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Atualizado em 02/08/2023

O Papel da Ludicidade no Desenvolvimento e Aprendizagem Infantil

Aprenda como a ludicidade pode contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças, de forma lúdica e divertida. Saiba como aproveitar diferentes jogos para estimular o desenvolvimento das crianças e aproveite nossas dicas para melhorar o ensino-aprendizagem. Clique agora e descubra como!

A Ludicidade como Coadjuvante ao Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança

Resumo

Essa produção acadêmica tem por base um aprofundamento nas teorias pedagógica, social, psicológica, buscando evidenciar a criança como um ser em desenvolvimento que necessita do lúdico como suporte na sua formação. O objetivo deste trabalho é refletir sobre a ludicidade e sua importância para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças que estão na Educação Infantil.

Com esse trabalho pretende-se mostrar que os brinquedos, brincadeiras e jogos fazem parte do cotidiano das crianças, visto que, sua prática constitui processos de socialização e descoberta do mundo, onde é possível adquirir autonomia e competências. Para tanto, é necessário trazer a luz teorias que contribuam para os educadores terem um olhar aprofundado no lúdico e o caminho que a criança percorre na aquisição dos conhecimentos. Para elaboração desse trabalho contou-se com a contribuição valiosa de vários teóricos, entre eles.

Kuhlman Jr. (1998), Corazza (2002), Oliveira (2002), Bujes (2001), Maluf (2003), Kishimoto (1999) entre outros. Articula-se neste trabalho a ludicidade, sendo possível refletir e rever, concepções a prática docente, a fim de contribuir com profissionais e pais que se depara com a difícil missão de entender que brincar é resultado de desenvolvimento humano. Sendo assim, essa produção busca compreender a educação infantil e as atividades que favorecem o ensino e aprendizagem das crianças, tendo por base a ludicidade.

Palavras-chave: Ludicidade. Criança. Aprendizagem.

1 Introdução

As pesquisas vêm mostrando as contribuições que a ludicidade oferece no desenvolvimento e aprendizagem das crianças na educação infantil. Sabe-se que brincando, ela não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive relacionando-se com ele. Os estudos sobre o assunto revelam, inclusive, que crianças que brincam bastante tornam-se adultos mais ajustados e preparados para a vida.

É importante que estudos realizados mostram que a brincadeira pode ser entendida como uma rica possibilidade de construção de identidade. A atividade lúdica fornece informações elementares a respeito da criança como suas emoções, a forma como interage com seus colegas, seu desempenho físico-motor, seu estágio de desenvolvimento, seu nível cultural e sua formação moral.

Este trabalho cujo tema a ludicidade como coadjuvante ao desenvolvimento e aprendizagem da criança tem como objetivo refletir sobre a ludicidade e sua importância para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças que estão na fase da educação infantil, que tem a finalidade de mostrar o jogo, o brinquedo e a brincadeira como atividades que permite que as crianças dêem asas à imaginação, possibilitando descobrirem a si mesmos e ao mundo.

As brincadeiras, o jogo, o brinquedo podem e devem ser objetos de crescimento, possibilitando à criança a exploração do mundo, descobrir-se, entender-se e posicionar-se em relação a si e a sociedade de forma lúdica e natural exercitando habilidades importantes na socialização e na conduta psicomotora.

Os estudos realizados com a ludicidade e a sua importância para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças que estão na fase da educação infantil comprovam que o brincar é também um excelente recurso pedagógico. Hoje em dia, reconhece-se seu enorme potencial de aprendizagem e sua importância para o desenvolvimento cognitivo, e para a sociabilização. Aliar atividades lúdicas ao processo de ensino e aprendizagem pode ser de grande valia, para o desenvolvimento do aluno, já que o brincar é uma atividade que desperta e muito o seu interesse.

Maluf (2003, p. 107) diz:

A escolha dessa temática deu-se devido ao trabalho que se desenvolveu na educação infantil tendo em vista a valorização do lúdico para prática pedagógica na escola. O jogo ajudará às crianças a formarem um bom conceito de mundo, como também fornecerá subsídios a profissionais que buscam enriquecer seus trabalhos nessa linha de pensamento. Oferecendo um mundo onde à afetividade é acolhida, a sociabilidade é vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados.

Para o professor as atividades lúdicas é um recurso valioso para a aprendizagem de aluno, alcançará seus objetivos com maior êxito. Ver-se assim, a importância do jogo na vida da criança, sendo o mesmo, uma atividade construída socialmente e culturalmente. É uma forma de a criança entrar em contato com a cultura.

Este trabalho está estruturado em quatro capítulos a fim de reunir um maior número de informações com o objetivo de subsidiar leitores e educadores que buscarem enveredar pelo universo da ludicidade.

No primeiro capítulo, enfatiza-se a introdução que se faz um breve relato que visa mostrar o leitor à importância desta obra. Sendo feita uma síntese de sua história, destacando os caminhos pelos qual o lúdico influencia o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

O segundo capítulo dedica-se a educação infantil: algumas concepções históricas com a pretensão de destacar a valorização da criança enfatizando a educação infantil e suas contribuições para o ensino e a aprendizagem.

No terceiro capítulo enfoca-se o papel do brinquedo no desenvolvimento da criança buscando mostrar o valor do brinquedo e a importância da brincadeira para a socialização e aprendizagem, em seqüência vem o professor de educação infantil e o seu olhar sobre jogos e brincadeiras visando mostrar as contribuições do lúdico como forma de aprendizado.

No quarto capítulo deste trabalho destacam-se as considerações finais debruçado-lhes um olhar para o objeto de estudo, a fim de mostrar que o lúdico pode e deve ser uma excelente estratégia de ensino desde que o educador tenha consciência e conhecimento do mesmo. Destacam-se ainda, as contribuições da pesquisa, a análise sobre todo trabalho e os resultados obtidos.

Dada a relevância do brincar para a vida da criança é que se elaborou esta pesquisa que possibilita discutir, refletir sobre a relevância das atividades lúdicas como estratégia de ensino e aprendizagem. Por tratar-se de um trabalho de cunho bibliográfico, utilizou uma vasta bibliografia buscando fundamentação teórica e prática a cerca do assunto, tornando possível a consecução dos objetivos propostos.

