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A Educação na Idade Média

Explore a evolução da educação durante a Idade Média, as diferentes formas de ensino e a preparação dos indivíduos para a vida, com um olhar sobre a Escolástica, o Império Bizantino e o monaquismo.

A Educação na Idade Média

Educação na Idade Média


A Escolástica

A Escolástica

Conjunto de doutrinas filosóficas e teológicas desenvolvidas em escolas eclesiásticas e universidades da Europa entre o século XI e o Renascimento. Caracteriza-se pela tentativa de conciliar a fé cristã com a razão, representada pelos princípios da filosofia clássica grega, em especial os ensinamentos de Platão e Aristóteles. Desenvolve-se a partir da filosofia patrística (elaborada pelos padres da Igreja Católica), que faz a primeira aproximação entre o cristianismo e uma forma racional de organizar a fé e seus princípios, baseada no platonismo. Com a escolástica, a filosofia medieval continua ligada à religião, uma vez que são as questões teológicas que suscitam a discussão filosófica. Um dos principais pensadores escolásticos é São Tomás de Aquino (1224/25?-1274).

A fase inicial é profundamente influenciada pelo pensamento de Santo Agostinho (354-430), o mais importante nome da filosofia patrística. Retomando os princípios do platonismo, entre eles o de que há uma verdade absoluta acima das verdades particulares, Santo Agostinho vê na revelação divina o meio pelo qual a verdade é introduzida no espírito humano.

O período mais importante da escolástica corresponde ao do desenvolvimento do tomismo, doutrina cristã criada no século XIII por São Tomás de Aquino com base na filosofia aristotélica. Para ele e para seus seguidores, há duas ordens de conhecimento: o sensível e o intelectual, sendo que o intelectual pressupõe o sensível. A impressão que um objeto deixa na alma é chamada de conhecimento sensível. O conhecimento intelectual considera apenas as características comuns entre os objetos e elabora o conceito.

Sobre as relações entre filosofia e teologia, São Tomás afirma que a filosofia é conhecimento e demonstração racionais, que parte de princípios evidentes e chega a conclusões inteligíveis. Já a teologia é fundada sobre a revelação divina, da qual não se pode duvidar. A revelação, porém, prevalece quando há contradição entre a verdade intelectual e a verdade revelada.

A escolástica entra em crise no final da Idade Média, por volta do século XIV, período marcado pelo surgimento do humanismo renascentista, pelas novas descobertas científicas e pela Reforma Protestante. Entretanto, sobrevive na era moderna como um pensamento cristão tradicional.
Patrística

Corrente filosófica e religiosa fundada pelo Padre Santo Agostinho, através da qual, pela iluminação, o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas. Essa corrente é chamada de patrística por ser elaborada pelos padres da Igreja Católica.

O Período Patrístico é compreendido desde o século I d.C. até o século VIII d.C., com a realização do Segundo Concílio de Nicéia. Durante esse período, muitas perseguições e heresias surgiram e ameaçaram o Cristianismo, mas graças aos esforços empreendidos por diversos cristãos, de homens simples e figuras anônimas a grandes bispos e teólogos, a fé cristã não apenas triunfou sobre os perseguidores como também afastou o perigo de ser contaminada com o veneno das heresias.

É inegável a importância da Patrística para a Igreja cristã. Foi durante essa época que não apenas a Igreja mas também seus ensinamentos e doutrinas se desenvolveram e foram melhor explicados e aceitos por toda a Cristandade. Nenhum cristão pode negar isso, pois trata-se de fato comprovado pela História.

Por isso, conhecer esses textos primitivos além de nos ajudar a compreender melhor a nossa fé também nos mostra que muitas seitas cristãs de hoje pregam doutrinas condenadas há quase quinze séculos. E se há quinze séculos todos os cristãos repugnavam esses ensinamentos (pois reinava a Unidade), ainda hoje devem ser reprovados por não refletirem a verdadeira fé transmitida por Cristo e seus apóstolos. De fato, na Internet encontramos diversos testemunhos de cristãos de outras denominações que, após um estudo sério da Patrística acabaram por acolher a fé católica.

O Império Bizantino

Império criado por Teodósio (346-395) em 395, a partir da divisão do Império Romano em dois – o do Ocidente e o do Oriente (Império Bizantino). A capital, Constantinopla (hoje Istambul), é fundada em 330, onde existira Bizâncio. Enquanto o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, é extinto em 476, o domínio bizantino estende-se por vários séculos, abrangendo a península Balcânica, a Ásia Menor, a Síria, a Palestina, o norte da Mesopotâmia e o nordeste da África. Termina apenas em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos.

