Bullying na Escola: Diga Não!
O bullying é um problema sério nas escolas, afetando o ambiente de aprendizado e a saúde emocional dos alunos. Este artigo aborda como identificar e combater essa prática, promovendo um ambiente escolar saudável.
Bullying na Escola: Diga Não!
INTRODUÇÃO
Segundo Orson Camargo (colaborador Brasil Escola), o bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.
O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.
O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.
As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.
As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
O(s) autor (es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes a famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.
Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.
Então, é necessário lidar com as condutas desrespeitosas no contexto onde estas ocorrem, e um desses contextos é a sala de aula ou em outras áreas públicas, como playground, e em grande parte das interações entre alunos. Dessa forma, o trabalho na sala de aula é importante para professores e para alunos, porque promove uma abordagem colaborativa na qual todos os alunos fazem parte da mesma equipe, esforçando-se para promover o respeito. Para mais informações sobre como criar um ambiente escolar saudável, veja Escola sem Violência: Vitória da Comunidade.
O MEIO SOCIAL E A DIVERSIDADE
É interessante levar para sala de aula aquilo que seja prazeroso para seus alunos, ou seja, trabalhar com o meio social da turma.
A escola precisa estar ligada à sua comunidade, dessa forma os pais e professores não ficam isolados, nem privados de seus direitos e esgotados por terem que carregar sozinhos a responsabilidade de educar mentes jovens. E assim, as crianças desenvolvem um senso de pertencer a uma comunidade e de ser responsável por essa comunidade. São muitas as vantagens e formas muito simples de incentivarmos os educadores ao mesmo tempo em que auxiliamos os alunos a compreenderem os valores da comunidade e a beleza do oferecer e receber pelo prazer de oferecer.
O ESTÍMULO AOS DOCENTES E O PACTO DOS ALUNOS E DOS PAIS
A relação da comunidade com a escola pública dá incentivo aos educadores, quer financeiramente, quer por meio de esforços voluntários de pessoas que estejam dispostas a ajudar, normalmente é o benefício mais evidente das relações dentro da comunidade. Pois, as instituições envolvidas com sua comunidade comumente recebem doações e disposição da energia pessoal de diversas pessoas.
Os alunos podem escolher voluntariamente participar de uma equipe que auxilie em alguma atividade na comunidade, e em troca de recompensas essenciais ou de uma pequena doação para a escola.
Incluir o envolvimento da comunidade é um esforço que requer tempo dos alunos, incluindo o tempo gasto fora do horário escolar. E os docentes precisam estar cientes de que os melhoramentos do envolvimento da comunidade são enormes e que talvez seja necessário reavaliar a distribuição de tempo das atividades que são passadas para casa no caderno dos alunos.
Além disso, os alunos também se beneficiam de um senso de comunidade criado pela relação entre seus pais e o professor. Esse envolvimento ajuda a juntar aspectos significativos da vida dos alunos, dando-lhe um momento para pensar a respeito do valor dos cuidados que recebem de seus pais, transforma o momento educacional em um esforço em família, no qual todos estão interessados e envolvidos no aprendizado.
Com isso, os alunos alcançam um desenvolvimento de vínculos que lhes permitem enxergar os outros como pessoas, apesar das barreiras étnicas ou de classe social, uma prática que também reduz a insensibilidade cultural.
RESPEITANDO AS DIFERENÇAS
Crianças que são diferentes de outras, baixo ou alto demais, tímidos, nerds, por exemplo, sofrem ameaças constantes. São devido a isso discriminadas em sala de aula, e na maioria das vezes sofrem calados frente ao comportamento dos seus agressores, e as consequências desses atos são catastróficas, o aluno pode passar a ser repetente, e ter uma evasão escolar até o isolamento, depressão, até chegam a tirar a própria vida.
Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, como é normal que as crianças impliquem uma com as outras, se deem apelidos e briguem de vez em quando, nem sempre é fácil identificar quando o problema aparece. Por isso, é preciso que pais e professores estejam atentos para que percebam quando brincadeiras sadias, que ocorrem de forma natural e espontânea entre os alunos, se tornam verdadeiros atos de violência e perversidade – apenas alguns se divertem à custa de outros que sofrem.
Então a escola tem que ter um olhar mais observador tanto dos professores quanto dos demais profissionais, ficar atento aos sinais de violência, procurando neutralizar os agressores, bem como auxiliar as vítimas e transformar os espectadores em principais aliados. É uma observação que precisa fazer parte da rotina da escola. De nada valerá falar da não-violência, se os próprios profissionais em educação usam de atos agressivos, verbais, contra seus alunos.