Sendo assim, a autora não tem a pretensão de esgotar este assunto, mas contribuir com os estudos e pesquisas que vem sendo realizados sobre o lúdico e poder oferecer subsídios que possibilite mudanças no ensino mecânico, tirando do tradicional para um ensino mais significativo na aprendizagem da criança.

2 Educação Infantil: Algumas Concepções Históricas

Para compreender a história da educação infantil no momento atual, mesmo que brevemente, é preciso situar o seu panorama ao longo da história da humanidade. Datados históricos revelam que a Educação Infantil teve seu berço na Europa e evoluiu junto ao conceito de criança e infância quando se descobre a criança com suas especificidades, como um sujeito que necessita de cuidados e atenção.

A criança, evidentemente, sempre fez parte da sociedade, mas a sua posição e status mudaram no curso da história, como aponta Áries, (1986, p. 14), “A aparição da criança como categoria social se dá lentamente entre os séculos XIII e XVII”.

Seus estudos foram realizados a partir do exame de pinturas, antigos diários de família, testamentos e túmulos. Nestes o autor percebeu que ao analisar a iconografia dos séculos XII e XIII, não existiam crianças caracterizadas por uma expressão particular, e sim homens de tamanho reduzido.

Esse “descaso” era natural entre as famílias, devido ao alto índice de mortalidade infantil existente na sociedade medieval. As mesmas possuíam pequena expectativa de vida por causa das precárias formas de vida. O importante era a criança crescer rápido para entrar na vida adulta.

Ariès (1986) mostra que é somente século XVI e início do XVII que surge uma radical mudança na pedagogia familiar e social possibilitada por novas condições de vida. Tais mudanças impulsionaram a criação de instituições educativas e provocaram discussões em torno das formas de educar as crianças para além do ambiente familiar.

A partir deste século a aprendizagem passa a se realizar no âmbito escolar. Com a propagação da escola enquanto instituição social, a concepção de infância foi obtendo outras conotações.

Com relação a essa questão Kuhlmann Jr. (1998, p. 18-19) destaca que “A escola substituiu a aprendizagem como meio de educação; a criança deixou de ser misturada aos adultos e de aprender a vida diretamente, passando a viver uma espécie de quarentena na escola”.

A necessidade por pré-escola aparece, historicamente, como reflexo direto das grandes transformações sociais, econômicas e políticas que ocorreram na Europa, a partir do século XVIII (CORAZZA, 2002).

A partir do ingresso das crianças nas creches, aumentam a necessidade de se obter novas propostas de ensino voltadas para as transformações da sociedade capitalista. Nesse contexto, surge novos modelos educacionais com o objetivo de respeitar a infância e estimular atividades significativas. Seu envolvimento com a educação da criança pequena data de 1907, quando fundou em Roma a primeira “Casa dei Bambini”, para abrigar, aproximadamente, cinqüenta crianças normais carentes, filhas de desempregados.

Nessa casa-escola, Montessori realizou várias experiências que deram sustentação a seu método, fundamentado numa concepção biológica de crescimento e desenvolvimento.

Oliveira (2002) enfantiza que no século XX os estudos de: Vygotsky, Wallon e Piaget, ofereceram novas formas de compreender e promover o desenvolvimento infantil, de modo que as concepções por eles defendidas ainda são utilizadas pelas teorias pedagógicas vigentes.

No Brasil a “preocupação” com a educação da criança surge a partir da segunda metade do século XIX. Durante todo esse tempo não existia a preocupação em criar instituições educacionais para atender as crianças menores de 06 anos, tanto do ponto de vista da proteção, quanto do ponto de vista educacional.

Kuhlmann Jr. (1998), destaca que até meados deste século, a educação destinada a criança era de inteira responsabilidade da familia, por conseguinte, do grupo social no qual estava inserida. A esse grupo social cabia-lhe suprir as carencias: afetivas, emocionais, psicologias e educacionais. Sem instituiçôes de ensino, o acesso a educação se restrigia as crianças das camadas elitizadas que estudavam em suas residências com preceptores particulares.

Com a abolição da escravatura, houve um acentuado aumento da população urbana nas grandes cidades, surgindo algumas iniciativas destinadas à assistência à infância. Nessa época, surgem as creches, os internatos e os asilos para atender as crianças pobres, inclusive os filhos dos escravos que foram abandonados.

De acordo com Bujes (2001, p. 14),

Em 1875, instala-se no Rio de Janeiro o primeiro jardim de infância do Brasil. Dois anos depois surge em São Paulo. Vale salientar que essas instituições eram mantidas sob o cuidado de entidades privadas, cujo objetivo era suprir as necessidades educativas das crianças da elite.

Oliveira (2002, p. 34) registra que os jardins-de-infância, nessa época foram confundidos com as salas de asilos franceses, ou entendidos como início perigoso da escolaridade precoce. Alguns os consideravam prejudiciais à unidade familiar, uma vez que as crianças deixariam o seu lar muito cedo para obter novas propostas de ensino voltadas para as transformações da sociedade capitalista. Nesse contexto surge novos modelos educacionais com objetivo de respeitar a infância e estimular atividades significativas.

Tais modelos, foram influênciados pelas idéias de Rousseau que revolucionou a educação ao enaltecer que a criança deveria aprender através de atividades práticas. Para Rousseau (Apud OLIVEIRA, 2002, p. 65), a infância “não era apenas uma via de acesso, um período de preparação para a vida adulta, mas tinha valor em si mesma”.

No século XIX, intensifica-se nos países europeus, discussões sobre a escolaridade obrigatória devido à importância da educação para o crescimento social. Nesse contexto, Corazza (2002, p. 89) diz que: “[…] A criança é considerada um componente essencial da família e da sociedade e seus direitos passam a ser protegidos pelo Estado”. Contudo, o sistema educacional direcionado as crianças pobres proposto pelas elites políticas da Europa, tinha o intuito de promover apenas uma aprendizagem ocupacional baseada na piedade e na disciplina.

