por sua vez, esta previsibilidade faz com que todo processo de maturação possa ser acompanhado, não apenas para avaliar a normalidade de sua evolução, mas, inclusive, para que a criança possa receber em cada etapa de seu desenvolvimento, a estimulação mais adequada, contribuindo para que o processo de crescimento e do próprio desenvolvimento evolua da melhor maneira possível. Nesta tarefa então, os pais e os familiares, bem como uma equipe de vários profissionais, tais como: educadores, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, etc, têm um papel fundamental ao estimular a criança e, sobretudo, não exigindo da mesma desempenhos incompatíveis com a fase de amadurecimento em que se encontra. A estimulação não somente dos pais, mas dos educadores muito contribui neste processo. Exemplos de flexibilização para atender as necessidades educacionais especiais são essenciais para o desenvolvimento adequado.

O desafio hoje da sociedade, da família, do educador e da própria pessoa com DM encontra-se na busca do rompimento do preconceito, visando sim maiores oportunidades de participação social de um modo geral. Juntamente com a família, o educador deverá encontrar maneiras de buscar cada vez mais o pleno desenvolvimento das capacidades do alunado com deficiência mental, visando sempre sua inclusão plena escolar e socialmente, pois, estímulos corretos, nos momentos certos, acompanhados de amor, afeto, carinho, compreensão e apoio, certamente contribuirão para o pleno desenvolvimento do potencial da criança, fazendo com que chegue à idade adulta como um ser sadio, feliz e socialmente útil.


História

Antes de falarmos sobre Deficiência Mental devemos nos remeter, inicialmente, à evolução histórica do conceito de deficiência numa abordagem geral, já que a realidade das concepções de deficiência hoje, é fruto desta evolução e ela também determinou, historicamente, a atualidade da Educação Especial e de sua clientela no cenário mundial.

Quando decompomos a conceituação histórica da deficiência, encontramos algumas fases distintas que permearam a própria formação destes conceitos nos valores morais, éticos, filosóficos e religiosos criados pela própria sociedade e cultura de cada época, mas, no fundo, falam sobre um único fim: os valores pré-determinados pela sociedade (mais precisamente com o fortalecimento do capitalismo) ditam que o homem deve ser praticamente perfeito em todos os aspectos, quem não o é, ou seja, quem foge à regra, é automaticamente excluído, como era (e, comumente, ainda é) o caso da deficiência. Desta maneira temos, de um modo geral que, historicamente, o deficiente vem sendo tratado peculiarmente de acordo com a concepção de homem de sociedade de cada época da história distintamente. Analisando então, por meio desta evolução da história, observamos uma sensível mudança no que se refere ao atendimento, tratamento e, principalmente, à educação de pessoas com deficiência. Esta mudança/evolução está diretamente ligada à evolução das ciências que promoveu alguma alteração no conjunto de valores da sociedade.

Assim, citando Amiralian (1986), na Idade Antiga, os “comportamentos diferentes” eram explicados como sendo consequências de fenômenos sobrenaturais, sugerindo uma concepção demonológica das pessoas com deficiência da época. Assim, os egípcios praticavam a trepanação (abertura de orifício no crânio) para que os espíritos malignos saíssem do corpo. Os gregos mantinham culto ao corpo, à força, ao aspecto físico e à beleza, ou seja, cultuavam a perfeição; em Esparta então, os deficientes físicos eram torturados e mortos, pois o povo era guerreiro e necessitava de homens fortes e sadios. A crença no sobrenatural intensificou-se, sobretudo, na Idade Média, que foi considerada a idade das trevas pela ciência. A magia e as relações com o demônio eram parte da sociedade, na qual os cegos eram reverenciados como videntes e profetas; no final desta época surgiram atendimentos assistenciais de cunho paternalista influenciados por organizações cristãs. Com o advento do Renascimento, o grande avanço do conhecimento científico e da medicina, ocorre a preocupação em encontrar soluções para o problema da deficiência. No final do século XVIII, Pinel modificou a estrutura dos hospitais psiquiátricos. A partir daí, iniciou-se, do ponto de vista histórico, uma atitude humanitária e governamental para com o deficiente e, mais especificamente, com o Deficiente Mental. Nesta época surgiram pesquisas que objetivaram estudar as causas da Deficiência Mental, aliando-se ao desenvolvimento da educação e da psicologia.


Definições

Seguindo a evolução do conceito da Deficiência Mental encontramos nas palavras de Mendes (1986) três distintas fases:

  • O nascimento do estudo, mais precisamente sobre o conceito de Deficiência Mental era denominado de “idiotia”, delineado pelos pressupostos de base orgânica, o déficit intelectual e a noção de incurabilidade. A metodologia do ensino especial é desenvolvida em bases e em instituições residenciais.
  • A expansão do objeto de estudo da área: a idiotia e a imbecilidade já eram coletivamente interpretadas como condições de desvio intelectual e social. A incapacidade em entender as exigências acadêmicas da escola pública resulta na criação das classes especiais inseridas neste contexto. Surgem duas áreas independentes para o estudo da Deficiência Mental: a biológica e a sócio-educacional. No que se refere à educação, há uma proliferação das instituições residenciais, das escolas especiais e das classes especiais na escola pública.
  • Período contemporâneo da evolução do conceito de Deficiência Mental: a antiga categoria genérica de idiotia passa a ser denominada como Deficiência Mental ou retardo mental. A condição perde então a referência à etiologia orgânica e incurabilidade e é assumida uma nova terminologia para as novas categorias: Deficiência Mental limítrofe, moderada, severa e profunda. A segregação institucional passa a ser vista como mecanismo de marginalização e discriminação social de grupos em desvantagens sócio-culturais.

