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A Importância da Educação de Valores para a Formação Moral do Indivíduo

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A Importância da Educação de Valores para a Formação Moral do Indivíduo

A importância da educação de valores para formação moral do indivíduo. O tema precisa ser discutido no sentido de que se fomentem debates a esse respeito e se encontre caminhos pelos quais se consiga atrair as crianças e os adolescentes, em fim, o alunado, e ver resgatados seus valores em alguns casos, e em outros ensinando novos valores.

Diante da sociedade atual, faz-se necessário uma metodologia de ensino que haja de maneira preventiva, na educação de valores éticos e morais, na formação consciente do indivíduo que reflete ética e moralmente diante de situações conflitantes, que exijam dele uma gama de princípios e valores que norteiem suas decisões.

É sabido que todo indivíduo, todo aluno, recebe inicialmente uma educação informal, e muitas vezes, esta é completada e continuada pela escola que assume o papel da educação formal, com conceitos e saberes técnicos, científicos, históricos, matemáticos. Diante desta informação faz-se de total importância perceber-se a necessidade desta educação em ter a preocupação de inserir no seu currículo a educação de valores éticos e morais, de maneira interdisciplinar. Sempre suscitando discussões e reflexões, que de maneira livre e aberta levará o aluno a refletir o seu papel na sociedade e as contribuições que lhe serão exigidas como futuro executor ativo de sua cidadania.

Sabe-se de problemas e circunstâncias vividos pela sociedade, todos os dias nos telejornais, jornais, revistas e demais meios de comunicação, problemas muitas vezes gerados pela falta de educação preventiva que desperte o cidadão, no caso mais especificamente a criança e o adolescente para o que realmente importa.

Ao longo do século XX iniciamos a busca plena da felicidade e associamos a ela o prazer e a liberdade. O que esquecemos foi de nos alertarmos para alguns pontos como: a responsabilidade, o desprendimento em alguns setores para assumirmos nossa liberdade e o prazer individual. Pesquisas revelam que as maiorias dos adolescentes hoje não aceitam seus corpos, sua situação financeira e não possuem saúde emocional, são frágeis emocionalmente. Valores algumas vezes deturpados por brinquedos, filmes e modismos aos quais eles têm acesso sem um cuidado e uma atenção mais especial dos seus pais e educadores.
É necessário que tenhamos a preocupação de transmitir valores tanto na educação formal quanto de maneira informal às crianças e aos adolescentes para que eles cresçam e se desenvolvam seguros emocional e socialmente. Tomem decisões, busquem sua felicidade e a felicidade coletiva, tenham saúde mental e exerçam mais a frente, o papel de educadores das futuras gerações transmitindo os valores que lhes forem ensinados de maneira que respeitem a subjetividade do indivíduo e mantenham o ritmo de crescimento saudável à sociedade e verdadeiramente sejam pessoas livres e felizes.

Para tanto, conta-se com a ação educativa formal da escola, uma preocupação de todos para uma reorganização da sociedade, resgate dos valores nas famílias e o restabelecimento dos papéis educacionais, citados acima mediante os seus segmentos, para que assumam sua responsabilidade e contribuam para a formação de crianças, adolescentes, jovens e futuros adultos. É responsabilidade da escola, da família e da sociedade como um todo. Cabe a cada um exercer o seu papel com responsabilidade, conscientes de sua importância.

Valores Éticos e Morais: Definição

Grande parte da sociedade jamais se preocupou em conceituar e definir valores, eles foram sendo passados de geração a geração pelas famílias, deixando a cargo dos estudiosos das ciências educacionais e filosóficas a preocupação de um entendimento mais científico e uma problematização melhor elaborada no que se refere à definição dos conceitos de valor, ética e moral.

Cada família educa seus filhos de acordo com os valores que recebe e aperfeiçoa ao longo dos anos. Pois como já sabemos a sociedade e/ou grupos sociais educam seus filhos, sejam eles crianças, jovens ou adolescentes, para que seus costumes e sua cultura sejam eternizados e passados para as futuras gerações.

Dentro da educação informal é até aceitável, o desconhecimento dos reais conceitos científicos e filosóficos de valor, moral e ética, por que mesmo sem o conhecimento e as definições filosóficas e educacionais destes princípios, quase todas as famílias conseguem educar seus filhos e lhes transmitirem, o que julgam necessário para o desenvolvimento sócio-emocional dos mesmos.

Em contrapartida faz-se necessário que por parte dos educadores, e das instituições escolares, aos quais competem à educação formal, estejam bem definidos os conceitos e definições do que realmente são os valores, o que se entende por moral e por ética assuntos já bastante falados, discutidos e pensados por educadores, psicólogos e filósofos no sentido de se buscar definições mais concretas que facilitassem o debate e o ensino destes conceitos, com novas propostas e novas formas de se educar valores, a fim de construir uma sociedade mais justa e mais harmoniosa.

Segundo Facundes (2001) a crise social em que a sociedade se encontra está diretamente ligada aos valores que estão sendo perdidos e esquecidos por aqueles a quem cabe a responsabilidade de transmiti-los e o desconhecimento daqueles que deveriam estar aprendendo seja por ensino direto ou por observação do comportamento do outro. Platão já dizia: – leva-se 50 anos para se formar um homem.

Outro fator importante a ser discutido e repensado neste processo de educação de valores, é que, para que uma pessoa possa exercer de fato aquilo que ela aprendeu é necessário possuir a autonomia para desenvolver e colocar a prova o que lhe foi ensinado. Para Lima (2005, p. 42,), uma criança que obedece aos adultos apenas quando eles a estão vendo, são heterônomos, ou seja, são aqueles que apenas obedecem às regras dos outros sem pensar no porque da regra, em por que ela é importante para o seu bem estar e do outro. Esse tipo de reprodução de valores não nos interessa, pois o indivíduo crescerá com falhas de conduta moral e só obedecerá quando estiver sendo observado e/ou vigiado.

Na verdade espera-se que as crianças, jovens e adolescentes tenham consciência da importância dos valores que lhes são ensinados. Lembrando que todos estes, serão futuros adultos ativos na sociedade e no exercício de sua cidadania, e é por isso que o importante são eles serem autônomos, diante das regras, o que não quer dizer que eles não devam obedecê-las ou que os pais, a escola e a sociedade não devam ensiná-los. A grande questão da autonomia, no exercício dessas regras, é que elas tenham sentido e razão para existir e serem obedecidas, assim sendo, assumam um caráter legítimo na consciência dos educandos para que eles possam definir quando adultos de maneira segura como irão gerenciar suas vidas, tendo a certeza de que, qualquer que sejam suas escolhas eles assumirão as conseqüências.

Para Piaget (1994) o desenvolvimento moral da criança se dá de forma conjunta ao desenvolvimento lógico dela e o seu processo de adaptação ao meio e as regras. A sua construção cognitiva associada a sua acomodação com o meio.
Diante da necessidade de desenvolvimento da autonomia e compreensão do que seja valor, e dos níveis que ele abrange no comportamento humano, o presente capítulo se propõe a elencar conceitos e definições de valor, ética e moral, afim de que se possam utilizar as apreciações encontradas em benefício da educação, buscando mecanismos para o resgate desses valores, tão importantes e tão raros hoje em dia.

Diversos são os valores, entre eles os econômicos, vitais, lógicos, éticos, estéticos, religiosos, abraçando todos os níveis da vivência humana, o que nos leva a concluir que é impossível viver sem eles. (ARANHA, 1998, p.118)

Os valores estão na base de todas as nossas ações isso já é um fato mais do que comprovado e afirmado pelos pesquisadores e pensadores do assunto.

Seguem-se abaixo alguns conceitos de valores, ética e moral para iniciar a reflexão sobre o tema proposto:

  • a) os valores representam nossas manifestações objetivas e subjetivas. Correspondem aos nossos sonhos e a nossa realidade. (BARTOLOMÉ, 2005, p. 01)
  • b) valor: sm1. V valentia; 2. qualidade que faz estimável alguém ou algo; valia; 3. importância de determinada coisa; preço valia; 4. legitimidade, validade; 5. significado rigoroso de um termo. (AURÉLIO, 2001, p. 701)
  • c) valor: 1. qualidade; 2. força, vigor; 3. valentia; 4. esforço; 5. papel representativo de dinheiro; 6. estimação validade importância; significação; 7. significado rigoroso de um termo. (LUFT, 2005, p.736)
  • d) valor: Designa em sentido muito amplo tudo aquilo que é bom, útil, positivo, ou algo que se deve realizar. Valores são também coisas como a Justiça, o Amor, o Prazer, a Solidariedade. ( FONTES, 2007)

Todos os conceitos acima citados só vem exaltar ainda mais a importância da educação de valores, quando encontram-se definições que dizem; os valores são as manifestações objetivas e/ou subjetivas de alguém; são a importância de determinadas coisas; além de assumirem ainda, o caráter valorativo que ajudam a definir gostos, sentimentos, sensações, opiniões, julgamentos, que indicarão dor ou gozo. Valores como amor, respeito, fraternidade, solidariedade em contra-senso com a vingança, o ódio, a inveja. Essa axiologia, essa teoria de valores que tanto nos ajuda, mas que se utilizados de maneira errada ou até se nem mesmo forem ensinados e incentivados o seu uso, nas escolas, nas famílias farão muita falta para o desenvolvimento social e das relações interpessoais futuras dos alunos, filhos e futuros cidadãos.

Ainda buscando-se definições dos valores éticos e morais observando-se o que se pode definir como sendo Ética e como sendo Moral, fazendo uma análise que tente distinguir os dois conceitos para um melhor entendimento, uma vez que os conceitos se parecem, mas não são idênticos. Seguem-se abaixo algumas definições que possam esclarecer estes conceitos.

  • a) ética: 1. estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana do ponto de vista do bem e do mal; 2.conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. (AURÉLIO, 2001, p. 300)
  • b) ética: conjuntos de regras e valores aos quais se submetem aos fatos e as ações humanas, para apreciá-los e distingui-los; moral. (LUFT, 2005, p. 358)
  • c) ética: reflexão sobre os fundamentos da moral. O que caracteriza a ética é a sua dimensão pessoal, isto é, o esforço do homem para fundamentar e legitimar a sua conduta.
  • d) a ética é atualmente dividida em três partes fundamentais:
    1. Ética Descritiva: descreve os fenômenos morais;
    2. Ética Normativa: procura a justificação racional da moral;
    3. Meta Ética: reflete sobre os métodos e a linguagem utilizada pela própria Ética.
  • e) entendemos por ética como sendo a reflexão sobre moral ou como a parte da filosofia que se ocupa em questionar o conjunto de normas e regras morais de uma determinada sociedade. (LIMA, 2005, p. 40).