Em oposição a esta educação, surgem as idéias de Pestalozzi que defendia a educação como um direito universal. Este considerava que a força vital da educação estava na bondade e no amor.

As idéias de Pestalozi abriram caminho para o educador alemão Fröebel (1988), que foi notadamente reconhecido pela criação dos “Kindergartens” (jardins de infância), nos quais destacava ser importante cultivar as almas infantis.

Entretanto Oliveira (2002) esclarece que, os jardins de infância foram direcionados para atender as crianças da elite, enquanto as crianças das camadas populares permaneciam nas instituições com base assistencialista.

A concepção vigente era a de que as instituições educacionais criadas para os pobres (creches e pré-escolas) precisavam oferecer um ensino de baixa qualidade, pois as crianças não podiam ser instigadas “[…] a pensarem mais sobre sua realidade e a não se sentirem resignadas em sua condição social”. (KUHLMANN Jr., 1998, p. 183).

No ínicio do Século XX, ocorreram na Europa e nos Estados Unidos, mudanças significativas no campo educacional. As escolas laicas marcaram a ruptura do domínio da Igreja sobre a educação, reafirmando a hegemonia da burguesia liberal.

Esses avanços despertaram a atenção de dois médicos: Ovídio Decroly e Maria Montessori. Decroly desenvolveu uma metodologia de ensino que propunha atividades didáticas baseadas na idéia de totalidade do funcionamento psicológico e no interesse da criança, já Maria Montessori realizou um trabalho centrado na confecção de materiais educacionais apropriados à exploração sensorial das crianças.

Após a proclamação da República, ocorreram várias transformações sociais no país. Uma delas foi a fundação, em 1899, do IPAI – Instituto de Proteção e Assistência à Infância, sediado no Rio de Janeiro. O surgimento do IPAI foi responsável por uma série de ações, movimento e discussão em torno da criação de creches, jardins-de-infância e maternidade.

Com o processo de industrialização e a instauração do trabalho assalariado, são fundadas as primeiras instituições pré-escolares. Essas instituições são implantadas nas indústrias, por força da necessidade de regulamentar as relações trabalhistas das mulheres emergentes no sistema capitalista (KRAMER, 1995).

Em 1923, surge a primeira regulamentação do trabalho feminino. Ainda nesse período, ocorreram algumas ações em prol da educação destinada ao infante, entretanto, é na década de 30 que vão ocorrer, inúmeras modificações políticas, econômicas e sociais que irão se refletir na configuração de instituições voltadas para as questões de educação e saúde.

Nessa época, Oliveira (2002, p. 110) comenta que as creches eram: “Entendidas como ‘mal necessario’, as creches eram planejadas como instituições de saúde, com rotinas de triagem, lactário, pessoal auxiliar de enfermagem, preocupação com a higiene do ambiente físico”.

Em 1937, Getúlio Vargas implanta o Estado Novo, e, com ele emerge a preocupação de se oferecer uma educação capaz de garantir às novas gerações uma formação com os valores e normas impostos socialmente. Contudo, o ideário educacional oferecido às crianças menores ainda era de cunho assistencialista-custodial.

Nas concepção de Kramer (1995, p. 23) é possivel verificar que houve pouca mudanças, pois:

Nos anos 60 a educação oferecida à criança era vista como um mecanismo que poderia garantir o sucesso escolar futuro. No inicio dessa década ocorreu uma importante mudança trata-se da Lei de diretrizes e Bases (Lei 4.024/61) que trouxe relevantes mudanças no campo da educação destinada as crinças pré-escolares.

Essa mudança pode ser vislumbrada no artigo 23, quando Oliveira (2002, p. 102) ressalta que: “a educação pré-primária, destina-se aos menores de até 7 anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins-de-infância”.

Na década de 70 o atendimento educativo nas creches e pré-escolas públicas começa a ser reconhecido pelas políticas governamentais. Entretanto, essa educação ainda não estava assegurada por Lei, tendo em vista que a Lei 5692/71 implantada nesse período não definiu nenhum termo para designar a educação da criança na faixa etária anterior, aos sete anos, dificultando assim a sua expansão.

Com a inserção das mulheres no mercado de trabalho o Projeto Casulo, em 1977, cujo objetivo era atender um número gigantesco de crianças no aspecto educacional e alimentício, enquanto as mães trabalhavam.

Na década de 80 discuti-se a renovação das propostas pedagógicas nas creches e pré-escolas. A partir dessas discussões, as creches e pré-escolas passaram a ser reconhecidas na Constituição Federal (BRASIL, 1988), como direito da criança e dever do Estado.

Nos anos 90, ocorreram várias conquistas no campo da educação brasileira, como: a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990); a Política Nacional de Educação Infantil (1994); o reconhecimento do ensino infantil na Lei de Diretrizes e Bases (9394/96) a elaboração dos Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (1998).

No momento atual brasileiro, o desafio da Educação Infantil, é oferecer um ensino voltado para a cidadania com propostas pedagógicas que promovam o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. As atenções se voltam, não mais para a garantia de vagas, e sim para a qualidade do serviço prestado, pois apesar dos avanços e conquistas, a Educação Infantil ainda carece de profissionalismo e de reflexão sobre suas práticas.

2.1 A criança de 0 a 5 anos: um ser em desenvolvimento

O desenvolvimento de uma criança não se processa de forma linear, e de acordo com Piaget (1994), no início a criança ainda não representa internamente e não “pensa” conceitualmente. Durante o seu crescimento, ela experimenta avanços gradativos, vivenciados de forma singular em todas as fases desse processo.

Piaget (1994) descreveu vários estágios ou perído do desenvolvimento e de acordo com suas teorias, cada estágio é constituído sobre as estruturas anteriores, isto significa que cada etapa superada é uma preparação para o estágio seguinte.

