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Burrhus Frederick Skinner

Explore a vida e obra de Burrhus Frederick Skinner, um dos principais nomes da Psicologia, e entenda a importância de seu trabalho para o desenvolvimento da ciência e a compreensão da mente humana.

Burrhus Frederick Skinner

Burrhus Frederick Skinner (1904-1990)


1. Um pouco sobre sua vida

Em 1904 nasceu o principal psicólogo da corrente behaviorista, em Susquehanna, na Pensilvânia. Desde cedo, Skinner mostrou grande interesse pelo comportamento animal, lendo sobre eles e colecionando tartarugas, cobras, lagartos, sapos e esquilos listrados. Além de se interessar muito por invenções mecânicas, observava as modificações de comportamento que essas invenções provocavam. Quando jovem, matriculou-se no Hamilton College de Nova York, formando-se em inglês, onde aprendeu muita literatura e artes. Não foi aluno disciplinado, rebelando-se quando tinha que se submeter a aprendizagens que considerava desnecessárias, como hóquei sobre gelo e basquete.

Skinner almejava ser escritor e, por algum tempo, escreveu na coluna humorística do jornal local, mas teve sucessivos fracassos. Foi então que decidiu fazer pós-graduação em Psicologia em Harvard.

Em 1936, após receber seu Ph.D. e depois de ter trabalhado cinco anos na faculdade de Medicina de Harvard, fazendo pesquisas com o sistema nervoso de animais, Skinner foi trabalhar como professor na Universidade de Minnesota (1936-1945), lecionando Psicologia Experimental e Introdução à Psicologia.

Após esses nove anos em Minnesota, resolveu aceitar o convite para chefiar o departamento de Psicologia da Universidade de Indiana e, três anos depois, retornou a Harvard para fazer invenções mecânicas, como a “caixa de ar” (um berço de vime mais confortável, com ar-condicionado e temperatura controlada, no interior do qual era colocada a criança para aprender por meio de reflexos condicionados). Sua segunda filha ficou famosa por ter sido o primeiro bebê a ser criado dentro deste invento, uma experiência criticada e reprovada por muitos de seus contemporâneos.

Skinner trabalhou duro até os 86 anos, quando faleceu vítima de leucemia em 1990. Antes disso, sua vida foi marcada pelo recebimento de diversas menções honrosas e aparições públicas, tendo sido capa de revistas famosas e participando de programas de televisão, o que, sem dúvida, tornou suas ideias muito populares e conhecidas. No ano de sua morte, foi agraciado pela Citação Presidencial por uma vida de contribuição à Psicologia da APA.

Apesar da natureza mecanicista de seu sistema, Skinner era um homem humanitário, acreditando que a aplicação de seus princípios à sociedade poderia minimizar o sofrimento humano e aumentar as possibilidades do homem em alcançar a satisfação e bem-estar pessoais.

Breve explicação sobre o Behaviorismo

O termo em inglês behavior significa comportamento, por isso é utilizado Behaviorismo, ou então, Comportamentalismo, Teoria do Comportamento, Análise do Comportamento, Análise Experimental do Comportamento ou Teoria Comportamental.

O behaviorismo caracteriza-se por ser uma corrente que, em psicologia e filosofia, evita tratar de conceitos mentais. Sua origem se deu com trabalhos dos pesquisadores Ivan Pavlov e John Watson, que buscavam princípios científicos para explicar o comportamento humano através da observação laboratorial. Durante a primeira metade do século XX, o behaviorismo foi uma corrente dominante, porém o quadro começou a declinar com o advento da ciência cognitiva, a partir dos anos 50. Para muitos psicólogos e cognitivistas, não estava claro que a fórmula “estímulo-resposta” pudesse ser aplicada a todo tipo de comportamento humano.

Foi desde Watson que o comportamento foi se modificando; nos dias atuais, não se entende comportamento como uma ação isolada de um indivíduo, mas sim sua interação com o ambiente externo. Concretizando o arco-reflexo, sendo que o ambiente é o estímulo e o indivíduo dará suas respostas de acordo com as estimulações. A teoria da personalidade é um campo que também se relaciona com esses conceitos.

