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Atualizado em 28/03/2021

Resumo: A trajetória da Educação Infantil no Brasil

Descubra como a Educação Infantil evoluiu no Brasil nos últimos anos e como isso pode influenciar o futuro dos nossos jovens. Saiba mais aqui e aproveite para se manter atualizado!

O objetivo deste artigo é permitir ao leitor uma visão do processo de instalação e reconhecimento da educação infantil no Brasil, enfocando-se as concepções assistencialista e compensatória da educação. Permite também que ao leitor uma compreensão do atual significado de infância e de criança na sociedade moderna.

Introdução

Com o crescimento da urbanização e transformação da família de patriarcal para nuclear é que se deu a construção de uma idéia de educação infantil.

As primeiras idéias de infância e educação infantil se baseavam na concepção de criança enquanto ser que precisava ser cuidado. As mães precisavam trabalhar fora para complementar a renda da família e necessitavam de um local para deixarem seus filhos.

Depois de muito tempo é que a educação infantil foi reconhecida como uma etapa importante na vida da criança e reconhecida por lei.

A idéia que se tem hoje de criança enquanto sujeito, demorou muitos anos até ser aceita na sociedade.

O presente artigo tem por objetivo discutir a trajetória da educação infantil no Brasil, destacando-se o caráter assistencialista, o caráter compensatório e a visão de infância predominante na sociedade atual.

Desenvolvimento

Há mais de cem anos já existia no Brasil iniciativas para a expansão da Educação Infantil. Porém, foi somente nas últimas décadas que ela foi reconhecida realmente.

Até o século XVII, a criança nem era reconhecida por suas particularidades. Ela era vista como um brinquedo, do qual os adultos só gostavam pelo prazer e distração que proporcionava. Quando crescia e não distraía mais os adultos, deixava de interessar aos mesmos. Foi somente a partir do século XVIII que os adultos começaram a modificar sua concepção de criança. Mas, assim mesmo, seu lugar ainda não era o mais privilegiado na família.

Com a Proclamação da República, o Brasil começou a passar por um processo de grande modernização e industrialização. As mulheres passaram a fazer parte do mercado de trabalho e as crianças não tinham para onde ir.

Surgiram então as “mães mercenárias”, que cuidavam de várias crianças juntas para suas mães trabalharem fora. Nesse período, aumentou-se o número de mortalidade infantil devido às péssimas condições de higiene nas casas onde as crianças ficavam e também à ausência da mãe, que tornava a criança mais triste e vulnerável.

Foi nesse contexto que surgiram as primeiras creches e pré-escolas. No começo elas eram filantrópicas ou mantidas pelos próprios usuários e, somente mais tarde, elas se tornaram públicas.

A princípio, as creches e pré-escolas tinham um caráter assistencialista, visando somente o guardar e o cuidar da criança na falta da família. Essa concepção, tratava a criança como um ser frágil, indefeso e completamente dependente. Os profissionais não tinham formação e sua atuação era restrita aos cuidados básicos de higiene e regras de bom comportamento.

A partir de 1970, a entrada de mulheres no mercado de trabalho aumentou consideravelmente, o que resultou num crescimento significativo de creches e pré-escolas. Uma nova ênfase começou a ser dada ao trabalho nestas instituições. Buscou-se uma compensação não só das carências orgânicas, como também uma carência de ordem cultural. O pressuposto nesta visão compensatória da educação era de que o atendimento pré-escolar poderia remediar as carências das crianças mais pobres.

As propostas de trabalho foram direcionadas para as crianças de baixa renda, estimulando-as precocemente e preparando-as para a alfabetização, como forma de superar as condições sociais em que viviam. O objetivo principal da educação compensatória era o de promover oportunidades educacionais no caráter social e cultural compensando-se o déficit linguístico das crianças. As crianças mais pobres eram consideradas carentes.

