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A importância dos jogos para o desenvolvimento psicológico da criança

Este artigo explora como os jogos contribuem para o desenvolvimento psicológico das crianças, destacando a importância de atividades lúdicas na interação social, resolução de problemas e desenvolvimento da autoestima.

A importância dos jogos para o desenvolvimento psicológico da criança

A Importância dos Jogos para o Desenvolvimento Psicológico da Criança

Resumo

Este estudo traz a importância de atividades lúdicas exercidas na escola para trabalhar com a criança o aspecto psicológico. Ensinando a mesma a interagir com o próximo, respeitar regras, desenvolver a imaginação, cooperação e, com isso, promover uma boa autoestima. Fazendo com que aprendam de forma simples e natural a resolver problemas, pensar, criar e desenvolver o senso crítico. Através da melhoria do entendimento sobre o efeito que os jogos podem trazer, enriquecendo interações humanas.

Introdução

O artigo analisa a importância do jogo e do brincar no aspecto psicológico da criança. O jogo é uma ferramenta que contribui na formação corporal, afetiva e cognitiva. Por ter uma característica lúdica, se torna mais atrativa e eficiente em seu desenvolvimento, preparando sua inteligência e caráter, tendo conhecimento de quantidade e de espaço. O objetivo deste trabalho é fomentar a importância das atividades lúdicas no processo psicológico das crianças, promovendo o respeito pelas pessoas e pelas regras.

Por intermédio do jogo e do brincar, a criança expressa suas fantasias, seus desejos e suas experiências reais de um modo simbólico, onde a imaginação e a criatividade fluem por conta da ludicidade. A metodologia desse trabalho foi baseada em revisão bibliográfica.

Palavra-Chave: jogos, criança, psicológico.

Desenvolvimento

Lúdico, do latim ludus, significa jogo, segundo Nunes (1998).

Segundo Huizinga (1995), o jogo pode ser considerado como uma atividade livre, conscientemente tomada como “não-séria” e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo uma certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendências a rodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo por meio de disfarces ou outros meios semelhantes.

Para Platão e outros pensadores da Grécia antiga, era importante que as crianças em seus primeiros anos de vida, de ambos os sexos, fossem educadas com jogos educativos, começando aos sete anos. Era contra os jogos competitivos, pois não valorizavam o caráter e a personalidade, fazendo com que as crianças acabassem tendo uma formação danificada (NUNES DE ALMEIDA, 1998).

Para os egípcios, maias e romanos, os jogos eram passados para os jovens de geração a geração pelos mais velhos, onde aprenderiam, através de seus ensinamentos, valores e conhecimento para as normas sociais do padrão de vida. Com a ascensão do cristianismo, os jogos foram perdendo seu valor, pois eram considerados profanos e imorais, sem nenhuma significação (NUNES ALMEIDA, 1998).

No brincar, a criança lida com sua realidade interior e sua tradição, livre da realidade exterior (MARCONDES, MARINA, 1994).

Segundo Marcondes Marina (1994), o brincar com o seu próprio corpo significa descobrir a si mesmo. O que para uma criança é uma festa, pois começa a inventar joguinhos, como fechar e abrir os olhos como se estivesse achando algo ou escondendo-se.

A criança que brinca livremente do seu jeito acaba transmitindo seus sentimentos, ideias e fantasias.

Brincar é também raciocinar, descobrir, persistir e perseverar; aprender a perder percebendo que haverá novas oportunidades para ganhar; esforçar-se, ter paciência, não desistindo facilmente. Brincar é viver criativamente no mundo. Ter prazer em brincar é ter prazer em viver (MARCONDES, MARINA, 1994).

Brincar sem imposições de regras rígidas e impostas torna o ato de brincar mais espontâneo e acaba que a criança, por seu próprio pensar, cria, recria e modifica. Essa vasta possibilidade que o jogo proporciona no momento do brincar aguça sua criatividade, seu pensar e seu modo de agir com o meio.

Segundo Marcondes Marina (1994), brincar para a criança pequena é fonte de autodescoberta, prazer e crescimento.

Segundo Piaget (1975b), os jogos estão diretamente ligados ao desenvolvimento mental da infância; tanto a aprendizagem quanto as atividades lúdicas constituem uma assimilação do real. Almeida (1995) diz que a brincadeira simboliza a relação pensamento-ação da criança e, sendo assim, constitui-se provavelmente na matriz das formas de expressão da linguagem (gestual, falada e escrita). Os jogos têm um papel no desenvolvimento psicomotor e no processo de aprendizado do domínio social da criança. Através dos jogos, é possível exercitar os processos mentais e o desenvolvimento da linguagem e hábitos sociais (DINELLO, 1984; AUPD SERAPIÃO, JOÃO, 2004).

O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função de suas múltiplas necessidades do eu (PIAGET APUD SERAPIÃO, JOÃO, 2004).

Através de jogos, é possível que a criança tenha uma dimensão de tempo (antes – depois), quantidade (pouco – muito) e compreensão da sequência (início-fim) (HARTLEY, 1971).