Período sensório-motor (0 a 2 anos) representa a conquista através da percepção e dos movimentos, de todo o Universo prático que cerca a criança. Isto é, a formação dos esquemas sensoriais-motores irá permitir ao bebê a organização inicial dos estímulos ambientais, permitindo que, ao final do período, ele tenha condições de lidar, embora de modo rudimentar, com a maioria das situações que lhe são apresentadas.

Ao nascer o bebê conta apenas com os reflexos hereditários, no entanto, ao final do primeiro ano, entre outros comportamentos, será capaz de colocar-se na posição de pé e caminhar alguns passos sem apoio, compreender o significado de várias palavras, obedecer ordens simples; como Não, Vem, Tchau.

Nesta fase segundo comenta Piaget (apud FONTANA; CRUZ, 1999, p. 49) “a criança age sobre o mundo. Ela repetidamente chupa o dedo, suga a pontinha da manga da roupa: movimentos não intencionais, centralizados no seu próprio corpo, se repete sempre”.

Período pré-operacionaL (2-7 anos). Ao se aproximar dos 24 meses a criança estará desenvolvendo ativamente a linguagem, o que lhe dará possibilidades de, além de utilizar a inteligência prática decorrente dos esquemas sensoriais-motores formados na fase anterior, iniciar a capacidade de representar uma coisa por outra, ou seja, formar esquemas simbólicos.

Teremos, então, uma criança que a nível comportamental atuará de modo lógico e coerente, em função dos esquemas sensoriais-motores adquiridos na fase anterior, e que ao nível de entendimento da realidade estará desequilibrada, em função da ausência de esquemas conceituais.

Aos dois anos de idade surge um novo componete – a oralidade. A criança fala sozinha porque o seu pensamento ainda não está organizado, só com o decorrer deste período é que o começa a organizar, associando os acontecimentos com a linguagem na sua ação. A criança está em franca aquisição de conhecimento do seu universo, por isso o estimulo se faz muito importante.

É preciso estar a tento a suas falas, escolhas, atitudes e a produções diversas, para que se possa identificar desejos, necessidades e desafios.como sua oralidade esta se desenvolvendo bastante, seu interesse por por histórias contadas ou representadas, interagindo com o conhecimento.

Por volta dos três anos a criança já começa a reconhecer a sua imagem corporal, principalmente, por meio das interações sociais que se estabelece e das brincadeiras, sobretudo, em frente ao espelho.

De acordo com os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 32-33), “o espelho continua a se fazer necessário para a construção e afirmação da imagem corporal em brincadeiras nas quais meninos e meninas poderão se fantasiar, assumir papéis, se olharem”.

Entre os quatro e cinco anos o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo, está a todo vapor, ela atua e interage com o universo que o cerca de forma a tirar dele o máximo de conhecimento possível. Piaget (apud BOCK, 1999, p. 103) relata que com,

Nesta fase, a criança aprende de forma rápida e flexível, inicia-se o pensamento simbólico, em que as idéias dão lugar á experiência concreta. Elas conseguem partilhar socialmente as aprendizagens fruto do desenvolvimento e da sua comunicação. O processo de construção do conheciemto se dá por meio das conquistas realizadas na busca de novos desafios que servem de base para novos saberes, utilizando-os das mais diferentes linguagens, exercendo a capacidade que possuem de terem idéias e hipóteses originais sobre tudo e sobre todos.

Aos 5 anos a criança é capaz de reconhecer e nomear as cores básicas (vermelho, amarelo, verde e azul), assim como texturas (duro, mole, áspero, macio). Seu vocabulário aumenta conforme a qualidade de suas experiências. Esta é a fase de preparação para a alfabetização.

De acordo com Lefévrè (1990, p. 127) afirma que:

Nesta idade, a criança percebe figuras representativas e é capaz de analisá-las e sintetizá-las, explicando o que significam, estabelecendo relações entre seus diversos objetos constituintes, iniciando também a diferenciação de figuras geométricas (quadrado e retângulo, e círculo e elipse). A atenção ao seu desenvolvimento é importante para que não se queimem etapas nem a criança fique aquém do seu potencial de aprendizagem.

Portanto, de 0 a 5 anos a criança passa por um processo de desenvolvimento e experimenta avanços gradativos, vivenciando diversas fases nesse processo.

2.2 A ludicidade na educação infantil

Durante muito tempo a ludicidade foi considerada apenas uma atividade de lazer, mas já se sabe que brincar vai muito além do entretenimento. Servem como suportes para que a criança atinja níveis cada vez mais complexos no desenvolvimento sócio-emocional e cognitivo, sobretudo, na educação infantil.

Kishimoto (2000) defende que a brincadeira e o jogo interferem diretamente no desenvolvimento da imaginação, da representação simbólica, da cognição, dos sentimentos, do prazer, das relações, da convivência, da criatividade, do movimento e da auto-imagem dos indivíduos.

O ato de brincar é de grande valor na construção do conhecimento, por permitir que a criança explore seu mundo interior e descubra os elementos externos em si, exercite a socialização e adquira qualidades fundamentais para seu desenvolvimento físico e mental.

Toda criança deve brincar, pois é através da brincadeira que a criança atribui sentido ao seu mundo, se apropria de conhecimentos que a ajudarão a agir sobre o meio em que ela se encontra. Em alguns momentos ela vai reproduzir, em suas brincadeiras, situações que presenciou em seu meio.

Contudo, Brougère (2001, p. 99) lembra que “brincadeira é uma mutação do sentido, da realidade: as coisas tornam-se outras. É um espaço à margem da vida comum, que obedece a regras criadas pela circunstância”. Para Winnicott (1982) é no Brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou adulto fluem sua liberdade de criação. Mesmo as mais simples brincadeiras, aquelas que todo mundo faz com bebês, são estímulos importantes para o desenvolvimento infantil.

Kishimoto (1999, p. 110) complementa afirmando que:

Nesta linha de pensamento é brincando que a criança aprende a socializar-se com as outras, desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade. É pelo contato com brinquedos e materiais concretos ou pedagógicos que se estimulam às primeiras conversas, as trocas de idéias, os contatos com parceiros, o imaginário infantil, a exploração e a descoberta de relações. É brincando que a criança ordena o mundo a sua volta.