Esse tipo de deficiência caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral, significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.( Adotada pelo Brasil em 1992 – AAMD – Associação Americana de Deficiência Mental).

  • O termo “deficiência mental” era usado de modo intercambiável com “retardo mental” até há pouco, quando a Associação para Retardo Mental dos EUA escolheu “retardo mental” como o termo preferível.
  • A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou o termo “subnormalidade mental”, que inclui categorias: retardo mental (funcionamento subnormal secundário a causas patológicas básicas identificáveis) e deficiência mental ( Q.I. inferior a 70), que frequentemente é usado como um termo legal.
  • A décima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) usa o termo “retardo mental”, mas de um modo ligeiramente diferente do DSM-IV. De acordo com a CID-10. “Retardo mental é uma condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto da mente, a qual é especialmente caracterizada por comprometimento de habilidades manifestadas durante o período de desenvolvimento, as quais contribuem para o nível global de inteligência, isto é, aptidões cognitivas, de linguagens, motoras e sociais”.


Etiologia

Há três causas principais de retardo mental: fatores genéticos, físicos originados do ambiente, como problemas durante a gravidez e dieta, e psicossociais como um ambiente pobre em estímulos.

Aqui vamos dividir segundo a época de sua constituição, em causas pré, peri ou pós-natais, explicando algumas delas. Na unanimidade das várias séries analisadas, as causas pré-natais são, de longe, as mais frequentes, sua taxa variando de 55 a 75%. As causas peri-natais representariam 10% e as pós-natais, 5%. É preciso se ter em conta que, em todas as séries, a etiologia permanece desconhecida em proporções que vão de 30 a 40%, sendo que, em sua grande maioria, um fator pré-natal é altamente provável.

Causas Pré-Natais

Cromossomopatias

  • Síndrome de Down – também chamada de mongolismo ou trissomia 21 é a sua causa pré-natal mais frequente da Deficiência Mental. Seu fenótipo, arquiconhecido, inclui, como traços principais presentes na maioria dos casos, os fácies “mongolóide” caracterizado pelo epicanto interno, obliqüidade dos olhos para baixo, achatamento da base do nariz, protusão lingual, orelhas pequenas de implantação baixa; mãos curtas e largas, com prega palmar única; separação do hálux, hipoplasia da bacia; malformação cardíaca (CIV) em 40% dos casos. Do ponto de vista neurológico, a hipotonia é o sinal maior presente ao nascimento e responsável pelo atraso motor. O QI varia de 25 a 60. A maioria fala e se comunica bem, mas ínfima maioria consegue se alfabetizar. Quando atingem a idade adulta, desenvolvem, após os 20 anos, demência do tipo Alzheimer. Sua sobrevida após a terceira década é excepcional.
  • Síndrome do X frágil – Também chamada de Síndrome de Martin-Bell, a existência desta síndrome é de reconhecimento relativamente recente, tendo sido a explicação encontrada para o fato, conhecido há longo tempo, da predominância de Deficiência Mental no sexo masculino. Calcula-se que sua frequência em meninos de idade escolar seja de 0,73 por mil, e, em meninas, de 0,48 por mil. Clinicamente, são crianças portadoras de Deficiência Mental moderada ou leve cuja maioria apresenta alterações somáticas sugestivas caracterizadas por fácies alongada e estreita, com hipoplasia malar e prognatismo, orelhas grandes e em abano, lábios grossos, palato ogival. Os distúrbios da linguagem são atrasados e preservativos, e os distúrbios de conduta com hiperatividade e comportamento autístico são proeminentes. Certa proporção de meninos portadores de Deficiência Mental com síndrome do X frágil não mostra alterações fenotípicas, donde a necessidade da realização de cariótipo em crianças deficientes mentais do sexo masculino, cuja etiologia não é evidente. Cerca de 30% das mulheres heterozigotas para o X frágil apresentam certo grau de deficiência mental e algumas alterações somáticas.
  • Deleção 5p (Síndrome do miado do gato)
  • Síndrome de Rett

Síndromes biológicas polimalformativas

  • Aicardi
  • Miller-Dieker
  • Sotos
  • Prader-Willi
  • Cronélia de Lange
  • Rubinstein-Taybi
  • Angerman (Happy Puppet)
  • Neuroectodermoses

Infecções fetais

  • Toxoplasmose
  • Rubéola
  • Sífilis

Radiações ionizantes

  • Atômica
  • Raios X

Intoxicações

  • Álcool
  • Drogas alucinógenas
  • Anticonvulsionantes

Desnutrição, distúrbios hipóxicos e isquêmicos

  • Síndrome da transfusão fetal
  • Hipotiroidismo – é proveniente da produção do hormônio T4 (tetraiodotironina) pela glândula tireoide. Esse hormônio é um dos responsáveis pelo desenvolvimento do cérebro e demais órgãos do corpo humano. Sua falta prejudica o crescimento da criança e pode resultar em deficiência mental. Uma reposição hormonal acompanhada por endocrinologista, a partir do 1 mês de vida, consegue reverter esse quadro.
  • Outros

Causas Perinatais

  • Kienicterus
  • Distúrbios hipóxico-isquêmicos: circular de cordão, placenta prévia, deslocamento precoce, etc.

Causas Pós-Natais

  • Meningites
  • Encefalites
  • Traumas
  • Estado de mal-epiléptico
  • Desidratação grave
  • Fenilcetonuria – proveniente da ausência ou diminuição da atividade de uma enzima do fígado, responsável pelo processamento de alimentos ricos em proteínas. Com isso os elementos que sobram intoxicam o cérebro e provocam sérias lesões neurológicas
  • Etc.


