Qual criança nunca sentiu medo do escuro? Afinal, na escuridão podem surgir monstros, bruxas, fantasmas e outros seres assustadores, que fazem parte do imaginário infantil.
Apesar de ser um sentimento corriqueiro, nem sempre os pais sabem lidar corretamente com o medo de seus filhos. Principalmente porque boa parte desses temores tem origem na imaginação das crianças. Mas, afinal, como os pais devem se comportar diante de uma criança amedrontada?
A psicóloga Marilza Mestre, especializada em pânico, ansiedade e medo, afirma que os pais devem encarar o medo infantil como algo natural e saudável. A educação emocional é fundamental para que as crianças aprendam a lidar com seus sentimentos.
“O medo é uma resposta de nosso sistema de defesa aos estressores naturais, isto é, tudo que ponha em risco o indivíduo ou seu grupo, tanto do ponto de vista orgânico como emocional, social ou espiritual”, explica a psicóloga.
Mas encarar com naturalidade não significa ignorar. Segundo Marilza, é preciso escutar a criança, prestar atenção no contexto e perceber o que está provocando a sensação de ameaça. Mesmo que o risco seja imaginário, o sentimento da criança é real, e suas causas precisam ser investigadas.
A psicóloga Walkyria Coelho, instrutora da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística, ressalta que é responsabilidade dos pais ajudar os filhos a enfrentar seus temores. Ela acredita que o amor e o apoio dos adultos são fundamentais para a criança superar ansiedade, insegurança e medos.
Como nem sempre as crianças conseguem expressar seus sentimentos, Walkyria sugere: “Brinque com a criança, entre na fantasia dela. Com experiências lúdicas, os adultos entendem melhor os anseios dos pequenos e estes aprendem a enfrentar várias situações em que o sentimento de medo aparece.”
Os pais não devem repreender, ridicularizar nem obrigar o filho a enfrentar a situação que lhe dá medo sem que ele esteja preparado. De acordo com a psicóloga Walkyria Coelho, essas atitudes podem causar desequilíbrios psicológicos e emocionais na criança.
“É preciso saber ouvir e respeitar o sentimento da criança para depois buscar a melhor forma de conversar com ela sobre aquilo que a amedronta. Expor a criança a situações nas quais ela se sinta insegura só vai causar sofrimento, ansiedade e insegurança”, afirma Walkyria.
Por outro lado, superproteger a criança quando ela está com medo também não é o caminho adequado. Para a psicóloga Marilza Mestre, o correto é ensinar os filhos a se defenderem do que os amedronta.
O medo pode proteger a criança de situações realmente perigosas. É importante estabelecer limites e orientar os filhos sobre coisas que podem representar riscos à sua segurança, como escadas, janelas, tomadas, piscinas e o trânsito.
O que os pais não devem fazer é criar temores de origem fantasiosa nos filhos para convencê-los a obedecer, como por exemplo, dizer que o homem do saco ou o bicho-papão vão pegá-los. Essas ameaças não educam e podem criar uma ansiedade desnecessária nas crianças.
“O bicho-papão é a função limitadora que alguns pais – por falta de conhecimento – usam para substituir o respeito que sua fala proibitiva, por si só, deveria colocar como limite”, diz a psicóloga Marilza Mestre.
Segundo a psicóloga Marilza Mestre, há certa regularidade no aparecimento dos temores infantis, de acordo com a fase do desenvolvimento. Veja as principais manifestações:
- O bebê se assusta com estímulos intensos e abruptos;
- Entre os cinco e os nove meses, aparece o medo de pessoas, coisas e situações desconhecidas;
- Entre os dois e os três anos, prevalece o medo de animais;
- O medo do escuro geralmente não se manifesta antes dos três anos. Quando a criança está mais crescida, a escuridão se relaciona à maioria dos temores, e às vezes, é a própria causa do medo;
- No período pré-escolar, aumenta o medo de animais que mordem e, mais tarde, dos animais que parecem muito poderosos. Muitos temores infantis dessa idade estão relacionados a possíveis danos que a criança possa sofrer, por exemplo, afogamento, fogo ou acidentes que provoquem dor física;
- Quando a criança se torna capaz de assimilar o passado e imaginar o futuro, seus medos passam a ser formulados em forma de perigos remotos ou imaginários;
- Por volta dos oito anos, surge a fobia da morte. Nessa fase, o temor principal é o da morte da mãe, pois isso se apresenta como uma separação ou um abandono.
Como saber se o medo que os filhos sentem é normal ou exagerado? A psicóloga Marilza Mestre orienta os pais a observarem o comportamento da criança, analisando se suas atividades estão normais, se ela é capaz de rir, por exemplo.
Caso haja alterações na rotina por causa do medo ou pesadelos recorrentes, o melhor é buscar a ajuda psicológica.
Fonte:http://bbel.uol.com.br
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