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Atualizado em 10/08/2024

Freud Além da Alma: Análise do Filme

Entenda as profundezas da psique humana assistindo ao filme “Freud Além da Alma”. Uma análise crítica do filme, que aborda questões sobre o inconsciente, a psicologia e o psicanalista Sigmund Freud. Descubra o que o filme tem para lhe ensinar sobre o funcionamento da mente humana!


O filme Freud Além da Alma retrata os momentos difíceis que Freud viveu no início de sua carreira de médico. É mostrado as descobertas de Freud com as próprias experiências pessoais do psicanalista e a teoria que desenvolveu sobre o Complexo de Édipo.

Sigmund Freud começa o filme internando uma pessoa com histeria (doença emocional psíquica), sem a concordância dos outros médicos. A histeria é uma psiconeurose cujos conflitos emocionais inconscientes surgem na forma de dissociação mental ou como sintomas físicos. Na verdade, os sintomas histéricos podem se manifestar em homens e mulheres. Charcot, neurologista francês, que emprega a hipnose para estudar a histeria, demonstrou que ideias mórbidas podiam produzir manifestações físicas. Freud, em colaboração com Breuer, começou a pesquisar os mecanismos psíquicos da histeria e postulou em sua teoria que essa neurose era causada por lembranças reprimidas. Freud ganhou uma bolsa para estudar com Charcot em Paris. Logo na primeira oportunidade, Freud vê Charcot fazer um teste com dois histéricos, onde, através da hipnose, ele faz com que os histéricos eliminem seus problemas causados por traumas e depois faz com que eles tenham outros problemas de histeria, apenas dando ordens enquanto os mesmos estavam hipnotizados. Assim, chegamos à conclusão de que a hipnose, tanto cura como cria sintomas.

Freud diz em palestra que a mente pode ser controlada pelo inconsciente e assim recebe o apoio do doutor Brauer, que relata o caso de uma jovem que foi curada completamente através do transe hipnótico. Freud e Brauer conversam com a jovem hipnotizada, que conta relatos do tempo em que teve o trauma, em que seu cãozinho bebia água no copo. Depois de exteriorizar a sua irritação reprimida de nojo através da hipnose, pediu água, e ela volta ao normal bebendo água, podendo ter um cão ao seu lado, o qual também tinha trauma por achá-lo temível.

Nesta parte do filme, foi retratado o Método Catártico, no qual o paciente é induzido à hipnose, onde havia algo reprimido através da repressão da ideia por ser um evento traumático que inicialmente estava a nível consciente e vai para o inconsciente, afetando a vida da pessoa através de um sintoma. Brauer convida Freud para trabalhar ao seu lado e Freud começa a trabalhar com os histéricos.

Freud se assusta com um jovem que diz, em hipnose, que matara o pai porque amava a própria mãe. Neste caso, Freud pede ao jovem para que não se lembre de nada que tinha relatado durante a hipnose, pois esse caso mexe com ele, por ele próprio não saber lidar com isso por ter o mesmo trauma – “O Complexo de Édipo”. Começa a ter sonhos estranhos, e aqui começa a pensar no significado dos sonhos para mais tarde criar a Teoria dos Sonhos.

Devido ao seu trauma, Freud diz que vai largar a terapia com hipnose e deixar de lado os Estudos da Histeria. Mayers, doente, pede para que Freud recomece com seu estudo da histeria, dizendo que viveu uma vida inteira com problemas psicológicos. Devido à conversa com Mayers, Freud volta à ativa e tenta procurar o jovem que amava a mãe, e descobre que ele morreu em um hospício.

Freud cria uma teoria sobre neurose, dizendo que esta teoria tem a ver com todos os casos já tratados e que não era só o dele. Esta teoria se baseia no fato de que todos os traumas estão ligados à sexualidade. Freud pede para que Brauer o leve a uma paciente que, segundo Brauer, não tinha nenhum problema causado pela sexualidade. Brauer vê que Freud tinha razão e passa a acreditar na “Teoria da Sexualidade” como causa da histeria.

