O processo de alfabetização é mais complexo do que se imagina, pois é a partir dele que milhares de pessoas aprendem a ler e escrever. O mais preocupante é que para se alfabetizar usam-se métodos como o tradicional, que engloba o analítico e sintético, e o construtivista. A dúvida é: qual deles seria mais indicado para alfabetizar, criar alunos capazes de construir seu próprio conhecimento e ser participantes e críticos na sociedade?
A alfabetização deve partir do pressuposto de que alfabetizar não é apenas ensinar a ler e escrever através de um método que a cartilha propõe, mas sim formar alunos críticos e capazes de interagir na sociedade, propiciando aos alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como possibilitar que os alunos atuem criticamente em seu espaço social.
Palavras-chave: Alfabetização, métodos, cartilha.
Introdução
O objetivo principal deste artigo é discutir e refletir sobre o espaço ocupado pela cartilha nas salas de aula da primeira série. Mostrando a importância atribuída à cartilha pelo professor de alfabetização e o uso que se faz desse material em sala de aula.
Geralmente, o método de ensino das cartilhas é feito por etapas, exigindo que os alunos as sigam de acordo com sua ordem, usando palavras-chave e sílabas geradoras, ou seja, o famoso método do “bá-bé-bi-bó-bu”. Cada capítulo da cartilha apresenta uma unidade silábica, as lições são organizadas do mais fácil para o mais difícil e finalizam com um texto que resume tudo o que ela tentou ensinar.
São quatro os métodos de alfabetização tratados neste artigo, que são os métodos tradicional, que abrangem o sintético e analítico, e o método construtivista. Porém, será feita a análise de apenas dois dos mais importantes métodos: o tradicional e o construtivista.
As cartilhas chamadas de métodos construtivistas tendem a conter um ensino mais claro e objetivo, pois tratam o aluno como um ser pensante. Ou seja, levando-o a pensar e agir por si próprio. Esta cartilha não se preocupa com a perfeição da ortografia, não se prende à escrita, mas sim com a interação no seu aprendizado, sendo um aluno participativo e crítico.
Já a cartilha do método tradicional tem seu ensino baseado na ortografia perfeita, ensinada através de regras gramaticais, confundindo ainda mais a aprendizagem do aluno, e deixando, às vezes, seus textos escritos de forma ortograficamente correta, porém sem sentido. A cartilha do método tradicional cria seus próprios ideais, que o aluno tem por obrigação seguir, aprendendo uma lição após a outra.
Pode-se perceber o quanto é confuso e difícil a aprendizagem através da cartilha, pois, por mais que a cartilha seja considerada do método construtivista, ela sempre terá alguma atividade do método tradicional, desestabilizando o processo de aprendizagem da criança. Não existe uma cartilha cem por cento tradicional ou construtivista; ela sempre será mista.
Esse recurso didático tende a absorver e centralizar o trabalho de alfabetização, na medida em que essa prática se encontra pautada e direcionada pela cartilha, tornando duradoura a concepção de ensino de língua escrita que cristaliza e neutraliza a linguagem, deslocando sua dimensão de interação e construtivista do conhecimento. Espera-se que os resultados deste estudo possam somar-se a outros na área da alfabetização e venham a contribuir para uma reflexão dos professores de alfabetização sobre a necessidade de um redimensionamento do uso das cartilhas.
Referências teóricas
Alfabetização
Jaqueline Moll, em seu livro “Alfabetização Possível”, diz que a alfabetização é um processo mecânico, no qual “alfabetizar-se” está vinculado a habilidades de codificação (ou representação escrita de fonemas em grafemas) e decodificação (ou representação oral de grafemas em fonemas). Ou seja, a representação da fala oral em escrita, e o inverso, a representação da fala escrita em oral. Tanto a leitura quanto a escrita são vistas como decifração de códigos.
As alfabetizações nos dias atuais persistem na repetição excessiva de exercícios visando à memorização de letras, sílabas para formação de palavras, frases e textos, e a assimilação da criança de que há uma ligação correspondente entre fala e escrita.
Alfabetização é muito mais do que decodificação e codificação de códigos; a alfabetização é a relação entre aluno e seu conhecimento de mundo.
O processo de alfabetização se inicia muito antes da criança entrar na escola, pois antes disso ela já possui contato com seu meio social, que lhe permite adquirir conhecimentos como a própria linguagem verbal, entre outros.
Enfim, alfabetização é aprender a ler e escrever para fazer parte do meio social.
Método de alfabetização
Com a necessidade de saber como se dá o processo de aprendizagem de leitura e escrita, surgiram os métodos de alfabetização, que impõem regras que devem ser seguidas pela criança a ser alfabetizada.
Os métodos de alfabetização evoluem fazendo o avanço do conhecimento de acordo com as necessidades sociais, pois com a evolução da sociedade, cada vez mais vai se exigindo um tipo de letrado diferente.
E com todas as evoluções surgiram vários métodos de alfabetização, como o método tradicional, que incorpora o método sintético e analítico, e por fim o método construtivista.
Alguns desses métodos colocam em risco o processo e a capacidade de aprendizagem do aluno, por passar insegurança tanto para o aluno quanto para os professores. Por isso, se percebe que, apesar de ser muito usado e de uma certa forma ter alfabetizado milhões de pessoas, esses métodos de alfabetização consistem na memorização do que é ensinado, colocando em dúvida a qualidade do aprendizado do aluno.