A Ética é a dialética que fomenta a discussão e o pensamento filosófico do que é moral, do que é regra para a sociedade e põe em discussão à práxis dessas regras e desses valores. Ela não se resume apenas a um conjunto de regras; é antes de tudo a aquisição de hábitos e atitudes que se convertem em uma maneira própria de viver. É o resultado que se quer com a educação de valores, ou seja, é a autonomia alcançada pelo homem que lança mão dos valores morais que possui para eticamente se posicionar diante dos fatos. O pensamento ético é a reflexão consciente da moral, ou seja, do conjunto de regras que a pessoa possui. O indivíduo é educado e exposto às regras de boa conduta e aos juízos de valor, cultivados pelo seu grupo social, mas cabe a ele estabelecer o que lhe será útil para o seu pleno desenvolvimento.

Por isso a educação de valores é algo que necessita sempre ser repensada e discutida, por não ser uma educação estática, mas dinâmica no sentido de que a cada nova geração são agregados novos valores e destituídos alguns outros frente às necessidades da sociedade vigente e essas mudanças são conseqüência das reflexões éticas que os seres humanos realizam, amparados por uma teoria humanista que visa o bem estar do homem e o traz para o centro destas mesmas reflexões, na procura de se encontrarem os meios da sua completa realização. Para Fagundes (2001, p.18) a educação não pode ser neutra em relação aos valores, não podendo ser apenas dogmática e rigorosa em seus princípios. Ela necessita ser ética e reflexiva, de acordo com Avila (2003, pg. 65).

A ética parte da filosofia que estuda os deveres do homem para com Deus e a sociedade vem do ethos, termo grego que significa o conjunto de condutas morais pelas quais, o grupo humano, mesmo antes de qualquer prescrição codificada, busca padrões de viver e conviver que lhes garantam sua preservação e desenvolvimento de maneira a atingir o nível possível de felicidade, numa vivência sensata. Ética é a reflexão racional sobre o ethos, e se distingui da moral, que é uma ciência normativa.

Após o entendimento do que seja cientifica e filosoficamente os conceitos de Valor e Ética, fazem-se ainda necessário deliberar a respeito de Moral e Princípios.

  • a) Moral é o conjunto de regras de conduta adotadas pelos indivíduos de um grupo social e tem a finalidade de organizar as relações inter-pessoais segundo os valores do bem e do mal. (ARANHA, 1996, p. 119)
  • b) Moral: 1. conjuntos de regras de condutas de hábitos considerados válidos quer de modo absoluto, quer para grupo ou pessoa determinada; 2. conclusão moral de uma obra; 3. o conjunto das nossas faculdades morais; brio; 4. o que a de moralidade em qualquer coisa; 5. relativo a moral. (AURÉLIO, 2001, p. 471)
  • c) Moral: 1. Relativo aos princípios do bem e do mal; 2. bom virtuoso; 3. ético; 4. (Filos) Ético; 5. conclusão que se tira de um fato, de uma história, etc.; 6. conjunto das faculdades morais, ânimo, estado de espírito. (LUFT, 2005, p. 526)
  • d) Moral: Termo de origem latina que significa costume, hábitos, maneiras habituais de proceder. Entende-se em geral como o conjunto de princípios, das normas, dos juízos ou dos valores de caráter ético-normativo vigentes numa dada sociedade e aceites pelos seus membros, antes mesmo de qualquer reflexão sobre o seu significado, a sua importância e a sua necessidade.

A moral tem assim um caráter social, visto que decorre da sociedade e responde às suas necessidades. A moral é por isso marcada por normas, obrigações e interdições.

A moral é o conjunto de normas e regras que o individuo aprende como sendo algo que ele deva exercer de forma estática. São regras já previamente estabelecidas e tidas como certas. Padrão de comportamento a serem seguidos, em caráter incondicional para o bem estar, quer para um grupo ou para o bem estar de uma única pessoa.

O que torna a educação singular de valores mais fascinante é justamente as variações que encontramos. Veja que tanto a ética como a moral são conjuntos de regras. Sendo que a moral é o conjunto de regras para serem executadas e obedecidas, e o conjunto de regras mencionado nos conceitos éticos é para serem repensados, refletidos e em alguns casos até reformulados mediante as necessidades da sociedade, as diferentes formas de se observar o mundo, os fatos e tecermos opiniões a respeito dos mais diversos assuntos.

Segundo Rousseau, a consciência moral e o sentimento do dever são inatos, isto é, já nascem com o indivíduo. Não é que o homem já nasça moral, por que ele não nasce, mas o fato é que ele já vem ao mundo com a capacidade de valorizar as coisas, os seres, o que e bom e é mal. Ele nasce com a capacidade de aprender a respeito de tudo isso e essa capacidade vai se aperfeiçoando mediante aos estímulos que ele recebe. Deste modo, fica aqui mais do que claro, a importância que temos de buscar, pesquisar e definir muito bem os valores para que se possa alcançar êxito na educação destes mesmos valores éticos e morais.

Retrospectiva histórico-social da educação de valores

O homem está sempre recriando, refazendo, repensando fatos e teorias para a partir delas criar-se novas e aperfeiçoar-se outras já existentes. Ele cria a partir de uma reflexão sobre conceitos já formulados e pesquisados inicialmente por outros pensadores e teóricos que o antecederam.

Prova disso é a sistematização da educação de valores, eles sempre existiram, mas só foram reconhecidos como ciência no século XX, como afirma Aranha (1996, p. 118)

Embora o reconhecimento do universo seja tão antigo a capacidade de que o homem tem de pensar a respeito de suas ações, apenas no século XIX surge a teoria dos valores ou axiologia (do grego axios que significa valor) como disciplina filosófica especifica que aborda de maneira sistematizada essa temática.

Os teóricos concordam que as novas idéias surgem a partir de reelaborações de idéias anteriores. Portanto não poderíamos discorrer a respeito da educação de valores sem fazer um breve relato histórico da educação de modo geral, destacando-se é claro o aspecto da educação de valores.

A educação esta comprometida com valores éticos. Educar não é somente informar, transmitir conhecimentos, mas também integrar o educando em uma cultura com características particulares, como a língua, as tradições, as crenças e os estilos de vida de uma sociedade. (FAGUNDES, 2001, p. 17)

Ao realizar o levantamento histórico, do surgimento de todo o processo educacional desde as primeiras civilizações, observa-se as evoluções que cada grupo social, no âmbito da educação desenvolveu para atender as necessidades vigentes da época, descobriram-se as mais variadas formas educacionais que foram sendo aprimoradas ao longo dos séculos em consonância com as mudanças políticas, econômicas, religiosas e morais que cada civilização sofreu e o mais impressionante destas descobertas foi perceber a influência que alguns povos tinham sobre os costumes, a cultura e a forma de educação de outros, em decorrência de invasões territoriais, conflitos e domínios políticos, situações comuns a época.

O relato histórico inicialmente será realizado observando-se apenas duas das civilizações orientais antigas e seus sistemas de educação, em seguida tem-se rapidamente a educação de outras duas civilizações antigas agora sendo ocidentais, logo após discorri-se como a educação na alta e baixa idade média. Por fim traçam-se alguns aspectos importantes, ocorridos na educação brasileira dentro do seu contexto histórico.

Para falar da educação nas antigas civilizações orientais foram escolhidas duas das principais civilizações da época: a sociedade Egípcia e a sociedade Indiana.

A sociedade egípcia que era organizada da seguinte forma: Faraó, era a figura máxima equiparada aos deuses e, portanto deveria ser obedecido e reverenciado por todos, ele estava acima do bem e do mal e a ele cabia as decisões, depois vinham a família do faraó, os sacerdotes, a nobreza guerreira e palaciana com seus privilégios e responsabilidades, logo após, eles, os escribas, que possuíam posição de destaque por dominarem o conhecimento de ler, escrever e contar. Para manutenção das operações existentes no império vinham os comerciantes, artesãos e agricultores, na base da pirâmide social estavam os escravos de guerra considerados objetos sem direito nem mesmo a vida.

A educação sempre esteve inserida no contexto sócio-político desta época, os costumes, as regras e as tradições culturais eram repassados de pai para filho ou pelas pessoas mais experientes. Com a preocupação extrema de cauterizar a mente de seus jovens com suas idéias e assim perpetuarem seus princípios e suas convicções. A educação era informal e o modo de produção primitiva. A responsabilidade pelos ensinamentos morais e comportamentais pertencia à chamada “Literatura Sapiencial”, onde os valores morais e as regras comportamentais estavam inteiramente ligados às estruturas sociais. Em todas as épocas do ensino egípcio a educação se realizava na família ou na profissão.

A educação na Índia é toda baseada nas filosofias oriundas diretamente das religiões do bramanismo e o budismo que delineiam toda a base dos princípios e valores da sociedade hindu. A sociedade é dividida em castas que obedecem a seqüência do corpo de um deus hindu Brahma que obedece a seguinte ordem:

  • a) Os Bramanes (cabeça do deus) fazem parte desta classe os sacerdotes e políticos.
  • b) Os Xátrias (braços do deus) constituída de nobres e guerreiros.
  • c) Os Vaicias (pernas do deus) onde estão situados os comerciantes, artesãos e lavradores.
  • d) Os Sudras (pé do deus) desta fazem parte os servos e os escravos e bem mais abaixo estão os párias que são aqueles totalmente excluídos da sociedade por terem desobedecido às leis.

Para eles esta divisão é perfeitamente aceitável por acreditarem que cada indivíduo assume a posição determinada por seu deus, na estrutura da sociedade e não há possibilidade de ascensão social.
Ainda analisando a educação nas sociedades antigas, pode-se perceber como se dava à educação nas duas principais civilizações ocidentais.

A educação na civilização Grega era heróica, baseada nos feitos bélicos. Os nobres guerreiros tinham bastante destaque e lhes eram ensinados conceitos de honra, valor, espírito de luta, sacrifícios pela nação, o individualismo, a competição e o ideal de ser o primeiro. Estes jovens acompanhavam sempre um mestre, também nobre como pajem ou familiar, Os gregos tinham uma visão universal. Começaram por perguntar-se o que é o homem. (GADOTTI, 2003, p. 65).

Era uma educação aristocrática gerenciada em consonância com os interesses políticos das classes dominantes, ou seja, por ser uma educação informal ela atendia exclusivamente os interesses da aristocracia local.

A educação grega dividia-se em dois momentos. Inicialmente estudava-se o manejo das armas, realizavam-se aulas de esporte, jogos e outras atividades físicas que pudessem aprimorar o indivíduo fisicamente. No segundo momento eles estudavam música, dança, oratória, cortesia, boas maneiras e astúcia. Não haviam escolas e as aulas eram ministradas em palácios e castelos. A educação das mulheres era pouco difundida e específica para fins domésticos.