Epidemiologia

É difícil o cálculo exato da incidência do retardo mental, mas a mais alta incidência é registrada em crianças em idade escolar, com o pico entre 10 e 14 anos. O retardo mental é aproximadamente 1 ½ vezes mais comum no sexo masculino que no feminino.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 450 milhões de pessoas da Terra apresentam uma forma ou outra de deficiência física ou mental. Aproximadamente 12 milhões destas são brasileiras, ou seja, uma em cada dez pessoas (10%) da população nacional.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada dez pessoas sofrerá durante sua vida uma forma de doença mental. Um em cada quatro de todos os leitos hospitalares do mundo são ocupados por pacientes com doença mental.

Do total, estimado pela ONU, de portadores de deficiência temos a seguinte distribuição:

  • Deficiência Mental – 5%
  • Deficiência Física – 2%
  • Deficiência Auditiva – 1,5%
  • Deficiência Múltipla – 1%
  • Deficiência Visual – 0,5%

É bom lembrar que o parâmetro usado pela ONU de 10% da população de países desenvolvidos como sendo pessoas portadoras de alguma deficiência, quando usado para países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos chega até 25%.


Classificação

Há quatro níveis de retardo mental que é dado por variação do quociente de inteligência (ou Q.I.):

Características psico-comportamentais

Retardo Mental Leve

O retardo mental leve pode não ser diagnosticado até que as crianças afetadas ingressem na escola, já que suas aptidões sociais e comunicativas podem ser adequadas nos anos pré-escolares. Este é equivalente ao que foi certa vez chamado “educável”. Este grupo constitui o maior segmento de pessoas com retardo mental – aproximadamente 85%. À medida que ganham idade, entretanto, os déficits cognitivos como fraca capacidade para fazer abstrações e pensamento egocêntrico podem diferenciá-las de outras crianças de sua idade. Embora os indivíduos levemente retardados sejam capazes de funções acadêmicas no nível elementar superior e suas aptidões vocacionais sejam suficientes para que se sustentem em alguns casos, a assimilação social pode ser difícil. Déficits de comunicação, fraca auto-estima e dependência podem contribuir para sua relativa falta de espontaneidade social. Alguns indivíduos levemente retardados podem ter relacionamentos com companheiros que exploram seus déficits. Na maioria dos casos, as pessoas com retardo mental leve podem atingir grau de sucesso social e ocupacional em um ambiente de suporte.

Retardo Mental Moderado

O retardo mental moderado tende a ser diagnosticado mais precocemente que o retardo mental leve, porque as aptidões comunicativas desenvolvem-se mais lentamente nas pessoas com retardo mental moderado e seu isolamento social pode iniciar nos primeiros anos de educação de primeiro grau. Embora as conquistas acadêmicas, geralmente, sejam limitadas ao nível elementar mediano, as crianças moderadamente retardadas beneficiam-se de um atendimento individual focalizado sobre o desenvolvimento de habilidade de auto-ajuda. As crianças com retardo mental moderado têm consciência de seus déficits e, frequentemente, sentem-se afastadas de seus pares e frustradas por suas limitações. Elas continuam necessitando de um nível relativamente alto de supervisão, mas podem tornar-se competentes em tarefas ocupacionais em ambientes de suporte. Elas podem aprender a viajar sozinhas a locais familiares. Constitui aproximadamente 10% da população com retardo.

Retardo Mental Severo

O retardo mental severo geralmente se evidencia nos anos da pré-escola, já que a linguagem da criança afetada é mínima, e seu desenvolvimento motor é fraco. Algum desenvolvimento da linguagem pode ocorrer nos anos escolares, na adolescência, se a linguagem for fraca, ocorre a evolução de formas não-verbais de comunicação. Eles se beneficiam de apenas em uma extensão limitada de treinamento em coisas como o alfabeto e contas simples. Eles podem ser ensinados a identificar palavras como homens, mulheres, ônibus e parada, por exemplo. A incapacidade de articularem plenamente suas necessidades pode reforçar os meios corporais de comunicação. Os enfoques comportamentais podem ajudar a promover algum grau de cuidados pessoais, embora os indivíduos com retardo mental severo geralmente necessitem de supervisão extensa. Este grupo constitui 3 a 4% da população com retardo.

Retardo Mental Profundo

Constitui 1 a 2% da população com retardamento. As crianças com retardo mental profundo exigem supervisão constante e têm aptidões comunicativas e motoras severamente limitadas. Na idade adulta, algum desenvolvimento da linguagem pode estar presente, e habilidades simples de auto-ajuda podem ser adquiridas. Mesmo na idade adulta, necessitam de cuidados de enfermagem.

Outras características

As características que podem ocorrer isoladamente ou como parte de um transtorno mental incluem hiperatividade, baixa tolerância à frustração, agressão, instabilidade afetiva, comportamentos motores estereotipados e repetitivos e comportamentos auto-destrutivos que podem ser mais frequentes e mais intensos com o retardo mental progressivamente severo.

Problemas com a classificação

Ser classificado ou rotulado como “mentalmente retardado” pode trazer problemas para as crianças. Aquelas rotuladas como retardadas podem ser separadas dos seus pares e ensinadas em classes especiais, o que pode levá-las a pensar negativamente sobre si mesmas. Sendo assim, outras pessoas podem esperar ou exigir menos de indivíduos que são classificados como retardados. Quando os indivíduos pensam negativamente sobre si próprios e os outros esperam menos deles, seus níveis de desempenho podem realmente cair, ou seja, o rótulo de “retardado mental” pode se tornar uma profecia auto-realizadora e contribuir para resultar em retardamento.