Personalidade

Personalidade, para a psicologia, refere-se a um conceito que descreve o crescimento e o desenvolvimento do sistema psicológico da pessoa, ou melhor, trata-se de um ajustamento do indivíduo com o meio em que ele vive e também de sua interação com outras pessoas. Pode-se dizer que personalidade é o conjunto de características que nos diferenciam uns dos outros, incluindo habilidades, atitudes, crenças, emoções, desejos, etc.

A função da personalidade nas pessoas é nos adaptar de acordo com o momento, ocasião e até mesmo outras pessoas, fazendo assim com que possamos ordenar e harmonizar as formas de comportamento e nos relacionar melhor com os outros.

A personalidade é resultante de alguns fatores que podem influenciar na formação da nossa personalidade, mas não a determinam. Essas influências são: o meio, seja social, cultural ou religioso; a hereditariedade, que são os traços inatos; a ação do ambiente externo; e, por fim, a socialização. Esses fatores podem agir de forma direta ou indireta sobre o indivíduo. No caso da hereditariedade, esses traços já são nos concedidos desde o nosso nascimento, mas de nada adianta se fôssemos caracterizados de acordo com nosso código genético. Por isso, sofremos influência do meio, das pessoas ao nosso redor e da nossa própria experiência de vida. Desde cedo, somos submetidos a regras, normas, leis e a grupos sociais distintos. Ou seja, irmãos gêmeos que são criados separadamente não terão a mesma formação psicológica, por mais que possuam o mesmo código genético; eles solidificarão suas formações a partir de conclusões tiradas a partir do meio e das pessoas com quem vivem ao seu redor. Portanto, pode-se notar que tanto a hereditariedade quanto o ambiente exercem algum tipo de influência sobre a formação da personalidade de cada pessoa.

2. Comportamento

Controle do comportamento

A procura pelo conhecimento pleno do comportamento é o objeto de estudo de muitos psicólogos; o interesse de Skinner está no controle do comportamento, através dos eventos observáveis e experimentais. Por isso, fazia muitas experiências com animais para ter suas conclusões a respeito do comportamento humano, atentando também para as ações mentais, já que estas são passíveis de questionamentos públicos.

Diante disso, a mudança no ambiente pode manipular o comportamento dos indivíduos, pois, nos dias de hoje, nossa sociedade nos impõe vários padrões de vivência para que nos enquadremos. Sendo assim, somos “controlados” pelo mundo que vivemos através de “imposições” e estímulos que influenciam muito o comportamento das pessoas em relação a determinadas situações cotidianas. No entanto, podemos resumir nosso controle comportamental na seguinte frase de Skinner: “Os homens agem sobre o mundo modificando-o e são, por sua vez, modificados pelas consequências de suas ações”.

3. Análise do comportamento

Científica

A definição literária de comportamento é dada pela maneira de se comportar, de reagir, procedimento, conduta. Apesar de estar certa esta definição, a palavra comportamento abrange muito mais do que simplesmente uma maneira de agir. De acordo com Skinner, podemos conceituar comportamento como sendo todas as ações provenientes de um organismo. É mais exato dizermos que o comportamento constitui, ou melhor, complementa o funcionamento do organismo que está engajado a agir sobre ou manter relação com o mundo exterior. Portanto, vimos que a formação do indivíduo se dá através de antecedentes, como regras, normas e instruções, que posteriormente se tornarão consequências. Então, cabe ressaltar que o comportamento está diretamente ligado ao conhecimento dos seres humanos em relação às suas vivências diárias durante suas vidas.

Com base na teoria de Skinner, a análise do comportamento tem uma forte ligação com as atividades que envolvem uma relação entre classe de estímulos e uma outra de respostas, denominada controle de estímulos; de forma que chamamos de estímulos qualquer evento ambiental que possa afetar e interferir nas nossas condutas.

