Avaliação como ponto de referência
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Estudo realizado sobre o papel da Avaliação Escolar no processo ensino-aprendizagem no 3° ano do 2° grau do curso de Magistério de um Colégio da rede particular de ensino do turno noturno no município de Santa Inês-MA. Observamos que a Avaliação não deve ser semelhante ao meteorito, que cai repentinamente dos céus para castigar os alunos indisciplinados ou para preencher a aula quando o professor não tiver tempo para prepará-la. Pois, a Avaliação é um processo e ela deve fazer parte da rotina da sala de aula, sendo usada periodicamente como um dos aspectos integrantes do processo ensino-aprendizagem.
Introdução
O termo avaliar tem sido constantemente associado a expressões como: fazer prova, fazer exame, atribuir nota, repetir ou passar de ano. Essa associação tão frequente em nossas escolas é resultante de uma concepção pedagógica arcaica, mas tradicionalmente dominante. Diante de tal concepção, decidimos analisar o conceito de avaliação de alunos que estão se preparando para entrar no mercado de trabalho do 3° ano do 2° grau de uma escola da rede particular na cidade de Santa Inês-MA.
Sendo que, temos por objetivos conscientizar esses futuros professores que estão concluindo o magistério de que a avaliação não se restringe apenas a medir a quantidade de informações retidas pelos alunos, onde a avaliação assume um caráter seletivo e competitivo. Pois, a avaliação assume dimensões mais abrangentes. Ela não se reduz apenas a atribuir notas. Sua conotação se amplia e se desloca no sentido de verificar em que medida os alunos estão alcançando os objetivos propostos para o processo ensino-aprendizagem. Tais objetivos se traduzem em mudanças e aquisição de comportamentos motores, cognitivos, afetivos e sociais. O ato de avaliar consiste em verificar se esses objetivos estão sendo realmente atingidos e em que grau se dá essa consecução, para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem e na construção do seu saber.
Na pesquisa de campo foi utilizada a técnica do questionário. O plano de amostragem, baseando-se em amostras aleatórias e probabilísticas, previu a seleção de alunos do 3° ano do 2° grau do curso de magistério, tendo como base teórica o “bicho-papão” que se tornou o processo de avaliação.
Princípios básicos da avaliação
Em termos gerais, a avaliação é um processo de coleta e análise de dados, tendo em vista verificar se os objetivos propostos foram atingidos. No âmbito escolar, a avaliação se realiza em vários níveis: do processo ensino-aprendizagem, do currículo, do funcionamento da escola como um todo.
A partir daí, podemos tirar algumas considerações sobre os pressupostos e princípios da avaliação:
- A avaliação é um processo contínuo e sistemático.
- Ela não pode ser esporádica nem improvisada, mas, ao contrário, deve ser constante e planejada. Nessa perspectiva, a avaliação faz parte de um sistema mais amplo que é o processo ensino-aprendizagem, nele se integrando. Ela deve ser planejada para ocorrer normalmente ao longo de todo esse processo, fornecendo feedback e permitindo a recuperação imediata quando for necessário.
- A avaliação é funcional, se realiza em função dos objetivos.
- Avaliar o processo ensino-aprendizagem consiste em verificar em que medida os alunos estão atingindo os objetivos previstos. Por isso, os objetivos constituem o elemento norteador da avaliação.
- A avaliação é orientadora, pois “não visa eliminar alunos, mas orientar seu processo de aprendizagem para que possam atingir os objetivos previstos”. Nesse sentido, a avaliação permite ao aluno conhecer seus erros e acertos, auxiliando-o a fixar as respostas corretas e a corrigir as falhas.
- A avaliação é integral, analisa e julga todas as dimensões do comportamento, considerando o aluno como um todo. Desse modo, ela incide não apenas sobre os elementos cognitivos, mas também sobre o aspecto afetivo e o domínio psicomotor.
Esses são os princípios básicos que norteiam a avaliação do processo ensino-aprendizagem. É interessante lembrar que a forma de encarar e realizar a avaliação reflete a atitude do professor e suas relações com o aluno.
Atualmente, a avaliação assume novas funções, pois é um meio de diagnosticar e de verificar em que medida os objetivos propostos para o processo ensino-aprendizagem estão sendo atingidos. Portanto, a avaliação assume uma dimensão orientadora.
