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Atualizado em 09/08/2024

Biblioteca e o Profissional de Educação Física

Explore a importância da biblioteca para o profissional de Educação Física e como ela pode contribuir para a formação e qualificação na área. Descubra propostas para integrar a biblioteca ao ensino de Educação Física.

Biblioteca e o Profissional de Educação Física

1 – Introdução

A biblioteca escolar é algo que necessita de uma atenção maior, uma vez que pela maioria das pessoas é considerada algo muito chato, principalmente para as crianças.

A biblioteca passou por muitas transformações ao longo da História até ser totalmente inserida no cotidiano, chegando aos dias de hoje. No entanto, não há um enfoque muito grande sobre ela, já que vem havendo um avanço na tecnologia que faz com que elas sejam cada vez menos utilizadas. É necessário ressaltar sua importância e tentar reativar seu uso.

Neste trabalho, falaremos sobre seu histórico, sua importância enfocando o meio escolar, como se monta uma biblioteca e curiosidades sobre o assunto. O objetivo final é tentar inserir a biblioteca na disciplina de Educação Física, fazendo com que esta se torne mais interessante aos alunos. Para saber mais sobre a prática esportiva como ferramenta educacional, veja este artigo.

2 – Histórico

A primeira biblioteca da qual se tem notícia na história da civilização é a de Assurbanipal, rei da Assíria, datada no século VII a.C., denominada Minerais, já que não havia papel, onde os assírios tinham em mãos arquivos, relatórios e documentos, todos gravados em argila.

Já a maior biblioteca da Antiguidade que se tem notícia é a de Alexandria, construída no século IV a.C., que reuniu 60 mil volumes, manuscritos em folhas de papiro ou em pergaminhos. Porém, quando os árabes conquistaram Alexandria, em 640 d.C., a biblioteca foi destruída, bem como durante dois grandes incêndios que já haviam ocorrido. Os romanos foram os que mais se preocuparam com a difusão e popularização, isso no ano 39 d.C.

Na Idade Média, as bibliotecas quase desapareceram por causa da censura vinda da Igreja Católica, que não queria aprofundamentos científicos e intelectuais por parte das pessoas “comuns”, já que essa prática colocaria em risco sua própria doutrina: o teocentrismo. Mas, contraditoriamente, foram nos mosteiros que se estabeleceram, em esconderijos, sendo assim preservadas, até porque apenas os sacerdotes podiam obter conhecimento. O Renascimento foi um período de grande revolução cultural, inclusive para as bibliotecas, que passaram a ser públicas. Além disso, surgiram as universidades que constituíram suas próprias bibliotecas, inserindo de uma vez por todas sua marca na história.

A partir do século XVI, a biblioteca passou por uma grande transformação, devido a quatro fatores fundamentais: a laicização; a democratização; a especialização; e a sociabilização. Hoje em dia, a biblioteca está inserida no contexto da sociedade, mas não é utilizada da melhor forma.

As maiores bibliotecas do mundo são a Biblioteca Lênin, em Moscou; a Biblioteca do Congresso, em Washington; e a Biblioteca de São Petersburgo. No Brasil, as mais importantes são a Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro e a Biblioteca Municipal Mário de Andrade em São Paulo. Para as crianças e adolescentes, a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato.

3 – Definição

Biblioteca s.f. Coleção de livros classificados em determinada ordem. / Edifício ou aposento onde se guardam e arrumam livros. / Móvel para guardar livros. // Rato de biblioteca, indivíduo que passa grande parte de seu tempo a consultar livros. (LAROUSSE, 1978).

4 – Metodologia

Nosso grupo visitou a biblioteca de duas escolas, uma escola estadual e uma escola particular.

Fomos visitar a Escola (Estadual) Presidente Roosevelt no dia 18 de março de 2008, no período da tarde, e visitamos a Escola (Particular) Colégio Adventista da Liberdade no dia 19 de março de 2008, também no período da tarde. As duas bibliotecas são bem organizadas.

As duas escolas nos trataram muito bem e não tivemos nenhum problema para visitá-las. Além das visitas, realizamos pesquisa de livros e sites para o desenvolvimento do trabalho.

5 – Desenvolvimento

5.1 – Importância e Objetivos

Atualmente, podemos perceber que o momento pelo qual passa a educação no Brasil não é dos melhores. Constantemente nos deparamos com os baixos índices de aprendizagem dos alunos, o que reflete claramente a precária condição de leitura e escrita com que estes estão saindo da escola.

