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Atualizado em 10/08/2024

A Importância da Educação Infantil para o Desempenho do Aluno

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A Importância da Educação Infantil para o Desempenho do Aluno

A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico que faz parte de uma organização familiar inserida em uma sociedade com uma determinada cultura e em um momento histórico específico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais.

As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhes são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos.

No processo de construção do conhecimento, as crianças utilizam as mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de ter ideias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva, as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.

A consciência sobre a educação infantil deu-se a partir de 1974, quando o tema começou a ser discutido por alguns conselheiros no Conselho Federal da Educação, ganhando mais espaço nacionalmente com a nova LDB, Lei de Diretrizes e Bases (Lei n° 9394/96), que passou a dar uma atenção maior às crianças menores de 6 anos. Com base na LDB (artigo 29), a educação infantil passou a ser a primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.

De acordo com a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Educação Infantil é de responsabilidade do município: “Cabe aos municípios oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, como prioridade, o Ensino Fundamental.” A Educação Infantil é vista como menos importante que o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, pois esta etapa de ensino ainda é considerada elementar. Isso reforça a cultura de que a educação infantil é um passatempo para as crianças que não podem estar em casa junto à sua família. Além disso, muitas mães não entendem essa necessidade e não enviam seus filhos para a pré-escola. Por outro lado, o município muitas vezes não possui creches suficientes para atender à demanda de crianças que têm idade para estar em uma creche.

A demanda por creches é crescente no país, mas é limitada, explica João Batista Araújo e Oliveira. Ou seja, é difícil falar em universalização do acesso à creche. O importante, segundo ele, é que haja vagas suficientes para atender a todas as pessoas que procuram o serviço. Além disso, o professor salienta que, entre 0 e 3 anos, é importante que as crianças permaneçam o maior tempo possível com a família. Mas, nos casos em que a família não pode ocupar esse espaço, é papel do estado garantir as condições para a plena formação das crianças. Segundo João Batista (Revista Escola, 2008), coordenador do programa Alfa e Beta, afirma que:

“No caso do Brasil, em que a PNAD de 2006 mostrou que 45% das famílias com crianças de até seis anos de idade vivem com menos de meio salário mínimo per capita, a política infantil mais relevante é aquela que elimina ou atenua a pobreza das famílias e seus efeitos nas crianças.” São crianças que vivem em situações de risco, que não dispõem de condições naturais ou “normais” em seus lares.

O estudo “A pré-escola no Brasil”, elaborado por Ruben Klein, mostra que, segundo a análise dos resultados do Saeb, uma boa pré-escola faz diferença e pode atenuar as desigualdades socioeconômicas. Outra evidência do estudo é que os alunos que ingressam na escola pelo maternal ou pré-escola têm desempenho melhor do que aqueles que entram somente no 1º ano. Assim como o presidente do Instituto Alfa e Beto, Ruben Klein ressalta que “a pré-escola atual não é suficiente para igualar o desempenho dos alunos de diferentes níveis socioeconômicos nas escolas estaduais e municipais e ainda mais aos das escolas particulares.”

A educação e o cuidado na primeira infância são de fundamental importância, pois à medida que a criança se desenvolve, o cérebro também se desenvolve, e é a hora mais propícia para a aprendizagem. É nesta época da infância que se registra na criança a sua trajetória escolar, pois é a partir da pré-escola que se tem uma visão da escola que ficará registrada para sempre no aluno. Segundo Wallon, a educação infantil atende às necessidades das crianças nos planos afetivo, cognitivo e motor, promovendo seu desenvolvimento em todos os níveis.

A educação infantil é o meio para uma meta maior do desenvolvimento da criança. Afinal, a inteligência tem status a partir do que se constrói no meio físico e social. Pulando esta etapa da educação básica, o aluno, ao chegar no segundo ano, estará atrasado em relação aos outros, pois as habilidades que deveriam ser construídas na primeira etapa não foram adquiridas. Ele não passou pelo processo de assimilação e acomodação do conhecimento, e por essa razão, descuidar da educação infantil significa lesionar e desperdiçar o imenso potencial do aluno, já que nesta época se forma a inteligência, que deve ser estimulada ao máximo, sendo um fator de sucesso na vida acadêmica do educando. Isso será um fator determinante para um aprendizado pleno e completo ao ingressar em outra série, onde o ensino é mais sistematizado, diminuindo a repetência e a permanência nas séries iniciais.

A pré-escola contribui para a inserção do aluno de forma crítica e criativa na sociedade. Para tanto, é essencial que possam adquirir os conhecimentos prévios que serão exigidos nas séries iniciais do ensino fundamental. O alto índice de repetência tem como uma das causas o fato de muitas dessas crianças não frequentarem a educação infantil, portanto não estão preparadas para ler e escrever e não estão acostumadas com a rotina pedagógica, agravando assim sua aprendizagem, pois não têm contato com os materiais didáticos que auxiliam no processo de aprendizagem da leitura e escrita. Essa necessidade é suprida pela educação infantil, dentre outros benefícios, que favorecem a alfabetização. Antonio Carlos Gomes da Costa, pedagogo, diretor-presidente da Modus Faciendi e um dos criadores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), acredita que a educação infantil é fundamental para garantir uma formação inicial e continuada de qualidade.

Trabalhar a democratização do ensino nos primeiros 6 anos de vida é essencial para melhorar o índice de aprendizado dos alunos, estimular desde cedo a busca pelo conhecimento e eliminar as diferenças de origem socioeconômica no desempenho de crianças da 1ª série. Assim, as novas funções para a educação infantil devem estar associadas a padrões de qualidade. Essa qualidade advém de concepções de desenvolvimento que consideram as crianças em seus contextos sociais, ambientais e culturais, e, mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes fornecem elementos relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma.

A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação.

Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às crianças condições para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de desenvolvimento infantil.

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada, que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. Portanto, a educação infantil é um fator determinante para o sucesso do aluno ao ingressar no 2º ano do ensino fundamental, pois é responsável pelo desenvolvimento de habilidades que só podem ser desenvolvidas nas idades de 0 a 6 anos, não podendo assim ser pulada e tratada como algo desnecessário para o desenvolvimento da criança, pois é responsável pelo desenvolvimento intelectual e físico das crianças.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ESTUDOS AVANÇADOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL SÉRIE APONTAMENTO, Maria Stella Coutinho de Alcântara, Gil Nancy Vinagre Fonseca de Almeida

EDUCAÇÃO INFANTIL: FUNDAMENTOS E MÉTODOS – 5ª EDIÇÃO
ZILMA RAMOS DE OLIVEIRA

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,

Revista Escola, fevereiro, 2008

Autora:

SIMONE MORAES
PEDAGOGA
ESPECIALIZANDA EM PSICOPEDAGOGIA E DOCENTE SUPERIOR
TERESINA – PIAUÍ


Este texto foi publicado na categoria Metodologias e Inovação Pedagógica.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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