O que é índio? Um índio não chama a si mesmo de índio. Esse nome foi trazido pelos colonizadores no século XVI. O índio mais antigo desta terra, hoje chamada Brasil, se autodenomina Tupy, que significa “Tu” (som) e “py” (pé), ou seja, o som-de-pé, de modo que o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia de forma.
Meu desenho de índio! No A3, feito com lápis de cor.
Esta história revela o jeito do povo indígena de contar a sua origem, a origem do mundo, do cosmos, e também mostra como funciona o pensamento nativo. Os antropólogos chamam de mito, e algumas dessas histórias são denominadas de lendas.
Qual a origem dos índios? Conforme o mito Tupy-Guarani, o Criador, cujo coração é o Sol, tataravô desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe Terra. Chamou sete anciães e disse: ‘Gostaria que criassem ali uma humanidade’. Os anciães navegaram em uma canoa que era como cobra de fogo pelo céu; e a cobra-canoa levou-os até a Terra. Logo eles criaram o primeiro ser humano e disseram: ‘Você é o guardião da roça’. Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íris em que os anciães se transformaram. Seu nome era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o Sol. E logo os anciães fizeram surgir das Águas do Grande Rio Nanderykei-cy, a nossa Mãe Antepassada. Depois eles geraram a humanidade, um se transformou no Sol, e a outra, na Lua.São nossos tataravós.
ARQUITETURA INDÍGENA
Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem várias famílias (ascendentes e descendentes), geralmente entre 300 a 400 pessoas. O lugar ideal para erguer a taba deve ser bem ventilado, dominando visualmente a vizinhança, próxima de rios e da mata. A terra, própria para o cultivo da mandioca e do milho.
No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reúnem os conselheiros, as mulheres preparam as bebidas rituais, têm lugar as grandes festas. Dessa praça partem trilhas chamadas pucu que levam à roça, ao campo e ao bosque.
Destinada a durar no máximo 5 anos, a oca é erguida com varas, fechada e coberta com palhas ou folhas. Não recebe reparos e, quando inabitável, os ocupantes a abandonam. Não possuem janelas, têm uma abertura em cada extremidade e em seu interior não há nenhuma parede ou divisão aparente. Vivem de modo harmonioso.
PINTURA CORPORAL E ARTE PLUMÁRIA (COCARES)
Pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defendê-lo contra o sol, os insetos e os espíritos maus.
E para revelar de quem se trata, como está se sentindo e o que pretende. As cores e os desenhos ‘falam’, dão recados.
Índia Kadiweu
Boa tinta, boa pintura, bom desenho garantem boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem. Cada tribo e cada família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser.
Padrões de pintura corporal indígena
Nos dias comuns, a pintura pode ser bastante simples, porém, nas festas e nos combates, mostra-se requintada, cobrindo também a testa, as faces e o nariz. A pintura corporal é função feminina; a mulher pinta os corpos dos filhos e do marido.
Assim como a pintura corporal, a arte plumária serve para enfeites: mantos, máscaras, cocares, e passam aos seus portadores elegância e majestade.
Kaxinawá do Acre
Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas à pura busca da beleza.
A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias. Além de bonito, ele indica a posição de chefe dentro do grupo e simboliza a própria ordenação da vida em uma aldeia Kayapó. Em forma de arco, uma grande roda a girar entre o presente e o passado. “É uma lógica de manutenção e não de progresso”, explica Luis Donisete Grupioni. A aldeia também é disposta assim. Lá, cada um tem seu lugar e sua função determinados.
Plumas de arara e mutum, costuras com fibra de palmito e fios de algodão
TRANÇADOS E CERÂMICA
A variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil dá ao índio uma inesgotável fonte de matéria-prima.
É trançando que o índio constrói a sua casa e uma grande variedade de utensílios, como cestos para uso doméstico, para transporte de alimentos e objetos trançados para ajudar no preparo de alimentos (peneiras), armadilhas para caça e pesca, abanos para aliviar o calor e avivar o fogo, objetos de adorno pessoal (cocares, tangas, pulseiras), redes para pescar e dormir, instrumentos musicais para uso em rituais religiosos, etc.
Cestos Yanomamis
Tudo isso sem perder a beleza e feito com muita perfeição.
Muito bom