É nessa perpectiva que Maluf (2003, p. 20) faz a seguinte afirmação:

Na brincadeira, a criança se apropria dos conteúdos disponíveis, tornando-os seus, através de uma construção específica. As brincadeiras variam segundo as idades, o gênero e os níveis de interação lúdica. As brincadeiras coletivas expressam apropriações de conteúdos diferentes dos que estão presentes numa situação individual.

Nas palavras de Bettelheim (1988, p. 105):

Através de uma brincadeira de criança, pode-se compreender como ela vê e constrói o mundo – o que ela gostaria que fosse quais as suas preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira a criança expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras.

A criança vai agir em função da significação que vai dar aos objetos dessa interação, adaptando-se à reação dos outros elementos da interação, para reagir também e produzir assim novas significações que vão ser interpretadas pelos outros, como numa espiral.

A experiência lúdica se alimenta continuamente de elementos que vêm da cultura geral. Essa influência se dá de várias formas e começa com o ambiente e as condições materiais. O que dizem e o que fazem os adultos a respeito dessa atividade, bem como o espaço, o tempo e os materiais colocados à disposição das crianças (na cidade, nas moradias e nas escolas), são aspectos que vão ter papel fundamental para o desenvolvimento da experiência lúdica.

A forma de comunicação própria da brincadeira pressupõe um aprendizado com conseqüências sobre outros aprendizados, pois permite abrir possibilidades de distinção entre diferentes tipos de comunicação: reais, realistas, fantasiosas. A criança, quando brinca, entra num mundo de comunicações complexas que vão ser utilizadas no contexto escolar, nas simulações educativas, nos exercícios. Nesse sentido, é extremamente importante distinguir os diferentes tipos de atividade que podem e devem ter seu lugar garantido no contexto escolar.

Entende-se que a atividade lúdica, sobretudo, na educação infantil não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento integral das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo. A criança tem dentro de si potencial e este emerge nas situações de sua vida, principalmente, nas brincadeiras interativas, são nestes momentos, que o indivíduo apresenta ao mundo seu ritmo e sua harmonia. A brincadeira nada mais é do que a linguagem da criança.

Sendo assim, a ludicidade tem uma importância fundamental para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças. O ato de brincar tem um grande valor para que a criança explore o mundo e construa conhecimento.

3 O Papel do Brinquedo no Desenvolvimento da Criança

Pediatras, professores e pedagogos atestam a importância das brincadeiras para o desenvolvimento sadio das crianças. É é através do brinquedo que a criança descobre o mundo, relaciona-se com outras crianças, prepara-se para a vida e mantém-se saudável.

Assim sendo, o brinquedo é compreendido como objeto de suporte da brincadeira, uma vez que, através da interrelação da criança como o mesmo é criado um vínculo de afinidade simbólica, “o faz de conta”, sem que haja uma cobraça de regras definidas no seu desenvolvimento quanto ao uso.

É nessa perspectiva que Maluf (2003, p. 45) esclarece:

Piaget (1978) mostra claramente em suas obras que os jogos não são apenas uma forma de alívio ou entretenimento para gastar energia das crainças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Segundo este autor os jogos e as atividades lúdicas tornaram-se significativas a medida que a criança se desenvolve com a livre manipulação de materiais variados ela passa a reconstituir, reinventar as coisas, o que já exige uma adaptção mais completa.

Essa adaptação só é possível, a partir do momento em que ela cresce interiormente, transformando essa atividade lúdica, que é o concreto da vida dela, em linguagem escrita que é o abstrato.

Ao brincar a criança elabora seus próprios conceitos, alimentando o mundo imaginário, explorando e inventando o faz-de-conta, que tem um significado profundo em nossas vidas, principalmente, na vida da criança, pois seus reflexos elabora o desenvolvimento pessoal e social, que fará parte da nossa história.

Na mesma linha de pensamento Vygotsky (1994, p. 115) acrescenta que:

Para o autor que a criança vê e escuta (impressões percebidas) constituem os primeiros pontos de apoio para a sua futura criação, ela acumula material com o qual depois estrutura a sua fantasia que progride num complexo processo de transformação em que jogam a dissociação e a associação como principais componentes do processo.

Na opinião de Brougère (2001) a originalidade e especificidade do brinquedo, dar-se devido fornecer representações e manipulações de imagens com volume, deve ser adaptada a criança no que se refere ao respeito ao seu conteúdo em relação a sua forma para ser reconhecda como brinquedo.

Brincando a criança cria mecanismos para o seu desenvovimento, pois são ações que se traduzem em experiementação, descoberta, invenção, exercita o raciocínio vivendo assim, uma verdadeira possibilidade de se enriquecer em vários aspectos e se tornar um individuo criativo e critico.

O sentido da palavra “brinquedo” não pode ser reduzido a pluralidade de sentidos do jogo, pois tem uma dimensão material, cultural e técnica. Vale salientar que como objeto é sempre suporte de brincadeira.

Compreender a construção de um brinquedo é transformá-lo em objeto uma representação, um mundo imaginário ou real. Winnicott (1982) revela que é no brincar que o indivíduo, criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, ou seja, qualquer que seja atividade lúdica conduz ao encontro com a criatividade.

Como bem ressalta Kishimoto ; Santos (1997, p. 24),

Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção.

A criança procura colocar algo em substituição a outro, uma vez que, o brinquedo representa certas realidades e por ocasião da ausencia do objeto real o brinquedo contempla essa falta, oportunizando a crinça manipulá-los.

Com relação a essa assertiva Barros (1987, p. 186), faz a seguinte declaração “a maioria dos adultos percebe que, a medida que a criança avança em idade e consequentemente, em seu desenvolvimento motor, mental e social, vai apresentando mudanças em sua atividade lúdica, no uso de brinquedo e nos afetos com que brinca”.

Portanto, no seu primeiro ano de vida não necessita de muito brinquedos, agarra e sacode objetos, balbucia onde demonstra grande prazer por esses brinquedos motores. Que são considerados por Piaget (1978) de “jogos de exercícios”.