Método tradicional
O método tradicional de alfabetização é centrado no professor, que tem a função de “vigiar o aluno”. Ou seja, observar se o aluno está seguindo à risca o que lhe foi pedido.
Esta metodologia tem a concepção de que a aula deve acontecer apenas dentro da sala, em que o professor ensina a matéria, passa os exercícios e depois os corrige, seguindo com a matéria à frente, fazendo sempre a mesma coisa, tornando a aula mecanizada, dando a entender que o aluno só irá aprender através do conhecimento do professor.
Este tipo de aula faz com que o aluno aprenda através de repetições de exercícios com exigência do uso da memória, levando o aluno a decorar e não aprender, e como consequência, a escola forma alunos desinteressados e desmotivados pelos estudos.
O método tradicional tem seu aprendizado de forma dividida, ou melhor, por partes: primeiro aprende as vogais, depois as sílabas até chegar às palavras e às frases, para daí por diante construir textos. Como o que importa é a montagem silábica, e não o conteúdo, surgem frases com poucos sentidos, do tipo “O rato roeu a roupa do rei de Roma” ou “A menina gosta de rosa e boneca”.
O aluno só consegue produzir textos depois de dominar boa parte da família silábica e o processo de formação das palavras, criando assim textos sem sentidos, pois o aluno nesse momento está preocupado com a escrita ortográfica e não com o sentido lógico do seu texto.
Há uma valorização maior no uso das cartilhas e uma preocupação com a quantidade, esquecendo assim da qualidade. O professor fala, o aluno ouve e aprende. Não deixa o aluno ser participativo na construção de sua própria aprendizagem. Muitas vezes não leva em consideração o que a criança aprende fora da escola, seus esforços espontâneos, a construção coletiva, e o que é pior, muitas vezes ignora o meio social e o conhecimento de mundo que o aluno traz de fora para dentro da escola.
Neste método tradicional, a cartilha muitas vezes é o único material de trabalho. Os textos para leitura são curtos, com frases simples desvinculadas da linguagem oral, buscando o uso das sílabas já estudadas. Raramente usam materiais extras, como revistas, jornais, livros de história e músicas.
Este método sobrecarrega o aluno com informações que muitas vezes não conseguem entendê-las, tornando o processo de aquisição do conhecimento, muitas vezes, burocrático e sem significação, mantendo uma postura conservadora.
O seu processo de alfabetização apoia-se nas técnicas de codificar e decodificar da escrita. A escrita da criança em fase de alfabetização não é levada em conta, sendo a cartilha sequencialmente seguida, formando assim a base do processo de alfabetização.
O método tradicional de alfabetização procura desenvolver as habilidades básicas que a criança deve ter para tornar-se um leitor habilidoso. Porém, somente a presença dessas habilidades não garante sua utilização em tarefas mais complexas, como a leitura de um livro, a escrita de um poema ou mesmo a execução correta de receitas culinárias. O contexto social que incentiva o interesse em aprender, independentemente da educação formal, é a chave para a utilização dessas habilidades em qualquer atividade humana, especialmente as que envolvem a leitura e a escrita.
Método sintético
O método sintético estrutura-se dentro da teoria do behaviorismo e é considerado um dos mais rápidos, simples e antigos métodos de alfabetização, podendo ser aplicado a qualquer tipo de criança.
Insiste fundamentalmente numa correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a grafia.
O seu ensino inicia-se de um grau de dificuldade mais simples, percorrendo até chegar a um mais complexo, ou seja, o sistema de ensino parte das partes para um todo.
A criança, para iniciar nesse método de alfabetização, primeiro domina o alfabeto (letra por letra), depois as sílabas, as palavras, frases e finalmente os textos. E este método não permite que a criança prossiga para uma nova fase se não dominar a que está.
O método sintético foca seu ensino em ler letra por letra, ou sílaba por sílaba, e palavra por palavra, acarretando em pausas durante a leitura, motivando o cansaço e prejudicando o ritmo e a compreensão da leitura.
Baseando-se no ponto de vista mental, o indivíduo é capaz de perceber os símbolos gráficos de uma forma geral, ou melhor, como um todo, dando-lhes significados, para posteriormente ser capaz de analisar suas partes. O método sintético leva o aluno a perceber partes isoladas, sem significação, impedindo sua compreensão e percepção da leitura.
A aprendizagem pelo método sintético é feita através da memorização e repetição, de uma certa forma acaba prejudicando o aluno, pois impede que ele consiga pensar e agir por si próprio, ou melhor, de produzir seus textos e seus conhecimentos através de sua imaginação, pois ele é alfabetizado por regras que devem ser seguidas passo a passo, trazendo um conhecimento pronto, faltando apenas por em prática. Com isso, o aluno tem dificuldades de compreender e criar textos, e o prazer pela leitura dura pouco, porque logo o aluno consegue dominar a leitura e a escrita, deixando de ser algo novo em sua vida, oferecendo um vocabulário pobre e restrito. O método sintético considera a língua escrita um objeto de conhecimento externo ao aprendiz.
Ainda nesse método, podemos encontrar alguns conceitos positivos, como os de alunos adquirirem a ortografia perfeita por ser um ensino de regras e repetições, conseguindo, com o tempo, fazer sua tarefa sozinho e, por fim, permitir a compreensão da língua.
Método analítico
O método analítico se desenvolve a partir da teoria do “sincretismo infantil”, que foi fundamentado pela teoria da gestalt, e acredita que a aprendizagem se dá pelo insight.