Diante deste fato, a importância de se investir em setores e programas de estimulação da leitura e pesquisa nas escolas se torna imprescindível. Neste contexto, insere-se a importância de investimento nas bibliotecas escolares, tornando também as já existentes mais bem equipadas e capazes de atender às necessidades do projeto pedagógico de ensino, bem como investir na colocação de profissionais qualificados e competentes para a realização das tarefas dentro da biblioteca, que possam dinamizar suas atividades, aproximando-a da vida escolar.

É necessária, portanto, como ponto de partida, a conscientização de que os serviços prestados à comunidade escolar vão além da mera organização do acervo, empréstimos e devolução de livros.

Estudos mostram que estudantes de escolas que mantêm bons programas de bibliotecas aprendem e obtêm melhores resultados em testes padronizados do que alunos de escolas com bibliotecas deficientes. Outra pesquisa realizada para determinar o ranking das dez melhores escolas do Brasil demonstrou que todas elas, sem exceção, têm em comum três fatores de destaque: investem na formação de professores, estimulam a participação dos pais na vida escolar e incentivam a leitura. Entre as dez escolas classificadas, todas possuem biblioteca.

A Lei 10.172 de 2001, que aprova o Plano Nacional de Educação, determina que as escolas de ensino fundamental e médio, para o seu funcionamento, deverão ter um padrão mínimo nacional de infraestrutura, compatível com o tamanho dos estabelecimentos e com a realidade regional. Devem ter espaço para biblioteca e atualização e ampliação do acervo das existentes. Determina ainda que, a partir do segundo ano da vigência deste plano, o MEC só deverá autorizar a construção e funcionamento de escolas que atendam aos requisitos e infraestrutura, entre estes, a construção de uma biblioteca.

Quanto aos objetivos da biblioteca, uma vez constituída dentro da escola, já vimos que deve ser amplo, abrangendo tanto funções educativas de professores e alunos como funções culturais, e não se restringindo apenas a espaço passivo dentro do processo ensino-aprendizagem da escola.

Para o sucesso da biblioteca escolar, é fundamental a presença do profissional qualificado a este setor, que através de atitudes dinâmicas demonstra a diferença que a biblioteca pode fazer quando interagindo ativamente com a comunidade escolar.

É clássico o exemplo de professores que, ao serem afastados de sala de aula, por motivos de saúde ou até mesmo de relacionamento com alunos, são readaptados e destinados a atuar na biblioteca escolar, muitas vezes exercendo o papel de meros vigilantes do acervo. Este pode ser citado como agravante que faz com que alunos e sociedade passem a ter uma imagem errada da biblioteca escolar.

A Lei no 4.084, de 30 de junho de 1962, dispõe sobre a profissão de Bibliotecário e regula seu exercício. Em seu Art. 6º, determina que, entre as atribuições dos Bacharéis em Biblioteconomia, estão a organização, direção e execução dos serviços técnicos de repartições públicas federais, estaduais, municipais e autárquicas e empresas particulares. O exercício dessas funções por leigos constitui uma infração à legislação vigente e, principalmente, fere o direito constitucional do cidadão em receber a prestação de serviços por profissional especializado e habilitado, consoante disposição do inciso XIII do artigo 5º da Constituição Federal, que dispõe sobre a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas às qualificações profissionais que a lei estabelecer.

Documentos elaborados pelo Ministério da Educação apontam para a importância da biblioteca. O Manifesto UNESCO/IFLA para Bibliotecas Escolares e os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam a influência da biblioteca escolar nos projetos políticos pedagógicos e que a interação entre professores e bibliotecários constitui-se como uma possível saída para melhorar o desenvolvimento cognitivo dos alunos.

Podemos citar os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), que, no módulo de Língua Portuguesa, cita a biblioteca como local ideal para incentivar a prática da leitura e escrita, sendo fundamental também para que o aluno aprenda e saiba utilizar os serviços oferecidos por ela, contribuindo também com noções de cidadania, respeito e zelo para com o espaço coletivo.

O Manifesto da Biblioteca Escolar – elaborado pela IFLA – Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Bibliotecas e pela Unesco apresenta a dimensão geral do seu papel. Ela deve “disponibilizar serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitam a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efetivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação”.