Assim sendo, os brinquedos de ficção, ilusão ou simbólico são atuados pelas crianças na segunda metade do ano de vida e repercute até os anos pre-escolares. Nas peculiaridades diversas dos brinquedos de ficção é comum, as crianças atuarem no faz-de-conta imitando carros, motos ou atibuir vida a objetos inanimados.

O primeiro paradoxo contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado numa situação real. O segundo é qe no beinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço. Ela procura desenvolver algo que gosta de fazer pois o brinquedo lhe proporciona sensação de prazer.

O interessante do brinquedo é que sua estrutura não tem uma forma pronta, assim, seria impossível acontecer situações imaginárias, restariam apenas regras. Sempre que há imaginação no brinquedo são estabelecidos regras.

Piaget (1978) destaca que nos jogos de regras existe algo mais que a simples diversão e interação, pois, eles revelam uma lógica diferente da racional. Este tipo de jogo revela uma lógica própria da subjetividade tão necessária para a estruturação da personalidade humana quanto à lógica formal, advinda das estruturas cognitivas.

Já no “faz-de-conta” as crianças procuram se espelharem na imagem de uma pessoa, de uma personagem de um objeto e de situações que no momento não esteje presente e clara para elas.

No desenvolvimento infantil, ocorre um declínio do brinquedo como jogo de pápeis que cede espaço para o jogo de regras, sendo que o jogo de pápeis possibilita as bases para o desenvolvimento de regras. Dessa forma, no surgimento do jogo de regras elementos fundamentais do brinquedo captados e novas transformações surgem, promovendo o desenvolvimento dos processos psicológicos da criança.

No entanto, Vygotsky (1979) conclui que no brinquedo a criança cria uma situação imaginária. Na evolução do brinquedo tem-se a mudança da predominancia de situações imaginárias para a predominancia de regras. Este ainda cita as contribuições de Vygotsky (1994, p. 135) este diz que:

Nesta época de globalização e de avanços tecnológicos o valor dos velhos brinquedos e brincadeiras estão passando por um processo de transição, pois as crianças estão deixando de se envolverem com tais situações devido a influência do computador, vídeo game, televisão e outros brinquedos eletrônicos que deixam o espaço e o tempo da criança restrito apenas a imaginação e não a manipulação que corresponde a situação real.

É o caso da evolução das bonecas que andam sozinhas, corresponde menos a uma função a um uso do objeto, do que ao aprofundamento de sua imagem, no caso por animação; a crinça não faz a sua boneca andar, ela anda sozinha. A esse respeito Brougère, (2001, p. 16) ressalta: “É por isso que o brinquedo me parece ser um objeto extremo, devido a superposição do valor simbólico a função.”

Diante desse contexto, o brincar é hoje um ato de extremo desafio que as crianças têm de enfrentar diante da avassaladora rede de aparelhos virtuais que invadem sua vida, anestesiando seus movimentos corporais e seu pensamento.

Com isso, cria-se um bloqueio, pois é no brinquedo a forma pelo qual a criança procura resolver seus problemas estabelecidos pelas limitações do mundo a qual vive inserida e que é eminentimente, um mundo dos adultos. Diante disso, Maluf (2003, p. 44) afirma que: “Devido à emancipação do processo de industrialização, os brinquedos tornaram-se sofisticados e foram perdendo o vínculo com a simplicidade e com o primitivo”.

De acordo com Oliveira (1996, p. 36) “no brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende através dos objetos e significado”. O brinquedo, é portanto um refúgio à pressão contínua das exigências reais, pois a criança, no mundo de suas brincadeiras, pode fazer ou ser o quena vida real não lhe é permitido.

No brinquedo, a criança vive a interação com seus pares no recíproco, no conflito, na elaboração de novas ideias na construção de novos significados , interagindo e conquistando relações socias, constituindo como tais, num cenário concreto, social, histórico e cultural.

Santos (1997) afirma que foi Froebel que introduziu o brincar para educar e desenvolver a criança. Sua teoria transcedente pressupõe que o brincar estabelece relações entre os objetos do mundo cultural e a natureza, tornando-se um só pelo mundo espiritual. Seu paradigma metafísico foi responsável pela introdução dos brinquedos e brincadeiras no jardim de infância. Ele concebeu o brincar como atividade livre e espontâneo, responsável pelo desenvolvimento fisíco,moral, cognitivo e os dons ou brinquedos como objetos que auxiliam as atividades infantis.

O brinquedo possibilita a criação de um mundo onde os desejos possam se concretizar através da imaginação. Que na verdade é uma atividade psicológica específica da consciência humana, que apenas ocorre com crianças mais velhas. O brinquedo tem um papel de fundamental importância para o desenvolvimento da criança enquanto um ser em formação física e psicológica. Nessa perspectiva o brinquedo possibilita a criança conhecer e analisar o mundo e construir sua personalidade.

Dessa forma, os brinquedos são importantes recursos que ajudam no desenvolvimento infantil, em seus variados aspectos: cognitivos, afetivo, psicomotor, lingüístico. Cabe ao pai acompanhar a criança e também brincar com ela, participando de momentos lúdicos com os filhos, assim como a escola.

3.1 A importância das brincadeiras para a socialização e aprendizagem

A brincadeira sempre foi e será uma atividade espontânea e muito prazerosa, onde a criança pode exercer sua capacidade de criar e fundamentar seu desenvolvimento de identidade e de autonomia. É através da brincadeira que a criança explora seu mundo, descobrir-se, entender-se e posicionar-se em relação a si e a sociedade de forma lúdica e natural exercitando habilidades importantes na socialização e na conduta psicomotora.

Oliveira (2005 p.159) relata;

A brincadeira se traduz em é um espaço de socialização na construção de aprendizagem da criança em todos os sentidos. É através do faz-de-conta que possibilita a criança a desenvolver a imaginação, fundamentos e afetos, explora habilidades. Através das brincadeiras a criança vive diferentes papeis que gera desenvolvimento cognitivo e interativo.