Os educadores atenienses preocupavam-se com a educação cívica, espiritual e política da juventude, os meninos ficavam com a família até os sete anos, depois freqüentavam ginásios com um mestre elementar Didaskalo que lhes dava toda a orientação necessária, em seguida aprendia-se gramática e retórica com um mestre chamado Grammatikos.

Grandes pensadores da época também contribuíram na educação dos jovens de Atenas, como, Sócrates, Platão e Aristóteles. A educação socratiana era voltada para a ética, moral, virtude, verdade e conhecimento comunicável.

[…] Platão, fazendo apologia de Sócrates disse que este recomendava aos amigos para ter bastante preocupação com a educação pela virtude e menos com a riqueza […].

Educação platônica possuía uma pedagogia idealista e se preocupava com o futuro da Grécia antiga e defendia um ensino a serviço do estado e um estado a serviço do ensino.

Já a educação aristotélica acreditava que a finalidade da educação era o bem moral, a felicidade e a realização humana em sua plenitude.

Já a educação no início da história de Roma se dava pela valorização do ser humano a ação, à vontade e o esforço sobre a reflexão no âmbito político. Visavam a excelência da administração para manter as conquistas territoriais. Socialmente valorizavam a família e ainda mais o estado, culturalmente visavam à criação de leis e normas. No campo educacional o objetivo era de educar os jovens para hábitos e exercícios de guerra e toda a educação estava direcionada à prática, sem grandes reflexões a respeito do que lhes era ensinado, os romanos eram muito pragmáticos, ao contrário dos gregos que refletiam sempre sobre suas ações. Os pais tinham autoridade suprema na educação dos filhos preocupando-se sempre em repassar na essência os valores do estado.

A educação na baixa idade média era influenciada pela a ascensão do cristianismo. No final do império romano a educação passou a ser responsabilidade dos religiosos, realizada em mosteiros com o objetivo maior de catequizar os povos dominados pelo império de Roma e também os bárbaros. O ensino era primitivo, voltado para educação cristã e cultural.
Segundo Piletti (2001) a igreja cristã tinha como objetivo realizar uma reforma moral no mundo iniciando com a educação de seus próprios membros.

Ainda na alta idade média continuava a preocupação em preparar os jovens para guerra e em educá-los com os códigos de honra e condutas morais nutridas e mantidas pela sociedade romana da época. O que marcará o desenvolvimento educacional desta época é a criação de uma universidade, que eram grupos de estudos com pessoas de culturas mais elevadas que se reuniam para estudar e debater vários assuntos, em caráter científico e filosófico. A primeira universidade de que se tem noticia é A Escola de Medicina de Salermo. Já no final do século XIV e inicio do século XV, foram criadas as primeiras escolas consideradas burguesas. Pois inicialmente a educação visava atender apenas as classes burguesas e palacianas.
A educação brasileira em sua era colonial possuía um ensino de ordem religiosa administrada pelos jesuítas, então denominada Companhia de Jesus, que se preocupavam em fazer o trabalho de catequese nas novas terras, descobertas pela expansão marítima européia imbuída de manterem a dominação das colônias, através da educação dos colonos, ensinando a eles a religião, os costumes e a cultura da coroa portuguesa, prova disto, são as vestimentas européias que encontramos na sociedade brasileira tempos depois, totalmente impróprias às situações climáticas da região tropical do país. Outro fator é a religião católica que passa a ser a religião oficial do Brasil. O plano de estudo que vigorava no ensino colonial era o Ratio Studiorum, que permaneceu por vários séculos.

Com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro houve a quebra do estatuto colonial e a necessidade de se melhorar a educação para atender a demanda das políticas mercantilista provenientes da abertura dos portos brasileiros, pois eram necessários trabalhadores, que tivessem algumas noções de leitura e escrita para trabalharem nos portos. O ensino da elite durou todo o período do império português. Com a fundação do Colégio D. Pedro II tentou-se dar início ao ensino seriado que deveria ser seguido pelos demais.

Com o advento de nossa primeira constituição, a instrução primária passou a ser gratuita despertando-se assim para a necessidade de serem criadas no país, mais escolas e universidades; a única exigência era que religião católica fosse ensinada e todas as escolas seriam supervisionadas pelo estado. As escolas normais para formação de professores têm inicio no período Regencial.

Na República Velha, o poder se centraliza nas mãos dos senhores latifundiários, detentores das fazendas produtoras de leite e café. Tudo era administrado por eles e o poder legítimo era o coronelismo, o voto era de cabresto e os partidos políticos não possuíam ideologias próprias.

Em decorrência do surgimento da República a educação sofre algumas modificações, na pessoa de Benjamim Constant surge a primeira, que é a quebra do sistema de ensino com o humanismo tradicional e insere princípios positivistas na educação brasileira, acrescenta ciências, noções de sociologia, direito, moral e economia política no ensino secundário.

Em 1930, tem início a formação do estado moderno e o sistema político da velha república é substituído pela era Vargas em detrimento das necessidades urgentes de urbanização da República com o advento da revolução industrial que ocorria na Europa e que necessitava de mercados para estabelecer o comércio e o escoamento de sua produção além de incentivar o surgimento de novas indústrias, agora mais mecanizadas e mais modernas no Brasil. Na área da educação as mudanças eram totalmente realizadas, conforme as necessidades da sociedade vigente e das transformações pelas quais estava passando. O analfabetismo precisava ser erradicado para que os trabalhadores urbanos pudessem exercer as mínimas funções possíveis.

Mas essas mudanças não visavam o desenvolvimento do país era apenas para obtenção da mão de obra menos favorecida em um país em processo de industrialização e não de desenvolvimento sócio-econômico, pois a educação era dual uma formava as elites para as universidades a outra formava trabalhadores para serviços braçais.

No ano de 1932 temos o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nacional, com ideais da Escola Nova e em 1948 foi enviado ao Congresso um projeto de lei que levou 13 anos para ser aprovado surgindo assim, nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional a Lei 4024/61, após alguns anos domínio do governo passou a ser dos militares e a Lei 4024/61 não atendia mais a interesses do novo governo que possuía ideais tecnicistas. Diante desta necessidade o governo estrutura a Lei 5692/71 para que houvesse mudanças no 1° e 2°grau o que acabou dando errado por que as escolas particulares continuaram preparando seus alunos para as universidades.

A Constituição de 1988 nos artigos 205 e 214 estabelece rumos para a educação aumentado em 18% os percentuais que deveriam ser gastos pela União com a educação, e em 1996 foi aprovada a Lei 9394/96 como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, alcançando todos os níveis de ensino.

Diante de todos estes relatos históricos que foram elencados aqui, faz-se ainda mais expressivo, a necessidade da educação de valores para a formação moral do indivíduo e para a construção de uma sociedade mais critica que passa contar com cidadão dispostos a atuarem nela e terem a capacidade de modificá-la. Vimos que ao longo dos séculos em todo o mundo os sistemas educacionais, foram de maneira formal ou informal, sempre estavam buscando os interesses das classes dominantes e da alienação dos que supostamente deveriam apenas obedecer ao que lhes eram imposto. A educação era utilizada para que os valores dos povos fossem repassados para os filhos das nações, que seriam os futuros guerreiros defensores de suas famílias, defensores de suas cidades e de seu país e principalmente defensores dos costumes e da cultura deles. […] os valores são em parte herdados da cultura e nossa compreensão da realidade se funda no solo dos valores da comunidade a que pertencemos. (ARANHA, 1998 p.117)

Quando se tem uma sociedade que educada com valores de amor à pátria, solidariedade, espírito de equipe, nacionalismo e capacidade crítico-reflexivo, pode-se não apenas receber as imposições que se costuma ter do poder invisível do estado e suas ideologias, mas ao contrário disso lutar pela vontade consciente e fazê-la valer. Para Schillig, (2003, p. 25) a consciência exerce influência direta nos comportamentos morais, embora não possa ter estabelecido nenhum tipo de dependência direta entre ambos. A esse sentimento chama-se de justiça, de reflexão ética das condutas morais estabelecidas de capacidade para perceber o mundo e refletir a respeito das nossas ações e de como o cidadão é influenciado e educado direta ou indiretamente para determinados valores que muitas vezes perpetuam interesses alheios a nossa vontade.

Educação de valores na escola

Ao estudar a história da educação em um contexto maior, tanto no Brasil quanto em outras localidades, grupos sociais e outras civilizações ao redor do mundo. Percebe-se que a educação iniciou-se de maneira informal, pessoas mais experientes, estudiosos e intelectuais, os pais e alguns séculos depois a igreja e os sacerdotes assumiam o papel do ensino, eram responsáveis pela educação das crianças, adolescentes e jovens.

A educação dava-se por reprodução e assimilação por parte dos educandos. Aprendiam seus costumes, crenças, valores, conhecimento da escrita, leitura, matemática e religião, que lhes eram transmitidos até então em suas próprias casas, em palácios, castelos e mosteiros.

Com o surgimento das instituições de ensino, as escolas passaram a assumir a total responsabilidade no sentido de educar e formar cidadãos para a sociedade. […] a escola precisa assumir seu papel social e individual na formação de seus alunos e de seus docentes: é uma ação social. (BARTOLOMÉ, 2005, p. 01)

A escola passou a ser escolhida pelas famílias como o órgão máximo para que seus filhos pudessem adquirir os conhecimentos científicos e filosóficos, com o objetivo maior de despertarem para uma profissão e se tornarem pessoas sucedidas.
No início o que se esperava da escola era a transmissão de conhecimentos e o repasse de valores e ideologias do estado e da sociedade atual. Deveriam educar seus alunos para terem acesso às tecnologias e ao desenvolvimento urgente e acelerado do mundo globalizado. Como para Pilleti (2001, p. 10).onde a educação existe na escola e fora dela.

Aas duas formas de educação coexistem na escola e fora dela. E para que a própria educação escolar se torne mais eficaz, é necessário que professores e alunos tomem consciência do grande alcance dos processos informais da educação, que são permanentes na escola, e que os levem em consideração ao desenvolverem suas atividades, buscando a coerência entre o dizer e o fazer, entre o pensar e o agir, entre o sentir e falar. Mas afinal o que é a escola e para que ela serve? O que devemos ensinar nela? Que papel ela desempenha na sociedade e na vida de seus alunos?

A escola é como um espaço de construção e reflexão de experiências importantes para a vida social do homem que contribuirão para o desenvolvimento de um indivíduo, nos aspectos afetivos, sociais, filosóficos e científicos visando à preparação do mesmo para a construção de sua cidadania.

Augusto Cury (2003, p.155) já acredita que a escola deve educar seus filhos para a vida, extraindo da fraqueza a força, do desespero a esperança, das lágrimas o sorriso e dos fracassos a sabedoria.

A escola dos meus sonhos une a serenidade de um executivo a alegria de um palhaço, a força da lógica a singeleza do amor. Na escola dos meus sonhos cada criança é uma jóia única no teatro da existência, mais importante que todo o dinheiro do mundo.