Portanto, a análise científica do comportamento começa pelo isolamento das partes simples de um evento complexo, de modo que esta parte possa ser mais bem compreendida diante desses fatores.

A personalidade do indivíduo “muda” de acordo com as exigências de diferentes situações. Ou melhor, destacamos alguns aspectos de nossa personalidade de acordo com o momento que estamos vivenciando, como no caso de nos comportarmos dentro de uma igreja, em uma entrevista de emprego, em uma festa ou com os amigos.

Experimental

O Behaviorismo de Skinner influenciou e ainda tem influenciado psicólogos norte-americanos que, por sua vez, têm influenciado os brasileiros. Seu método de estudo ficou conhecido como behaviorismo radical, o qual tem como objetivo uma filosofia de Ciência do comportamento por meio da análise experimental do comportamento. A base de seu método está na formulação do comportamento operante, que necessita do comportamento reflexo ou respondente.

Caixa de Skinner

Uma caixa de Skinner é um equipamento simples para estudar a psicologia de um rato ou de uma pomba. É uma caixa com chaves introduzidas numa das paredes, as quais a pomba pode operar dando bicadas. Há também um aparelho de alimentação (ou de recompensas) que é eletricamente operado. Os dois estão conectados de tal modo que a bicada da pomba tem alguma influência sobre o aparelho de alimentação. No caso mais simples, toda vez que a pomba dá uma bicada na chave, ela ganha comida. As pombas aprendem rapidamente a tarefa. O mesmo acontece com ratos e, em caixas de Skinner reforçadas e adequadamente aumentadas, com os porcos.

Sabemos que a ligação causal entre a bicada na chave e a alimentação é gerada por um aparelho elétrico, mas a pomba não sabe. O aparelho pode ser preparado para que, em vez de cada bicada ser recompensada, apenas uma em dez bicadas receba recompensas. Isso pode significar literalmente a cada dez bicadas. Ou, com um arranjo diferente do aparelho, pode significar que, em média, uma em dez bicadas recebe recompensas, mas em qualquer dada ocasião, o número exato de bicadas exigido é determinado aleatoriamente.

As pombas e os ratos aprendem a pressionar chaves mesmo que, em nossa opinião, fosse preciso ser um bom estatístico para detectar a relação entre causa e efeito. Podem ser treinados para um programa em que apenas uma proporção muito pequena de bicadas seja recompensada. É interessante observar que os hábitos aprendidos quando as bicadas são apenas ocasionalmente recompensadas apresentam maior duração do que os hábitos aprendidos quando todas as bicadas são recompensadas: a pomba é desencorajada menos rapidamente quando o mecanismo de recompensas é totalmente desligado.

Skinner fundou uma grande escola de pesquisa usando caixas de Skinner para todos os tipos de finalidades detalhadas. Depois, em 1948, ele tentou uma genial variante da técnica padrão. Cortou completamente o elo causal entre o comportamento e a recompensa. Preparou o aparelho para recompensar a pomba de tempos em tempos, não importando o que o pássaro fizesse. Mas, na realidade, não foi isso o que fizeram. Pelo contrário, em seis dentre oito casos, eles desenvolveram (exatamente como se estivessem aprendendo um hábito recompensado) o que Skinner chamou de comportamento supersticioso. Em que isso precisamente consistia, variava de pomba para pomba. Um dos pássaros girava como um pião, dando duas ou três voltas no sentido anti-horário, no intervalo entre as recompensas. Outro pássaro repetidamente lançava a cabeça na direção de um determinado canto no alto da caixa. Um terceiro exibia um comportamento de atirar-se para o alto, como se estivesse levantando uma cortina invisível com a cabeça. Dois deles desenvolveram independentemente o hábito rítmico do “balanço do pêndulo”, oscilando a cabeça e o corpo de um lado para o outro. Eventualmente, este último hábito deve ter se assemelhado bastante à dança de namoro de algumas aves-do-paraíso. Skinner usou a palavra superstição porque os pássaros se comportavam como se achassem que o seu movimento habitual tivesse uma influência causal sobre o mecanismo de recompensa, quando, na verdade, isso não ocorria.