Para Pettry (1988), o jogo é uma atividade própria da criança e está centrada no prazer que proporciona a ela. Brincadeiras com o corpo em movimento auxiliam as crianças a compreender e relacionar conceitos de: perto, longe, atrás, mais perto, em cima, na frente, ou seja, sustentando o que Hartley já havia dito sobre a importância da criança brincar ou jogar. É possível desenvolver relacionamentos, pois o ato de brincar e jogar requer interação, tornando o aprendizado mais eficaz para ambas as crianças, pois a troca de conhecimento é vasta.

Bijou (1978) faz uma distinção entre o jogo estruturado e o livre (espontâneo), onde o jogo estruturado é aquele em que a criança se engaja em um determinado ambiente, onde os materiais, instruções e ajudas implícitas e explícitas são feitas para ajudá-la a alcançar seu objetivo, ou seja, é induzida na forma ‘certa’ de brincar e de chegar ao destino desejado da brincadeira. Já no jogo livre (espontâneo), o objetivo e o brinquedo são escolhidos naturalmente pela criança. Para Piaget, sua importância a esse tipo de jogo é incentivada e motivadora no processo da aprendizagem, já que este dá à criança uma razão própria que faz exercer de maneira significativa sua inteligência e sua necessidade de investigação (PIAGET, 1994, apud GIOCA, MARIA INEZ, 2001).

Segundo o Referencial Curricular Nacional (1998), a criança precisa brincar, ter prazer e alegria para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio entre ela e o mundo e, através do lúdico, a criança se desenvolve.

Segundo Gilles (1998), o jogo se inscreve num sistema de significações que nos leva, por exemplo, a interpretar como brincar, em função da imagem que temos dessa atividade.

É a construção do conhecimento, principalmente, nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço, seu tempo, desenvolvem a noção de causalidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica (PIAGET, 1994 apud GIOCA, MARIA INEZ, 2001).

Trabalhando o imaginário

Segundo Gallahue (2008), a criança, através do jogo, trabalha o imaginário, joga como se tal coisa fosse o que não é, como se estivesse em tal lugar onde não está, como se visse tal paisagem que não vê. As coisas no jogo não são o que são, mas como se fossem outra coisa. E as outras crianças que entram no jogo não são o que são, mas como se fossem outras crianças, incorporando personagens. A linguagem do jogo é a do modo condicional: isto seria uma casa, tu serias a cozinheira, eu seria a mãe e, um pouco depois, todas aquelas coisas já o são. Na sua imaginação, a criança forjou uma nova realidade.

Segundo Samulski (2005), o jogo é o melhor caminho que a criança encontra para mostrar sua personalidade. O pai que queira saber como é o seu filho deve deixá-lo jogar e, respeitando seu jogo, observá-lo. Se preferir os jogos de composição ou os que se desmancham, poderá deduzir seu espírito de construção ou de conquista; se preferir os de invenção ou os de análise, poderá deduzir uma tendência para a vida ativa ou para a especulação; se preferir os jogos sossegados ou os violentos, poderá deduzir a tendência para a vida contemplativa ou ativa; se joga com ordem ou desordenadamente, se é constante nos seus jogos ou se os varia a cada momento, se prefere jogar acompanhado ou sozinho, se, jogando, oferece a vitória ou a retém, se manda ou obedece.

Através do jogo, passa toda a psicologia da criança; e a personalidade do adulto, na hora do trabalho ou do convívio social, é ainda o reflexo da personalidade que demonstrou com seus jogos quando era menino.

Conclusão

Concluímos que, através dos jogos, as crianças desenvolvem um melhor relacionamento com outras crianças e com adultos e, por meio dos jogos, podem interagir com o meio em que estão inseridas, proporcionando um autoconhecimento de si próprias, tendo em vista que essas descobertas as fascinam, pois um mundo novo é inserido e descoberto.

Referências Bibliográficas

BROUGÈRE, Gilles: A criança e a cultura lúdica; 19 de novembro de 1998 ARTIGOS; http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-25551998000200007&script=sci_arttext&tlng=en acessado em 20/11/2008.

GIOCA, Maria Inez: Monografia; O jogo e a aprendizagem na criança de 0 a 6 anos, Universidade da Amazônia, 2001.

MARCHI, Wanderley Júnior: JOGO, ESPORTE E SOCIEDADE: considerações preliminares para uma análise correlacional.

MARCONDES, Marina Machado: Brinquedo-sucata e a criança: a importância do brincar: atividades e materiais, Publicado por Edições Loyola, 2001.

Nunes, Paulo de Almeida: Educação lúdica – o prazer de estudar técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Edições Loyola, 1998.

SERAPIÃO; João de Aguiar: Educação Inclusiva: jogos para o ensino de conceitos; Publicado por Editora Papirus Ltda, 2004.

GALLAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor de bebês, crianças, adolescentes e adultos, São Paulo-SP – Brasil, Ed. Phorte, 2005.

MURCIA, Juan Antônio Moreno. Aprendizagem através dos jogos, Porto Alegre-RS – Brasil, Ed. Artmed, 2005.

CATUNGA, Ricardo. Brincar, criar, vivenciar na escola, Rio de Janeiro-RJ – Brasil, Ed. Sprint, 2005.

Autores: ALMEIDA, Cássia Santos; LIMA, Tamiris; MENDONÇA, Paulo Marconi

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