A saber, define ainda os seguintes objetivos para a biblioteca escolar:

  • Apoiar e intensificar a consecução dos objetivos educacionais definidos na missão e no currículo da escola;
  • Desenvolver e manter nas crianças o hábito e o prazer da leitura e da aprendizagem, bem como o uso de recursos da biblioteca ao longo da vida;
  • Oferecer oportunidades de vivências destinadas à produção e uso da informação voltada ao conhecimento, à compreensão, imaginação e entretenimento;
  • Apoiar todos os estudantes na aprendizagem e prática de habilidades para avaliar e usar a informação em suas variadas formas, suportes ou meios, incluindo a sensibilidade para utilizar adequadamente as formas de comunicação com a comunidade onde estão inseridos;
  • Prover acesso em nível local, regional, nacional e global aos recursos existentes e as oportunidades que expõem os aprendizes a diversas ideias, experiências e opiniões;
  • Organizar atividades que incentivem a tomada de consciência cultural e social, bem como a sensibilidade;
  • Trabalhar em conjunto com estudantes, professores, administradores e pais para o alcance final da missão e objetivos da escola;
  • Proclamar o conceito de que a liberdade intelectual e o acesso à informação são pontos fundamentais à formação de cidadania responsável e ao exercício da democracia;
  • Promover leitura, recursos e serviços da biblioteca escolar junto à comunidade escolar e seu derredor.

5.2 – Como montar uma biblioteca escolar

Uma biblioteca poderá começar a ser formada através da aquisição de alguns livros que terão de ser cuidadosamente selecionados.

Para essa aquisição acontecer, pode-se promover uma campanha que mobilize o bairro ou a escola para que se doem livros que estejam em boas condições e não sejam mais usados em suas casas.

Essas campanhas poderão ser feitas de várias formas, com cartazes, folhetos, ou divulgação através das pessoas do bairro ou da escola.

Uma vez que se obtiveram as obras, é importante uma organização e conservação para esses livros.

O primeiro passo é registrar o livro em um caderno, conferindo-lhe um número e adotando o nome do autor, da obra, edição e editora, começando do 001 e enumerando essas obras em sequência, pois dessa forma ficará mais fácil de organizar a estante e facilitará a procura.

O mesmo número será marcado na lombada do livro, utilizando etiqueta e um pequeno pedaço de papel, por exemplo.

Cada livro terá que ter uma ficha. Nela constará o número, o autor e o título do livro, que será utilizado no momento das retiradas e devoluções. Quando o livro sair da biblioteca, a ficha ficará e servirá como controle. A ficha deverá ser organizada de forma cronológica, para que esta não se perca, poderá ser colocado um envelope na contracapa do livro.

É recomendável que no momento da retirada seja colado um pequeno papel onde será anotada a data da retirada do livro e o dia em que ele deverá ser devolvido.

Toda biblioteca deverá ter o seu regulamento onde todos deverão cumprir rigorosamente. Exemplo:

  • Art. 1°- Após a retirada, a pessoa só poderá ficar com o livro durante quinze dias.
  • Art. 2°- Só pegarão os livros pessoas do bairro e que tenham a carteirinha da biblioteca.
  • Art. 3°- A biblioteca funcionará das 07h00min às 18h00min.

A carteirinha é obrigatória para o controle dos livros que serão retirados e pode ser feita como os “organizadores” das bibliotecas preferirem.

5.3 – Biblioteca geral e especializada

As escolas devem dispor sempre de uma biblioteca geral e especializada. É necessário que ambas funcionem, porém na prática isso não acontece. Muito pelo contrário, nota-se que as bibliotecas estão bastante reduzidas.

Estas bibliotecas devem sempre crescer e funcionar e estar sempre abertas aos alunos.

Biblioteca Geral → Esta biblioteca é necessária no ensino de todas as disciplinas. Ela deve prestar auxílio a essas disciplinas, além de conter obras de cultura geral, de literatura nacional e estrangeira, deve conter também dicionários e enciclopédias.

A biblioteca geral tem de estar instalada em uma sala ampla onde também devem existir mesas e cadeiras para a leitura.

Deve haver também estantes onde estariam colocadas as novidades ou onde ficariam em exposição as últimas obras recebidas antes de subirem para as estantes.

Biblioteca Especializada → Pode receber o nome de biblioteca de classe. Ela é imprescindível para um ensino eficiente e deve funcionar de preferência em uma sala ambiente de cada disciplina. Ela facilitaria a realização de exercícios e tarefas. Cabe ao professor manter essa biblioteca organizada e atualizada.

Esta biblioteca pode ser formada através de campanhas de doação, onde contribuiriam alunos, os pais dos alunos ou até personalidades importantes.

Nesta biblioteca deve haver um plano administrativo onde a biblioteca especializada funcionará aos cuidados dos alunos.