As pombas supersticiosas de Skinner estavam se comportando como estatísticos, mas estatísticos que tinham chegado a conclusões errôneas. Estavam alertas à possibilidade de ligações entre os acontecimentos no seu mundo, especialmente entre as recompensas que desejavam e as ações que tinham capacidade de empreender. Um hábito, como impelir a cabeça para o alto em um canto da gaiola, começou por acaso. O pássaro realizava esse movimento minutos antes de o mecanismo de recompensa entrar em ação. É bastante compreensível que o pássaro tenha desenvolvido a hipótese especulativa de que havia uma ligação entre os dois acontecimentos.

Um erro chamado de “falso negativo” consiste em deixar de detectar um efeito quando ele realmente existe. Um erro “falso positivo”, ao contrário, consiste em concluir que algo está realmente acontecendo, quando, na verdade, não existe nada senão aleatoriedade.

As pombas supersticiosas de Skinner cometiam erros falsos positivos. Não havia nenhum padrão em seu mundo que ligasse verdadeiramente as suas ações aos resultados do mecanismo de recompensa. Mas elas se comportavam como se tivessem detectado esse padrão. Uma pomba “achava” (ou se comportava como se achasse) que dar passos para a esquerda faria funcionar o mecanismo de recompensa. Outra “achava” que atirar a cabeça para um canto tinha o mesmo efeito benéfico. As duas estavam cometendo erros falsos positivos. Um erro falso negativo é cometido por uma pomba que nunca percebe que dar uma bicada na chave produz alimentos se a luz vermelha estiver acesa, mas que uma bicada com a luz azul acesa causa uma punição, desligando o mecanismo por dez minutos. Há um padrão esperando por ser detectado no pequeno mundo da caixa de Skinner, porém nossa pomba não o detecta.

Rato na caixa de Skinner

Figura detalhada do funcionamento da Caixa

4. Relação Fisiologia X Behaviorismo

Ao longo da história, a mente tem sido justificada por intermédio de uma mistura de argumentos anatômicos, físicos e sentimentais. Esse tipo de fisiologia ingênua persiste até nossos dias na tentativa de descrever um sistema nervoso conceitual que procura explicar um comportamento mental que já é pressuposto sem maiores explicações. Essa postura é justamente acusada de circular ou arbitrária.

O sistema nervoso apresenta dificuldades de compreensão muito maior que uma abordagem comportamental. Para Skinner, o conhecimento preciso da ação ainda está longe de ser obtido pela fisiologia.

A manipulação do comportamento é mais eficaz quando há o controle do ambiente do que quando é feita uma intervenção direta no aparelho fisiológico. Somente um ambiente social melhor poderá livrar o ser humano das guerras, crimes e pressões econômicas.

A fisiologia procura controlar o comportamento desde o esclarecimento dos processos físicos internos de uma pessoa. Nessa análise, uma compreensão importante será dada quando se perceber que tais processos são históricos. Essa ciência mostrará como o organismo é afetado pelas contingências de reforço, tornando mais completa a explicação behaviorista da ação humana. A auto-observação do indivíduo contribui para essa perspectiva na medida em que se admite as condições corporais formadoras do comportamento ao longo do tempo. Ela serviria para ressalvar a importância da análise histórica que fornece a teoria evolutiva desse tipo de sistema fisiológico. Todo conhecimento adquirido por essa introspecção virá da observação de estímulos e respostas, sem relação direta com o sistema nervoso que lhe serve de mediação.

O estudo do sistema nervoso é importante para o entendimento dos processos de pensamento, desde que estes sejam tidos por processos comportamentais e não metáforas questionáveis sobre o funcionamento interno da mente.

5. Fatores negativos para o crescimento

Punição

A punição não capacita uma pessoa a aprender qual é o melhor comportamento para uma dada situação e sim a impede de uma real aprendizagem. Comportamentos punidos não desaparecem e, na maioria dos casos, voltam ligados ou afloram outros tipos de comportamentos.

