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Atualizado em 09/08/2024

A escola e dislexia

Este artigo aborda como ajudar crianças com dislexia a terem um melhor desempenho escolar, destacando a importância do diagnóstico precoce e das metodologias de ensino adequadas.

A Escola e Dislexia

Disléxios famosos

Introdução

Este trabalho é proveniente de uma monografia, concluída em 2009, no curso de especialização em Psicopedagogia – Abordagem Clínica e Institucional, do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA/RS, intitulada “Dislexia: um Distúrbio de Aprendizagem em Questão”, que teve como foco de estudo a temática da Dislexia e suas repercussões no contexto escolar.

Nesse contexto, foram levantados alguns questionamentos básicos: O que é Dislexia? Se não for diagnosticado precocemente, quais consequências este distúrbio pode acarretar? De que forma podem-se ensinar as crianças que possuem este distúrbio?

O objetivo geral deste artigo visa contribuir para a definição e a identificação da Dislexia, de seus sintomas e consequências a partir de um aporte teórico. Como objetivos específicos: conceituar a dislexia; analisar as consequências da dislexia na vida escolar e na sociedade; identificar as possibilidades de uma intervenção precoce; apontar métodos que possibilitam a aprendizagem do disléxico.

A Dislexia, de acordo com Rotta; Ohlweiler; Riesgo (2006, p.152) consiste no “transtorno manifestado por uma dificuldade na aprendizagem da leitura e por problemas na escrita, independentemente da instrução convencional, inteligência adequada e oportunidade social”; segundo Frank; Livingston (2003, p.23) “não é uma doença, mas sim um distúrbio com base neurológica” e “atinge cerca de 10% a 15% da população mundial” (IANHEZ; NICO, 2002, p. 67).

Para Shaywitz (2006, p. 30) a consequência deste distúrbio será um sofrimento para sua aprendizagem escolar, visto que diante da manifestação de dificuldades, “a causa é geralmente atribuída à burrice ou a preguiça”, e nenhuma iniciativa é tomada para que haja uma superação desta dificuldade, ocasionando repetências e até mesmo evasão da escola por estas crianças nos primeiros anos de vida escolar. Logo, este distúrbio poderá resultar em repetências escolares, pois algumas escolas e seus educadores podem desconhecer o problema, podendo ocasionar efeitos negativos na criança, se não for diagnosticada precocemente, podendo se tornar um forte candidato à evasão escolar.

A Escola e Dislexia

Todos sabem que na instituição escolar existem várias pessoas com funções diferenciadas, mas tendo como meta principal educar a classe discente para apropriação da herança cultural da sociedade, com a mediação e reciprocidade dos conteúdos do ambiente escolar com as diferentes concepções do meio no qual este aluno faz parte, propiciando, assim, a aprendizagem de ambos.

Dentro desta escola existe uma estrutura organizacional e como tal há uma série de funções que deve estar presente para que haja um equilíbrio entre o ensino, o educando, a instituição escolar e a sociedade. Todas estas funções devem ter posições similares para que se possa atender e atingir os objetivos de qualquer escola e que garanta uma aprendizagem transformadora de conhecimentos, preparando seus alunos para o meio social de que fazem parte num sentido amplo de cooperação e modificação mútuas para o desenvolvimento.

Além deste equilíbrio nas funções da instituição, “para o êxito da aprendizagem é preciso compreender o potencial igualitário de quem ensina, o conteúdo a ser aprendido e o sujeito que aprende”, visto que a função principal da escola é contribuir para o sujeito ascender socialmente e possibilitar um melhor desenvolvimento para seu país (MANTOVANINI, 2001, p. 60).

Contudo, o educando, como indivíduo, é um ser complexo dotado de liberdade e criatividade, podendo ou não aceitar o ensino que esta instituição ou educador propaga, dependendo do seu potencial de capacidade, de seus interesses e das influências externas que este recebe.