O método analítico tem por objetivo fazer com que as crianças compreendam o sentido de um texto, não ensina a leitura através da silabação, incentiva os alunos à produção de textos, prestando atenção ao uso da pontuação, estimula a leitura e deixa o aluno à vontade para expor suas ideias. Este método ajuda a criança no desenvolvimento e organização de seus pensamentos.
Do ponto de vista linguístico, neste método o ensino deve começar por um nível menos complexo, para aos poucos ir dando continuidade para um nível mais avançado, pois a língua falada é bem diferente da língua escrita, e a criança, no início de sua aprendizagem, se baseia na língua falada para desenvolver a língua escrita, e isso só confunde a cabeça da criança por elas serem bem diferentes.
Partindo do ponto de vista mental, o método analítico é um método constituído por palavração (leitura de palavra por palavra), e que, assim como os métodos tradicionais e sintéticos, trabalha com elementos isolados, o que não favorece a compreensão de um texto, tornando-se cansativo e desestimulante, por impedir que a criança possa entender o texto como um todo.
Método construtivista
Este método construtivista é um dos mais indicados e usados para alfabetização, pois permite que as próprias crianças construam seus conhecimentos de acordo com seu desenvolvimento cognitivo. Pode ser aplicado de forma individual ou coletiva, trabalha com o conhecimento que a criança traz para a escola, faz a união da língua falada, escrita e a leitura em um único processo, e pode ser aplicado a qualquer criança. E a partir deste método, a criança se sentirá mais segura e será capaz de criar seu próprio conhecimento, tornando-se um aluno consciente e responsável.
O método construtivista baseia-se nas pesquisas de Jean Piaget sobre a construção do conhecimento, afirmando que este é o resultado da construção do próprio indivíduo. Essas conclusões são derivadas das suas pesquisas sobre “a origem e evolução da inteligência”, que também se constrói na interação do sujeito com o mundo, considerando os fatores biológicos, experiências físicas, a troca social e os processos de equilíbrio e desequilíbrio.
A aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar; a criança, antes de entrar na escola, já possui alguns conhecimentos, como, por exemplo, a linguagem verbal. Toda aprendizagem na escola tem uma pré-história, a atividade de criar é uma manifestação exclusiva do ser humano que tem a capacidade de criar algo novo a partir de um conhecimento já existente. Através da memória, o ser humano pode imaginar situações futuras e formar outras imagens a partir dela. Com isso, a ação de criar deixa clara que o indivíduo pode e deve sempre estar criando algo novo a partir de seus conhecimentos pré-existentes, buscando, através do imaginário e da fantasia, um equilíbrio, bem como a construção de algo novo. E é nisso que o método construtivista consiste: o aluno construir seu próprio conhecimento.
Do ponto de vista linguístico, o construtivismo deixa claro que para se aprender algo tem que praticar. Ou seja, para aprender a ler, tem que ler e, para escrever, tem que escrever. Para isso, não são necessários métodos; por exemplo, para aprendermos a falar, não tivemos que seguir um método; para ler e escrever, não deve ser diferente.
O método construtivista possui muitas vantagens, pois incentiva a criança a expressar o que sente e a escrever e falar o que pensa, desperta a curiosidade e leva o aluno a buscar soluções para a resolução de seus problemas, tornando-o um aluno crítico e capaz de responder pelos seus atos. Estimula também o ato da leitura e escrita, trabalha com a língua escrita com todas as dificuldades que nela existem a partir da produção de texto do próprio aluno. No processo de aprendizagem da escrita, não exige a ortografia e a sintaxe perfeitas, dá valor à interação dos alunos em grupo. Enfim, o método construtivista não tem uma regra básica a ser seguida, pois parte da ideia de que o ensino tem que se basear na vivência de vida que o aluno traz para a escola.
A escrita
Escrever é diferente de falar; o aprendizado da escrita requer tempo, paciência e maturidade.
As crianças, quando vão para a escola, conhecem muitas coisas sobre o sistema da comunicação verbal, e isso ajuda muito no seu aprendizado da escrita.
Uma das tarefas principais da alfabetização é ensinar o aluno a escrever, e a escrita passa a ser algo novo na vida da criança, por isso deve-se ter uma atenção especial a ela, não dando atenção para a forma ortográfica da escrita, mas sim ao modo de como a criança escreve.
A leitura tem um objetivo que é a compreensão do leitor, e o objetivo da escrita é a comunicação, que dá acesso à leitura. Escrita e leitura estão ligadas uma à outra, ou melhor, uma depende da outra, porém a sua forma de uso é que são diferentes.
João Batista A. Oliveira, no livro ABC do Alfabetizador, diz que “mesmo sendo atividade paralela à leitura, a aprendizagem da escrita possui características e objetivos específicos que devem ser ensinados de forma paralela, porém separada e autônoma do ensino da leitura”. Para escrever, o aluno ouve um som e tenta codificar esse som em letra para escrever as palavras.
As formas de escrita são diversas; ela possui inúmeras grafias, o que pode acarretar em confusão na aprendizagem da criança, pois de uma para a outra há uma diferença considerável. Para que não se tenha problema na aprendizagem do aluno, é muito importante que o alfabetizador esteja atento.
O sistema de escrita
Como Cagliari diz em seu livro “Alfabetização & Linguística”, “a escrita tem como objetivo a leitura. A leitura tem como objetivo a fala. A fala é a expressão lingüística e se compõe de unidades, de tamanho variável, chamadas signos que se caracterizam em sua essência pela união de um significado a um significante”.