Como exemplos, podemos citar a prisão. Este método de punição, por meio de retirar os infratores das leis da sociedade “civilizada”, se mostra muito ineficiente. A vida lá dentro não ensina um novo modo de se comportar mais adequado e sim faz com que, sendo expostos a um ambiente conturbado e repleto de comportamentos criminosos, ao sair, os presos têm sua liberdade exposta ao ambiente de tentações e poderão voltar a repetir os mesmos tipos de comportamentos que os puseram na prisão. Punir ações leva à suspensão temporária da resposta sem alterar a motivação.

Outro bom exemplo é a punição dos infratores das leis de trânsito. As punições, de modo geral, são apenas com pagamentos de multas, o que faz com que não haja uma reeducação dos motoristas e pedestres.

Skinner afirma que a punição não satisfaz às exigências de longo alcance da pessoa que está punindo, nem beneficia a pessoa que recebe a punição; apenas faz com que o sujeito punido se revolte e, dessa forma, pode vir a mudar seu comportamento de forma pior.

6. Tipos de Comportamento

Condicionamento Respondente

O organismo responde automaticamente a um estímulo. Pavlov descobriu que o comportamento respondente pode ser condicionado. Seu experimento clássico reuniu um estímulo neutro, uma campainha, que soava toda vez que chegava alimento para o cão. O cão geralmente saliva quando a comida lhe é mostrada. Pavlov demonstrou que, após algumas exposições à comida junto com o som da campainha, o cão, ao ouvir somente o som da campainha, começa a salivar. O cão, desta forma, foi condicionado a responder a um estímulo que previamente não provocava nenhuma resposta. Este efeito pode ser visto nos humanos também. Quando entramos em um restaurante ou ouvimos o som da campainha do jantar, logo nos dá aquela água na boca. O condicionamento respondente é facilmente aprendido e manifestado.

Condicionamento Operante

O comportamento operante é controlado pelas consequências e inclui todos os movimentos de um organismo. Então, se refere à interação sujeito-ambiente, que é conhecida como relação fundamental, a relação entre a ação do indivíduo. Assim, agimos sobre o mundo em função das consequências criadas pela nossa ação, como por exemplo, trabalhar. Trabalhamos na maioria das vezes porque estamos interessados na consequência, remuneração no final do mês. No caso do rato na caixa de Skinner, ele começou a esbarrar na barra porque percebeu que aquilo lhe dava recompensa, água, e sendo desta forma, foi induzido a fazer aquilo pela consequência que receberia por ter feito.

Reforçamento

Um reforço é qualquer estímulo que aumenta a probabilidade de uma resposta. Eles podem ser classificados como positivos e negativos:

  • Reforços positivos: são todos os eventos que incentivam um comportamento ou resposta desejada.
  • Reforços negativos: são todos os eventos que reduzem ou eliminam um comportamento ou uma resposta, ou seja, é a retirada de algo indesejável. “Os esforços adversos constituem aquilo que os organismos fazem”.

Exemplos: positivo, é o caso do ratinho que pressionava a barra com o objetivo de conseguir um pouco de água para consumir. Negativo, dessa vez o rato toma choques, mas ao pressionar a barra, os impulsos elétricos cessam; desta forma, a frequência da quantidade de pressões exercidas sobre a barra tende a aumentar.

Para Skinner, os esforços positivos e negativos têm como objetivo controlar os comportamentos, sendo compreendidos como condicionados por combinação de reforços positivos e negativos.

Os reforços podem ser considerados primários (água, alimento, afeto); secundários (dinheiro, pois não tem nenhum valor de recompensa em si); ou generalizados (aprovação social).

Homem Autônomo

Esta ficção explanatória é descrita por Skinner como um “agente secreto”, uma pessoa interior movida por vagas forças internas independentes das contingências comportamentais.

A pesquisa de Skinner demonstrou que, se não planejarmos certos tipos de experiência de aprendizagem, a forma das curvas resultantes será a mesma para pombas, ratos, macacos e crianças. Estes experimentos postulavam a inexistência de maiores diferenças entre seres humanos e outras espécies.