Características físicas

Principais malformações somáticas das cromossomopatias e síndromes biológicas polimalformativas que se acompanham a Deficiência Mental.

  • Crânio: Microcefalia; Macrocefalia; Craniostenose.
  • Olhos: Epicanto interno; Obliqüidade para cima ou para baixo; Hipertelorismo; Aniridia; Coloboma de íris ou retina.
  • Orelhas: Implantação baixa; em abano; muito grandes ou pequenas; displasia de hélix, anti-hélix ou trago; apêndices pré-auriculares.
  • Boca: Ausência de filtro; lábio superior fino; língua bífida ou lobulada; palato ogival; fenda labial ou palatina.
  • Tórax: Hipertelorismo mamário; mamas supranumerárias.
  • Mãos: Polegares hipertróficos; polidactilia; campodactilia; clinodactilia; sindactilia; prega palmar; unhas hipoplásicas ou ausentes; aracnodactilia.
  • Pés: Polidactilia; sindactilia; hálux hipertróficos; hálux separados; campodactilia; calcâneo saliente.
  • Cabelos e pêlos: Hirsutismo; implantação baixa; sobrancelhas unidas; Pili torti, tricorrexis.
  • Genitais: Hipospádia; escroto bífido; micropênis;

Diagnóstico

Diante de uma criança com Deficiência Mental de qualquer grau que apresente malformações somáticas associadas, sejam estas discretas ou importantes, é necessário o procedimento diagnóstico padronizado que inclui história familiar detalhada se possível com exame clínico dos pais e irmãos; exame ocular completo; tomografia computadorizada cerebral ou RNM; cariótipo com bandeamento cromossômico e outras técnicas, conforme a hipótese diagnóstica.

O DSM-IV estabelece três critérios que devem ser preenchidos para estabelecer um diagnóstico de retardo mental:

  • O indivíduo deve ter “funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média”. Tecnicamente, isto é, definido como um QI de 70 ou inferior.
  • O indivíduo deve ter “déficits ou prejuízos no funcionamento adaptativo” que resultam de, ou estão associados à, baixa inteligência. Prejuízos no funcionamento adaptativo são definidos como a incapacidade de preencher os padrões da faixa etária do indivíduo (ex.: incapacidade de cuidar de si mesmo, habilidades interpessoais ineficazes).
  • O transtorno deve ter se estabelecido antes dos 18 anos. Se um indivíduo funciona normalmente até esta idade e apenas mais tarde apresenta um declínio, é diagnosticado como sofrendo de alguma forma de demência em vez de retardo.

A – funcionamento intelectual significativamente inferior à média: um QI de aproximadamente 70 ou abaixo, em um teste de QI individualmente administrado (para bebês, um julgamento clínico de funcionamento intelectual significativamente inferior à média).

B – déficits ou prejuízos concomitantes no funcionamento adaptativo atual (isto é, a efetividade da pessoa em atender aos padrões esperados para sua idade por seu grupo cultural) em pelo menos duas das seguintes áreas: comunicação, cuidados pessoais, vida doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, independência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança.

C – início anterior aos 18 anos.

Codificar com base no grau de gravidade, refletindo nível de prejuízo intelectual:

  • Retardo Mental Leve: Nível de QI de 50-55 a aproximadamente 70.
  • Retardo Mental Moderado: Nível de QI de 35-40 a 50-55.
  • Retardo Mental Severo: Nível de QI de 20-25 a 35-40.
  • Retardo Mental Profundo: Nível de QI abaixo de 20 ou 25.
  • Retardo Mental, Gravidade Inespecificada: quando existe forte suposição de retardo mental, mas a inteligência da pessoa não pode ser testada por instrumento padronizado.

Tabela extraída do DSM-IV, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders 4ª edição Copyright American Psychiatric Association, Washington, 1994. Usada com permissão.


Testes de Quociente de Inteligência (Q.I.)

O diagnóstico de Deficiência Mental é muitas vezes difícil. Numerosos fatores emocionais, alterações de certas atividades nervosas superiores, como retardo específico da linguagem ou dislexia, psicoses ou baixo nível sócio-econômico ou cultural podem estar na base da impossibilidade do ajustamento social adaptativo adequado, sem que haja necessariamente Deficiência Mental. Estes fatores devem ser levados em conta e, portanto, adequadamente diagnosticados, quando uma criança suspeita de Deficiência Mental é submetida à avaliação de sua capacidade intelectual.

O método mais comum de se qualificar o grau de inteligência de um indivíduo é atribuir-lhe uma “idade mental” e um “quociente de inteligência” (ou Q.I.) baseados na contagem dos pontos nos testes a que foi submetido.

Alfred Binet (1857-1911) desenvolveu o primeiro teste de QI amplamente utilizado em 1905, ele introduziu o conceito de idade mental (I.M.), que é o nível intelectual médio de determinada idade. O quociente de inteligência (Q.I.) é a razão de I.M. sobre a I.C. (idade cronológica) multiplicada por 100, para eliminar a vírgula decimal: é representado pela seguinte equação:

Q.I. = I.M. x100
I.C.

O teste foi explicitamente projetado para prever quão bem os estudantes desempenhariam na escola.

Escala Wechsler De Inteligência Adulta (WAIS) – O WAIS é o teste de inteligência melhor estandardizado e mais amplamente utilizado na clínica atual. Foi elaborado por David Wechsler, no Centro Médico da universidade de Nova Iorque, e no Hospital Psiquiátrico Bellevue.