Segundo vygotsky (apud PELEGRINE, 2001, p.25) fala que: “O indivíduo não nasce pronto nem é cópia do ambiente externo. Em sua evolução intelectual há uma interação constante e ininterrupta entre processos internos e influências do mundo social”. Por pensar dessa forma, se contrapôs as idéias dos pensadores da época, que tinham uma visão que as pessoas nascem já com suas caraterísticas: inteligência e emoção.

Pelo fato das escolas criarem uma comcepção que quanto maior for os números de conteúdos passado para o aluno, simultaneamente seria o aprendizado, suscitou equívoco, pois a idéia, era que maior desenvolvimento quanto maior for o aprendizado. No entanto, para que haja assimilação as informações precisam fluir sentido, isso se dá quando elas acontecer o que vygotsky chamou de zona do desenvolvimento proximal, a distância entre o nível de desenvolvimento real ( a criança consegue fazer sozinha) e o potencial ( o que é capaz de fazer com a ajuda de alguém mais experiente)

Na concepção de Vygotsky a respeito de zona do desenvolvimento proximal ele enfatiza muito a criança em idade escolar, no entanto, isto não implica que ele considere que este procedimento ocorra apenas em crianças em idade escolar, em conseqüência a outra função exercida pelas aprendizagens formais.

Na mesma linha de pensamento Vygotsky (1994, p.134) afirma que:

Assim sendo, é relevante para o desenvolvimento da criança que se considere seu desempenho em diferentes momentos de sua vida, no tocante, as ações desenvolvidas pela mesma. Quando suas ações se manifestam de forma individualizada isto implica que o processo de maturação foi conquistado. No entanto ao que refere as realizações feita por intermédio de observações ou instruções de pessoas mais capazes, a criança desenvolverá suas potencialidades, alicerçando assim seus conhecimentos futuros sendo o brinquedo um grande aliado neste processo.

Sistematizar a brincar, significa que o professor precisa reconhecer que as teorias psicológicas influenciam no desenvolvimento humano e que ao norteiam na sua prática pedagógica, mas apesar dessa fundamentação é preciso que o professor compreenda e tenha uma desenvoltura a respeito dos valores sociais e práticas intuitivas de acordo com a realidade cotidiana, assim o trabalho se adequará as exigências sociais cabíveis.

A criança é um ser social que necessita ser considerada em sua totalidade, e que precisa determinar relações com o meio e com os outros e com seus pares, se relacionando e comparando-se. Todavia, para que se desenvolva brincadeiras na escola que atenda as pecuralidades da criança é preciso que tenha um conjunto de experiências que permita as crianças brincarem juntas – com objetivo de enfatizar a socialização e o processo de desenvolvimento, considerando seus conhecimentos já adquiridos.

Vygotsky (1995, p. 108), afirma que a escola:

No que se refere a interação social em diversas situações é uma das formas eficaz do professor procurar promover a aprendizagem das crianças. Cabe-lhe portanto, oferecer brincadeiras ou outras estratégias que garanta a troca de experiências, a forma de expressar ou pensar e que lhe proporcione autonomia e confiança em si mesma e com os outros.

Através da imaginação a criança cria seus cenários de fantasias e dar a brincadeira um valor de representação, faz-de-conta jogo de papéis que promove o desenvolvimento cognitivo e afetivo-social da criança. Vale salientar que a brincadeira não é algo definido na vida do ser humano, ele adquire esta função, através das relações com os outros e com a cultura

A esse respeito Borba (2006, p. 41) enfatiza que:

Inúmeros estudos mostram que a brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo. É possível superar os problemas existentes e oferecer melhores condições de desenvolvimento às crianças, ampliando e valorizando o espaço e as oportunidades de brincadeira.

Considerando a brincadeira resultado de socialização e aprendizagem, portanto, é de responsabilidade, dos envolvidos pela criança garantir esse direito que permeia a própria existência humana, afim de que, gradativamente, possa adquirir competências para atuar sobre o mundo.

3.2 o professor de educação infantil e o seu olhar sobre jogos e brincadeiras.

Ser professor é preciso ter consciência de sua responsabilidade, enquanto formador de consciência crítica e do desenvolvimento físico, emocional e social da criança em sua complexidade. Na educação infantil é fundamental perceber a perspectiva da criança para ajudá-lo em seu processo e que o professor tenha um olhar constante sobre sua maneira de ensinar afim de, o aprendizado do aluno possa estar em constante sintonia com o seu desenvolvimento.

Diante disso, surge à necessidade do desenvolvimento de uma metodologia de trabalho capaz de promover uma aprendizagem significativa, é aí que surge os jogos e brincadeiras como ferramenta pedagógica.

Sem dúvida, a participação do educador frente ao desenvolvimento infantil é de suma importância entretanto é preciso que o mesmo, proporcione experiência diversificadas, afim de que haja um processo de interação que promova a auto – estima e desenvolva suas habilidades. Para que isto aconteça é preciso vê a questão de diferentes tipos de espaços e objetos.

Na maioria das vezes, o educador, determina e executa o campo das brincadeiras, por meio da seleção e oferta de objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, arrumação dos espaços e do tempo para brincar, com a intenção do aluno alcançar objetivos de aprendizagem predeterminados, limitando sua espontaneidade e imaginação.

Maluf (2003, p.28) vem validar esta realidade ao afirmar que:

Muitos educadores desvalorizam os jogos e as brincadeiras por acreditarem que o mais importante é o aluno aprender a ler e a escrever e quando pratica o lúdico muitas vezes os trabalhos são direcionados com regras e proibições, não enfatizando o verdadeiro sentido da brincadeira.

O fato é que, o professor muitas vezes, não deve atribuir-lhe essa parcela de culpa. Ao contrário é preciso analisar a qualidade de formação profissional que se submeteu pois as vezes, a mesma não contempla a importância das informações e práticas referente ao brincar como uma perspectiva que possibilita o desenvolvimento das crianças.