Liberdade

É um outro rótulo atribuído ao comportamento pelo qual desconhecemos suas causas. Milton Erickson demonstrou que, através da hipnose, sujeitos podem produzir vários tipos de sintomas psicopatológicos. Quando o indivíduo entra em transe, Erickson fazia sugestões pós-hipnóticas, das quais o sujeito levava adiante, porém ele não se lembrava do verdadeiro motivo pelo qual tinha esse comportamento, e assim inventava um monte de explicações. Em cada caso, se fosse feito, apenas o comportamento dele poderia concluir que ele estava agindo por vontade própria e não pelos efeitos hipnóticos. Skinner sugere que o “sentimento de liberdade” não é liberdade, mais do que isso, acredita que as mais expressivas formas de controle são aquelas que reforçam o “sentimento de liberdade”.

Criatividade

Exemplo de utilização de rótulos metafísicos para esquivar o fato de não conhecermos as causas específicas de um dado comportamento. Skinner menospreza as opiniões de artistas criativos que sustentam o fato de que seus trabalhos são espontâneos e surgem de fontes além da experiência vital do artista. A hipnose, a eficiência da propaganda e do marketing mostram claramente que um indivíduo não tem consciência de seu próprio comportamento.

Recompensa

Recompensar respostas corretas melhora a aprendizagem. É eficaz no controle aversivo, já que essas recompensas são dadas com algum objetivo, controlando assim o comportamento humano.

TEXTO COMPLEMENTAR

O Problema da “Sina” da Liberdade na Obra de Freud e Skinner Davi Charles Gomes*

O compromisso apologético da igreja não é apenas defensivo, mas inclui também importantes aspectos positivos e ostensivos nos quais a fé cristã é promulgada através da demonstração de que o pensamento não cristão será sempre incoerente e, em última instância, falho. Quer seja na defesa do evangelho contra os ataques seculares ou na investida intencional do apologeta contra o pensamento anticristão, é crucial que se trabalhe com uma prática e uma argumentação transcendental, ou seja, demonstrando a “impossibilidade do contrário.” Isto significa que o apologeta cristão não toma sua fé como suposição ou proposta a ser examinada e comparada com o pensamento secular, mas toma-a como pressuposto sem o qual toda argumentação, todo raciocínio e todo comportamento termina em incongruências, antinomias e auto-negação. Neste sentido, todo cristão que anseia por uma apologética verdadeiramente cristã deverá ter em mente um senso claro e correto daquilo que Agostinho expressou quando disse: “Fecisti nos ad Te et inquietum est cor nostrum, donec requiescat in Te.” O apologeta cristão pressupõe esta verdade não só para si, mas também para os que negam o cristianismo e não só com respeito a anseios subjetivos, mas também anseios intelectuais.

Dos muitos temas que o pensamento secular procura decifrar, o tema da liberdade humana se mostra particularmente interessante, pois, de forma clara, este tema só tem sentido último dentro dos pressupostos cristãos. Toda vez que a liberdade humana é considerada sem referência ao Criador, ou seja, autonomamente, ela sofre uma “sina”, pois termina por negar-se. Da mesma forma, toda vez que o tema da liberdade é negado, descobre-se um apelo secreto a uma liberdade ainda mais autônoma. Como Ulisses, o herói grego, tentando navegar entre Cila e Caribdis, o pensador não cristão se vê dividido entre reinterpretar o mundo de forma a eliminar Deus e, assim, destruir as bases para atribuir ao homem um valor transcendente e um fundamento para a liberdade, ou então procurar preservar o valor humano e a liberdade, mas destruindo seu prospecto de uma ciência que explica o universo sem referência transcendental. O problema é que, por estar separado de Deus e envolvido em um processo inevitável de “supressão da verdade” (Rm 1.18-27), o não cristão, e mesmo muitos cristãos, terão dificuldade de perceber o paradoxo envolvido no discurso secular sobre a liberdade humana. É aqui que o trabalho apologético ostensivo é imprescindível: Como demonstrar a “sina” da liberdade no pensamento secular?