Criado em 1939, o Wechsler original passou por várias revisões. Foram criadas uma escala para crianças de 5 aos 15 anos (WISC – Escala Wechsler de Inteligência para Crianças) e uma escala para crianças de 4 a 6 anos e meio (WPPSI – escala Wechsler de Inteligência Pré-escolar e Primária). Na prática, a WAIS, WISC ou WPPSI são usadas como parte de uma bateria de testes psicológicos.

Teste de Stanford-Binet – Lewis Terman, da universidade de Stanford, criou o Teste usado em psiquiatria e na educação. A WAIS, entretanto, é mais amplamente usada do que o teste de Stanford-Binet.

Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota – O MMPI é um inventário de autodescrição amplamente usado, e o mais extensamente pesquisado dentre os instrumentos de avaliação objetiva da personalidade. Foi desenvolvido em 1937 por Starke Hathaway, um psicólogo, e J. Charnley McKinley, um psiquiatra.

Inventário Clínico Multiaxial de Millon (MCMI) – O MCMI é um inventário de personalidade de 175 itens de verdadeiro-falso, feito com lápis e papel, desenvolvido por Theodore Millon e seus colegas, no final dos anos 70. O teste permite a pontuação e interpretação em 11 escalas, que representam transtornos de personalidade extraídos da terceira edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-III) da American Psychiatric Association.

Inventário de Personalidade de Eysenck – Desenvolvida por H. Eysenck, esta escala de auto-avaliação da personalidade mede emocionalidade x estabilidade, extroversão x introversão, sociabilidade, persistência e uma tendência de alguns sujeitos fingirem boas respostas (comparavelmente à Escala da Mentira, do MMPI). Eysenck introduziu o conceito de psicotocismo, que é um traço de personalidade subjacente presente em variados graus em todas as pessoas. Se presente em um grau acentuado, predispõe a pessoa ao desenvolvimento de um transtorno psiquiátrico.

Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos Dissociativos do DSM-IV – O desenvolvimento de instrumentos diagnósticos como a Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos Dissociativos do DSM-IV (SCID-D) tornou possível a avaliação de sintomas dissociativos específicos. A SCID-D é uma entrevista diagnóstica semi-estruturada para a avaliação sistemática de cinco sintomas do transtorno dissociativo: amnésia, despersonalização, desrealização, confusão de identidade e alteração de identidade. Ela permite o diagnóstico de transtornos dissociativos com base nos critérios do DSM-III e DSM-IV. Definições de graus de severidade foram desenvolvidas para operacionalizar a avaliação das cinco áreas sintomáticas.

Teste de Rorschach – Como a possível exceção da WAIS, o teste de Rorschach é o teste individual mais frequente usado nos ambientes clínicos dos Estados Unidos. O Rorschach foi elaborado por Herman Rorschach, um psiquiatra suíço que, por volta de 1910, começou a fazer experiências com borrões de tinta ambíguos, onde uma demasiada ênfase na forma sugere rigidez e constrição da personalidade. As respostas com base na cor relacionam-se a reações emocionais da pessoa ao ambiente e ao controle do afeto.

Teste de Apercepção Temática (TAT) – O TAT foi desenvolvido por Henry Murray e Christina Morgan, como parte do estudo da personalidade normal, conduzido na Clínica Psicológica de Harvard, em 1943. Geralmente, o TAT é mais útil como técnica para inferir aspectos motivacionais do comportamento, do que como base para a confecção de um diagnóstico.

Teste de Completar Sentenças (TCS) – O TCS foi planejado para estimular as associações conscientes do paciente nas áreas de funcionamento em que o psicólogo possa estar interessado. Com o protocolo individual, muitos psicólogos adotam uma técnica de inspeção, anotando as respostas que expressem afetos fortes, que tendem a ser repetitivas, que são incomuns ou particularmente informativas.

Técnica de associação de Palavras – A técnica de associação de palavras foi elaborada por Carl Jung, que apresentou palavras-estímulo aos pacientes, pedindo-lhes que respondessem com a primeira coisa que lhes viesse à mente, assim pode ser revelada dificuldade de associação.

Teste da Figura Humana – O teste da figura humana foi usado originalmente para medir a Inteligência das crianças. Os detalhes correlacionavam-se com inteligência e nível de desenvolvimento. Desde então, tornou-se mais útil como um teste de adultos.

Para que haja o diagnóstico de deficiência mental requer que o indivíduo tenha um desempenho fraco em um teste de inteligência e também demonstre uma inabilidade de funcionar adequadamente. Portanto, mesmo que o QI forneça uma medição baixa, porém inválida da capacidade do indivíduo, isto é, em si, não resulta no diagnóstico. O indivíduo deve também apresentar problemas no funcionamento diário.


Classificação dos testes

Testes objetivos

Os testes objetivos são, tipicamente testes de lápis-e-papel, baseados em itens e questões específicos. Fornecem escores numéricos e perfis facilmente sujeitos à análise matemática ou estatísticas. Um exemplo é o Inventário Multifásico da Personalidade de Minnesota (MMPI).

Testes Projetivos

Estes testes apresentam estímulos cujo significado não é imediatamente óbvio, isto é, algum grau de ambiguidade força o sujeito a projetar suas próprias necessidades na situação de testagem. Os testes projetivos presumivelmente não possuem respostas certas ou erradas. A pessoa que está sendo testada deve dar um significado ao estímulo, de acordo com suas próprias necessidades interiores, impulsos, habilidades e defesas. Exemplos incluem o Teste de Apercepção Temática (TAT), teste da Figura Humana, teste de Rorschach e teste de Completar Sentenças.