Observação: A biblioteca geral deve estudar uma forma onde não só os alunos da escola utilizassem, mas também colocar à disposição da comunidade, podendo funcionar à noite onde os alunos teriam melhor efetivação de seus estudos.

Seria interessante fazer com que os alunos fizessem “estágios” onde aprenderiam como funciona uma biblioteca e como consultá-la de maneira mais fácil e poderiam ser promovidos também pequenos cursinhos de economia.

5.4 – Escola pública x Escola particular

Após realizarmos uma visita aos colégios “Escola Estadual Presidente Roosevelt” e “Colégio Adventista da Liberdade”, ambos situados no Bairro da Liberdade, percebemos que há uma grande diferença entre elas.

Vamos começar analisando a Escola Estadual Presidente Roosevelt. Essa escola é uma escola pública frequentada pelas pessoas do bairro e mantida pelo governo do estado de São Paulo.

Sua estrutura e organização dos livros são ótimas e estão em bom estado. Os livros estão dispostos na prateleira em ordem alfabética, começando pelo sobrenome do autor.

A bibliotecária Míri Abud é uma professora de português readaptada, que organiza os livros. Ela nos conta que a biblioteca não é completa e não contém assuntos ou livros atuais.

A escola aceita doações e recebe os livros do governo, porém faz muito tempo que não são mandados os livros necessários. Os únicos livros dados aos alunos são os didáticos: Português, Matemática, Ciências, etc.

Caso os alunos tenham interesse em levar algum livro para casa, eles podem, mas devem devolver no período de sete dias. Porém, se não devolverem os livros, não haverá uma punição para os mesmos.

Míri Abud nos conta que o professor de Educação Física não comparece à biblioteca em nenhum dia, e até mesmo porque a escola não é dotada de livros de esporte ou relacionados à saúde e nutrição. Ele apenas executa seu trabalho dentro de quadra.

Agora, analisando o “Colégio Adventista da Liberdade”, é uma escola de rede privada onde prega uma crença religiosa.

Os alunos de todas as séries devem ler um trecho da bíblia uma vez ao dia, acompanhados de um professor.

A bibliotecária Inês, que é professora de literatura também readaptada, nos conta que a biblioteca não é considerada completa e afirma que não tem muitos livros ligados à Educação Física, e que os livros mais procurados são os didáticos: Matemática, Português e até livros pré-vestibulares.

Os livros são separados por assuntos como: Ciências, Ciências aplicadas, Literatura, Criacionismo, Esportes, etc.

O professor de Educação Física leva os alunos para a sala de informática e lá eles pesquisam as regras atuais e o histórico dos esportes, e de vez em quando vão à biblioteca, pois nela não contém muitos livros de esportes para o uso de todos os alunos.

No ato da matrícula, é cobrada uma taxa de R$ 7,00 aos alunos, que serve para a manutenção dos livros e da biblioteca. Caso queiram levar algum livro, também podem, só que em uma semana devem devolvê-lo. Se passar o prazo de devolução, é cobrado ao dia uma taxa de R$ 1,00 como multa. Se os alunos perderem o livro, deve ser pago o valor do livro ou um livro igual ao que se perdeu para a reposição. Os professores utilizam revistas como: “Isto é”, “Veja”, e jornais do dia, sendo este o que é mais utilizado pelo professor de Educação Física em função da página de Esportes atuais.

Esta biblioteca aceita doações e compra livros. Nela contém vídeos de desenhos, religião, ciências, cultura, entre outros.

5.5 – Proposta

O profissional de Educação Física, uma vez tendo assumido o compromisso de educador, também deve envolver-se em todos os assuntos que possam contribuir e complementar a formação do aluno. Não é possível limitar-se a desenvolver uma aula de atividade física que vise apenas o desenvolvimento psicomotor, que mesmo quando desenvolvido com qualidade, não é suficiente para a formação do aluno, sendo preciso desenvolver também trabalhos no campo cognitivo e socioafetivo.

Desta forma, nós como futuros profissionais de Educação Física, entendemos a importância de desenvolver propostas que, diante do objetivo deste trabalho, possam aproximar não só os alunos do ambiente da biblioteca, além de contribuir com o desenvolvimento do hábito da leitura, como também possam engajar o profissional de Educação Física nesta construção de conhecimento, aproximando-o também de um conceito e prática muito mais ampla no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem.

Podemos destacar duas ideias iniciais de proposta que podem ser desenvolvidas e abrem caminho para muitas outras.