A paciente que parecia estar curada volta a ter recaída; ela cria uma gravidez psicológica. Brauer dá a ordem com ela em transe e sai rápido. Freud não entende, e Brauer diz que ela está apaixonada por ele e que não vai continuar o tratamento, pois isso poderia acabar com seu casamento, já que a mulher de Brauer estava desconfiada. Nesta parte do filme, podemos ver como acontece a transferência, que na teoria psicanalítica é a projeção de sentimentos e conteúdos em relação a alguma pessoa, no caso o terapeuta, onde o paciente cria fantasias; neste caso específico, a jovem transfere para Brauer a relação que tinha com o pai.

O pai de Freud falece, e Freud não consegue entrar no cemitério, desmaia e tem um sonho amedrontador. Decide voltar ao cemitério novamente, não consegue entrar e volta conversando com Brauer, tentando achar a ligação, tentando desvendar o que foi encoberto de pecado que seu pai fizera. Freud começa a tratar a jovem que Brauer descartara. Assim, ele mudou de técnica, onde as palavras saíam quase que inconscientemente, era o Método da Associação Livre. Assim, as esperanças antes depositadas no método catártico da hipnose,

Freud tentava buscar saber em que ponto da história daquela jovem o trauma ocorreu, e cada vez mais ele via um trauma na infância. Novamente, tem o problema da repressão sexual que ocorreu na infância. Freud segura uma pulseira da mãe em formato de cobra, que o faz sonhar e voltar a pensar em quando ele era criança e o que acontecera para ele ter aquele colapso na frente do cemitério. Ele se lembra dos sonhos e vê a figura da mãe, que o deixou sozinho em uma noite para ir dormir com seu pai. Ele ficou frustrado e queria a mãe ali, ao seu lado, e não com seu pai. Teve ciúmes da mãe e se sentiu culpado por achar que desonrou seu pai. A cobra simbolizava a sexualidade. Ela lê o diário que era dos tempos de seu estudo, e Freud lembra que havia escrito uma vez: “o falso é às vezes a verdade de cabeça para baixo”. Ele começa a repensar tudo que havia visto antes, que a pessoa podia mentir ou criar uma situação falsa e, no inverso disto, estar a realidade. Quando a jovem dizia que seu pai a molestou, na verdade, ela queria possuir seu próprio pai, seria uma fantasia que ela levou para a fase adulta sem saber administrar e que se tornou um trauma. Então, Freud começa a mudar sua teoria, pois em sua investigação na prática clínica sobre as neuroses, descobriu que a grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida. As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica e é desenvolvido o segundo conceito mais importante da teoria psicanalítica: a sexualidade infantil, que são:

  1. A função sexual existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento e não só a partir da puberdade, como afirmavam as ideias dominantes.
  2. O período da sexualidade é longo e complexo até chegar à sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção de prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher.
  3. A libido, nas palavras de Freud, é a “energia dos instintos sexuais e só deles”.

Freud conversa com a mãe da jovem e diz que teve vontade de matar a filha, mas só quando ela estava dentro do seu ventre, pois ela era dançarina de cabaré e o seu esposo, depois que a engravidou, nunca mais a tocou e só saía com as prostitutas. Nota-se que existe uma competição entre mãe e filha pela atenção e cuidados do pai.

Conversando com Brauer, que acha muito difícil colocar na cabeça dos outros médicos a ideia de que a teoria seria invertida, do sexualismo adulto se tornar o sexualismo infantil, e Brauer pede para Freud retirar este capítulo do livro. Freud não se entrega e diz que vai seguir sozinho de agora em diante e que vai expor a teoria da sexualidade na infância ao conselho de médicos.