Seria imprudente tentar provar a “sina” da liberdade no pensamento secular em poucas páginas; talvez seja mais frutífero limitar-se a um objeto mais específico que ilustre a problemática toda. A liberdade como um tema dentro da literatura psicoterapêutica moderna apresenta solo fértil para um trabalho apologético de ataque, pois o desenvolvimento da ideia de liberdade em tal contexto é palingenésico, evolutivo do ideal da liberdade dentro do contexto geral do pensamento moderno. Este fato se dá especialmente como resultado inevitável da tensão entre dois ideais humanísticos herdados pelo pensamento psicológico moderno: o “ideal de ciência” (no contínuo Descartes-Hobbes-Leibniz-Locke-Hume), no qual o homem era visto como determinado por fatores externos ao seu “ego” (um espectador e observador daquilo que determina sua existência), e o “ideal de personalidade” (Rousseau-Kant-Fichte-Schelling-Hegel-Feuerbach), que, em contrapartida, buscou bases para liberdade, dignidade e valor na autodeterminação humana — uma autonomia que transcendesse todas as constrições materiais e o âmbito dos fenômenos.

Essa tensão é patente na obra de Sigmund Freud (1859-1939), cuja metapsicologia postula o drama humano como o conflito entre contingências (externas e internas) e o ego sôfrego, numa dialética epistemológica que é ao mesmo tempo cientificista e humanista. Esta mesma tensão permeia a maioria das teorias metapsicológicas subsequentes e é notavelmente manifesta, ainda que profundamente transformada, no comportamentismo ou behaviorismo de Burrhus Frederick Skinner (1904-1990), cuja proposta é o desenvolvimento de uma técnica de manipulação do comportamento comparável em poder e precisão às tecnologias físicas e biológicas, e que envolve a negação de conceitos como liberdade, bondade, dignidade, valor pessoal, autonomia e autodeterminação.

No interesse de explorar a “sina” da liberdade tomando como microcosmo o tratamento que este tema central recebe na literatura psicoterapêutica moderna, Freud e Skinner se apresentam como excelentes representantes. Como cada um deles, ostensivamente ou secretamente, tenta preservar o ideal de autonomia humana e conciliá-lo com uma visão científica determinista? O conceito de liberdade é paradoxal e se autodestrói em qualquer estrutura que tome o homem abstraído de sua relação com Deus, seu Criador. Ao observar a “sina” desse conceito na metapsicologia de Freud e Skinner, descobre-se a história da constante luta e eventual impossibilidade de salvaguardar um lugar para a liberdade humana e, ao mesmo tempo, de desenvolver uma “ciência” sobre a natureza humana. Tal história tem como subtexto o constante retorno da rebeldia e idolatria do homem supostamente autônomo.

Referências Bibliográficas

Teoria da Personalidade – J. Fadman

BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia; trad. Desidério Murcho et al. – Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

SKINNER, F.B. Sobre o Behaviorismo; trad. Mª da P. Villalobos. – São Paulo: Cultrix, 1988.

Notas

1. Veja SKINNER, F.B. Sobre o Behaviorismo, cap. 1, pp. 13-16.

2. Veja SKINNER, F.B. Op. Cit., idem, pp. 16-18.

3. Veja SKINNER, F.B. Idem, ibdem, pp. 18-20.

4. Veja SKINNER, F.B. Ibdem, ibdem, pp. 20-22.

5. Veja SKINNER, F.B. Ibdem, cap. 13, p. 177.

6. Veja SKINNER, F.B. Ibdem, idem, pp.178-180.

7. Veja SKINNER, F.B. Ibdem, ibdem, pp.180-183.

8. Veja SKINNER, F.B. Ibdem, ibdem, pp.183-184.

Veja SKINNER, F.B. Ibdem, ibdem, pp.184-185.

 

Autor: Bruno Gaspari



 


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