É papel da escola construir uma comunidade na qual todas as relações são respeitosas.
Uma pessoa jamais conseguirá juntar conhecimento suficiente sobre todos os grupos, e, mesmo que conseguisse, isso continuaria sendo um esforço intelectual significativo de suas condutas.
O conceito da sensibilidade cultural refere-se a uma prova do indivíduo consigo mesmo – uma prova de sentir-se aberto e receptivo às diferenças, ao mesmo tempo em que se permanece consciente do preconceito promovido em sua subcultura. Porque você foi ensinado a acreditar em certas ideias, e é bem provável que não tenha tido oportunidade de rever todo o conteúdo de seu cérebro.
“Valorizar a diversidade é ensinar com a intenção de valorizar a diversidade e prestar atenção àqueles aspectos que refletem a diversidade em sua sala de aula. (…) Quando você é um instrutor culturalmente proficiente, você trata os aprendizes de um modo que eles reconheçam como respeito, o que talvez consista na utilização de um critério diferente para o respeito do que você empregaria para você mesmo.” (Robins et al., 2002)
As gradações, as perspectivas e a fortuna de informações oferecidas pela consciência cultural são realmente impressionantes e gratificantes para aqueles que dedicam um tempo para buscá-las e para vivê-las.
“As pessoas passam a compreender melhor umas às outras e a ter mais paciência quando as diferenças são vistas como presentes a serem trocados, em vez de problemas a serem eliminados.” (Hill, 2001).
É claro que ninguém consegue mudar a cultura em um sentido mais vasto, até certo momento pode causar um efeito na subcultura de sua escola, mas caso você entenda que as suposições e os bloqueios culturais podem apertar todo mundo e assumir um jeito de ser que não é o de sua prioridade, então passará a relacionar-se com jovens de um modo bem diferente. Em termos diferentes, você desenvolverá uma maneira inovadora enquanto estiver em conflito e exteriorizará os problemas.
Quem acredita verdadeiramente no poder do contexto e de suas implicações, mesmo em situações difíceis, pode adotar uma atitude específica em seu modo de pensar e nas conversas sobre as questões escolares. Atitudes como: curiosidade, piedade, apoio, entre outras.
BULLYING CONTRA OS ALUNOS DEFICIENTES
Esse bullying geralmente parte de pessoas sem devidas informações sobre a deficiência, sejam elas físicas ou intelectuais, e na maioria das vezes é algo que faz parte da sua cultura, algo que traz de casa para o ambiente escolar.
Nesse processo, ficar na procura de um culpado ou inocente é perder tempo, no verdadeiro foco que é acabar com as agressões, por meio de diálogos com todos os envolvidos.
Fazer com que o aluno deficiente tenha um ambiente propício é papel do educador, para que esse aluno sinta-se em harmonia e com respeito com os outros membros da sala de aula.
BULLYING NA EDUCAÇÃO INFANTIL?!
Só pode ser considerado bullying agressões constantes.
Então no caso da educação infantil, pode ocorrer bullying se o fato de alguma criança não conseguir segurar a vontade de urinar e, devido a isso, fazer na roupa, e daí começar a receber apelidos constantes dos amiguinhos, trata-se de um caso de bullying.
É importante que as crianças recebam fronteiras claras e objetivas de seus pais, para se sentirem seguras e, só consegue essa meta o adulto que se conhece e que tem um bom senso de fronteira pessoal.
É preciso que a família esteja atenta à criança, seja ela o agressor ou a vítima, para poder ajudar a essa criança.
O processo de ensinar, educar, de criar ligações sólidas com as pessoas, é um processo lento, que não deve ser imposto a ninguém pela força, muito menos na fase infantil.
REFERÊNCIAS
ABRAPIA. Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes. Bullying (online). Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: htttp://WWW.abrapia.org.br;
BEAUDOIN, Marie-Nathalie. Bullying e desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. Porto Alegre: Artmed, 2006;
ORTEGA, Rosario; REY, Rosário Del. Estratégias educativas para a prevenção da violência. Brasília: Unesco, 2002;
SILVA, Ana Beatriz B. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.
Autora: Joice Santos Lima
A autora é aluna de graduação do 5º período de Letras-Português noturno da Universidade Tiradentes, Aracaju/SE