Para Kishimoto (2001), atualmente, existe uma preocupação em fazer do brincar na escola uma atividade voltada para função pedagogizada. Entretanto observa-se que ao proporem, os professores se vêem diante dos ditames institucionais e acabam desenvolvendo suas práticas educativas, brincadeiras pautadas na expectativa de brincar para aprender conteúdos escolares, ou seja, estes não consideram a capacidade criadora das crianças durante a brincadeira .

Porém é preciso que os educadores, se conscientize da importância da prática que envolve o ser humano inteiro, ou seja, colocar a criança em situações, nos jogos e brincadeiras de forma que aprenda por intuição, sendo mediado para que possa ser reelaborados de forma abundante e, prazerosa.

A participação de o educador no brincar é defendida por Borba (2006, p.42) ao destacar que:

Vale salientar que a escola deveria enfatizar mais o potencial educativo próprio da brincadeira, que através das observações, o educador cria mecanismos de como desenvolver seus procedimentos profissionais de forma que atenda as necessidades dos alunos.

Para muitos autores são as regras que distinguem o jogo da brincadeira. O jogo é uma atividade que tem a sua própria razão de ser e conter em si mesma, o seu objeto.Isto pressupõe que existe a necessidade de os educadores conhecerem os comportamentos das crianças, conforme suas etapas de desenvolvimento, uma vez que, elas, principalmente nas creches passam a maior parte do seu tempo.

É possível perceber que brincando a criança toma suas decisões, desenvolve sua capacidade e trabalha de forma lúdica seus medos e angustias. No jogo da brincadeira ela toma por conta própria suas tomadas de decisões. Ela cria uma perspectiva de direitos e deveres, pelo fato de viver inserido num grupo e sistematiza negociação com ele constantemente, e as brincadeiras e as interações, dirigidas ou não, se envolvem num eterno cotidiano.

Assim sendo, é preciso que o educador compreenda que a criança precisa brincar, jogar por prazer e não por obrigação, pois dessa forma a brincadeira e o jogo proporciona valores que favorece o desenvolvimento e o crescimento da criança. Ao invés de promover atividades mimeografadas apenas com a intenção de desenvolver uma pintura.

Oliveira (2002, p.170) enfatiza que:

Portanto, se faz necessário que a escola de educação infantil tenha uma trajetória curricular voltada para flexibilidade e reconheça os objetos de conhecimentos culturais como uma forma de desenvolver seu trabalho pedagógico. Enfim é preciso que o professor tenha um olhar voltado para as situações desafiadoras da ação e do pensamento das crianças, selecionado jogos e brincadeiras que provoque a necessidade de agir sobre objetos, refletir sobre suas ações e interagir com outras crianças.

4 Considerações Finais

Ao concluir este trabalho foi possível entender que através do brincar, a criança é capaz de compreender seu cotidiano, aprendendo a refletir sobre ele, por meio das brincadeiras que desempenha no contexto que está inserido, interagindo com os indivíduos que fazem parte do meio.

Nesse processo, o educador tem um papel de fundamental importância, pois proporciona as oportunidades da criança da Educação Infantil a brincar de forma prazerosa e espontânea dentro de um contexto elaborado pelo professor de forma que a ação desenvolvida leva ao desenvolvimento integral da criança.

O tema abordado deixa explícito que brincar contribui para o desenvolvimento cognitivo, social, cultural e afetivo da criança, onde através da imaginação ela pode expressar seus medos, angústias e sentimentos. Como também, através da brincadeira, a criança irá criar uma base de compreensão de sistemas simbólicos, habilidades, de inventar, satisfações, obstáculos e acima de tudo desafios.

Assim sendo, é preciso compreender que a criança em seu desenvolvimento não se processa de forma linear aos poucos vai construindo gradativamente seus conhecimentos, enquanto faz novas descobertas. Vale salientar que essas novas fontes, quando se processa de maior ou menor interação são muito importantes quando se pensa no aspecto da socialização no decorrer do qual a criança constrói, elaboram e transformam as estruturas cognitivas que lhe permitirão servir-se de conhecimentos.

Na elaboração desta pesquisa pode – se perceber a preocupação entre os teóricos e estudiosos a respeito das brincadeiras que ultrapassam gerações. Apesar de ser uma característica relevante no ser humano, as atividades lúdicas, ainda existem concepções opostos a esse respeito, pois há quem acredite que brincar é perda de tempo, ou sendo vista como algo desnecessário, enfatizando como forma pedagógica à verdadeira alfabetização tradicional, desvalorizando o potencial do lúdico no desenvolvimento da criança.

Tomando por base os estudos realizados, é imprescindível reconhecer a importância das brincadeiras no contexto escolar das crianças. Para tornar-se possível essa realidade é preciso à conscientização de todas as pessoas envolvidas com o desenvolvimento das crianças, afim de que, o brincar possa ter o significado progressivo na vida do aluno.

Diante dessa constatação a criança necessita eminentemente do brincar par ser ela mesma e comece a perceber as características dos objetivos, seu funcionamento e os acontecimentos ao seu redor. Participando com ela nessa atividade, podemos ajudá-la a construir e a dirigir sue raciocínio para uma visão critica da própria realidade.

Essa compreensão só foi possível graças ao curso de pedagogia que de forma reconhecida contribuiu significativamente para a vida profissional, pessoal e acadêmica, possibilitando assim, os resultados que aqui se encontram.

Portanto, para elaborar um trabalho dessa natureza, que a princípio assustou por se tratar de um trabalho acadêmico de grande relevância. Mas depois das orientações oferecidas foi despertando interesses em desenvolver estudos com vários teóricos, que significou percorrer um caminho prazeroso sobre um aspecto tão importante para a educação infantil, ultrapassar barreiras e mudar o olhar negativo a respeito de um conteúdo tão essencial e adequado na construção da formação de cidadãos plenos, éticos e construtivos.

Pode-se concluir que é preciso incessantemente incentivar não só os professores como também, pais e familiares para colocar em prática as brincadeiras como suporte para o conhecimento da criança em vários aspectos, e assim construir na prática uma sociedade sólida e comprometida com um mundo melhor.

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Instituição: Uern
Autor: Marluce Alves

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