A escola é uma instituição especialista em criar elos entre as gerações, os conhecimentos passados por ela, são originários de estudos anteriores, ou seja, as gerações produzem conhecimento que vão sendo repassados e aprimorados de geração em geração, tendo como meio de comunicação científica entre estas gerações as instituições de ensino assim como as escolas e as universidades. É um local aonde as crianças chegam com o objetivo de aprimorarem os seus conhecimentos e terem acesso a outros, como ler, escrever, fazer contas e experimentar as ciências físicas, químicas, biológicas e filosóficas, ajudando os alunos a despertarem em si mesmos, um interesse pela busca de novos conhecimentos, incentivando-os a continuarem a busca por novas ciências e novas descobertas, mesmo após terem cumprido os níveis de ensino básico almejando alcançarem as universidades e as especializações nas áreas em que eles obtiverem o desenvolvimento de suas aptidões e as que mais lhe chamarem atenção. Segundo Aurélio (2001, p. 281) a escola é um estabelecimento que pode ser público ou privado, local originalmente pensado para a ministração de um ensino coletivo.

Mas para que isso aconteça a escola deve preocupar-se em transmitir o conhecimento de forma atraente, objetivando a conquista do interesse pleno de seus alunos pelos conteúdos ministrados. É necessário humanizar aquilo que se ensina nas escolas, ou seja, dar vida ao conhecimento transmitido. Fazer com que os alunos estabeleçam a relação daquilo que aprendem com aquilo que necessitam para viver melhor e contribuir para com o desenvolvimento da sociedade.

A educação clássica comete outro grande erro. Ela se esforça para transmitir o conhecimento em sala de aula, mas raramente comenta sobre a vida do produtor do conhecimento. As informações sobre química, física, matemática, línguas deveriam ter um rosto, uma identidade. (CURY, 2003, p.135)

Para que a escola consiga humanizar os conteúdos que se propõe a ensinar, é necessário dar vida ao conhecimento, fazê-lo assumir um caráter prático e importante para o desenvolvimento do aluno e é este aluno que precisa perceber que o que ele aprende na escola lhe trará bons frutos.

A educação escolar não pode se restringir apenas a transmitir conhecimentos visando o aluno como mero receptor, mas deve se propor a exercer um ensino que busque a formação geral do homem, educando-o para a ciência e para a vida. Fazendo através da educação escolar e das relações interpessoais que ocorrem no seio das instituições, um perfeito laboratório para o ensino de valores como direitos e deveres, cidadania, ética, ética na política e na vida publica, autonomia, capacidade de convivência, diálogo, dignidade da pessoa humana, igualdade de direitos, justiça, participação social, respeito mutuo, solidariedade, tolerância, entre outros.

O aluno é antes de tudo, um projeto de vida, nunca um mero receptor. E a escola precisa lhe oferecer uma metodologia educativa eficaz, que atenda cuidadosamente a atividade pessoal do aluno, deixando que ele estabeleça relações e deduza novos conhecimentos. (IZQUIERDO, 2001, p. 260)

Diante da necessidade tão urgente na recuperação desses valores citados no parágrafo anterior, a escola representa um papel determinante. Pois nela os alunos interagem uns com os outros, colocando a prova cada um, a educação que primeiramente receberam em casa e os juízos de valor que eles já possuem quando chegam à escola e ainda entram em contato com outros tantos valores que lhes serão ensinados no decorrer do ano e de sua vida escolar. Na convivência com outros indivíduos, na mesma faixa etária de idade, há uma troca de experiência e até mesmo alguns conflitos como: a necessidade da atenção dos professores, a disputa para saberem quem é o mais inteligente, as brigas por um brinquedo, mordidas na fase oral das crianças na educação infantil, a corrida pelo colo da tia, uma cola na hora da prova, brigas em sala ou no recreio, o primeiro beijo, a primeira decepção amorosa, a discriminação, o preconceito entre os alunos, dentre outras, várias relações que acontecem na escola. E passa-se a ter a certeza de que eles aprenderam e abstraíram o valor, quando se observa a mudança em seu comportamento.

Não se transmitem valores nem se formam juízos de valor com situações abstratas, esses comportamentos são ensinados e abstraídos diante de vivências e práticas que nos levem a ter experiências e crescimento com elas. A escola tem hoje o ideal de ensino-aprendizagem como troca de saberes, ninguém é detentor absoluto do conhecimento, as relações ensinam e ajudam a desenvolver a identidade, a pessoa que se quer ser, o equilíbrio emocional que se quer ter e a maneira como se comportarão na fase adulta. É um trabalho semelhante aos das formigas que labutam no verão e desfrutam no inverno daquilo que conseguiram armazenar, a única diferença é que na educação não espera-se o inverno chegar para desfrutar daquilo que se conquistou, pois as mudanças e os frutos da maturidade e do crescimento são, usufruídos a cada dia, a cada escolha, a cada nova experiência.

A educação não é, pois, um lugar de preparação para vida futura, mas é, em si mesma um lugar de vida que será preciso projetar a fim de que se manifestem as experiências que os alunos já têm e se possibilitem outras novas. (BELTRÁN, 2003, p. 54).

Todos estes fatores apontam ainda mais para a responsabilidade da escola na formação moral do indivíduo, pois ela faz parte de uma sociedade, que se encontra ligada aos conflitos e necessidades da mesma e por tanto deve ter como uma de suas metas, a criação de artifícios e metodologias que fomentem discussões e debates visando resultados de melhorias para a comunidade. Questões como violência, discriminação, meio ambiente, diferenças sociais. Nesse momento é que fica mais evidente a importância da educação de valores que deve ser desenvolvida na escola. […] Uma educação racional que preserve no homem a faculdade de querer, de pensar, de idealizar, de esperar. (GUSSINYER, 2003, p. 39)

E se a escola deixa de cumprir seu papel de educadora em valores, os alunos estarão limitados apenas ao convívio familiar, com pessoas que estabelecem seus próprios valores e conceitos morais e permanecem ali fechados sem muito interesse em interagir com o outro e aprender com ele, à medida que estar em uma escola e ser educado por ela pode ser uma experiência rica, em se tratando de vivencias pessoais, mas pode estar também carregada de desvio de postura, atitude de comportamentos ou condutas. E mais: quando os valores não são bem formais ou sistematicamente ensinados, podem ser encarados pelos educandos, principalmente por aqueles que não os vivenciam como simples conceitos ideais ou abstratos sejam por simulações de práticas sociais ou vivenciadas no cotidiano. Existem “filhos” de famílias totalmente desestruturadas, destruídas por inúmeros fatores, que necessitam de referenciais, pois o jovem enfrenta hoje uma falta de referência. O mundo está direcionado a uma educação que precisa ser conseqüente, precisa constituir um cidadão que realmente contribua com liberdade e ação, autonomia de decisão, de forma crítica e consciente na sociedade em que vivemos. Para que ele assuma essa postura ele precisa ser ensinado ao exercício dela.

O ensino científico e racional dissolvera a massa popular para fazer de cada mulher e de cada homem um ser consciente, responsável e ativo, que determinara sua vontade por seu juízo, assessorado por seu próprio conhecimento. (GUSSINYER, 2003, p. 39)

Sendo a escola um lugar próprio para a aquisição e a produção de conhecimentos sistematizados, fica clara a responsabilidade em adotar uma postura cultural que garanta o acesso ao conhecimento, sem adotar uma postura partidária com valores culturais fechados e sem perspectivas de mudança. Tendo o dever de valorizar a produção do conhecimento e da cultura cotidiana que agem diretamente na formação do indivíduo que é o aluno, que a escola deseja educar.

A educação de valores na escola visa principalmente que os educando assimilem os princípios que estejam implícita ou explicitamente presentes no conteúdo escolar, nas metodologias e na postura das pessoas que compõe a escola, como: professores, supervisores e diretores, orientadores, psicólogos e demais funcionários. E por termos a total convicção da importância da educação de valores por parte da escola, é que não poderíamos finalizar aqui o nosso capítulo, sem falarmos especificamente de algumas peças que julgamos importantes contribuintes deste processo de ensino-aprendizagem dos valores e das propostas que cada nível da educação básica apresenta para o alcance deste fim.

O papel do professor

Dentre as várias figuras que integram a escola, o professor é uma das mais importantes, são eles que estão mais perto dos alunos e que convivem mais diretamente com eles, o que lhes permite, com um pouco de sensibilidade, conhecê-los e percebê-los melhor. A profissão de professor tem uma implicação afetiva muito importante, já que ele se relaciona com os alunos, as famílias e os colegas de trabalho. Cabe a eles ter em mente a grandiosidade do valor que sua profissão exerce na vida de um aluno. Por isso a prática educativa deve ser farta de decência, compromisso e pureza.

Se o professor resgatar o seu valor e perceber que ele não faz parte de uma profissão em extinção e sim de que é protagonista de uma ação educativa, na qual sua mediação é fundamental, ele (a) retorna sua posição no estado atual das coisas e possibilitará que o mesmo se modifique. (BARBOSA. 2002, p. 63)

É a este profissional da educação que compete à responsabilidade de trabalhar junto ao aluno para que ele adquira autonomia e desenvolva sua maturidade sadiamente, enquanto cresce. O professor comprometido com a educação no âmbito geral vê o aluno como um todo e o ajuda a resolver conflitos normais da idade pelos quais todas as gerações passam nas fases de desenvolvimento da infância, adolescência e juventude. Nesses momentos firmam-se laços afetivos que ficaram marcados e impressos no emocional do aluno deixando claro para ele que pode contar com a escola em que estuda e com o professor com quem convive. É neste momento também que o professor tem a oportunidade de fazer o aluno refletir sobre suas decisões seus comportamentos e suas atitudes.

[…] Não se pode pretender que a aprendizagem de valores se dê meramente pela transmissão de conceitos que podem não ser significativos entre as diversas culturas existentes, mais, sim, na possibilidade de reflexão crítica das inúmeras situações cotidianas que se apresentam… (PUIG, 1998, p.15).

É através de seus professores que a escola imprime valores no espírito dos seus alunos, as recomendações do que julga correto, justo e ideal para a prática de valores e para a construção moral do indivíduo, ajudando-os a clarificarem, assumirem e colocarem em prática os valores dos quais eles já tiveram um primeiro contato no seio familiar, cabendo aos professores o reforço deste valores e o acréscimo de novos outros.

Por isso o papel dos professores é tão importante, pois cabe a eles no processo de educação de valores, imprimirem marcas morais que acompanharam o aluno do momento em que foi ensinado até sua fase adulta e assim por diante. No exercício de sua profissão este é um dos conteúdos mais marcantes que ele transmitirá aos seus alunos, para tanto é fundamental que o professor tenha a preocupação de transmitir estes conceitos com verdade, acreditando naquilo que ensina.