Testar, medir e avaliar
O termo avaliar foi utilizado durante certo tempo como sinônimo de medir e testar. Isso ocorreu em parte devido à predominância de uma abordagem pedagógica que encarava a educação como mera transmissão e acumulação de conhecimentos já prontos. Nessa perspectiva, avaliar se confundia com medir – medir o número de informações memorizadas e retidas.
A diferença entre esses três termos:
Testar – significa submeter a um teste ou experiência, isto é, consiste em verificar o desempenho de alguém ou alguma coisa (um material, uma máquina, etc.), através de situações previamente organizadas, chamadas testes.
Teste, portanto, é um meio ou conjunto de meios que serve para determinar as qualidades ou características de algo que está sendo objeto de observação.
Os testes são instrumentos de medidas, mas não são os únicos.
Medir – significa determinar a extensão, as dimensões, a quantidade e o grau ou a capacidade de algo.
O resultado de uma medida é sempre expresso em números e não por descrição, havendo para isso, um sistema de unidades convencionais de uso mais ou menos universal, que facilita a interpretação dos resultados.
O teste é apenas um dentre os diversos instrumentos de mensuração existentes. No entanto, devido à sua objetividade e praticidade, ele é um dos recursos de medida mais utilizados na educação. “Mas, tal como os testes foram considerados insuficientes, assim também as medidas de um modo geral passaram a não satisfazer como instrumento de verificação de aprendizagem, e por uma razão muito simples: nem todas as consequências educacionais são quantitativamente mensuráveis”.
Avaliar – é julgar ou fazer a apreciação de alguém ou alguma coisa, tendo como base uma escala de valores. Assim sendo, a avaliação consiste na coleta de dados quantitativos e qualitativos e na interpretação desses resultados com base em critérios previamente definidos.
Portanto, esses três termos não são sinônimos, embora seus respectivos significados se justaponham. Na verdade, esses conceitos se completam, pois são diferentes no que se refere à amplitude de sua significação.
Técnicas e instrumentos de avaliação
Existem várias técnicas e vários instrumentos de avaliação.
Ao escolher uma técnica ou instrumento de avaliação deve-se ter presente, portanto, o tipo de habilidade que se deseja verificar no aluno. De acordo com a classificação de Bloom (Bloom, B. S. e outros. Taxionomia de objetivos educacionais e domínio cognitivo. Porto Alegre, Globo, 1973, p. 16) são os seguintes os diferentes níveis ou categorias de habilidades cognitivas:
- Conhecimento – envolve a evocação de informações. Estão os conhecimentos de terminologia, de fatos específicos, de critérios, de metodologia, de princípios e generalizações, de teorias e estruturas, etc.
- Compreensão – O aluno não deve somente repetir, mas compreender o que aprendeu, ao menos de maneira suficiente para afirmá-lo de outra forma.
- Aplicação – Refere-se à habilidade para usar abstrações em situações particulares e concretas. O estudante é solicitado a usar um método, uma regra ou um princípio para resolver um problema.
- Análise – Refere-se à habilidade de desdobrar uma comunicação em seus elementos ou partes constituintes. O aluno deve usar habilidades, deve saber o que procurar, compreender os conceitos.
- Síntese – Na síntese, cada aluno deve exprimir suas próprias ideias, experiências ou ponto de vista. Qualquer resposta que englobe a expressão própria e criativa do aluno vai ao encontro do objetivo de síntese.
- Avaliação – Refere-se à habilidade para fazer um julgamento sobre o valor do material e dos métodos empregados com o objetivo de alcançar determinados propósitos.
Para ser avaliação e não compreensão ou aplicação, o objetivo deve sugerir a expressão de um ponto de vista individual.
Podemos agrupar as diversas técnicas e os instrumentos de avaliação da seguinte maneira:
- I – Medidas de rendimento escolar.
- II – Medidas de desenvolvimento geral.
Material e método
Para uma completa análise da influência da avaliação no processo ensino-aprendizagem foi realizada a pesquisa de campo. A amostra contou com a participação de 20 alunos do 3° ano do 2° grau do curso de magistério, noturno da rede particular de ensino de Santa Inês – MA.