Testes Individuais ou em Grupo

Os testes podem ser administrados individualmente ou dados simultaneamente a um grupo de pessoas. A testagem individual possui a vantagem de fornecer uma oportunidade para que o examinador avalie o rapport e os fatores motivacionais, observe e registre o comportamento do paciente durante a realização do teste, além de possibilitar a cuidadosa cronometragem das respostas. Os testes em grupo, por outro lado, geralmente são mais fáceis de administrar e avaliar.

Baterias de Testes

Vários testes individuais, utilizados conjuntamente, formam uma bateria de testes psicológicos. A bateria de testes pode dar maiores informações sobre diferentes áreas de funcionamento do que um teste individual, além de aumentar o nível de confiança, se existir uma correlação positiva entre eles. Um exemplo de bateria de testes é a de Halstead-Reitan.

Problemas com a avaliação

Existem quatro problemas potencialmente sérios como uso de testes de QI tradicionais para medir o retardo.

  • Dúvida na eficácia para medir habilidades de crianças pobres ou de crianças pertencentes a grupos étnicos que têm experiências culturais distintas. Estudo verificou que os escores de QI estavam relacionados ao desempenho acadêmico para estudantes de países já desenvolvidos e não para países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos (Goldman & Hartig, 1976);
  • Os testes tradicionais de QI podem não medir habilidades relevantes para o “mundo real”; portanto, o retardo que medem pode estar limitado à sala de aula (Ginsberg, 1972);
  • A maioria dos testes de inteligência foram padronizados sobre indivíduos com inteligência normal e pouca atenção foi dada a indivíduos com níveis mais baixos de inteligência;
  • Os indivíduos com retardo sofrem de uma variedade de problemas físicos e emocionais, além do seu retardo, e tais problemas podem interferir no desempenho no teste e distorcer os resultados.


Fatores de Risco

Comprometimento neurológico: psicopatologias aumentam em uma variedade de condições neurológicas, tais como transtornos convulsivos, e também aumentam com a severidade do retardo mental, indicando um maior comprometimento neurológico à medida que aumenta o comprometimento intelectual.

Síndromes genéticas: algumas evidências indicam que síndromes com base genética estão associadas com manifestações comportamentais específicas, como déficit de atenção/hiperatividade, perturbações compulsivas da alimentação, hiperfagia e obesidade. As crianças podem apresentar-se oposicionais e desafiadoras e na adolescência parecem aumentar os ataques de raiva, irritabilidade e tendência a discussões violentas e déficits de percepção de alterações ambientais, entre outros específicos de cada síndrome de origem genética.

Fatores psicossociais: auto-estima e auto-imagem negativas são características comuns. As dificuldades de comunicação aumentam ainda mais sua vulnerabilidade a sentimentos de incapacidade e frustração como já dito no item Problemas com a classificação. Comportamentos inadequados, tais como o retraimento, são comuns. O perpétuo sentimento de isolamento e inadequação tem sido ligado a sentimentos de ansiedade, raiva, disforia e depressão.


Tratamento

Para um retardo proveniente de um defeito, o tratamento deveria ser localizado em ensinar meios individuais para compensar o problema, pois ele não pode ser corrigido. Por exemplo, os indivíduos poderiam receber treinamento vocacional destinado a provê-lo com habilidades produtoras de renda que não requerem um alto grau de inteligência. Em contraste, se o retardo é devido a um atraso no desenvolvimento, o tratamento deveria ser focalizado em corrigir o problema. Por exemplo, os indivíduos poderiam ser colocados em um programa no qual fossem expostos a exercícios e a experiências que os capacitarão a crescer intelectualmente e mudar suas atitudes em relação a si mesmos e às suas habilidades.

Como sabemos, o retardo mental está associado com vários grupos heterogêneos de transtornos e a uma multiplicidade de fatores psicossociais. O tratamento de retardo mental é o modelo da medicina preventiva de prevenção primária, secundária e terciária.

Prevenção Primária

A prevenção primária refere-se a esforços e atitudes no sentido de eliminar ou reduzir os fatores e as condições que levam ao desenvolvimento das perturbações associadas com o retardo mental. Tais medidas incluem:

  • Educação para aumentar o conhecimento e a consciência do público em geral com relação ao retardo mental;
  • Esforços contínuos dos profissionais da saúde no sentido de garantir e melhorar as políticas de saúde pública;
  • Uma legislação que proporcione cuidados ideais de saúde materno-infantil;
  • A erradicação das perturbações conhecidas associadas com lesão do sistema nervoso central.

O aconselhamento familiar e genético ajuda a reduzir a incidência de retardo mental em uma família com história de transtorno genético associado com retardo mental. Para as crianças e mães de baixa condição socioeconômica, cuidados médicos pré e pós-natais adequados e vários programas suplementares de melhorias e a assistência dos serviços sociais podem ajudar a minimizar as complicações médicas e psicossociais.

Prevenção Secundária e Terciária

Identificada uma perturbação ou condição associada com retardo mental, esta deve ser tratada de modo a abreviar o curso da doença (prevenção secundária) e minimizar as sequelas ou comprometimentos consequentes (prevenção terciária).

Transtornos hereditários metabólicos e endócrinos, tais como fenilcetonúria (PKU) e hipotiroidismo, podem ser efetivamente tratados em um estágio precoce, pelo controle dietético ou terapia de reposição hormonal.