Por isso é necessário que a educação de valores esteja intrínseca na fala destes professores, tendo a sensibilidade de observarem as situações informais para perceberem melhor os alunos e compreenderem que ensinar não é apenas transmitir os conhecimentos, mas é também gerar possibilidades que oportunizem a criação de novos saberes por parte dos alunos, vê-los como seres inacabados (onde há vida, há inacabamento), incentivando-os com sua postura autêntica a lidarem com a verdade e a transparência, buscando a discussão, o debate, a reflexão do valor que deseja transmitir.

Em decorrência da importância que tem a figura do professor para seu aluno seja em qualquer um dos segmentos de ensino, a prática exigida do professor muitas vezes é muito rígida. Ele assume o papel de formador de opinião, torna-se o referencial, a imagem que a criança, o adolescente ou o jovem projetam dele, é como um alicerce para construção de sua postura ética, a escolha da profissão, o amor pela escola, afinidade com uma disciplina ou até mesmo a quebra de uma barreira a uma determinada disciplina, como por exemplo, a matemática. Bons professores educam para uma profissão, professores fascinantes educam para a vida (CURY 2003, p 35). Os professores devem conhecer o funcionamento da mente para ajudarem seus alunos a gerenciarem suas emoções e trabalharem suas perdas e frustrações.

[…] é a partir do conhecimento da realidade humana que podemos entender o problema de valores. E com educação se destina (se não de fato, pelo menos de direito) à formação do homem percebe-se já a condição básica para alguém ser educador: ser profundo conhecedor do homem. (SAVIANE, 1996, p.35 ? 36)

É certo que o professor deve também preocupar-se com a formação técnica e cientifica do aluno, saberes que os auxiliarão na escolha da profissão por afinidade com as ciências técnicas, sociais e humanas que ele descobrirá ao decorrer de sua carreira escolar. Em decorrência disto o professor deve ter ciência do projeto pedagógico da escola e ter organizado o seu plano de ensino com atividades lúdicas, reflexivas e conceituais sobre temas transversais, para que ele possa realizar um trabalho educativo que contribua na construção da cidadania e na busca dos objetivos que se propõe. É importante se ter o conhecimento técnico e a habilidade prática para que se logre êxito no trabalho docente.

Quando me proponho a ensinar, reaprendo e me reciclo e quem aprende constrói conhecimento. Cabe a nós professores desfazermos a idéia vigente de que os sonhos se acabaram e que hoje devemos ser extremamente pragmáticos e técnicos para estarmos no mercado de trabalho quando nos formarmos, mas sem uma formação ética muito bem consolidada não iremos longe, tanto o professor quanto o aluno devem ter humanidade, curiosidade, coragem, capacidade de decisão. O objetivo fundamental do professor é ensinar os alunos a serem pensadores e construtores do conhecimento e não apenas repetidores de informações.

[…] Porque se o (a) professor (a) não tiver voz, não tiver desejo de aprender, desejo de se revisitar, não tiver coragem de ousar, essa transformação não acontecerá, pois é ela (a) a figura capaz de colocar o discurso em prática. (BARBOSA, 2002, p. 63)

A arte de educar é dificílima e ao mesmo tempo fascinante. Um processo de ensino aprendizagem dicotômico, pois o mesmo professor que impõe limites é o mesmo que acolhe nos momentos difíceis, que exige o cumprimento das regras, dos horários, prazos para entrega de trabalhos, tanto no ensino fundamental quanto no médio, definhe muito bem o que pode e o que não pode na educação infantil preparando o aluno para os nãos que enfrentará na vida. O professor deve ter coragem e compromisso para desempenhar a profissão que escolheu. Para (FREIRE, 1996, p.16) o preparo científico do professor ou da professora deve coincidir com sua retidão ética.

Ele se tornará inesquecível quando seus alunos fizerem à diferença, quando ele começar a colher os frutos de um trabalho bem feito, de educação bem fundamentada em conceitos científicos e morais que não foram apenas repassados de maneira não objetiva, mas sim em uma prática docente responsável e que teve a preocupação de experimentar aquilo que se propôs a ensinar. Cabe ao professor não simplesmente o adestramento dos indivíduos, mais sim a formação da vida social mais justa. Os alunos de hoje são os homens e mulheres que irão compor a sociedade de amanhã, serão médicos que terão vidas em suas mãos, advogados que trabalharão a justiça, políticos que administrarão o dinheiro público e como acreditar em uma futura sociedade melhorada se educarmos nossos alunos com total descompromisso hoje? Independente do aluno que o professor tenha em sala de aula é seu dever lutar para que ele se torne uma pessoa cada vez melhor. Por trás dos piores alunos há um mundo a ser descoberto e explorado.

[…] O bom profissional da educação é aquele que usando sua competência (autoridade) legal, se orienta não só pelos preceitos vigentes, mais também pelos princípios morais e éticos para poder escolher bem suas decisões, seu comportamento e seus próprios caminhos. (SANTOS, 2004, p. 38)

O professor lida com a formação de seres humanos, recebe crianças ainda bebês na idade 3 a 6 anos na Educação Infantil, pré-adolescentes e adolescentes nos dois ciclos do Ensino Fundamental em plena transição de valores e opiniões buscando a formação de sua personalidade e ainda tendo que enfrentar o Ensino Médio, a revisão de todos os conteúdos e ainda tem que definir que profissão irão seguir. Em todo esse contexto encontra-se o professor que irá mediar diretamente esse processo, sua figura é extremamente importante para que o fim que se tenha seja o sucesso na formação do nosso aluno, como cidadão livre e consciente de seus direitos e deveres.

Demais Profissionais da Educação (Orientação Educacional, Psicologia Escolar e Supervisão Escolar)

Além dos professores existem outros profissionais da educação que também possuem a preocupação e a responsabilidade de educar os nossos alunos para a assimilação, prática e aplicabilidade dos valores ensinados na escola e tão necessários à sociedade.

É claro que no contexto da escola existem vários profissionais que contribuem direta e indiretamente para a educação de valores, pois agora faz-se necessário salientar apenas estes três: o Psicólogo Escolar, o Orientador Educacional e o Supervisor Educacional, mas profundamente, tentando esclarecer seus papéis dentro da escola, as relações existentes entre eles, sua importância e quais objetivos eles desejam alcançar no exercício de suas funções.

A Psicologia Escolar preocupa-se em saber como a escola e o meio que ela proporciona para seus alunos os afetam e interferem na formação deles. O psicólogo escolar trabalha com todo o corpo discente, atende aos professores, pais e a comunidade escolar na qual está inserido, desenvolvendo um serviço de assessoramento na identificação de dificuldades que possam estar interferindo no processo de ensino aprendizagem, nas relações interpessoais que ocorrem dentro de uma escola e no bom desempenho das funções da escola. Dentre tantas atividades exercidas por este profissional, identifica-se também uma das quais se considera a mais delicada, que exige mais esforço e que é fundamental no processo de educação de valores desejado pela escola, o inter-relacionamento com o corpo discente e a relação pedagógica existente que objetiva trabalhar junto aos alunos, comportamentos, capacidades, idéias e valores. Trabalhando questões como: a agressividade, negativismo, imaturidade emocional, instabilidade de suas reações diante das situações que enfrenta tanto de forma verbal quanto física, exibicionismos, timidez excessiva, inibição, mentira, roubos que geralmente ocorrem dentro das escolas, carência afetiva, necessidade de vingança, ciúmes, além de mediar à relação entre a família e a escola.

A atuação do Psicólogo Escolar na Instituição se vincula ao atendimento às necessidades e especificidades da escola, contribuindo com seus conhecimentos às diversas instâncias de deliberação que viabilizam o processo pedagógico. (COSTA, 2003, p. 18)

Além do psicólogo escolar outro profissional muito importante é o Orientador Educacional que desenvolve um trabalho de aconselhamento e orientação educacional junto aos alunos, pais e professores. Por terem objetivos muito semelhantes estes profissionais acabam trabalhando de maneira conjunta dentro da escola.
Inicialmente o Orientador Educacional surge na escola como alguém responsável pela orientação profissional do aluno que estivesse em idade de terminar o ensino básico e ser inserido ao mercado de trabalho. Após o inicio de suas atividades, o desenvolvimento das práticas pedagógicas e com as várias mudanças na sociedade, percebeu-se a necessidade de ampliação no exercício das atribuições do Orientador Educacional. Para Sanches (1999, p. 06) A ação do Orientador Educacional deve ser considerada em sua totalidade, percebendo-se vários aspectos, inclusive, aqueles que se referem à sua ação como profissional de ajuda.

[…] A trajetória histórica desta Orientação, no nosso país que teve início num enfoque mais psicológico, que ressaltava o ajustamento do aluno à escola, à família e à sociedade para se firmar, hoje, numa dimensão mais pedagógica com ênfase num conhecimento que promova / possibilite a transformação do sujeito, da escola e da própria sociedade. (GRINSPUN, 2003, p. 69)

Ao Orientador compete à responsabilidade de estabelecer vínculos com os alunos e conquistarem a confiança deles com o objetivo de por estar mais perto conseguirem observar melhor os seus alunos oportunizando também a eles de poderem falar mais a respeito de se mesmo, dos conflitos e problemas que enfrentam. Assim suscitarem diálogos que podem ser muito úteis para a formação deste aluno nos sentidos sócio-emocionais, refletindo positivamente em sua formação moral.

Devemos trabalhar, com o aluno, na possibilidade de sua totalidade, desenvolvendo o sentido da singularidade, da autonomia, da dimensão da solidariedade, no verdadeiro significado humano. (GRINSPUN, 2003, p. 73)

Por fim traz-se o papel do Supervisor Educacional que tenha como base em sua ação supervisora as diretrizes e bases na orientação dos administradores escolares, uma visão global da escola, auxílio no planejamento, coordenação e execução do Plano Educacional e do Plano Curricular cabendo a ele ainda dominar as especificidades do trabalho educativo. Mas acreditamos que um profissional que tenha todas essas atribuições e que seja responsável pela elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola, não possa estar alheio às finalidades almejadas pela instituição que representa alheio também as necessidades locais da comunidade e muito menos trabalhar de maneira isolada.

O Supervisor Educacional tem de ter um papel político, pedagógico e de liderança no espaço escolar, deve ter humildade para saber trabalhar em grupo, e saber ouvir os demais profissionais da educação que compõe a sua equipe e tendo argumentação teórica que garanta o êxito de suas propostas de mudanças e melhorias dentro da escola.

Como podemos observar estes profissionais possuem responsabilidades dentro das escolas que determinam o que a escola deseja ser e o cidadão que ela deseja formar, daí a importância de trazermos à tona a discussão dos papeis desempenhados por eles, que estarão assim como os professores próximos dos alunos o que os torna peças chaves para a educação de valores tão necessária em os nossos dias. Se o Psicólogo Educacional conseguir chegar junto ao professor e fazê-lo repensar o seu papel dentro da sala de aula e a maneira como cuida de seus alunos, principalmente os mais indisciplinados.

