Combate à Exclusão Digital
A exemplo do que ocorre em todo o mundo, a exclusão digital no Brasil é consequência de uma combinação de fatores que inclui principalmente desigualdades socioeconômicas, escassez de infraestrutura tecnológica, custos elevados de acesso e falta de conhecimentos básicos para a utilização de conteúdo da internet.
O número de incluídos digitais no Brasil tem crescido nos últimos anos, mas ainda é pequeno diante das nossas dimensões e necessidades. Segundo estimativas, o total de internautas no país deve chegar, no decorrer deste ano, aos 13 milhões – é um crescimento expressivo quando comparado aos 250 mil de 1995, mas é ainda um resultado modesto em relação aos 173 milhões de brasileiros ou mesmo aos 49 milhões de telefones fixos instalados no país.
De uma maneira geral, os efeitos positivos da revolução digital e de seus subprodutos ficaram até agora restritos a uma parcela relativamente pequena da população mundial, fortemente concentrada nos países ricos. Enquanto isso, pelo menos um terço da população do mundo nunca fez sequer uma chamada telefônica.
Segundo pesquisa da Giic (Global Information Infrastructure Commission), organização não-governamental que pesquisa a exclusão digital, somente a educação básica e ao mesmo tempo específica em habilidade da própria tecnologia de informação será eficiente na solução desse problema. Outra conclusão da Giic é que só políticas governamentais feitas em parceria com a iniciativa privada serão capazes de enfrentar o problema com êxito.
A tecnologia é uma ferramenta fundamental no aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem. Para entender melhor como a tecnologia pode ser utilizada na educação, confira A Tecnologia na Educação.
No Brasil, temos muitas iniciativas, todas positivas e bem-intencionadas, que tentam combater a exclusão digital em várias esferas:
- o governo eletrônico, em nível federal e estadual, que disponibiliza na internet os diversos serviços públicos;
- programas financiados pelo Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), que pretendem conectar as escolas públicas do país à internet;
- os Telecentros da Prefeitura de São Paulo;
- as redes universitárias de pesquisas;
- e os quiosques eletrônicos dos Correios.
A iniciativa privada também contribui com esses programas, como é o caso do projeto da Telefônica para levar internet em banda larga às escolas públicas estaduais paulistas.
Mas tudo isso são ações pontuais, isoladas, que representam muito pouco se comparadas às reais necessidades do país. Para que a massa de excluídos digitais seja efetivamente atendida, é necessário um programa abrangente que reúna todas as iniciativas nesse campo e explore suas sinergias, propiciando o surgimento de ideias que a elas se agreguem. Para isso, é fundamental que governo, iniciativa privada e organizações não-governamentais unam-se para estabelecer, já, um projeto de política pública que ataque com eficiência o problema da exclusão digital no Brasil.
Superar a exclusão digital não se resume simplesmente a dar um computador e uma conexão de internet a cada cidadão. Os componentes não-tecnológicos do problema (atitudes, conhecimento, educação) são tão ou mais importantes quanto os componentes tecnológicos (equipamentos, conectividade). Na construção de uma efetiva política para a questão devem ser analisadas propostas que compreendam o desenvolvimento do capital humano integrado à tecnologia da informação.
Com o objetivo de contribuir com essa tarefa, a Fundação Telefônica lançou na semana passada, em São Paulo, o Portal EducaRede, cujo Conselho Consultivo é formado por membros do Ministério da Educação e Cultura, da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, além de pesquisadores e especialistas em educação e tecnologia.
Primeiro portal de educação totalmente gratuito, dirigido para o ensino fundamental e médio da escola pública brasileira, poderá beneficiar até 40 milhões de alunos, além de professores de 250 mil estabelecimentos desse tipo de instituição. É nossa expectativa que, reconhecendo seu alto padrão de qualidade, alunos e professores de escolas particulares também o adotem.
Elaborado por educadores e especialistas em Internet, o EducaRede baseia-se na perspectiva de que a tecnologia é uma ferramenta fundamental na melhoria da qualidade da educação e no aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem do país. Sua principal tarefa é apoiar o uso pedagógico da internet, estimulando a escola a utilizar as tecnologias disponíveis de comunicação e informação para ensinar e aprender.
Além disso, é importante que as escolas estejam equipadas com dispositivos adequados. Para isso, considere a possibilidade de investir em notebooks de qualidade que podem facilitar o acesso à tecnologia.
Fonte: Adaptação do texto de Fernando Xavier Ferreira (Folha de S.Paulo – 13.03.2002 p.A3)
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