Os sistemas de escrita podem ser divididos em dois: o primeiro em escrita ideográfica, que se baseia no significado, e o segundo em escrita fonográfica, que é o sistema de escrita baseado no significante.
O sistema de escrita que se baseia no significado para ser entendido depende da formação sócio-cultural do indivíduo, pois é através desse conhecimento que ele conseguirá decifrar a ideia ou mensagem que o sistema estará tentando passar. Esses sistemas são representados por sinais de trânsito, logotipos e logomarcas de empresas e produtos, são também obras de arte, entre outros, e é por isso que sua decifração depende da formação sócio-cultural, pois cada um pode interpretar de uma forma diferente.
Já o sistema baseado no significante para ser decifrado depende exclusivamente do elemento sonoro de uma língua, dependendo da língua padrão que se fala.
Os sistemas de escrita possuem sons de uma língua, e como já sabemos, nossa língua vive em constantes mudanças, e com isso a forma de pronúncia e a forma fônica da palavra mudam, e assim como ela vai perdendo seu uso, vai ficando difícil de entendê-la.
Os dois tipos de escrita exigem certa habilidade do leitor; a escrita ideográfica, para ser entendida, exige a habilidade lexical, e a escrita fonográfica exige a interpretação semântica.
Desenho na alfabetização
Muitos desenhos que as crianças produzem podem representar a tentativa de escrita. Esses desenhos são uma forma de construir, organizar, registrar e expressar seu saber, podendo representar noção de espaço, tempo, cores e até mesmo noção sócio-cultural.
Os desenhos que as crianças produzem não podem ser considerados como algo sem significação, isolado, descontextualizado, pois quando ela desenha algo, ela insere em um contexto que pode estar vivenciando ou até que seja de sua imaginação.
Esses desenhos podem ser pequenos rabiscos que se misturam entre linhas retas e curvas, e o significado da escrita só a criança pode decifrar, pois é uma representação do que ela imagina que seja escrita.
Cada criança tem uma expectativa e desempenho na aprendizagem da escrita e leitura; é preciso conhecer a criança e o meio social em que ela vive para tentar decifrar e entender a sua tentativa de escrita.
Processo de construção de leitura e escrita
O processo de construção de leitura e escrita são processos que andam juntos; um depende do outro para dar sua significação. Quando a criança inicia no processo de aprendizagem de leitura e escrita, ela consegue identificar que números representam quantidades e as letras formam palavras, e através delas podem expor suas ideias. E é a partir daí que elas começam a perceber a diferença que há entre escrita e leitura.
A escrita é uma representação gráfica onde é possível registrar ideias e opiniões.
A leitura deve ser feita como um todo do texto e não por partes; quando pegamos um texto, podemos saber do que se trata quando lemos o título ou algumas palavras-chave contidas no texto.
É necessário que os alunos tenham contato diário com todo tipo de material escrito na escola para que possam cada vez mais fazer descobertas sobre as palavras e ficar curiosos sobre elas, sobre seus significados, usos e ortografia.
É preciso que incentivem e façam o aluno ver o quanto é importante o ato da leitura e da escrita, fazendo com que eles se interessem em praticá-las, pois só assim eles aprenderão e encontrarão a melhor forma de aprender a ler e escrever.
É importante que o aluno saiba o que escreve e para que está escrevendo, ou seja, toda produção escrita deve ter um objetivo.
Através da escrita e da leitura, o aluno tem possibilidades de expor criticamente sua relação com o mundo e com o outro. Se a escola permitir o acesso a diferentes leituras, estará automaticamente favorecendo a aquisição da leitura e da escrita de seus alunos.
Apresentação do corpus
No presente artigo, serão apresentadas e analisadas duas cartilhas que se distinguem nos seus métodos de alfabetização. Uma cartilha parte da ideia de que alfabetizar é apenas ensinar a ler e escrever através das tarefas que elas propõem, que são as cartilhas do método tradicional, e a outra é a cartilha dita do método construtivista, que parte do pressuposto de que para alfabetizar não é necessário ensinar por partes, e sim como um todo, e para isso deve-se haver uma interação em grupos.
Primeira cartilha
Coleção Novo Caminho – Livro de Alfabetização.
Autores: José de Nicola e Rosalina Acedo Chiarion
Editora: Scipione
São Paulo, 1998 – 3ª edição – 5ª impressão.
Livro Comercial
Segmento: Educação Infantil
Observação: Esta cartilha não possui prefácio e não é recomendada pelo PNDL.
Esta cartilha se baseia no método construtivista de alfabetização.
A cartilha é constituída por dez temas. Porém, sua primeira atividade é de interação e apresentação de cada aluno.
O livro é todo colorido e traz muitas ilustrações, atraindo a atenção do aluno e despertando o interesse pelo uso da cartilha e, consequentemente, levando à aprendizagem.
Cada tema trabalha com produção de texto, interpretação, gramática e ortografia.
Além de tudo o que foi citado, o livro também apresenta tarefas, fazendo com que as crianças interajam em grupo. Propondo também atividades culturais como teatro, construção de brinquedos manuais, brincadeiras que incentivam e auxiliam na aprendizagem da escrita e leitura, como stop, forca e palavras cruzadas, que leva o aluno a pensar e agir rápido.