Segundo Vasconcellos (1993), a metodologia de ensino não favorece a construção do conhecimento, o professor não ensina; o aluno pobre é expulso da escola devido à falta de adaptação à sua realidade; o aluno que fica é educado para submissão e não tem uma consciência crítica aceitando tudo, pois este tipo de educação é conservadora e elitista; a acomodação de todo o sistema educacional que ainda transmite e não transforma o conhecimento e a preocupante situação da saúde física e mental dos docentes que tentam mudar essa concepção e não conseguem por barreiras em concepções tão intrínsecas da classe docente vigente.

Não obstante, é necessário que haja uma mudança e que se estabeleça uma superação desta metodologia pela valorização da reciprocidade entre educador-educando, oportunizando o processo de transformação e assimilação destes conhecimentos, refletindo uma aprendizagem significativa para toda uma vida.

O reflexo desta aprendizagem nada mais é do que compreender como o aluno aprende, tendo concepções teóricas da aprendizagem definidas, buscando uma metodologia que se fundamente na mediação do professor e a relação do sujeito com o objeto cognoscente, transformando o conhecimento adquirido, assimilando e acomodando de forma crítica e reflexiva. Sendo que esta ideia de reflexão tenha como referência significativa a compreensão de que é trabalho do educador organizar as situações problemáticas para delimitar os objetivos que serão atingidos e determinados pelos meios pelos quais se poderão chegar até eles, valorizando o processo de reflexão sobre o conhecimento na ação.

Aliás, todos esses problemas do sistema educacional constituem uma das principais causas de repetências ou atraso da escolaridade e que tais alunos com dificuldades em geral têm algum déficit com as outras matérias por não saberem compreender o que estão lendo devido a toda essa metodologia de transmissão passageira e não de uma transformação duradoura do conhecimento, pois não faz com que o aluno seja crítico e reflexivo em todos os conteúdos aprendidos em sala de aula.

Além disso, a situação dos disléxicos se torna mais complexa devido a todas estas condições citadas e quando relacionada com a metodologia de aprendizagem escolar, supracitada, visto que os professores e as escolas talvez não consigam discernir este distúrbio, pois é um transtorno de difícil e tardia identificação quando relacionada com a metodologia escolar tradicional da transmissão de conhecimentos que não exige uma reflexão da atuação deste educador.

Shaywitz (2006, p. 221) descreve que a própria escola não está preparada para se adaptar a esta necessidade que qualquer aluno disléxico possa vir a apresentar, porque “estas escolas demoram a identificar um problema de leitura, oferecendo poucas oportunidades de ensino e com a fraca formação dos professores, podendo saber pouco sobre o ensino da leitura e suas dificuldades”.

Além disso, essa relutância para atender as necessidades de ensino de um aluno com dislexia reflete a ignorância da própria escola sobre as dificuldades de leitura e da natureza de seu corpo discente. Visto que os métodos avaliativos de todo sistema educacional se baseiam em provas escritas e o método para se alfabetizar consiste numa miscelânea do método global com o método analítico-sintético.

Isto dificulta a vida escolar do aluno disléxico, que, embora tenha um desenvolvimento cognitivo muitas vezes superior ao de seus colegas, acaba por ter um rendimento escolar abaixo do normal devido a essas implicações encontradas nas escolas.

É preciso que na formação dos docentes haja certo conhecimento sobre como se determina a aquisição da leitura e escrita na criança. Isto porque o processo de aquisição de escrita e da leitura não se refere apenas à transmissão de sons da fala, mas sim à tomada de consciência das estruturas fonológicas da linguagem e a compreensão do princípio alfabético.

Ou seja, é preciso que os educadores e alfabetizadores tenham o discernimento sobre as habilidades metalinguísticas durante a fase da alfabetização. Visto que estas habilidades referem-se à capacidade da criança em refletir e manipular conscientemente os elementos da língua, através da decomposição dos sons nas letras e palavras em sílabas, que nada mais é a consciência fonológica e o conhecimento do código alfabético surgindo simultaneamente.

No entanto, é esta disfunção do sistema de linguagem que seria a causa da dislexia, segundo Shaywitz (2006, p. 44) “especificamente no nível do módulo fonológico que se dedica ao processamento de diferentes elementos sonoros da linguagem (fonemas) processada no cérebro”.