Na pesquisa de campo foi utilizada a técnica do questionário com perguntas abertas e fechadas relacionadas à importância e o papel da avaliação no processo ensino-aprendizagem.
Tabela 1 – Dados sobre o grupo de alunos pesquisados.
Tabela 2 – A importância da avaliação no processo ensino-aprendizagem.
Tabela 3 – Como o aluno se sente ao ser avaliado.
Tabela 4 – A avaliação escrita é a melhor forma para verificar a capacidade de conhecimentos adquiridos pelo aluno.
Tabela 5 – A opinião do aluno em relação aos termos Testar, Medir e Avaliar.
Tabela 6 – Qual a melhor forma de avaliar ou de ser avaliado.
Ao analisarmos as respostas obtidas através da pesquisa realizada com alunos do 3° ano do 2° grau do Curso de Magistério do Colégio Atuação, constatamos que, para que ocorra a avaliação efetiva, faz-se necessário a participação do professor e aluno no processo avaliativo. Nesse processo, não devem estar em julgamento apenas o grau de aprendizagem alcançado pelo aluno, mas também muitos outros questionamentos. Precisa ocorrer durante o processo a autoavaliação de cada uma das partes, a forma como o conhecimento vem sendo ensinado-aprendido, os recursos que estão sendo utilizados e os objetivos que estão orientando a aprendizagem e que são possíveis de serem alterados de acordo com as novas necessidades sentidas pelo grupo.
Em relação à pergunta que foi abordada no questionário sobre “qual a melhor forma de avaliar e ser avaliado”, nota-se que 60% dos entrevistados responderam que a melhor forma é através da participação e, para que isso ocorra, é necessário que o professor esteja permanentemente atento às alterações de comportamento dos alunos. Que haja um clima favorável à participação de todos na sala de aula. Que os alunos não se sintam reprimidos e possam manifestar suas dúvidas, inquietações e incompreensões quanto ao que está sendo aprendido.
Conclusão
Conclui-se que a avaliação não tem um fim em si mesma, mas é um meio a ser utilizado por alunos e professores para o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem. Atualmente, a avaliação assume uma função diagnóstica e orientadora, pois ajuda o aluno a progredir na aprendizagem e o professor a reorganizar sua ação pedagógica. Portanto, o desenvolvimento do processo educativo deve ser acompanhado de uma avaliação constante.
Para realizar uma avaliação integral do aluno, isto é, para avaliar as várias dimensões de seu comportamento, é necessário o uso combinado de várias técnicas e instrumentos de avaliação, que devem ser selecionados tendo em vista os objetivos propostos. O professor deve fazer uso de todos os recursos ao seu alcance para obter o máximo de informações sobre o aproveitamento e o comportamento escolar do aluno. Por isso, não convém utilizar apenas um instrumento de avaliação, confiando nele como se fosse infalível. O mais recomendável é empregar técnicas diversificadas em instrumentos variados.
O ato de avaliar, por sua constituição mesma, não se destina a um julgamento “definitivo” sobre alguma coisa, pessoa ou situação, pois que não é um ato seletivo. A avaliação se destina ao diagnóstico e, por isso mesmo, à inclusão; destina-se à melhoria do ciclo de vida. Infelizmente, por nossas experiências históricas, sociais e pessoais, temos dificuldades em assim compreendê-la e praticá-la. É uma meta a ser trabalhada, que, com o tempo, se transformará em realidade, por meio de nossa ação. Somos responsáveis por esse processo.
Bibliografia
HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo Ensino-aprendizagem. Editora Ática. São Paulo, SP. 1997.
____________________. Curso de Didática Geral. Editora Ática. São Paulo, SP, 1995.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Editora Cortez. São Paulo, SP. 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 10ª Edição. Editora Cortez. São Paulo, SP. 2000.
PILETTI, Claudino. Didática Geral. Editora Ática. São Paulo, SP. 1995.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org). Repensando a Didática. 17ª Edição. Editora Papirus. Campinas, SP. 1991.
Autor: Jerlehnny Santos
Para saber mais sobre a importância da avaliação na educação, você pode conferir como trabalhar competências socioemocionais nas escolas.
Se você está interessado em ferramentas que podem ajudar na avaliação, considere explorar materiais didáticos que podem ser úteis no processo de ensino-aprendizagem.