Se o Orientador Educacional conseguir aproximar-se mais dos alunos, ouvir a eles e a sua família, conhecer através da fala deles e não somente de observações distantes suas angustias e seus medos. Se o Supervisor Educacional se comprometer a tomar conhecimento em um trabalho conjunto com os demais profissionais da educação para a elaboração de um Plano Político Pedagógico mais próximo da realidade da Instituição de Ensino da qual faz parte, conseguiremos entender melhor o nosso aluno, a sociedade que o cerca e assim poderemos contribuir mais e muito melhor para a construção da sociedade que queremos como educadores e formadores de opinião que somos.

Uma grande escola exigirá docentes competentes, abertos para o mundo e para o saber, sempre de novo redefinidos. Docentes e estudantes conscientemente comprometidos. Uma grande escola exigirá espaços físicos, culturais, sociais e artísticos, equipados que abriguem toda a sabedoria acumulada da humanidade e toda a esperança de futuro ? que não seja continuidade do presente, porque este está em ritmo de barbárie ? mas seja sua ultrapassagem. Uma grande escola exigirá tempo. Tempo de encontro, de encanto, de canto, de poesia, de arte, de cultura, de lazer, de discussão, de gratuidade, de ética e de estética, de bem-estar e de bem-querer e de beleza. Porque escola grande se faz com grandes cabeças (é certo!), mas também com grandes corações, com muitos braços, que se estendem em abraços que animam caminhadas para grandes horizontes. (REDIN, 1999. p. 07)

Para que se tenha uma grande escola e se alcance o sucesso dela é fundamental que se tenha uma preocupação maior no momento da formação da equipe de profissionais que estará atendendo as necessidades dos alunos, lidando com os professores, atendendo aos pais e a comunidade em geral.

Quem faz parte da equipe gestora de uma escola, tem o contato inicial com as famílias que procuram as escolas, são os profissionais que estarão à frente. Mais próximos, inicialmente das famílias, entrevistando aos pais, os alunos, contratando os professores e os demais funcionários e a equipe geral da escola que irá se formar a partir destas escolhas e influenciará diretamente no perfil que a escola assumirá. Daí a importância dos papeis desempenhados pelo Supervisor, o Psicólogo e o Orientador Educacional, estes profissionais tem uma visão maior da escola se comparada a do professor que possui um olhar mais limitado à sala de aula. Por terem este olhar mais apurado torna-se mais fácil observar, se os princípios educacionais inicialmente propostos pela escola estão sendo desempenhados e se a atmosfera da escola como um todo está favorecendo o ensino e o debate dos valores que contribuem diretamente para formação moral do homem.

E para que todas estas observações aconteçam, faz-se necessário que estes profissionais aqui citados andem em aliança e comunguem dos mesmos propósitos, ou seja, tenham o objetivo de formar o indivíduo como um todo, como um ser biopsicossocial que absorva e execute com segurança os valores que aprendeu, por ter tido a oportunidade de desfrutar de um ensino de qualidade supervisionado por profissionais comprometidos com o bem estar de toda a comunidade escolar e com a manutenção dos princípios educacionais da instituição que representa, sem esquecer dos valores da sociedade da qual faz parte e dos alunos que pretende formar com o objetivo de que eles contribuam para com a sociedade dando seqüência ao seu desenvolvimento.

O papel da família para educação de valores

Ao falarmos de família encontra-se quase que impossibilitados de definir-se um conceito fechado a respeito do que seja família devido a vários fatores como: variações ambientais, mudanças na sociedade, na econômica, na cultura, na política e na religião, fatores que ao longo dos anos sempre influenciaram diretamente as distintas composições familiares. Famílias que surgiram de casamentos arranjados, outras que se desfizeram por que seus membros eram escravos e foram vendidos separadamente, famílias que possuíam rixas religiosas e políticas, dentre outros vários fatores sociais que sempre intervinham no seio familiar.

Por todos esses fatores e por observar-se claramente a influência de fatores políticos, econômicos, sociais e religiosos, torna-se um tanto quanto difícil tecermos uma definição acabada em si mesmo do que venha a ser família. Propõe-se então apenas a descrever-se e discorrer, fundamentados em alguns teóricos a respeito do que seja família, da função que ela exerce na sociedade, como se encontram as famílias hoje, e como ela tem contribuído para a formação moral do individuo ao longo dos anos e nos dias atuais.

A família é a melhor escola da vida, porque transmite, na intimidade do lar, por contagio, por osmose, ensinamentos, virtudes e valores. Quando falta no lar amor, espírito de compreensão e de convivência, essa carência manifesta-se também na sociedade: certamente faltará solidariedade e desejo de servir aos demais […]. (IZQUIERDO, 2001, p. 253)

A família é a célula mater da sociedade, sua origem é tão antiga quanto o surgimento da humanidade e ao longo de todos esses anos ela sempre obteve sobre seus ombros a responsabilidade de educar seus filhos com o propósito maior de serem aceitos pela sociedade, se destacarem nela e atenderem suas necessidades e ideologias. A família é o primeiro contato social que o individuo possui, é nela que ele aprende a falar, comer, vestir-se, sentir-se protegido, amado, respeitado. A família é a unidade básica da interação social, onde a criança começa a aprender a respeito dos limites, a estabelecer relações de amor e construir laços afetivos que ajudarão consideravelmente em uma estruturação sólida de sua área emocional.

A estrutura familiar varia conforme a época histórica, fatores sociais, políticos e econômicos como já dissemos no parágrafo anterior e cada família organiza-se de acordo com os princípios morais e psicológicos referentes ao contexto que ela vivencia naquele momento. O mais interessante é que algumas famílias desaparecem quase que totalmente com o passar dos anos dando lugar ao surgimento de outras novas que criarão seus próprios juízos de valor e regras morais, respaldados pela autonomia de gerenciar com segurança os valores acumulados e repassados de geração a geração, é um processo muito intenso e muito dinâmico, pois as pessoas estão sempre casando e formando novas famílias, unindo novos conceitos e novas visões de mundo, que inicialmente diferem-se entre si e que com o passar dos anos vão se afunilando e tornado-se verdade comum a todos.

Mesmo com toda autonomia que esta instituição social possui para educar seus filhos e lhes transmitir os valores que ela cuida e acredita as transformações da sociedade sempre acabam por interferir na maneira como ela ira direcionar a educação de seus filhos e os valores que exigira deles. Os grupos familiares já foram bem mais rígidos com as questões morais e com o pronto atendimento das regras sociais estabelecidas em suas épocas e da prática dos valores que vigoravam em cada momento da história de suas famílias.

Com o advento dos movimentos feministas, o reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente, a desvinculação do ato sexual da função de procriar com o advento dos métodos anticoncepcionais, o consumismo, os avanços tecnológicos, a saída da mulher de casa e sua inserção no mercado de trabalho, a inversão dos papéis do homem e da mulher, em que alguns homens hoje ficam em casa enquanto suas mulheres saem para trabalhar, o aumento do número de divórcios, cada vez mais crianças que surgem em uma família e acabam sendo educados por outras possíveis quatro famílias dependendo de quantos novos casamentos seus pais realizarem e de quantos novos irmãos eles tiverem a cada nova família que seus pais criarem. Por tudo isso, fica claro que é impossível as famílias não sentirem as mudanças correntes na sociedade e suas interferências diretas na maneira de educarem-se os filhos.

As famílias têm passado por muitas mudanças e o maior problema que tem tido é a perda de referência que os filhos destas famílias tem sofrido, eles não possuem mais uma estrutura familiar que se proponha a oferecer a eles condições favoráveis a educação de princípios e valores. Para complicar ainda mais a vida dos pais diante de tantas mudanças a regra vigente hoje é uma busca interminável de prazer sem compromisso e de tal liberdade sem sinal algum de responsabilidade, para assumir as conseqüências de se ser livre.

Tudo o que já dissemos a respeito do que seja na nossa concepção de “família” torna-se pequeno diante do grande desafio que esta instituição social enfrenta hoje para educar seus filhos. Ela tem de driblar os meios de comunicação com senas de relações sexuais explícitas e violências urbanas que mais parecem guerras civis, desenhos animados violentos e recheados de mensagens subliminares sem preocupação sócio educativo nenhuma haja a vista que são desenhos voltados para o entretenimento de crianças, musicas que estimulam e incentivam a prostituição com letras de fácil memorização, revistas que objetivam atingir o público jovem que incentivam ao consumismo e estabelecem estereótipos de beleza dificilmente alcançáveis pela maioria dos leitores; não é de admirar que a doença mais comum entre os jovens hoje sejam do tipo bulimia, depressão, anorexia entre outras que estão intimamente ligadas ao vazio que ocupa o emocional dos filhos hoje.

Função da família matriz responsável pela manutenção da espécie e como agente processador das mudanças inerentes à evolução humana, tanto no âmbito individual como no coletivo. (OSORIO, 1996, p.20).

Continuando a nossa lista de concorrentes, à educação dos pais temos ainda, jogos mortais do vídeo games, onde vence quem mata mais, e a pior de todas as concorrências que os pais podem enfrentar a educação liberal que o amigo do filho recebe. Associado a tudo isto podemos citar a falta de tempo que os pais possuem hoje para estarem próximo aos filhos e assim poderem ir educando a cada erro a cada momento como um trabalho continuo e ininterrupto. Todos estes fatores influenciam diretamente na construção de uma educação mais eficaz, ou seja, que gere resultados onde se colham os frutos. De certo que as funções da família são: biológicas, psicológicas e sociais, mas torna-se bastante difícil para as famílias hoje, ensinarem seus filhos com valores e princípios éticos que se encontram obsoletos diante de uma sociedade que prega pelo respeito ao outro e que na pratica possuem uma desigualdade social desleal para compreensão de qualquer criança.

Se a família é o ponto de tangência ou intersecção entre a natureza e a cultura, conforme postulam os antropólogos, não podemos deixar de considerá-la, para poder melhor entendê-la, à luz da evolução dos modelos culturais. (OSORIO, 1996, p. 30)

Precisa-se resgatar o papel da família e sua força no sentido de educarmos indivíduos que possam contribuir mais e melhor com a sociedade, e uma das maneiras é buscar proporcionar um ambiente adequado para a aprendizagem empírica daquilo que é simples, mas que faz toda a diferença como: carinho, afeto, limite, perdão, tolerância, que servirá de base tanto para o seu emocional, quanto para o processo cognitivo do indivíduo, bem como facilitará a troca de informações com o meio social. A transmissão de valores éticos e culturais e a preparação do exercício da cidadania.