Ou seja, é uma deficiência inerente a um componente específico do sistema de linguagem, no qual o módulo fonológico corresponde à parte funcional do cérebro onde os sons da linguagem são reconhecidos e montados sequencialmente para formar palavras e onde as palavras são segmentadas em sons elementares formando, assim, os fonemas.

Sendo assim, salienta-se que a Dislexia reflete um problema de linguagem e não uma deficiência cognitiva, costumando apresentar-se em pessoas de nível intelectual normal e ser mais frequente em indivíduos de nível intelectual superior, podendo levar a um problema de nível social como já referido.

Considerações finais

A Dislexia é um distúrbio de linguagem com base orgânica, podendo predispor a pessoa a vários problemas de ordem social, comportamental e emocional, tendo em vista os aspectos sociais que envolvem a noção de fracasso e sucesso escolar na sociedade atual.

A função da escola presente é percebida socialmente como transmissora de conhecimentos que ainda usa métodos de ensino e aprendizagem tradicionais e que favorecem a segregação e exclusão de alunos com quaisquer tipos de dificuldades no aprendizado. Nesse sentido, uma revisão criteriosa no ponto de vista epistemológico e metodológico da atuação dos professores nas escolas pode ser iniciada, possibilitando a inclusão de propostas que atendam as dificuldades de aprendizagem, especialmente dos distúrbios com diagnóstico, como é o caso da Dislexia.

A importância de um diagnóstico precoce pode facilitar o trabalho pedagógico, sendo que os métodos de ensino podem ser adequados e desenvolvidos para melhor atender o aluno disléxico e o melhor método para a alfabetização de um disléxico nada mais é que a análise fonética ou analítica-sintética, pois é a mais promissora abordagem no alcance da aprendizagem da leitura e escrita. Só assim, será evitada a evasão escolar e a exclusão social.

É preciso, também, que exista um trabalho simultâneo e um apoio psicológico entre a comunidade escolar e a família para que se consigam, persistentemente, os objetivos da aprendizagem na educação que é fazer o sujeito ascender socialmente, contornando todas as dificuldades encontradas pelo disléxico. Só assim eles poderão ter uma educação digna e sem preconceitos.

Referências Bibliográficas

FRANK, Robert; LIVINGSTON, K. E. A vida secreta da criança com dislexia. São Paulo: Makron Books, 2003.

IANHEZ, Maria Eugênia; NICO, Maria Ângela. Nem sempre é o que parece: como enfrentar a dislexia e os fracassos escolares. São Paulo: Alegro, 2002.

MANTOVANINI, Maria Cristina. Professores e alunos problema: um círculo vicioso. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

ROTTA, Newra T; OHLWEILER, Lygia; RIESGO, Rudimar S. Transtorno da aprendizagem: abordagem neurológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

SHAYWITZ, Sally. Entendendo a dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis de problemas de leitura. Porto Alegre: Artmed, 2006.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento: em sala de aula. São Paulo: Libertad, 1993.

Autora: Fatima Lacerda da Silva -Pedagoga/Psicopedagoga Clinica e graduanda do curso de Psicologia da ULBRA Santa Maria -R.S.

Além disso, é importante considerar que o uso de brinquedos e materiais adequados pode auxiliar no aprendizado de crianças com dislexia. Para isso, é possível encontrar opções que podem ser úteis para o desenvolvimento dessas crianças, como brinquedos educativos que estimulam a aprendizagem de forma lúdica.

A inclusão de alunos com dislexia na sala de aula é um tema que merece atenção especial. Para saber mais sobre como promover a inclusão, consulte o artigo sobre adaptações curriculares que podem ser implementadas para atender às necessidades desses alunos.

Por fim, é fundamental que a escola esteja preparada para lidar com as dificuldades de aprendizagem, como a dislexia, e que os educadores busquem constantemente se atualizar sobre as melhores práticas de ensino. Para isso, é recomendável a leitura de materiais que abordem a educação especial e inclusão escolar, que podem fornecer insights valiosos para a prática pedagógica.


Este texto foi publicado na categoria Educação Inclusiva e Especial.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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