Podemos dizer que esta cartilha é dividida em duas partes: a primeira usa em suas atividades apenas a letra de forma maiúscula, quando o aluno está passando pelo seu primeiro contato com a leitura e a escrita, e a segunda parte é a apresentação de letras cursivas, tanto na forma maiúscula quanto na minúscula, quando o aluno já tem uma familiaridade com a leitura e a escrita.
Segunda cartilha
Portal de Papel – Língua Portuguesa I
Autores: Angolina Domanico Bragança
Isabella Pessoa de Melo Carpaneda
Regina Iara Moreira Nassur
Editora FTD
São Paulo, 1996 – Edição renovada – 4ª impressão.
Livro Governamental
Observação: Esta obra não possui prefácio.
Esta cartilha se baseia no método tradicional de alfabetização e é dividida em vinte unidades, cada unidade composta por: texto, gramática, ortografia e redação.
O livro é bem ilustrado e colorido, despertando assim a atenção do aluno para o uso.
O tipo de letra que prevalece nas atividades e nos textos são letras cursivas minúsculas.
Análise do corpus
Análise da cartilha construtivista
A cartilha analisada “Livro de Alfabetização-Coleção Novo Caminho” faz parte do método construtivista. Pretende resgatar o conhecimento de mundo que os alunos trazem para a escola, proporcionando um maior conhecimento ao professor de seus alunos. Sendo assim, as primeiras atividades propostas são de conhecimento geral da sala de aula, onde cada aluno faz uma apresentação de si e da sua família, atividades de recorta e cola e até de leitura de placas e rótulos, mostrando aos alunos que eles já sabem ler, mesmo antes de entrar na escola.
Na primeira parte da cartilha, os alunos são apresentados ao alfabeto e às vogais em letra de forma maiúscula; já num segundo momento, quando o aluno tem um contato com a escrita e a leitura e conhece todas as letras do alfabeto, é apresentada a ele uma nova forma de escrita, que seria a cursiva na forma maiúscula e minúscula, e a letra de forma minúscula. Depois dessa apresentação, o aluno passa a usar a letra cursiva minúscula nas atividades restantes da cartilha. Um outro ponto que a cartilha trabalha é a coordenação motora do aluno, em que ele propõe atividade de cobrir letras pontilhadas, para que ajude o aluno na sua aprendizagem da escrita cursiva.
Os gêneros de textos são amplos, pois ela trabalha com poesia, dicionário, sequência de figuras e cantigas populares. Tratam do mundo encantado e das brincadeiras de criança, levando o aluno a pensar também no mundo externo da escola, usando conhecimento para melhor entendimento dos mesmos e discutindo sobre os temas em casa. Por sua vez, as atividades de interpretação de textos são feitas de forma oral, com o intuito de que os alunos interajam em sala de aula discutindo sobre o assunto tratado no texto, discutindo o que entenderam e formulando respostas através da fala do outro. Essa forma de atividade oral contribui para que o aluno não tenha vergonha de falar em voz alta, em público, tornando-o um aluno crítico e capaz de interagir e expor suas ideias. Enfim, com a interpretação oral, a professora pode perceber qual a capacidade que cada aluno tem de entender um texto.
As atividades escritas podemos dizer que são construtivistas, pois dão o poder ao aluno para escrever livremente da forma que sabe, sem exigência da ortografia perfeita, respondendo às questões propostas com suas próprias palavras, evitando assim a cópia de partes do texto e respostas desestruturadas, sem sentido.
Uma atividade que vale a pena citar são as atividades de formação de palavras, que os alunos podem fazer sozinhos, usando o alfabeto móvel e, através de brincadeiras, que também são uma forma de aprendizado muito atrativa para a criança, como por exemplo, a forca, stop e a cruzadinha, entre outras.
Nesta cartilha, a gramática é tratada de forma suave, sem confundir o aluno com regras gramaticais desnecessárias para o período, como separação de sílabas, que pede para que ele a faça de forma oral. Por exemplo, ao falar a palavra cavalo, ele perceberá quantas vezes ele mexe com os lábios e a língua, e assim é informado que cada vez que isso acontece, ele estará formando uma sílaba. Também dá uma noção de masculino e feminino, como por exemplo, na atividade em que diz: “Como se chama a fêmea do cavalo? Como fica a poesia se trocarmos a palavra cavalo pelo seu feminino?”, e assim por diante. As atividades de gramática não vão além, favorecendo a aprendizagem do aluno, pois o grau de gramática muito elevada na alfabetização pode vir a confundir o aluno.
Já no final da cartilha, começa a ser trabalhada a questão da coesão e coerência, propondo que inicialmente o aluno organize a estrutura de frases inseridas no contexto do capítulo.
A ortografia nessa cartilha não exige tanto do aluno; ela apenas tenta mostrar para ele que existem palavras cuja escrita são com duas consoantes juntas, trabalhando a questão do som. Como por exemplo: nh, lh, s, ss, rr, r, al, el, il, ol, ul, ce, ci, az, iz, uz, ã, x. Não exige que o aluno, quando for escrever palavras que contenham essa ortografia, saiba e escreva certo; apenas mostra que elas podem aparecer juntas em algumas palavras.
A produção de texto nessa cartilha é feita de forma construtivista, pois pede para que o aluno, a partir do que entendeu do texto lido e a partir do seu conhecimento, produza um texto sobre aquele assunto e alguns deles podem ser produzidos em grupo.