  1. Projeto de montagem de um setor de esportes e qualidade de vida dentro da biblioteca, sob orientação do profissional de Educação Física, desenvolvido pelos alunos.
  2. Estimular a pesquisa para o desenvolvimento de atividades atrativas e estimulantes.

Não é difícil descobrir porque a biblioteca não é o local preferido dos alunos dentro da escola. A falta de um trabalho efetivo de desenvolvimento da prática da leitura, aliada às condições que são impostas dentro da biblioteca, acaba por afastar os alunos ao invés de aproximá-los deste ambiente. Junto a isso, ainda podemos destacar as tentativas frustradas de ocupar o tempo das aulas de Educação Física em dias de chuva, quando a escola não possui quadra coberta, o que ocorre na grande maioria, pelo menos das instituições públicas, levando os alunos à biblioteca sem um planejamento, uma vez que o professor nunca programa que terá chuva durante sua aula.

Basta imaginar que todos os alunos que ansiosamente esperam pela aula para brincar, divertir-se, extravasar a energia, se veem tendo que permanecer quietos, contidos, parados e sentados como em todas as outras aulas, confrontando diretamente com tudo aquilo que a aula de Educação Física iria propor.

Sendo assim, acreditamos que o trabalho junto à biblioteca não pode limitar-se aos dias chuvosos, para sentar e passar o tempo folheando algum material sem objetivos maiores, mas sim que o gosto pela pesquisa e pelo conhecimento deve ser desenvolvido de maneira prazerosa e estimulante, sem que a ida à biblioteca signifique o fim da atividade prática, mas apenas e porque não o seu começo.

Dentro da proposta de criação de um setor específico dentro da biblioteca, imaginamos que, logicamente adaptando-se às condições da escola, o professor de Educação Física poderia coordenar junto aos alunos a criação de um setor ou de um espaço relacionado à atividade física e o esporte, já que a grande maioria das escolas não possui livros destes temas e são assuntos que muito agradam os alunos. Esta criação e arrecadação dos materiais, entre livros, revistas, jornais e outros, seria inteiramente realizada pelos alunos, bem como a arrumação, escolha da maneira de organização e empréstimos de materiais, bem como a caracterização do espaço.

Este trabalho iria permitir a criação de um espaço de leitura com o qual os alunos se aproximariam mais por se identificarem mais. E também contribuiria para aproximar o professor de Educação Física com a biblioteca da escola.

No entanto, apesar desta proposta, não podemos esquecer que a estimulação da leitura e da pesquisa deve acontecer constantemente e não reduzir-se a um momento. Portanto, o professor deve usar de estratégias para que mantenha a estimulação durante o ano através de atividades e trabalhos.

Uma maneira que entendemos ser uma proposta estimulante de trabalho para os alunos seria aliar a pesquisa com as atividades práticas para não descaracterizar o real objetivo das aulas e sim ampliá-los. Uma maneira seria propor a pesquisa de temas específicos para utilizar os conhecimentos dos alunos em atividades como gincanas e competições, onde os próprios alunos poderiam escolher um tema para perguntar ao outro grupo, pesquisando e escolhendo as perguntas.

Isso tornaria prazerosa a ida à biblioteca mesmo durante as aulas, pois se manteria um objetivo final estimulante o qual os alunos desejariam atingir. Este trabalho poderia até mesmo terminar em um projeto de atividade extracurricular, como a gincana inter-classes, além de abrir caminho para a interdisciplinaridade e, acima de tudo, estimular a leitura, a pesquisa e a busca pelo conhecimento.

5.6 – Curiosidades

5.6.1 – Biblioteca itinerante

Um dos primeiros projetos de “livros móveis”, mais conhecidos por bibliotecas itinerantes, ocorreu em 1905, no qual havia um vagão e dois cavalos. Era a Biblioteca livre do condado de Washington.

A primeira biblioteca itinerante motorizada, uma autocarroça, em 1912 surgiu também em Washington.

Mais tarde, na Grã-Bretanha, surge uma biblioteca em um projeto que será convertido a um ônibus.

Em 1945 aparece um “jeep biblioteca”, jeep militar com capacidade para até 500 livros. E em 1954, uma biblioteca da estrada de ferro na Coreia.

Mais recentemente, tem-se o Projeto de Tecmobile da Fundação das Portas, que consiste na existência de uma biblioteca móvel equipada com tecnologia de computação e acesso a Internet sem fio, em Washington.

Além do chamado “State-of-the-art”, que é especialmente um veículo móvel que oferece recursos tanto para a biblioteca tradicional quanto para a online.

