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Crianças com Comportamento de Agitação e Falta de Atenção

Este artigo explora como auxiliar crianças que apresentam comportamentos de agitação e falta de atenção, oferecendo soluções de profissionais especializados e dicas para manter a motivação e o foco.

Crianças com Comportamento de Agitação e Falta de Atenção

Autor: Fernando Lage Bastos

Embora problemas com comportamentos de agitação e falta de atenção em crianças e até adultos estejam longe de ser uma novidade, trabalhos científicos sobre o assunto estão sendo realizados desde o começo do século XX, como um trabalho feito pelo médico George Frederic Still em 1902.

Still descreveu um grupo de 20 crianças que se comportavam de maneira excessivamente emocional, desafiadora, passional e agressiva, mostrando resistência a qualquer tipo de ação que visasse tornar seu comportamento mais aceitável. O grupo tinha uma proporção de 3 meninos para cada menina e era composto por crianças que não apresentavam indícios de maus-tratos pelos pais. Still especulou que, devido à ausência de maus-tratos, os problemas dessas crianças deveriam ter origem biológica. A hipótese ganhou mais força quando Still notou que alguns membros das famílias das crianças eram portadores de problemas psiquiátricos, como depressão, alcoolismo e problemas de conduta (HALLOWELL et al., 1994- p.271).

O simples fato de que Still propôs uma base biológica para o problema, embora a evidência definitiva ainda demorasse mais algumas décadas para chegar, já foi um grande passo. Antes disso, as crianças e os pais eram considerados responsáveis pela “falha moral”, e o tratamento era frequentemente realizado através do uso de castigos e punições físicas. Os manuais de pediatria da época eram repletos de explicações sobre como bater em crianças e afirmavam a necessidade desse tipo de tratamento.

As observações e deduções de Still influenciaram o “pai” da psicologia norte-americana, William James, que especulou que esses distúrbios de comportamento seriam devido a problemas na função inibitória do cérebro em relação aos estímulos ou a algum problema no córtex cerebral, onde o intelecto acabava se dissociando da “vontade” ou conduta social.

Em 1934, Eugene Kahn e Louis H. Cohen publicaram um artigo no famoso “The New England Journal of Medicine”, afirmando que havia uma base biológica para a hiperatividade, baseado em um estudo feito com pacientes vítimas da epidemia de encefalite de 1917-1918. Os autores deste artigo foram os primeiros a mostrar uma relação entre uma doença e os sintomas da ADD (falta de atenção, impulsividade e hiperatividade).

Em 1937, Charles Bradley mostrou mais uma linha de relação da ADD com o biológico através da descoberta acidental de que alguns estimulantes, as anfetaminas, ajudavam crianças hiperativas a se concentrar melhor. Esta descoberta foi contrária à lógica tradicional, pois os estimulantes em adultos produziam um aumento de atividade no sistema nervoso central, enquanto o inverso acontecia em crianças com ADD. O porquê desse fenômeno ainda iria levar mais algumas décadas para ser compreendido.

Em pouco tempo, as pessoas com esse problema receberam uma nova e obscura descrição: “Disfunção Cerebral Mínima” e começaram a ser tratadas com dois estimulantes que se mostraram muito eficazes no tratamento do problema (Ritalina e Cyclert).

Em 1957, Maurice Laufer tentou associar os problemas da “síndrome hipercinética” com o tálamo, estrutura cerebral responsável pela filtragem de sinais somáticos provenientes do resto do corpo. Embora esta hipótese não pudesse ser provada, era o começo da ligação entre a ADD e alguma estrutura cerebral.

Nos anos 60, as observações clínicas se tornaram mais apuradas e ficou cada vez mais aparente que a síndrome tinha alguma origem biológica e talvez até genética, absolvendo os pais da culpa pelo problema definitivamente na comunidade científica. A população em geral continuou culpando os pais, como ainda acontece até hoje em populações menos informadas.

No final dos anos 60, muito já era sabido sobre ADD, mas a falta de novas evidências ligando a síndrome a bases biológicas começou a criar discussões sobre a existência da síndrome. Muitos acreditavam que o transtorno era uma tentativa de livrar os pais de culpa por seus filhos mimados e mal comportados. Depois desse período de incerteza, novas descobertas começaram a ser feitas, ligando os problemas associados com a ADD a certos tipos de neurotransmissores.

Em 1970, C. KORNETSKY propôs a hipótese de que a ADD poderia estar ligada a problemas com certos neurotransmissores, como a dopamina e a norepinefrina. Embora a hipótese seja coerente, as pesquisas realizadas desde então na tentativa de comprovar o efeito desses neurotransmissores na ADD ainda não obtiveram sucesso. Embora não se saiba qual é o neurotransmissor específico ligado à ADD, muitos pesquisadores acreditam que a ADD é um problema de desequilíbrio químico no cérebro, e estudos recentes, somados à aparente melhora obtida através da psicofarmacologia, parecem confirmar essa hipótese.

Nas décadas de 1980, vários autores como Mattes e Gualtieri e Chelune (apud HALLOWELL et al.) especularam sobre o envolvimento dos lobos frontais na ADD, devido à semelhança de sintomas apresentados por pacientes de ADD e aqueles que sofreram danos aos lobos frontais devido a acidentes ou outros problemas. Em 1984, Lou et al. (apud HALLOWELL et al.) encontraram evidências de uma deficiência de circulação sanguínea nos lobos frontais e no hemisfério esquerdo de pessoas portadoras de ADD. Todos esses achados foram confirmados em 1990 por Zametkin (apud HALLOWELL et al.) graças ao desenvolvimento de novas tecnologias, como o PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons), que mostravam o funcionamento do cérebro in vivo. Através de exames de PET comparativos entre pessoas diagnosticadas com ADD e controles, Zametkin notou que os cérebros de pessoas com ADD tinham um consumo de energia cerca de 8% menor do que o normal e que as áreas mais afetadas eram os lobos pré-frontais e pré-motores, responsáveis pela regulação e controle do comportamento, dos impulsos e dos atos baseados nas informações recebidas de áreas mais primitivas do cérebro, como o tálamo e o sistema límbico. Conforme essas novas evidências começaram a surgir, ficou claro que a ADD estava realmente associada a alterações do metabolismo cerebral, acabando definitivamente com a dúvida sobre a real existência da síndrome e sua ligação biológica.

Para mais informações sobre como lidar com crianças que apresentam dificuldades de atenção, é importante conhecer as estratégias de inclusão escolar que podem ser aplicadas.

Além disso, a prática de atividades físicas pode ser uma excelente forma de ajudar crianças com esses comportamentos. A cama elástica é um exemplo de atividade que pode proporcionar benefícios significativos para a concentração e o foco.

Por fim, é fundamental que os educadores e familiares estejam sempre atualizados sobre as novas pesquisas e práticas que podem auxiliar no desenvolvimento de crianças com comportamentos de agitação e falta de atenção.


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