As crianças mentalmente retardadas, com frequência, têm dificuldades emocionais e comportamentais que exigem tratamento psiquiátrico. As limitadas capacidades cognitivas e sociais destas crianças exigem modalidades de tratamento psiquiátrico modificadas com base em seu nível de inteligência.

Educação para a criança. Os contextos educacionais para crianças mentalmente retardadas devem incluir um programa amplo, que aborde o treino e aptidões adaptativas, de habilidades sociais e ocupacionais. Uma atenção particular deve ser dada à comunicação e melhoria da qualidade de vida. A terapia em grupo frequentemente tem sido bem-sucedida, pois as crianças mentalmente retardadas podem aprender e praticar situações hipotéticas da vida real e receber feedback incentivador.

Terapias comportamentais, cognitiva e psicodinâmica. As dificuldades de adaptação dos indivíduos com retardo mental são amplas e tão variadas que diversas intervenções, isoladas ou em combinação, podem ser benéficas.

A terapia comportamental vem sendo usada há muitos anos para moldar e melhorar os comportamentos sociais e para o controle e minimização dos comportamentos agressivos e destrutivos do paciente. O reforço positivo para comportamentos desejados e punição benigna (tal como a perda de privilégios) para comportamentos reprovados têm sido úteis.

A terapia cognitiva, na forma da correção de falsas crenças e exercícios de relaxamento com auto-instrução, também têm sido recomendada para aqueles pacientes com retardo mental que conseguem seguir instruções.

A terapia psicodinâmica tem sido usada com pacientes com retardo mental e suas famílias para a diminuição dos conflitos envolvendo expectativas que resultam em ansiedades persistentes, raiva e depressão.

Nessa prevenção secundária e terciária, o papel de uma equipe multidisciplinar (psicólogo, fisioterapeuta, enfermagem, etc…) é indispensável, principalmente dependendo do grau de retardo mental, pois os transtornos físicos associados são diversos.

Educação da família. Uma das áreas mais importantes a serem abordadas pelo clínico é a da reeducação da família de uma paciente com retardo mental, envolvendo modos de melhorar a competência e auto-estima e mantendo, ao mesmo tempo, expectativas realistas para o paciente. A família frequentemente considera difícil equilibrar e apoiar a independência e o oferecimento de um ambiente incentivador e estimulante para a criança mentalmente retardada, que tende a experimentar algum grau de rejeição e fracasso fora do contexto familiar.

Os pais podem beneficiar-se de aconselhamento contínuo ou terapia familiar. Deve-se lhes oferecer a oportunidade de expressarem seus frequentes sentimentos de culpa, sofrimento, angústia, negação e raiva envolvendo o transtorno e o futuro do filho.

Teste do Pezinho

É feito no primeiro mês de vida. O teste é obrigatório por lei e é gratuito. Tem de ser exigido, pois em muitos casos, significa o limite entre a vida e a morte e previnem moléstias que podem causar deficiência mental grave (Ex: fenilcetonúria e hipotiroidismo congênito).

As amostras colhidas no Brasil são encaminhadas e analisadas pela APAE de São Caetano do Sul. Uma grande proporção dos resultados sequer é procurada depois por aqueles que seriam os maiores responsáveis pelos bebês: os pais. Desinteresse ou desinformação? Os postos de saúde, hospitais e maternidades estão habilitados a colher as amostras.

Terapias associadas

Musicoterapia é um recurso. Com a utilização da música e/ou de seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender às necessidades físicas, mentais, sociais e cognitivas.

A musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele ou ela alcance uma melhor organização intra e/ou interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida, através de prevenção, reabilitação ou tratamento, ou seja, pode ser usada com gestantes, na estimulação precoce, como com crianças, adolescentes e adultos.

Instituições e entidades

Deficientes Mentais

ADERE – Associação para o Desenvolvimento Educação e Recuperação do Excepcional
APAE – associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
CARE – Carminha associação para Reabilitação de Excepcionais
Casa Criança Betinho – Lar Espírita para Excepcionais
CRESCE – Centro de reabilitação educação Social para Crianças Excepcionais
QUATRO E – Escola Especial de educação para Excepcionais
EVOLUCAO – Centro de Vivência
Instituto Mater Dei
RENASCER – Centro de reabilitação
Casas ANDRE LUIZ
LACE – Legião de Assistência à criança Excepcional
AAEB – associação de Amigos dos Excepcionais do Brooklin
ARDEM – associação Reg Desporto para Deficientes Mentais
AME – Amigos Metroviários Excepcionais
APABEX – associação de Pais Banespianos de Excepcionais
AVAPE – associação para Valorização de Excepcionais
Lar da criança Ninho de Paz
Lar Mãe do Divino Amor
NACEME – Núcleo Assistencial à criança Excepcional Mundo Encantado
SEMEAR – associação Integração Apoio aos Portadores de Deficiências dos Empregados da Telesp


Conclusão

Concluímos que as características inúmeras que se encontram associadas a Deficiência Mental não deveriam ser tão enfatizadas, com o intuito de diminuir o estigma, minimizar os preconceitos e maximizar as oportunidades sociais, familiares, escolares e laborais; estas características aparecem várias vezes descritas com termos que possuem intenções, as quais acabam gerando mais rótulos e, consequentemente, mais exclusão, tais como: desenvolvimento mental incompleto, incompetência social, inadequação no comportamento adaptativo, etc. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a deficiência representa, no que tange à saúde, uma perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica.