A família possui a capacidade de influenciar ativamente na personalidade, nos interesses, no caráter, na inteligência, nas atitudes e nos valores que seus filhos irão expressar na medida em que começarem a exercer seus gostos e futuramente sua cidadania, sem impedir-lhes que sejam autônomos no exercício de suas responsabilidades futuras. Para que isso aconteça essa troca de experiências e mediação educacional por parte dos membros que compõem a famílias só acontecerá quando todos assumirem seus papéis com responsabilidade e compromisso, conscientes do que estão fazendo. E certos de que não é necessário dizer sempre sim a um filho para demonstrar que o ama e que se importa com o que ele deseja e sente. Um exemplo prático disto é o fato da liberação sexual precoce dos jovens, meninas cada vez mais jovens engravidam por terem iniciado suas atividades sexuais muito cedo, e a quem cabe a responsabilidade de educar uma criança que nasce de outra? São questões com estas que nos inquietam.

Para Osório, (1996, p. 47) a família é importante e continuará sendo a par de seu papel na preservação da espécie, um laboratório de relações humanas onde se testam e aprimoram os modelos de convivência que ensejem o melhor aproveitamento dos potenciais humanos para a criação de uma sociedade mais harmônica e promotora de bem estar coletivo.

Por isso devemos valorizar este patrimônio da humanidade que tem se dissolvido e perdido o foco maior de sua responsabilidade que é a preparação dos futuros cidadãos que darão continuidade a sociedade, seus avanços e suas conquistas.

Relação pais e filhos

Falar de família e de suas atribuições nos leva a refletir a respeito da importância que esta possui para o desenvolvimento da sociedade e para a educação de valores morais. Pode-se perceber que hoje em dia esta instituição social não tem logrado grande êxito por conta da relação dos pais e filhos estar desgastada em decorrência das mudanças comportamentais que a sociedade tem enfrentado. Os pais encontram-se perdidos não sabem se assumem um comportamento repressivo que atenda a uma educação mais rígida e controladora ou se assumem uma postura mais liberal que dialogue mais e permita aos filhos mais liberdade de escolha nos caminhos que querem seguir e das decisões que desejam tomar.

De certo, muitos dos novos padrões educacionais em vigor hoje, são oriundos de pais que por terem sofrido em suas épocas uma educação mais repressora, decidiram por educarem seus filhos com mais liberdade sem muitas regras e imposições. Este comportamento deve ser administrado com muito cuidado para que a liberdade dada pelos pais, seja estabelecida em associação conjunta com a responsabilidade naturalmente atribuída ao ser que a possui. Para tanto os pais ainda possuem a responsabilidade de serem exemplos práticos do comportamento que desejam que seus filhos assumam quando atingirem a fase adulta. As crianças absorvem e aceitam melhor o que lhes for ensinado observando seus pais do que ouvindo reclamações e sermões por parte deles. Elas são diretamente influenciadas pelo meio em que vive e ao observarem o comportamento dos pais estarão formando muito dos adultos que serão e do comportamento futuro no exercício de sua cidadania. Por isso a educação de valores, as crianças, jovens e adolescentes e o comportamento dos pais, que estão sendo repassados hoje, serão os modelos de comportamento que será seguido pelas gerações futuras.

O importante é ensinar os filhos com exemplos práticos, não interessa apenas ter um bom discurso e não executar aquilo que prega. Isto desperta no filho, insegurança e incredulidade em relação aos seus pais. “Se as crianças convivem com a bondade e a consideração, aprendem o que é respeito”. (NOLTE, 2003, p. 150).

O modo de ser e agir por parte dos pais é fundamental para formação das novas gerações, e por isso é tão importante definir que linha educacional se seguirá. Uma boa estratégia é firmar-se um contrato que estabeleça regras e defina o papel que será exercido por cada membro dentro da família é importante que as funções familiares de cada membro que a compõe estejam claras aos componentes da mesma para que a relação pais e filhos cresça e se desenvolva sadiamente, alicerçada pelo respeito, compreensão, diálogo, companheirismo e fidelidade ao seus interesses e do outro é relacionado-se em família que o indivíduo aprende desde de cedo as regras de boa convivência em sociedade, adquiri respeito pelo espaço do outro e sabe que seu direito acaba quando começa o do outro.

A influência desses pontos de vista aumentou muito a responsabilidade dos pais quanto a aspectos imponderáveis da educação e diminuiu a relevância atribuída às atitudes educacionais propriamente ditas relacionadas com a incorporação de condutas socialmente adequadas, o respeito aos mais velhos, a preocupação com valores morais a disciplina, etc. A negligencia estendeu-se também as pequenas normas relativas a etiqueta; assim sendo, muitos jovens hoje tem problemas derivados de não terem aprendido a se portarem a mesa, a agir em situações sociais mais formais , contextos profissionais mais respeitosos, etc. (GIKOVATE, 2001, p. 44).

Além das inúmeras dificuldades que pais e filhos encontram de se relacionarem, a falta de tempo para estarem juntos é um fator determinante do afastamento entre pais e filhos. Na sociedade moderna tempo é dinheiro, e o dinheiro precisa ser ganho para proporcionar a família o conforto e a “felicidade necessária”, essa é a idéia que rege a maioria das famílias hoje, prima-se mais pelo ter do que pelo ser.

Pela falta de tempo que possuem para estarem com os filhos os pais muitas vezes querendo compensar sua ausência enchendo seus filhos de presentes e de todo conforto que eles possam desejar, as casas são mobiliadas com o que há de mais moderno em eletrônica tornado-se um lugar muito aconchegante, mas não é enchendo a casa de decoração extravagante, aparelhos eletrônicos super-modernos e tudo mais que o dinheiro possa comprar que os pais irão conquistar a amizade, o respeito e a admiração de seus filhos, se a casa não for um ambiente de carinho, delicadeza e respeito de nada adiantará, o indivíduo precisa de muito mais para crescer seguro em suas emoções e na sua formação moral, ele precisa ser ouvido e compreendido saber que é importante para sua família e que aquilo que é importante para ele e o preocupa é importante para seus pais também. O amor e o equilíbrio emocional gerados na infância determinarão à segurança emocional do adulto.

Em geral as crianças que são muito mimadas pelos pais recebem coisas ao invés de amor. É como se os pais hoje estivessem com medo de perderem seus filhos e por isso acabam tentando comprá-los e agradá-los, dando-lhes presentes e sendo extremamente permissivos e omissos na educação dos filhos. É necessário participar mais da vida das crianças, jovens e adolescentes. Ajudá-los a arrumar o quarto, guardar os brinquedos após os terem usado, dar satisfação de para onde estão indo, conversar com eles descobrir do que eles gostam, ouvir os seus sonhos e as coisas que são importantes para eles e aquilo que desejam conquistar. Veja o que diz Steinberg a respeito do que seja um bom pai e/ou uma boa mãe para a educação dos filhos.

Pode-se definir um bom pai ou uma boa mãe com alguém capaz de transmitir aos filhos valores como honestidade, empatia, autoconfiança, bondade, cooperação, autocontrole e alegria. (STEINBERG, 2005, p. 13).

Sem um estreito relacionamento fica quase que impossível educar valores aos filhos, pois as crianças aprendem aquilo que vivenciam. É muito importante fazer parte de uma família, mas é fundamental ter um relacionamento firme e bem consolidado dia após dia que gere verdade e transparência as partes envolvidas. Os pais precisam recuperar a autoridade que perderam ao liberarem seus filhos da responsabilidade de obedecerem a regras domiciliares que os treinam a aceitarem as regras da sociedade. Conversar é importante, mas ter bem definido quem decide e quem dirige as discussões que geram as decisões que cabem a toda à família é fundamental para que se estabeleça uma hierarquia familiar bem clara na cabeça dos filhos.

Para os pais esta tarefa é árdua, pois não interessa que os filhos sejam extremamente dependentes e não saibam decidir por se só, mas existem situações em que o indivíduo não possui maturidade nem tão pouca experiência para resolver seguro de estar fazendo o que é certo. Então se o filho possui o hábito do diálogo e da discussão dos problemas em busca de solução, ele sente-se mais livre e mais a vontade para buscar ajuda na família o que a favorece a ajudá-lo a resolver seus problemas e seus conflitos de forma conjunta na qual os pais junto aos filhos possam encontrar a solução. É responsabilidade dos pais se esforçarem para participar da vida de seus filhos não para vigiá-los, mas para ajudá-los na formação de sua autonomia, de seus valores, de seus princípios morais e raciocínio ético para a prática da cidadania, que a sociedade lhe exige.

Familia e escola

É sabido que a aprendizagem das crianças se inicia muito antes de sua entrada na escola, é no seio da família que ela tem seus primeiros contatos com o mundo externo, diz as primeiras palavras, é estimulada para o desenvolvimento cognitivo e para a abstração dos primeiros modelos de convívio social. A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança, por isso é tão importante que no momento em que a família decida levar à criança a escola, esteja também predisposta a participar e a contribuir ativamente do processo de ensino aprendizagem do filho. Ajudar nas tarefas de casa, participar das reuniões de pais e mestres, contribuir com os projetos criados pela escola, são atitudes bastante significativas neste processo educacional, não apenas incentivando os alunos a participarem, mas também trazendo sugestões que possam enriquecer os projetos da escola.

A aprendizagem escolar nunca parte do zero, pois antes de seu ingresso na escola à criança vive uma série de experiências, que irão inicialmente influenciar o processo de construção de sua personalidade e a apresentação dos valores que serão indicados pela família e aperfeiçoados pela escola durante todo o período de vida escolar que a criança terá daí surge a necessidade da relação Família X Escola, pois a criança sempre está aprendendo e interagindo, quer seja no ambiente familiar, quer seja em outros ambientes externos que ela tenha acesso antes e depois que iniciar sua na escola.

A participação familiar no contexto da escola é fundamental para que a criança se desenvolva, adquira segurança e tenha uma vida escolar de sucesso. Participar da vida escolar dos filhos é primordial, pois a família conhece profundamente a criança, sendo capaz de identificar as potencialidades e as dificuldades que elas possam ter inicialmente. A família possui informações a respeito da criança que são extremamente importantes para contribuir com a aprendizagem da mesma. Costuma-se dizer que a família educa e a escola ensina, ou seja, à família cabe oportunizar a criança, ao jovem e ao adolescente a pauta ética para a vida em sociedade e à escola instruí-los, para que possam fazer frente às exigências competitivas do mundo na luta pela sobrevivência. (OSÓRIO, 1996, p. 82).

A responsabilidade educacional de uma criança deve ser dividida entre a família e a escola andando de forma conjunta com objetivos comuns, pois a família cabe a responsabilidade de educar para os conhecimentos empíricos, à escola para os conhecimentos científicas e ambas para a educação dos conhecimentos em valores éticos que irão formar o juízo de valor e o senso moral do indivíduo.

