Teoria de Piaget para a Psicologia da Educação
Explore a Teoria de Piaget sobre o Desenvolvimento Cognitivo e suas implicações na Psicologia da Educação. Aprenda como aplicar esses conceitos para melhorar a aprendizagem dos alunos.
Estádios de desenvolvimento
Cada estádio principal é um sistema de pensamento qualitativamente diferente do precedente.
Estados sequenciais, cada um corresponde a uma idade, tendo cada um subcategorias, embora possam existir diferenças cronológicas.
Existe uma evolução integrativa, isto é, as novas aquisições são integradas na estrutura anterior, organizando-se agora uma nova estrutura hierarquicamente superior.
Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo dá-se quando temos um conflito cognitivo. O conflito cognitivo causa instabilidade, motivação, dúvida e desejo de saber. Este conflito cognitivo dá-se quando percebemos que temos algo contraditório, é interno e pessoal.
Assim, a cognição é um processo ativo e interativo permanente de avanços e recuos entre a pessoa e o meio. É ativo e não passivo; a pessoa afeta o meio e o meio afeta a pessoa simultaneamente, como um mecanismo regulador.
Assimilação: tenta-se encaixar, conforme o conhecimento.
Acomodação: é a modificação do nosso conhecimento, é a reestruturação do mesmo de uma maneira diferente.
A Assimilação e Acomodação
A assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra (classifica) um novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias (WADSWORTH, 1996). Ou seja, quando a criança tem novas experiências (vendo coisas novas ou ouvindo coisas novas), ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui.
O próprio Piaget define a assimilação como (PIAGET, 1996, p. 13):
… uma integração às estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou ser mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação.
Isto significa que a criança tenta continuamente adaptar os novos estímulos aos esquemas que ela possui até aquele momento. Por exemplo, imaginemos que uma criança está aprendendo a reconhecer animais, e até o momento, o único animal que ela conhece e tem organizado esquematicamente é o cachorro. Assim, podemos dizer que a criança possui, em sua estrutura cognitiva, um esquema de cachorro.
Pois bem, quando apresentada a esta criança um outro animal que possua alguma semelhança, como um cavalo, ela a terá também como cachorro (marrom, quadrúpede, um rabo, pescoço, nariz molhado, etc.).
Entrando agora na operação cognitiva da acomodação, iniciamos com a definição dada por PIAGET (p. 18, 1996):
Chamaremos acomodação (por analogia com os “acomodatos” biológicos) toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) aos quais se aplicam.
Assim, a acomodação acontece quando a criança não consegue assimilar um novo estímulo, ou seja, não existe uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em função das particularidades desse novo estímulo (Nitzke et al., 1997a). Diante deste impasse, restam apenas duas saídas: criar um novo esquema ou modificar um esquema existente. Ambas as ações resultam em uma mudança na estrutura cognitiva. Ocorrida a acomodação, a criança pode tentar assimilar o estímulo novamente, e uma vez modificada a estrutura cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado.
WADSWORTH diz que (1996, p. 7) “A acomodação explica o desenvolvimento (uma mudança qualitativa), e a assimilação explica o crescimento (uma mudança quantitativa); juntos eles explicam a adaptação intelectual e o desenvolvimento das estruturas cognitivas.” Essa mesma opinião é compartilhada por Nitzke et al. (1997a), que escreve que os processos responsáveis por mudanças nas estruturas cognitivas são a assimilação e a acomodação.
PIAGET (1996), quando expõe as ideias da assimilação e da acomodação, no entanto, deixa claro que da mesma forma como não há assimilação sem acomodações (anteriores ou atuais), também não existem acomodações sem assimilação. Esta declaração de Piaget significa que o meio não provoca simplesmente o registro de impressões ou a formação de cópias, mas desencadeia ajustamentos ativos.
A Teoria da Equilibração
Segundo Piaget (WADSWORTH, 1996), a teoria da equilibração, de uma maneira geral, trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e assim, é considerada como um mecanismo autorregulador, necessário para assegurar à criança uma interação eficiente dela com o meio ambiente.
A sequência de mudanças de estádios ocorre pela ordem proposta por Piaget.
Estágios de desenvolvimento
Para Piaget, o desenvolvimento humano obedece a certos estágios hierárquicos, que decorrem do nascimento até se consolidarem por volta dos 16 anos. A ordem destes estádios (ou estágios) seria invariável e inevitável a todos os indivíduos.
Estágio sensório-motor (do nascimento aos 2 anos) – a criança desenvolve um conjunto de “esquemas de ação” sobre o objeto, que lhe permitem construir um conhecimento físico da realidade. Nesta etapa, desenvolve o conceito de permanência do objeto, constrói esquemas sensório-motores e é capaz de fazer imitações, construindo representações mentais cada vez mais complexas.
Estágio pré-operatório (dos 3 aos 6 anos) – a criança inicia a construção da relação causa e efeito, bem como das simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do faz-de-conta.
Estágio operatório-concreto (dos 7 aos 11 anos) – a criança começa a construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento, apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstrações.
Estágio operatório-formal (dos 12 aos 16 anos) – fase em que o adolescente constrói o pensamento abstrato, conceitual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista e sendo capaz de pensar cientificamente.
Implicações educacionais da teoria de Piaget
As crianças, para apreenderem, precisam de se ocupar com atividades apropriadas às capacidades cognitivas, não fixadas à nascença, mas desenvolvidas em cada um dos estádios.
Inteligência = Ação. A ação produz desenvolvimento cognitivo. É necessária uma escola ativa.
O desenvolvimento cognitivo depende da ação, para Piaget. A ação produz desenvolvimento, daí ser necessário ser uma escola ativa.
Não se deve acelerar o desenvolvimento, já que o progresso é o resultado de dois fatores (o ensino crítico e o estádio de desenvolvimento cognitivo).
Patricia Arlim critica Piaget pela existência de 4 estádios e assim indica um quinto estádio, de operações pós-formais.
Onde existe a capacidade de desenvolver novas soluções, onde se formulam perguntas produtivas, com uma atenção no raciocínio lógico, criatividade e sabedoria.
Assimilação: assimilar ideias e experiências do meio circundante. Um ajustar das experiências ao nosso estádio de desenvolvimento cognitivo.
Acomodação: é o alterar do nosso presente estádio de processamento cognitivo de modo a incorporar novas experiências.
Equilibração: é o ato de balanceamento entre antigas e novas percepções e experiências, é um processo dinâmico que procura reduzir a dissonância.
Fases de aprendizagem
Consciência de uma discrepância moderada na compreensão do significado de um acontecimento ou ideia.
Sentimento de perplexidade; curiosidade, embaraço ou ativação afetiva.
Acumulação de mais informações novas que não se ajustam à antiga compreensão.
Existência de um período de reflexão descontraída, procurando ajustar-se os novos elementos de informação no antigo esquema.
Um novo equilíbrio é alcançado; a nova informação evolui da acomodação para a assimilação.
Passado o tempo suficiente, a nova informação torna-se antiga e pode ser generalizada a situações semelhantes.
Surge uma nova discrepância moderada e o processo continua.
O professor não ensina, ajuda o aluno a aprender.
Crianças geralmente classificadas em um estádio podem apresentar alguns pensamentos de nível superior.
A importância da psicomotricidade no processo da aprendizagem é um aspecto que pode ser considerado ao aplicar a teoria de Piaget na educação.