Aumento da Violência nas Escolas: Causas e Soluções
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Violência na Escola
Introdução.
A violência está muito presente em nossa vida, sendo sentida em todos os locais, mesmo que de modos diferentes.
Neste trabalho, são comentados os achados em alguns capítulos de livros e pesquisas de autores que discutem o mesmo tema.
Procurei apresentar as informações da forma como as encontrei e relatar experiências vividas dentro da escola, sem citar nomes para evitar constrangimentos.
Desenvolvimento.
Escrevendo sobre a violência escolar, Candau (2001) declara que ela pode ocorrer por meios físicos, morais e psicológicos. Para ela, a violência é a negação do outro indivíduo. O desrespeito é uma relação conflitual que pode acontecer em qualquer local e a qualquer hora, tornando-se um problema cultural relacionado à globalização e à violência no resto do mundo.
O individualismo provocou a vulgarização das relações, e a mídia utiliza casos isolados para mostrar o todo, proporcionando o medo, que aumenta ainda mais a violência.
Em seu trabalho sobre “A escola e os seus agentes perante a exclusão social”, Azevedo (2004) discute o papel da família na educação, que nem sempre foi o mesmo, sofrendo alterações ao longo do tempo.
Na Idade Média, não se falava em criança ou adolescente; a criança não tinha infância, sendo considerada um “adulto jovem”. Philippe Ariés (1988: 10-11) refere que:
“Passava-se diretamente de criança muito pequena a adulto jovem, sem passar pelas várias etapas da juventude que eram talvez conhecidas antes da Idade Média e que se tornaram o aspecto essencial das sociedades evoluídas dos dias de hoje”.
A instrução dos filhos não era assegurada pela família. Cedo, as crianças se envolviam com os adultos em atos sociais tradicionais, ajudando os pais, seja em casa, no caso das meninas, ou na lavoura, com os meninos, ou eram enviados para aprender com mestres. Era assim que adquiriam conhecimentos e valores essenciais à sua formação.
A família não demonstrava afabilidade, embora o amor fosse um sentimento presente. As crianças encontravam afeto nas pessoas mais próximas, como vizinhos, serventes, amas, etc.
No Estado Novo, a mulher assumia a responsabilidade pela educação dos filhos, recebendo quase total dependência econômica do marido. O pai surgia como o único provedor da família; se ele desaparecesse, não havia dinheiro para comprar o necessário” (1989: 359-360) segundo Silva (1997).
Segundo Candau (2001), a escola sente a violência como consequência de ser um reflexo da sociedade em que está inserida, da violência familiar, do narcotráfico, da depredação, das relações entre pais e filhos, etc.
A escola também produz a violência em seu cotidiano. É uma violência sutil e invisível, que se esconde sob o nome de “evasão”. É, inconscientemente, promovida pelos próprios educadores através de regulamentos opressivos, currículos e sistemas de avaliação inadequados à realidade da escola, além de medidas e posturas que estigmatizam, discriminam e afastam os alunos.
Debarbieux (1998) e Wieviorka et al. (1999) segundo Silva (1997), estudando o contexto das escolas francesas, discutem as manifestações às quais se atribui o nome de violência escolar e apontam os diferentes tipos. Segundo eles, o império da violência está mais circunscrito aos atos criminosos, aqueles que ferem o código penal e que, na França, são excepcionais. Argumentam, entretanto, que a raridade desses elementos não diminui sua importância nem a de seu estudo. Além disso, argumentam que os atos mais frequentes nas escolas são os denominados incivilidades, conceito apropriado da criminologia norte-americana que nomeia os pequenos atentados à segurança, as microvitimações, gerando um sentimento de incerteza que cria a impressão de uma violência latente.
A incivilidade não é, portanto, um conceito moral ou ético, mas sim um termo técnico que estabelece uma distinção entre os tipos de manifestações que ocorrem nas escolas. As incivilidades minam as relações entre os sujeitos sem que constituam necessariamente um delito.
Já na Inglaterra, segundo Peignard, Roussier-Fusco e Zanten (1998), os estudos sobre a violência na escola têm se intensificado em torno do bullying, que não tem uma tradução precisa para o francês, mas que pode ser entendido como provocações entre os estudantes. Segundo os autores, o bullying representa uma modalidade particular da conduta desviante ou perturbadora de alguns estudantes.
No Brasil, a literatura especializada (Sposito, 1994 a e b, 1998; Aquino, 1999; Cardia, 1997; Lucinda et al., 1999; Santos, Nery e Simon, 1999; Whitaker, 1994; Nascimento, 1999; Guimarães, Paula e Scholl, 1991) não tem diferenciado violência, incivilidade ou bullying, tratando as mais diversificadas manifestações com o nome de violência na escola. O trabalho de Laterman (2000) é praticamente uma exceção, e apoiado em Debarbieux, distingue violência e incivilidade.
Dubet (1997) também discorre sobre o sentido da escolarização e argumenta que o conjunto de transformações sociais altera não só o sentido da escola como os indivíduos por ela frequentados, já que as camadas que antes não tinham acesso a ela passam a usufruí-la. Segundo ele, esse conjunto de mudanças é frequentemente vivido como uma crise, como uma degeneração da ordem antiga (p. 22), e os professores são tomados por um forte sentimento de nostalgia marcado por um conservadorismo ideológico (p. 23).