Há também duas outras propostas de produção do texto: uma que pede para que o aluno, através de uma figura, desenvolva uma história e outra onde a cartilha começa uma história e o aluno tem que continuar.
E por último, a cartilha possui uma parte chamada “construindo”, que propõe que os alunos se organizem em grupos e construam brinquedos manuais, como por exemplo, a construção de um livro de folclore, em que o aluno deve buscar informações fora da escola a respeito de histórias populares, e a partir dessas conversas desenvolvem a história do livrinho, não esquecendo de ilustrar.
Análise da cartilha tradicional
A cartilha “Portal de Papel – Língua Portuguesa I” faz parte do método tradicional, pois o seu ensino está ligado à escrita, excluindo a possibilidade de ter o aluno como um falante nativo da língua e criador de suas próprias ideias, não incentiva o aluno a ir buscar informações fora da escola, como pesquisa em livros. A intenção de ensino proposta na cartilha é de que o aluno aprenda uma lição após a outra. Ela é restrita, trabalha com palavras-chave e sílabas geradoras, se preocupa em avaliar e obrigar o aluno a aprender apenas da forma que ela propõe.
A cartilha se preocupa com a forma escrita, tentando ensinar o aluno a escrever através das regras gramaticais, confundindo-o e deixando o seu texto escrito ortograficamente de maneira correta, porém, sem coesão e coerência.
Os textos são feitos de rimas, metáforas e alguns em formas de poemas. Tratam de situações do dia a dia das crianças, como por exemplo: “O ano tem doze meses”, que apresenta os meses do ano e as principais datas festivas de cada mês, “Que susto!” trata do medo que as crianças têm do escuro. De uma certa forma, esses textos fazem com que o aluno reflita e entenda um pouco mais cada situação explorada no texto. Mas em seguida vem o estudo do texto que apresenta o vocabulário das palavras-chave do texto e os exercícios que a criança irá comparar frases que tenham o mesmo sentido, não saindo da ideia que o texto impõe.
Finalizando a parte do texto, vem a interpretação, em que as atividades propostas não se encaixam no construtivismo, pois os exercícios são feitos de preenchimento de partes vazias do texto, onde para completá-las o aluno só precisará copiar. Esse tipo de exercício pode ser feito com a cópia, ou o aluno recontando com suas palavras o que já está escrito no texto, ou seja, fazendo uma paráfrase.
A parte que designa a gramática apresenta primeiramente as vogais e as consoantes, depois o alfabeto inteiro, nas letras de forma e cursivas, ambas na forma maiúscula e minúscula, ressaltando que são organizadas por ordem alfabética.
O exercício proposto para que a criança aprenda a escrever é o de completar o alfabeto em letras cursivas maiúsculas e minúsculas, dá também exercícios de coordenação motora, em que o aluno tem que ligar as letras do alfabeto em ordem alfabética, formando assim uma figura. Essa cartilha prioriza a letra cursiva, que não deixa de ser importante, sendo uma forma mais rápida de escrever. Porém, a letra cursiva, para quem está começando, é complexa, pois para desenvolvê-la é necessária uma certa coordenação motora para escrevê-las, tornando-se mais fácil para quem já tem um conhecimento com a escrita e leitura. Para quem está aprendendo, é importante usar a letra de forma maiúscula, por seus traços serem mais simples e de fácil entendimento do aluno.
A parte da gramática nesta cartilha é constituída por: emprego do til sílaba, substantivo próprio, comum, gênero masculino e feminino, número do substantivo, singular e plural, grau do substantivo aumentativo e diminutivo, substantivo coletivo, frases, tipos de frases: afirmativa, negativa, exclamativa, pontuação: vírgula, dois pontos, travessão, acentuação: acento agudo, acento circunflexo, adjetivo, sinônimo, antônimo e por fim verbo. Esse tipo de estrutura da gramática que o aluno, como um falante nativo, já sabe, só que quando passa a serem apresentados na escola, alguns alunos chegam a entrar em desespero, pois eles não são informados que isso eles já sabem, só irão ordenar e dar nome a esses conhecimentos, e os alunos passam a ver todas essas estruturas como novas, cometendo erros drásticos e desaprendendo o que já sabem, cometem erros como, por exemplo: o feminino de pai passa a ser “paioa” e não mãe, tio, “tiooa”, e como falantes eles sabem que o oposto de pai é mãe e de tio é tia.
A cartilha preocupa-se muito com a ortografia do aluno, exigindo que ele saiba escrever corretamente, ensinando os alunos a escrever através de palavras soltas, que contenham: (til, p, m, d, c, v, b, l, t, f, n, j, g, z, x, palavras com inicial nh, h, lh, ch, palavras com final m antes de p e b, com consoantes n, r, l, com s inicial, s com som de z, s antes de consoantes, ce, ci, ç, que- qui- qua- quo, quão, ge- gi- gua- gue – gui- guo- com encontro consonantal). Não dão uma explicação para que o aluno entenda o porquê de escrever uma determinada palavra usando, por exemplo, o nh, h, lh, ch e sim já dão de início exercícios do tipo: “Retire do texto palavras somente com nh”. Com esse tipo de exercício, o aluno não está aprendendo e sim copiando. Mas essa cópia é uma forma de ele entender? Não, pois a criança não quer saber que palavra está copiando, só que saber que a palavra tem nh e pronto, certamente ele vai acertar, pois copiar é uma tarefa fácil, com isso a professora dirá que ele aprendeu a lição e passará para frente.
