Importância das práticas musicais na educação básica
Conheça a relevância das práticas musicais para o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos na educação básica. Saiba mais sobre os benefícios que a música pode trazer para a educação de seus alunos e aproveite para começar agora mesmo!
A Importância e o Significado Das Práticas Musicais Na Educação Básica
A educadora musical Alicia Maria Almeida Loureiro: pianista, licenciada em música e especialista em educação musical pela UFMG e mestre em educação pela PUC, vem estudando e acompanhando há muitos anos a disciplina Música no Contexto da Escola Regular.
Em seus estudos, observou que há várias décadas a educação musical encontra-se praticamente ausente das escolas brasileiras, ausência esta devido à falta de uma proposta curricular para o ensino da música com o objetivo de democratizar o acesso à arte.
Antigamente, era comum ouvir vozes de crianças cantando nas escolas, enquanto se divertiam e brincavam. A música e os cantos infantis exerciam papel fundamental nos jogos do dia a dia, estimulando a percepção e ajudando no desenvolvimento da criança. No contexto atual, as coisas são bem diferentes. É triste perceber que as escolas foram, pouco a pouco, esquecendo-se das canções e cantigas de roda, substituindo-as por músicas mecânicas, sem qualquer valor educativo musical, sem que se possa questioná-las ou mesmo negá-las.
Dada sua importância, citaremos o fragmento do artigo da Revista Fundação Amae (abril, 2001) da referida autora, pois vem ao encontro da nossa realidade, porque realmente a música mobilizadora das emoções humanas está sendo esquecida nas escolas.
De acordo com a autora, é preciso pensar na música como elemento fundamental e vital para o crescimento do aluno, ser social, fazendo parte de um processo estético pedagógico voltado para a construção dos significados musicais por meio de diferentes formas de participação na sala de aula. Para saber mais sobre a importância da música na educação, confira a importância da musicalização na educação infantil e no ensino fundamental.
Uma bonita melodia pode ajudar a refletir pelo próprio sentimento gratificante que a beleza provoca. A letra de música é um tipo de texto e, como tal, comporta um tratamento semelhante de interpretação e requer os mesmos cuidados com a dosagem do vocabulário e com a observação das características da linguagem política.
A música popular fala dos sentimentos do povo e da realidade em que vivemos. Num ensino religioso marcado pela música do sentido da vida, esse tipo de arte tem muito a dizer. Não se trata de usar a canção de forma moralizante para ensinar o certo e o errado; as palavras da canção estão aí para serem saboreadas e discutidas, podemos concordar, discordar, fazer observações adicionais, lembrar fatos evocados pela emoção, curtir a poesia como forma de dizer o que ultrapassa o sentido normal das palavras, etc. E se a canção de fato toca os aspectos importantes da vida, haverá algo da experiência religiosa que estará relacionada com ela.
Esses alunos precisam ser incitados e provocados; nada melhor do que uma aula musicada e dinâmica para incentivá-los aos estudos, porque a alegria da música convida à participação, rompendo as barreiras da timidez ou da falta de confiança que muitas vezes é confundida com o desinteresse.
Loureiro, em seu artigo da Revista Fundação Amae (abril, 2001), citou a escola como espaço de construção e reconstrução do conhecimento, como lugar de vivências e trocas de experiências, e que pode surgir a possibilidade de realizar um ensino de música que esteja ao alcance de todos.
A música tem características de envolver, unir, encantar, despertar emoções e desejos nas crianças. Por intermédio dela, a criança extravasa suas angústias e medos, o que muitas vezes contribui para o desenvolvimento do seu potencial criativo, que incide diretamente na sua aprendizagem. Para atividades divertidas com música, veja atividades divertidas com música para educação infantil.
O educador tem papel fundamental nesse processo, pois é ele o norteador do espaço de construção e reconstrução do conhecimento. É ele quem deve fazer com que os temas abordados na música desencadeiem projetos, atividades, brincadeiras, histórias, desafios, trabalhos de arte e tudo o que a valiosa imaginação da criança permitir.
Segundo o artigo de Loureiro:
Para que o ensino da música chegue a ser um veículo de conhecimento e contribua para uma visão intercultural e alternativa frente à homogeneização da atual cultura global e tecnológica, atenção especial deveria ser dispensada ao ensino da música no nível de educação básica, pois é nessa etapa que o indivíduo estabelece e pode ter assegurada sua relação com o conhecimento, operando em nível cognitivo, de sensibilidade e de formação da personalidade. (LOUREIRO, 2001, p. )
Para que a educação musical desenvolva na criança uma atitude positiva diante de tantas campanhas de mídia pelas quais passamos nesses dias, que trabalham fortemente sobre o nosso poder de julgamento e decisão. Muitas vezes, esquecemos se algo é realmente bom, bonito ou dispensável. Simplesmente aceitamos. A criança tem sido um grande alvo da mídia e também sofre essa influência. Em vista disso, aspectos importantes sobre a prática musical devem ser considerados. Algumas reflexões podem ajudar a esclarecer a situação e buscar soluções para o quadro em que se encontra o ensino da música no cotidiano escolar.