Em 2002, iniciou-se um programa de Biblioteca Itinerante no Brasil por cinco professores e um motorista em Monsenhor Gil, município a 57 km de Teresina (PI).

A Biblioteca Itinerante tem como objetivo estimular o interesse dos indivíduos pela leitura, conscientizando-os da importância da mesma e da cultura que adquirimos com ela.

5.6.2 – Fechamento de bibliotecas públicas

Foi publicada em 18 de fevereiro de 2008 por Renato Santiago, da Folha, a notícia de que o prefeito fechou quatro bibliotecas em São Paulo, colocando que a decisão partiu da Secretaria da Cultura e que as bibliotecas foram fechadas porque não há uso das mesmas pela população. Tal atitude causa a indignação da presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia, Regina Celi de Sousa, que atribui a culpa da não utilização das bibliotecas pelo público à “má qualidade de acervo e ausência de auxiliares”.

5.6.3 – Parceria entre escolas

Essa é uma sugestão geral do grupo, uma vez que não envolve tanto a atuação do profissional de Educação Física. No entanto, acreditamos que a parceria entre escolas públicas e particulares, nomeada por nós, o “Intercâmbio Cultural”, pode estimular os alunos não só a adquirirem mais interesse pelos livros, como também obterem maior conscientização de cidadania, uma vez que estarão em contato direto com as diferenças da sociedade.

6 – Conclusão

Com esse trabalho, podemos perceber que a biblioteca não é um lugar muito agradável em que os alunos costumam frequentar dentro do ambiente escolar. Porém, temos que ter consciência de que isso ocorre devido ao fato de nós, professores, não incentivarmos esse interesse entre os alunos.

Hoje em dia, em quase todas as escolas que possuem bibliotecas, devido à pesquisa de campo que fizemos, pode-se perceber que não se encontram todos os assuntos atuais e, principalmente, específicos, principalmente relacionados à saúde, que é um dos assuntos mais atrativos e interessantes para os alunos. Devemos, nós, como professores de Educação Física, estimular nossos alunos tanto para que essa condição de bibliotecas mude em cada escola, como realizar a manutenção delas.

Para isso, devemos elaborar com nossa criatividade, tarefas que encorajem os alunos e façam-nos gostar de trabalhar dentro deste ambiente pouco visitado dentro das escolas. Existem diversas maneiras que podemos fazer com que tudo isso vire realidade, como gincanas, competições, entre outros. Basta fazer com que essas visitas à biblioteca se tornem rotineiras com atividades interessantes dentro delas e não apenas levar os alunos quando há algum imprevisto em nossos cronogramas de aula. Devemos incluir essas aulas, onde realizamos pesquisas, gincanas, competições, dentro de nossos cronogramas.

7 – Bibliografia

1- BIBLIOTECA. In: LAROUSSE koogan. Rio de Janeiro: Larousse do Brasil, 1979. p. 117.

2- CONSELHO REGIONAL DE BIBLIOTECONOMIA (Paraná). Carta de Brasília do sistema CFB e CRBs. Disponível em: <http://www.crb9.org.br/novo/mostra_noticia.php?codigo=121> Acesso em: 15 mar 2008.

3- FOELKER, R. Biblioteca Infanto-Juvenil: como montar? Disponível em: <www.edicoesgil.com.br/educador/biblioteca1.html> Acesso em: 18 mar 2208.

4- NÉRICI, G. I. Didática geral dinâmica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1984. p. 154-158.

5- Nérice, G. I. Introdução à didática geral. 14. ed. Rio de Janeiro: Científica, 1985. v. 2, p. 424-425.

6- Nérice, G. I. Introducíon a la supervision escolar. São Paulo: Kapelusz, 1975. p. 178-183.

7- MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Padrões mínimos de funcionamento da escola do ensino fundamental: recursos humanos. Disponível em: <ftp://ftp.fnde.gov.br/web/fundescola/publicacoes_manuais_tecnicos/pmfe_recursos_humanos.pdf> Acesso em: 15 mar 2008.

8- WAGNER, C. V. Biblioteca escolar: setor administrativo ou pedagógico? Disponível em: <http://www.servicos.sbpcnet.org.br/sbpc/59ra/senior/livroeletronico/resumos/R0008-1.html> Acesso em 15 mar 2008.

Tema: Biblioteca

Instituição: FMU

Autor: Marcela Paulino Balieiro


Este texto foi publicado na categoria Formação e Desenvolvimento Profissional.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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