Segundo Silva (1997), quase sempre, a violência não é um ato gratuito, mas uma reação àquilo que a escola significa ou, ainda pior, àquilo que ela não consegue ser. A maioria das ocorrências violentas nas escolas é praticada por alunos ou ex-alunos, ou seja, muito raramente são “elementos estranhos” que atacam a instituição. Há uma diferença qualitativa entre os diversos tipos de violência que chegam à direção das escolas. A seriedade das situações é mutável e os efeitos das providências tomadas podem ser muito sérios.
Os envolvidos, em geral, são alunos ou jovens expulsos indiretamente através dos mecanismos de evasão. Por isso, é importante que a escola se volte para esses jovens, buscando sua reintegração na condição de alunos ou de usuários de espaços e serviços oferecidos à comunidade.
Nesse contexto, segue meu relato de experiência em uma escola de nome X na periferia da cidade de Y, onde a maior parte dos alunos provém de famílias de baixa renda.
Meu estágio de graduação foi realizado neste local, onde presenciei muitos tipos de violência que desejo relatar, entre os alunos, de algumas educadoras que não passaram pelo processo de graduação, inspetoras de alunos e auxiliares de serviços.
Acredito que isso se deve também ao problema da superlotação de alunos por sala, o que dificulta o trabalho desses educadores.
Durante a entrada dos alunos, em algumas ocasiões, vi as inspetoras estressadas com os alunos, principalmente por problemas relacionados a desavenças entre eles no pátio antes das aulas ou por outros motivos ocorridos em dias anteriores.
Quanto às educadoras que ocupam o lugar das professoras na falta destas, presenciei uma situação em que as crianças, não sei se por problemas anteriores, não a respeitavam, e a mesma surtou em sala de aula, tentando se fazer entendida aos gritos.
Alunos, por várias vezes dentro da sala de aula, demonstraram falta de companheirismo, alguns até com atitudes racistas, o que me levou a conversar com um aluno envolvido, perguntando se ele sabia o que significava o que disse, tendo como resposta um não.
Outros alunos, um pouco maiores, tentavam chamar a atenção para si por meio de algum tipo de violência física, o que também foi um problema muito observado, mas sempre que possível foram chamadas as inspetoras para acalmá-los.
Infelizmente, esse problema também ocorre fora dos portões da escola, o que nem sempre pode ser acompanhado, como o caso de T, que foi espancada fora dos limites de uma escola vizinha, resultando em traumatismo craniano.
Além disso, houve atritos entre meninos e meninas, sendo importante ressaltar que, em matéria de descortesia, as meninas não querem ficar atrás dos meninos.
Uma vez, percebi a utilização de palavras ásperas por uma auxiliar de serviços, dita quando queria ser entendida pelos alunos.
Algumas vezes, vi crianças deixadas de castigo na entrada, por onde todos os outros alunos passam ao entrar para a sala de aula, devido à ausência dos pais quando lhes foi feito encaminhamento pela diretora da escola.
Tomando esses fatos como amostragem e exemplo, podemos afirmar que, neste processo de ensino e aprendizado nas nossas escolas de periferia, como o caso que relatei, existem vários tipos de violência às crianças dentro do ambiente escolar, e vale dizer que, na maior parte, foi percebida a falta de informação das pessoas envolvidas sobre como lidar com os alunos, conhecimento que passei a adquirir ao frequentar as aulas na graduação.
Concluindo esse pensamento, para melhorar nosso ensino, será necessário um maior esforço dos educadores em voltar atrás no conhecimento adquirido e procurar aprimorar sua atitude ao ensinar e lidar com seus alunos. Essa afirmação é baseada na pequena experiência que tive durante algum tempo em uma escola de periferia, conforme já citado, não sendo, portanto, uma visão global, e por estar adentrando o processo educacional escolar, e dentro da sala de aula, nós, como alunos, devemos estar sempre discutindo fatos referentes ao cotidiano escolar com educadores que já pertencem ao meio.
Referências Bibliográficas
CANDAU, Vera e outras. Oficinas Pedagógicas de Direitos Humanos: RJ. Vozes, 1995.
SILVA, Aida Monteiro. A Violência na Escola: a percepção dos alunos e professores. São Paulo. FDE, 1997.
CARDIA, Nancy. Violência urbana e a escola: Revista Contemporaneidade e Educação. nº 2: RJ, 1997. p.26-69
AQUINO, Júlio Groppa. A violência escolar e a crise da autoridade docente. Caderno Cedes n.47: RJ. 1999. p.7-19
GUIMARÃES, Eloísa; PAULA, Vera de. SCHOLL, Lea. Crônica do cotidiano escolar: violência e escola. Educação e Sociedade: n. 38. RJ, 1991. p. 81-90
PERALVA, Angelina. O jovem como modelo cultural. Revista Brasileira de Educação: n. 5 e 6, 1997a. p.15-24.
Autor: PAULO ROBERTO MENEGATTI