Comparação das cartilhas
Ao comparar as cartilhas “Livro de Alfabetização da Coleção Novo Caminho” e “Portal de Papel – Língua Portuguesa I”, percebe-se que ambas são mistas, possuem atividades denominadas do método construtivista e tradicional.
A cartilha da coleção novo caminho é constituída por atividades de fala, escrita e leitura, cada uma sendo trabalhada na sua especificidade, porém sem fugir de um contexto proposto em cada unidade da cartilha. Usa uma linguagem moderna, não foca sua atenção para a perfeição da escrita, exigindo que seus alunos escrevam ortograficamente perfeito, e sim de como ele organiza suas ideias para produção de texto, deixando o aluno escrever de forma espontânea no processo de leitura, não se preocupa exclusivamente em fazer com que o aluno leia apenas textos da cartilha, como também vá em busca de outros textos que abordem os mesmos assuntos, tratando um texto como um todo.
Já a cartilha da coleção Portal de Papel discorre totalmente ao contrário, pois ela exige que o aluno se centre apenas na cartilha, não admite erros ortográficos. Divide a cartilha em leitura e texto, ou melhor, não as ensina partindo de um mesmo contexto. Nas produções de texto, os alunos não se sentem livres, tendo que seguir as regras que a cartilha impõe, tratando o texto por partes, preocupando-se com o aprendizado dividido em partes. Primeiro deve-se aprender as letras, sílabas, para daí fazer união de sílabas com o intuito de formar palavras, união de palavras para formar frases, e por fim união de frases para formar textos, fazendo com que no final os textos saiam escritos sem erros ortográficos, porém sem sentido, ou melhor, coesão e coerência.
Portanto, conclui-se que ambas as cartilhas analisadas se assemelham na forma de ensinar a ler, pois é através do método de silabação e escrita através de palavras geradoras, porém a cartilha Novo Caminho não exige tanto, apresenta como possibilidade para o aluno aprender através da sílaba geradora, ela deixa livre a maneira dos alunos escreverem nas tarefas, como na produção de texto.
Em relação à gramática, nesta cartilha Coleção Portal de Papel, trata de forma “assustadora”, pois são ensinadas coisas que não são apropriadas para essa fase de alfabetização, se preocupando com gênero, número e grau, quando o aluno ainda nem sabe escrever.
Na ortografia, as cartilhas só possuem um item em comum, porém exigem o seu uso de formas diferentes que são os encontros consonantais, só que a cartilha da coleção novo caminho apresenta os encontros consonantais para que o aluno entenda que uma palavra pode haver o encontro de duas consoantes juntas sem exigir isso na hora que o aluno escrever, já a da coleção Portal de Papel exige que o aluno escreva palavras ortograficamente corretas, sendo que a explicação que é dada ao aluno sobre encontro consonantal deixa a desejar, pois se trata de sua sonoridade.
Considerações finais
Algumas escolas adotam como material básico e indispensável para alfabetização a cartilha que prioriza a escrita ortográfica, com isso essas escolas passam a preocupar-se bem mais com o ensino do que com a aprendizagem.
Existem muitas cartilhas, mas a maioria delas apresentam o mesmo método, pois elas alfabetizam por etapas, que devem ser seguidas de acordo com sua ordem, usando palavras-chave e sílabas geradoras, ou seja, o famoso método do “ba-be-bi-bo-bu”. Geralmente, cada unidade da cartilha apresenta uma unidade silábica, as lições são organizadas do mais fácil para o mais difícil e finalizam com um texto que resume tudo o que ela tentou ensinar.
A concepção de linguagem que as cartilhas possuem é de que uma sílaba é feita de letras, uma palavra de sílabas, uma frase de palavras e um texto um conjunto de frases. Isso se resume ao famoso monta e desmonta através de palavras e união das unidades geradoras.
Em lugar do alfabeto, aparecem as palavras-chave, as sílabas geradoras e os textos elaborados apenas com palavras já estudadas. As famílias de letras passaram a ser estudadas numa ordem crescente de dificuldade.
A concepção de linguagem que a cartilha possui é a de soma de sílabas, onde juntando uma sílaba com outra e com outra, assim sucessivamente, formam-se palavras, confundindo o aprendizado das crianças em relação à escrita e à fala.
A cartilha ignora a variação lingüística, ensinando através da língua padrão, esquecendo da enorme variação que a língua possui. A variação lingüística apresenta os inúmeros dialetos que a língua possui, e esses dialetos apresentam semelhanças e diferenças. A semelhança é constituída de pronúncias diferentes, como por exemplo: “tia” e “tchia”; as duas formas são entendidas do mesmo jeito, o que muda é a forma de pronúncia, já a diferença se dá de acordo com a classe social, que no caso seria a classe social baixa que é vista com preconceito pela sociedade, e por isso a forma de pronúncia dessa classe é vista como forma “errada” de falar, por exemplo: “dentro” para “drento”.
Alguns alunos conseguem aprender sem problemas a língua padrão, pois ela faz parte de seu convívio fora da escola, ou porque a cartilha a ensina por etapas, de forma gradual.
Outro problema da cartilha é a silabação, pois ela passa para o aluno a ideia de que ler é silabar, fazendo com que a pronúncia saia perfeita, de forma articulada. A cartilha ensina o aluno a ler em forma de silabação, e ao fim dela cobra do aluno uma leitura compassada, com fluência. Isso acaba sendo contraditório, pois cobra algo que não ensinou.