Já nos jardins-de-infância das crianças provenientes de famílias de classe média, a educação não tinha o mesmo caráter compensatório. O trabalho envolvia também o desenvolvimento dos aspectos afetivos e cognitivos das crianças.

Com o aumento da demanda por pré-escolas, a educação infantil passou por um processo de municipalização. O caráter da educação agora não era mais assistencialista ou compensatório, mas a pré-escola tinha uma função educativa. Muitos educadores da época discutiram o papel das creches e pré-escolas e elaboraram novas programações pedagógicas visando o desenvolvimento cognitivo e lingüístico.

Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, a educação foi reconhecida como um direito de todas as crianças e um dever do Estado. Houve uma expansão do número de escolas e uma melhoria na formação dos profissionais.

Também na década de 90, com a promulgação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), os direitos das crianças foram concretizados.

E, finalmente, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB de 1996, a educação infantil é reconhecida como etapa inicial da educação básica. A educação infantil passa a ser vista por um novo ângulo, valorizando-se a criança e a sua cultura, considerando-a ativa e capaz de construir o seu próprio conhecimento. O professor passa a assumir um novo papel, o de mediador entre a criança e o mundo. A família é co-participante do processo de ensino-aprendizagem. Os conteúdos são desenvolvidos de maneira lúdica, respeitando-se a bagagem cultural de cada um. Foi criado, inclusive, um Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, de maneira a levar a todas as escolas novas propostas pedagógicas diretamente voltadas para a criança tal como ela é.

Considerações Finais

A infância é algo que está em construção permanente. Ela nunca foi sempre igual. Variou durante toda a história. Ela deixou de ser objeto apenas de cuidados maternos para ser objeto dos deveres públicos do governo.

Durante muito tempo, a criança não foi considerada como um sujeito de direitos. Ela vivia à margem da família e da sociedade. Hoje, ela já é considerada como alguém que tem identidade própria, um cidadão de diretos.

Enquanto educador da infância, o professor precisa ter consciência do seu trabalho enquanto uma função também social. É preciso valorizar a infância como ela é e conhecer suas diferentes fases de maneira a oferecer uma educação adequada e compatível com a criança.

A pré-escola não pode ser mais considerada como um lugar de cuidados básicos de higiene e boa educação, ou como um curso preparatório para o ingresso no ensino fundamental. A escola, inclusive a de educação infantil, deve preparar o aluno para ser um cidadão participativo e consciente na sociedade onde vive.

Referências Bibliográficas

BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

BARRETO, Angela Maria Rabelo Ferreira. Situação atual da educação infantil no Brasil. In: MEC/CEF. Subsídios para reconhecimento e funcionamento da educação infantil. Brasília, 1998.

Autor: Sandra Mara Cardoso Martins

9 respostas para “Resumo: A trajetória da Educação Infantil no Brasil”

  1. O ano da LDB 9396 é 1996 e não 1986 como cita o texto: “finalmente, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB de 1986, a educação infantil é reconhecida como etapa inicial da educação básica.”

  2. Muito bom professora, estás de parabéns pela iniciativa. Vai contribuir bastante em minha visão de entendimento do tema!

  3. Sou Cristina Mandau, gostaria de parabenizar os responsáveis pelo site que proporciona uma leitura muito leve clara. Uma leitura menos cansativa a ponto de deixar o leitor com mais animo de e interesse de finalizar a leitura da obra.
    Sem esquecer que o texto trás de forma clara toda trajetória da educação infantil no Brasil.

    • Se for artigo comum é só selecionar e copiar e se for pdf abaixo do pequeno resumo da matéria tem um link azul onde vc clica para baixar em pdf.

        • Dessa forma:

          Pedagogia ao Pé da Letra. A trajetória da educação infantil no Brasil. Disponível em: <https: //pedagogiaaopedaletra.com/a-trajetoria-da-educacao-infantil-no-brasil/> Acesso em: 17 dez. 2018

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