No conselho, Freud começa a expor, frisando como “A Idade da Inocência”, que a criança não tem consciência sexual. Neste momento, todos os médicos começam a ironizar suas palavras e alguns médicos se retiram do recinto. Freud continua a falar mesmo assim, diz que a criança tem um desejo, a mãe, e tem um concorrente, o pai. A criança passa a se ver de frente com um rival, o desejo da criança passa a ser corroído, se transformando em ódio e amor. Cita Édipo, que matou o pai e casou-se com a mãe, foi punido (reprimido) e ficou vagando pela vida sem um lar. Sobre o Complexo de Édipo, Freud explica aos médicos que o amor de uma filha pelo pai é o máximo em erotismo infantil, que cada ser humano tem este desafio, de se confrontar com o seu complexo e de superá-lo. Se conseguir superar, se torna um ser humano completo. Nesta fala de Freud, podemos perceber o conceito das fases do desenvolvimento sexual, que são as seguintes:

Fases do Desenvolvimento Sexual

Fase oral: a zona de erotização é a boca e o prazer ainda está ligado à ingestão de alimentos e à excitação dos lábios e da cavidade bucal. O objetivo sexual consiste na incorporação do objeto.

Fase anal: a zona de erotização é o ânus e o modo de relação do objeto é de “ativo” e “passivo”. Este controle é uma nova fonte de prazer. Acontece entre 2 e 5 anos o complexo de Édipo, e é em torno dele que ocorre a estruturação da personalidade do indivíduo.

Fase fálica: a zona de erotização é o órgão sexual. Apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objeto. No caso do menino, a fase fálica se caracteriza por um interesse que ele tem pelo próprio pênis em contraposição à descoberta da ausência de pênis na menina. Na menina, esta constatação determina o surgimento da “inveja do pênis” e o consequente ressentimento para com a mãe “porque esta não lhe deu um pênis, o que será compensado com o desejo de ter um filho”.

Fase genital: na adolescência, é atingida a última fase, quando o objeto de erotização não está mais no próprio corpo, mas em um objeto – o outro. Neste momento, meninos e meninas estão conscientes de suas identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades. Um médico que faz parte do conselho pergunta a Brauer, que também faz parte de tal, se ele concordava com Freud. Brauer, após ter defendido o amigo, dizendo que ele é um dos melhores no meio médico para estes assuntos, diz que jamais poderia concordar com tal teoria de Freud; a “Sexualidade Infantil” não existe.

Freud caminha lentamente e consegue ultrapassar os muros do cemitério, onde caminha até a lápide de seu pai.

O filme termina deixando uma pergunta que foi escrita no templo de Delfos, há mais de dois mil anos atrás, lá estava escrito: “Conheça a Si Próprio”.

Autor: Luiz Claudio Pereira

Para mais informações sobre a psicanálise e suas teorias, você pode conferir a análise do filme Ao Mestre com Carinho, que também aborda questões educacionais e psicológicas.

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Além disso, para quem busca uma experiência cinematográfica que explora a mente humana, o filme sobre psicologia pode ser uma ótima escolha.


Este texto foi publicado na categoria Saúde Mental e Psicológica.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

11 respostas para “Freud Além da Alma: Análise do Filme”

  1. Parabéns! Conteúdo muito bem elaborado, esclarecedor, trazendo oportunidades e conhecimentos. Agradeço.

  2. Estou cursando 2º semestre e cada dia descubro mais a minha paixão pela psicanalise. Primeiro comecei fazendo analise, depois de algum tempo descobri que não só queria continuar com as sessões, mas começar a estudar para me tornar uma grande psicanalista…porque não!!?

  3. estou cursando o 8º período, posso afirmar que cada descoberta que faço na psicanalise, me motiva mais ainda a escolher esta abordagem.

  4. Estou no primeiro período, e gostando muito ,mais ainda perdida sei que vou consequir pois tenho muito desejo de aprender .

  5. Estou iniciando meu curso. 3º período mas não consigo me desassociar das ideias que estudo. Mas acho intrigante e interessante.

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