Como já sabemos, para a cartilha, a leitura é feita de forma silábica, e nessa fase de aprendizagem da leitura, as crianças se preocupam com a quantidade de letras, usando uma letra para cada sílaba, e depois a criança passa a se preocupar com a letra a ser usada, usando consoantes e/ou vogais que fazem parte da palavra que ela deseja escrever.
Logo que a criança entra na escola, ela fica ansiosa para aprender a ler e escrever, e para isso usa o único conhecimento que tem, que é a fala, e nesse momento observa muito a fala das pessoas e principalmente a sua própria fala. Porém, a cartilha exclui essa possibilidade que o aluno tem de aprender a ler e escrever usando o único conhecimento que possui, e aos poucos, levam as crianças a interpretarem os fenômenos fonéticos da fala, tendo como modelo a forma escrita da palavra e não a realidade fonética, ou seja, sua própria fala, e depois de pouco tempo a criança passa a não dar mais atenção à forma falada. Resumindo, a cartilha usa a fonética de uma forma tão errada, confundindo a fala com a escrita, portanto a oralidade fica quase que esquecida, pois quase tudo é feito em forma de escrita.
Pode-se dizer que a cartilha faz com que a alfabetização se torne desastrosa.
O construtivismo trata o aluno como um ser racional, capaz de pensar, agir por conta própria, construindo a partir do seu conhecimento que traz para a escola, usando a capacidade de reflexão sobre o que faz. O método construtivista é baseado na aprendizagem através da reflexão e entende que a aprendizagem inicial de cada aluno é diferente, porque cada um tem sua história de vida e de conhecimento.
As classes de alfabetização são construídas por alunos que apresentam histórias de vida diferentes, que vivem em comunidade e atuam em sociedade diferentes. Tem alunos que, antes de entrarem no processo de alfabetização, já frequentaram a escola, ou melhor, a pré-escola, onde aprenderam uma estrutura inicial da escrita e leitura, e têm incentivo em casa para a aprendizagem; por outro lado, tem alunos que não tiveram nenhuma oportunidade, nunca foram à escola, não sabem nem escrever o seu próprio nome e não são incentivados à aprendizagem em casa. E o construtivismo leva essa diferença em consideração, partindo do pressuposto que não existe uma sala de aula homogênea.
Aprender é um ato individual de cada aluno, aprender de acordo com o seu metabolismo intelectual e ordenado pelo aluno de acordo com sua história de vida. Aprender não é repetir algo semelhante, e sim criar algo novo, ou seja, a repetição de um modelo já pronto não é uma aprendizagem, e sim uma cópia.
Além disso, para complementar a aprendizagem, é importante que os educadores utilizem recursos didáticos variados, como jogos e atividades lúdicas, que podem ser encontrados em apostilas e sites especializados. Para mais informações sobre atividades educativas, você pode conferir atividades educativas para educação infantil.
Se você está em busca de materiais que possam auxiliar no processo de alfabetização, considere explorar opções de brinquedos educativos que podem tornar o aprendizado mais divertido e eficaz.
Por fim, é essencial que o professor esteja sempre atualizado e busque novas metodologias que possam enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, garantindo que cada aluno tenha a oportunidade de desenvolver suas habilidades de forma plena.
cartinha construtivista? nunca tinha ouvido falar. na minha concepção essa teoria era totalmente Aversa á cartilha.
Cuidado!!! Não existe método construtivista e sim uma metodologia de trabalho! Uma maneira alternativa de planejar as aulas.
CUIDADO!! NÃO EXISTE MÉTODO CONSTRUTIVISTA.
Me perdoe, mas um artigo que se propõe a apresentar os métodos de alfabetização deveria no mínimo ser imparcial. Da forma como foi escrito apenas apontou uma opinião. Opinião não é o que se espera como conteúdo de um artigo.
Discordar é importante para evoluirmos. A autora deixou a opinião dela, que tal deixar a sua? Assim podemos complementar ainda mais o artigo… Um abraço! 🙂
Bom, dando eu minha opinião, é a de que a autora confunde alfabetização com formação de senso crítico, portanto mistura questões técnicas com ideológicas. Crianças que aprendem através de lições organizadas e formações silábicas não precisam necessariamente se tornarem cidadãos alienados, nem escrever coisas sem sentido, como o texto sugere. Alfabetização é sim questão de codificação e decodificação. O resto virá depois, com o que uma pessoa que sabe ler e escrever bem fará com essas habilidades.
Desde quando um artigo é complementado pela opinião posterior de seus leitores? Ou você não entende do que fala ou está sendo intelectualmente desonesta, Fábia, pois de nada adianta ela só opinar para constar, pois em nada alterará o texto.
É perfeitamente válida e compreensível a observação da Ana Ferreira e concordo com o ponto de vista dela. O artigo que se propõe a listar os métodos não deve militar pelo favorito da autora, de forma tão explícita a ponto de prejudicar a leitura, tornando-a insuportável, como acontece aqui.
Ponto negativo para a Márcia e para a Fábia.
Aline: quanto mais informações divergentes de diversos pontos de vista, mais rica fica a experiência de quem está lendo. Mas você não é obrigada a concordar, e também não é obrigada a participar do site. Bjs!
Amei o artigo, mas não teria ele na íntegra em PDF? gostaria de citá-lo como referência, mas nesse formato não dá.
Infelizmente não temos o artigo em PDF, mas você pode mandar salvar.