De acordo com Loureiro, para que o ensino da música surta os efeitos desejados, deve-se ter clareza:
- O que ensinar, para quê e para quem;
- Como ensinar, para tornar a música viva e seu conteúdo adequado à realidade do aluno e ao ensino de prestígio;
- Quem deve ensinar; além da capacidade técnica e da compreensão do fenômeno musical, o professor deve ser flexível, pois isso é fundamental quando da necessidade de tomada de decisão, permitindo críticas às metodologias e às próprias políticas pedagógicas diante da cultura e da sociedade na qual irá atuar. (LOUREIRO, 2004, p.16)
Portanto, é preciso abrir caminhos novos, atalhos mais inteligentes, para fazer com que o nosso trabalho possa ser ouvido por quem realmente nos interessa: as crianças. Com insistência, perseverança e muita determinação. Isso requer muito trabalho, pois enfrentamos uma herança de desigualdades em todos os níveis sociais, que obviamente se refletem na mídia, seja ela impressa, televisiva ou falada. Os fatos recentes na nossa política mostram como é difícil mudar, mas, ao mesmo tempo, mostram que isso é possível.
No mesmo artigo já mencionado, Loureiro escreve que todo ser humano possui algum potencial para entender música, desde que lhe sejam dadas condições e oportunidades para descobrir o sentido e o significado da música para sua vida.
Toda pessoa pode aprender música e se expressar através dela. A importância da música no desenvolvimento e manutenção do ser humano é incontestável, pois tudo que é vivo é movimento rítmico e harmônico, e a arte musical é inerente ao homem.
Toda criança tem uma visão mágica do mundo e crê que seu pensamento é capaz de transformar a realidade. Assim, aprender a brincar com música é uma das maneiras que permitem falar sobre seus desejos, sentimentos, afetos, convivência social e harmonia natural da vida.
Portanto, o que se propõe é que nas escolas a música não seja encarada apenas como passatempo, mas sim como meio para que a criança possa adquirir competências, sensibilidade, percepção, observação, atenção e memória auditiva, que é o conjunto de habilidades que ficam na cabeça do educando, e assim o capacita a empregar essas habilidades na profissão que venha a exercer.
Chizuko Yogi (apud CND, 2003, p. 12) afirma que “a Educação Musical é um importante mediador do desenvolvimento da criança nas suas habilidades físicas, mentais, verbais, sociais e emocionais”.
Considerando que o ensino da música no desenvolvimento da criança é um momento mágico, pois proporciona que o oculto do pensamento seja revelado através do movimento, gestos e expressões corporais, mostra-se necessário um estudo mais amplo sobre o assunto, pois através da música motiva-se a criança ao desenvolvimento da auto-estima, a auto-confiança, a sensibilidade, a criatividade, o raciocínio, a memória, a comunicação, a expressão, a socialização; enfim, o desenvolvimento geral da criança.
A música mexe com as nossas emoções mesmo antes de nascermos. E a criança, ao vir ao mundo, encontra-se de imediato envolvida pela “paisagem sonora” em que vive sua família e a comunidade a que pertence. A “paisagem sonora” – Soundscape, expressão criada pelo compositor canadense Murray Shaffer – é este vasto ambiente musical em que estamos imersos, compostos dos mais diversos elementos.
Cada época, cada sociedade, cada comunidade tem sua “paisagem sonora” particular, embora sejam inúmeros os elementos comuns entre essas diferentes “paisagens”.
Uma criança pequena está imersa no “ambiente sonoro” de sua família e está também exposta à “paisagem sonora” de sua época.
A música é um produto da arte que acompanha o homem, pois possui significativas contribuições na provisão de meios que ajustam as condições do viver humano; ela participa no processo do desenvolvimento da personalidade e amadurecimento do caráter, abre caminho ao entendimento para o estudo extra convencional da própria música, anima todos os sentidos, restaurando a alegria do ensinar e do aprender.
Autora: Sandra Vaz Lima – Nascida no município de Telêmaco Borba – Paraná. Graduada em Letras/Inglês/Espanhol e Pedagogia. Especialista em Educação Especial e Psicopedagogia Clínica/Institucional. Atua na área de Educação Especial na Rede Municipal e Estadual, e na Formação de Docentes.