Não estamos querendo com isto negar a condição de deficiência, nem sequer discutir profundamente esta questão. Pretendo apenas chamar a atenção para o fato de que, se estas forem as condições mais levadas em consideração para um julgamento educacional, por exemplo, talvez com isso lhes seja negado algumas oportunidades educacionais, na medida em que, no senso comum, pensa-se “se eles não têm condições de aprender, nem vou tentar ensinar!”. Assim faz-se aumentar o rótulo de incapacidade. É neste sentido que acreditamos ser oportuno discutir a conceituação de uma forma mais genérica, ainda que não possamos e não devemos descartar os fatores causais da Deficiência Mental, quer sejam genéticos, orgânicos, metabólicos, cromossômicos, etc. Talvez possamos estar trabalhando com aquilo que, dentro dos limites impostos pela sua deficiência, a pessoa consiga se desenvolver, tendo em vista que a Deficiência Mental não é uma doença, mas sim uma condição. Sendo assim, concordamos com MENDES (1996) quando coloca que, (…) os problemas da definição têm se concentrado, o que nos faz concluir que, na raiz do problema conceitual constatado, parece estar a tentativa de justificar cientificamente a falha da sociedade em proporcionar escolaridade pública para todos os seus cidadãos.

Deste modo, elucida-se mais uma vez a questão da realidade educacional deficiente que recebem os deficientes e na qual o rótulo pesado do próprio conceito acaba por barrar algumas das oportunidades educacionais das pessoas com Deficiência Mental, ainda que esta cause um atraso ou lentidão no desenvolvimento global da pessoa, a criança aprende, mas muitas vezes lentamente que as outras de sua idade; daí a necessidade de recursos pedagógicos-educacionais que visem suprir as necessidades educativas especiais desta clientela.

Uma variedade de tentativas foi feita para resolver a controvérsia defeito versus desenvolvimento atrasado. Os resultados foram mistos e é provavelmente mais seguro concluir que o retardo leve pode ser consequência de um defeito ou atraso no desenvolvimento. Atenção deveria ser dispensada a ambas as possibilidades ao considerar questões de prevenção e tratamento. O problema pode não ser determinar qual a explicação está correta em geral, mas, antes, determinar qual a explicação está correta para um indivíduo particular.


Bibliografia

KOLB, Lawrence C. “Psiquiatria Clínica”. 1ª ed. em português e 8ª ed. original. Rio do Janeiro-RJ. Editora Interamericana Ltda. 1976. P.536-542.

HOLMES, Davids. “Psicologia dos Transtornos Mentais”. 2ª ed. Porto Alegre-RS . Editora Artes Médicas. 1997. p.439-442.

KAPLAN, Harold I., SADOCK, Benjamin J., GREBB, Jack A. “Compêndio de Psiquiatria – Ciências do comportamento e Psiquiatria Clínica”. 7ª ed. Editora Artes Médicas. 1997. p.955-956 e 966-969.

ROSEMBERG, Sérgio. “Neuropatia”. 1ª ed. São Paulo-SP. Editora Sarvier. 1992. p.120-124.

RAMOS, John S.“Testes de Inteligência”. 1ª ed. Rio do Janeiro-RJ. Editora Tecnoprint Ltda. P. 93-95.

Internet

Autismo

APARJ – Associação de Pais de Autistas do RJ – Autismo. Definição, educação, terapias, biomedicina e notícias. Rio de Janeiro, RJ.

ADIANTE – Associação de Incentivo ao Núcleo de Trabalhos Especiais. Adultos e crianças portadores de autismo e Síndrome de Rett. São Paulo, SP.

João Silva – Índices e sites de psicologia, psicomotricidade, educação, fonoaudiologia, reabilitação motora, biodança, terapias corporais, terapia Reichiana, autismo, dificuldades na fala e dificuldades motoras, neurose, stress, etc… Rio de Janeiro, RJ.

Fundação Projeto Diferente – Entidade de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como finalidade o atendimento psico-educativo a crianças e jovens portadores de autismo e síndromes associadas. Fortaleza, CE.

APAE de Jundiaí – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Jundiaí, fundada em 07 de setembro de 1957, atende pessoas, com idade entre 0 e 60 anos, com atraso no desenvolvimento, portadores de deficiência mental, autismo e distúrbios de aprendizagem.

Casa da Esperança – Terapia, educação e vida para pessoas autistas. Esta página é um local de troca de informações e experiências. Fortaleza, CE.

Centro Terapeutico Cetepê – Centro criado com o objetivo de prestar atendimento especializado à crianças e jovens portadores das síndrome do autismo, atrasos no desenvolvimento e aprendizagem. Porto Alegre, RS.

Escola Viva Vida – Escola e clínica que presta atendimento terapêutico e pedagógico a pessoas portadoras de deficiências neurológicas como síndrome de down, retti, x-frágil, Prader-Willi, deficiência mental, paralisia cerebral e autismo. São José do Rio Preto, SP.

Fundação Casa da Esperança – Terapia, pesquisa, educação e vida para pessoas portadoras de autismo.

Gente Especial – Site voltado para a inclusão e integração dos portadores de deficiências de todos os tipos: mental, física, visual e auditiva, paralisia cerebral, síndrome de down, autismo e lesões por acidentes. Matérias, reportagens, legislação, oportunidades e divulgação de agenda e eventos. São Paulo, SP.

Autor: Wellington Torres da Rocha


Este texto foi publicado na categoria Educação Inclusiva e Especial.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

3 respostas para “Deficiência Mental”

  1. Gostaria de um poste em que falasse da deficiência mental no design de interiores

  2. Pelo contrario, a síndrome é sim uma doença mental, também chamada de mongolismo ou trissomia 21 é a sua causa pré-natal mais freqüente da Deficiência da mente.

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