A escolha da escola é outro fator que deve ser observado e discutido pela família, é necessário que a instituição de ensino escolhida, comungue dos mesmos valores que os pais da criança para que o choque de ideais não empeça que a mesma se desenvolva e adquira segurança para a construção de sua independência e de sua autonomia no ambiente escolar, de acordo com a maturidade e idade cognitiva de cada uma. A família e a escola devem falar a mesma linguagem, para não correrem o risco de caírem em contradição no ensino dos valores e dos princípios que desejam repassar aos seus alunos.

Claro que em toda escola sempre irá existir uma diversidade cultural muito grande, é impossível se ter uma sala de aula homogênea, mesmo em uma sala de aula em que tenha apenas um aluno e um professor já é por si só uma sala heterogênea, pois cada um, tanto o professor quanto o aluno são pessoas de famílias diferentes e com experiências de vida completamente desiguais. Há sempre um choque de religião, visão de mundo, educação recebida inicialmente em casa, costumes e valores diferenciados. Mas ainda assim a linguagem e os valores precisam ser os mais próximos possíveis e o estereótipo de cidadão que a escola e a família desejam formar tem de ser o mesmo, as duas instituições de ensino (família x escola) devem firmar objetivos comuns a serem alcançados, almejando o resultado maior de educar a criança, o jovem e o adolescente, para o exercício pleno e seguro de sua cidadania preocupando-se sempre em respeitar e valorizar as características individuais de cada um.

A escola e principalmente seus professores são formadores de opinião, muitos alunos admiram tanto um professor, que desejam ser iguais a eles, existem também aqueles alunos que se destacam e surgem nas salas de aula como líderes e que acabam influenciando outros com seus ideais, que nem sempre são saudáveis. Há influências que exercem uma liderança nociva a formação moral do indivíduo, por isso a família e a escola devem sempre estar atentas ao comportamento do aluno, trocando informações e dialogando a respeito do seu desenvolvimento concordando suas falas e formas de conduzirem a educação dos alunos (filhos), o elo entre a escola e a família deve estar bem consolidado, com base no diálogo e na comunhão dos mesmos princípios, acompanhando o crescimento e o amadurecimento dos educandos para que os conflitos e dificuldades enfrentadas por eles possam ser remediados de maneira preventiva.

Famílias e escolas deveriam compartilhar dos mesmos pontos de vista, para não gerar confusão na mente dos moços e evitar que usem as contradições para ganharem força e se rebelarem de uma forma que é nociva à sua formação. (GIKOVATI, 2001, p. 47)

A participação dos pais na vida escolar de seus filhos e a interação da escola e da família são fatores tão primordiais para o desenvolvimento moral do indivíduo, por que transmitem segurança e fortalecem os laços dos filhos com os pais e dos alunos com a escola. O que ajuda e contribui consideravelmente para o desenvolvimento cognitivo e para a aprendizagem dos mesmos. Entre todas as maneiras pelas quais a família, pode se envolver na vida de seus filhos, a participação na sua vida escolar é indiscutivelmente uma das mais extraordinárias. A vida e o crescimento dos filhos e conseqüentemente alunos, está tão interligada a escola, sobretudo antes da adolescência, que além do fator cognitivo, o envolvimento familiar no ambiente escolar lhes permitirá saber como seus filhos estão se saindo tanto no sentido acadêmico com em outros aspectos e as conquista que estão atingindo. Além disso, os pais conhecerão melhor a escola e poderão discutir a orientação da escola, os valores e os princípios que desejam ser alcançados e ensinados aos alunos.

Os estudantes de todas as idades, da educação infantil ao ensino médio, são beneficiados na vida escolar quando os pais participam da sua educação, sentem-se protegidos e muito mais motivados a se dedicarem as atividades da escola, aos esportes, as competições, aos projetos que são desenvolvidos no ambiente escolar que despertam o aluno para a necessidade de se esforçar no alcance de metas, tudo isso, por saberem que seus pais estão por perto, incentivando-os sempre interessados, preocupados com o que seus filhos estão aprendendo, os trabalhos que estão desenvolvendo, as relações sociais que eles estão tendo acesso e despertando-os para a importância da construção de laços afetivos, interações interpessoais com outros alunos, o que os fará perceber a necessidade do respeito e a grandiosidade da aprendizagem riquíssima que o convívio com o diferente pode lhe proporcionar em interação com o outro. Aprender a respeitar a diversidade cultural encontrada na escola e valorizar aquilo que é trabalhado e desenvolvido no ambiente escolar.

O mais forte e consistente indicador da saúde mental, do equilíbrio, da felicidade e do bem estar dos seus filhos é o grau de participação dos pais em suas vidas. Os filhos com pais participativos se saem melhor na escola, se sentem bem consigo mesmo e demonstram menos propensão a desenvolver problemas emocionais, a se arriscarem ou a se envolverem em confusões. (STEINBERG, 2005, p. 53)

Conhecer os professores e demais funcionários que fazem parte da escola é também muito importante isso faz com que os pais sintam segurança em deixar o aluno na escola e acreditem no trabalho que é desempenhado por ela. Não há maneira melhor de mostrar que tipo de pai e mãe você é, do que comparecer às reuniões e atividades escolares, como por exemplo, festa das mães, comemoração do dia dos pais, festivais culturais, feira de ciências, competições esportivas, encontros e assembléias de pais e mestres onde são discutidos assuntos e interesses que influenciarão diretamente os alunos, participar das reivindicações buscando melhorias para a escola dos filhos, principalmente nas escolas públicas, onde as questões sociais e a falta de recursos para um ensino de qualidade é mais latente.

Educar um indivíduo para que ele exerça no futuro sua cidadania com segurança e autonomia, convicto do que foi ensinado tanto pela escola quanto pela família é uma responsabilidade muito grande. Educar para o exercício de valores como; respeito aos mais velhos e ao próximo, cuidado com o patrimônio público, respeito ao meio ambiente, aos animais, respeito às leis de trânsito e aos códigos de leis vigentes no território estadual e nacional. Tudo isso deve ser trabalhado pela escola e reforçado pela família. Como já citamos no capitulo anterior a escassez de tempo dos pais para participar tão ativamente da vida dos filhos é um dos maiores problemas enfrentados pela escola, este é um fator que precisa ser pensado exaustivamente pelas escolas no sentido de encontrarem soluções que minimizem a distância entre as escolas e os pais. Criarem atrativos como, o favorecimento dos horários, utilização ativa da agenda para a comunicação família-escola e oportunizar momentos de encontros dos pais com os professores, coordenadores, supervisores e demais funcionários, tornando a escola um local aberto à participação dos pais e demais familiares na construção do ensino aprendizagem da criança, do adolescente e do jovem.
Se a responsabilidade e a preocupação da educação de valores e a formação moral do homem for assumida e dividida pela escola e pela família de forma conjunta e com total interação, certamente se alcançará algo extremamente importante, que é a formação de indivíduos mais preocupados e mais dispostos a contribuírem para a construção, o desenvolvimento e a melhoria da sociedade com o firme propósito de se ter um mundo melhor e mais justo.

Conclusão

A educação de valores é uma necessidade da atual sociedade que ao longo dos anos vem perdendo seus referenciais de valor, seus costumes e conceitos morais. Perdeu-se o respeito pelo bem estar do outro, hoje o que mais preocupa o homem é ele mesmo alcançar seus objetivos, alcançar prazer em suas realizações sem se importar muito com a contribuição que suas ações possam ter para àqueles que convivem com ele e para a sociedade como um todo. Preocupa-se apenas com o que lhe traz retorno imediato, com o que atende as suas carências mais indispensáveis. O que mais importa é o que tem e não o que é.
Para os professores, a família, e para a sociedade em geral a educação dos valores para a formação moral do homem como ser capaz de desempenhar suas funções sociais e demonstrar cooperação e interesse pela melhoria da sociedade, é uma tarefa que não pode ser feita de qualquer jeito. Deve ser encarada com responsabilidade e muita atenção, para ouvir os alunos a respeito do que pensam e observar o comportamento das crianças diante de situações que confrontem seus valores. A aceitação e o reconhecimento por parte dos educandos da importância de aprender os valores e de desenvolver a capacidade cognitiva e consciente de exercê-los e administrá-los, deve ser o maior objetivo daqueles que se propõem a ensinar e trabalhar para formação moral do homem que tem início ainda na infância.

Se, se pretende ter uma sociedade melhor e mais justa, faz-se necessário que todos se comprometam, conta-se com a participação da família, uma vez que ela é o primeiro ambiente social com que a criança tem contato, conta-se com os professores desejando que eles sejam cada vez mais conscientes do seu papel como educadores e formadores de opinião, sempre buscando formas diferenciadas e sedutoras para despertar nos alunos o prazer de estarem aprendendo estes valores e para a necessidade de mudança dos belos discursos que nada fazem para mudar a sociedade que ai esta e se comprometam a participar das mudanças de que hoje carece a sociedade, contamos ainda com a escola e com os profissionais que ajudam na sua gestão e no atendimento aos pais, no sentido de favorecerem um ambiente aberto e de fácil acesso para os pais, para a comunidade e para os alunos, que podem estar contribuindo com sugestões, ou buscando ajuda. A atenção disponibilizada a todos àqueles que precisam de um cuidado maior para se desenvolverem, seja no sentido cognitivo, seja em caráter afetivo ou por escassez de valores necessários ao indivíduo.

Fazem-se necessário entender que os valores devem ser ensinados as crianças, aos jovens e aos adolescentes com atitude que sirvam de modelo para que eles aprendam. Como já foi dito, não há muito proveito quando se ensina um valor que não se prática, que não se utiliza no cotidiano. Os alunos necessitam aprender com coisas simples, mas que tenham um significado real para eles, e é isso que falta na sociedade hoje, um modelo a ser seguido. O referencial dos jovens e das crianças se perdeu em meio ao ativismo, a agitação e a concorrência desleal entre as pessoas. Tem-se que mostrar as crianças que respeitamos as leis de trânsito quando saímos de carro com elas e pararmos gentil e pacientemente na faixa de pedestre, quando no ônibus ceder o lugar para o mais velho, quando no exercício da profissão ter-se compromisso e dedicação, quando dentro de casa respeitar o cônjuge, a empregada doméstica, o carteiro, quando na fila do banco não tentar tirar vantagem e respeitar o lugar do outro sem passar a frente, estas e várias outras atitudes são simples, mas exemplificam claramente valores como, respeito, cooperação, atenção, amor e muitos outros valores que nós utilizamos no decorrer da vida diária sob o olhar atento daqueles que estão em fase de aprendizagem precisando de exemplos para seguir e assim de forma autônoma formar seus próprios juízos de valor solidamente. Por isso, a educação de valores é tão importante e fundamental para a transformação da sociedade e para a formação moral do homem.

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Autor: LENIEL AUGUSTO DA SILVA


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