Governo de Justiniano – O apogeu do Império ocorre no governo de Justiniano (483-565), que, a partir de 527, estabelece a paz com os persas e concentra suas forças na reconquista dos territórios dos bárbaros no Ocidente. Justiniano constrói fortalezas e castelos para firmar as fronteiras e também obras monumentais, como a Catedral de Santa Sofia. Ocupa o norte da África, derrota os vândalos e toma posse da Itália. No sul da Espanha submete os lombardos e os visigodos. Estimula a arte bizantina na produção de mosaicos e o desenvolvimento da arquitetura de igrejas, que combina elementos orientais e romanos. Ravena, no norte da Itália, torna-se a segunda sede do Império e um núcleo artístico de prestígio.

Como legislador, ele elabora o Código de Justiniano, que revisa e atualiza o direito romano para fortalecer juridicamente as bases do poder imperial. Em 532 instaura uma Monarquia despótica e teocrática. Nessa época, em virtude da elevação dos impostos, explode a revolta popular de Nica, abafada com violência. Mas o Império começa a decair com o final de seu governo. Em 568, os lombardos ocupam o norte da Itália. Bizâncio cria governos provinciais para reforçar a defesa e divide o território da Ásia Menor em distritos militares. A partir de 610, com a forte influência oriental, o latim é substituído pela língua grega.

Cisma do Oriente – Em 717, diante das tentativas árabes de tomar Constantinopla, o imperador sírio Leão III, o Isauro (675?-741?) reorganiza a administração. Influenciado pelas seitas iconoclastas orientais, pelo judaísmo e pelo islamismo, proíbe, em 726, a adoração de imagens nas igrejas, provocando uma guerra religiosa com o papado. Em 867, a desobediência da Igreja Bizantina a Roma coincide com nova tentativa de expansão de Bizâncio, com a reconquista de Síria, Jerusalém, Creta, Bálcãs e norte da Itália. O Império Bizantino consolida a influência grega e intensifica a difusão do misticismo, em contraposição às determinações católicas. A Igreja oriental rompe finalmente com a ocidental, denominando-se Igreja Ortodoxa, em 1054, no episódio conhecido como Cisma do Oriente.

Domínio turco-otomano – Em 1204, Constantinopla torna-se motivo de cobiça dos cruzados, que a conquistam. O restante do território é repartido entre príncipes feudais. A partir de 1422, o Império luta contra o assédio constante dos turcos. Finalmente, em 1453, Constantinopla é submetida pelos turcos e torna-se a capital do Império Turco-Otomano.
O Enciclopedismo

Nome dado às ideias dos pensadores franceses que no século XVIII, sob a direção de Denis Diderot e Jean D’Alambert, elaboraram a Enciclopédie Méthódique. Os principais enciclopedistas foram Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Duclos, Marmontel, Condillac, Turgot, Quesnay e outros propagadores das ideias que abriram caminho à Revolução Francesa.

A Enciclopédia constitui um resumo do pensamento iluminista e fisiocrata. As ideias que nortearam a sua elaboração foram: a valorização da razão (RACIONALISMO) como substituto da fé; a valorização da atividade científica, apresentada como meio para se alcançar um mundo melhor; a crítica à igreja católica, ao clero, pelo comprometimento com o Estado absoluto; o predomínio do deísmo, crença em Deus como força impulsionadora do universo; a concepção de governo como fruto de um contrato entre governantes e governados.

Constituída de 35 volumes, contou com o trabalho de 130 colaboradores: Montesquieu contribuiu com artigo sobre estética; Quesnay e Turgot versaram sobre economia; Rousseau discorreu sobre música e Voltaire e Hans Holbach sobre filosofia, religião e literatura.

Embora pretendesse mostrar a unidade íntima entre a cultura e o pensamento humano, as opiniões de seus autores divergiam muito. Sobre religião, por exemplo, era difícil chegar-se a um consenso, já que havia deístas e ateístas. Dessa forma, a Enciclopédia acabou sendo principalmente um instrumento divulgador dos ideais liberais na política e na economia.

O Monaquismo

Nem todos os cristãos eram a favor de a igreja e criticavam a vida luxuosa que muitos bispos e padres levavam. Procurando retomar os ensinamentos e a vida pobre de Cristo, muitos religiosos optaram por uma vida mais simples, recusando os bens materiais. Surgiram assim as ordens monásticas ou o monaquismo.

O monaquismo é a organização de homens que fizeram votos de vida religiosa e vivem de acordo com as regras que determinam a conduta nos seus menores detalhes.

Dentre as novas ordens, destacaram-se as criadas por São Bento, em 529, por São Francisco de Assis, em 1210, e por São Domingos de Gusmão, em 1217. As ordens compreendiam mosteiros que abrigavam homens ou mulheres.

A ordem dos beneditinos defendia que os monges deveriam levar uma vida simples, rezando, trabalhando, estudando e obedecendo a seus superiores.

Os membros dessa ordem eram eruditos. Foram eles que transcreveram a maior parte das obras literárias gregas e romanas, sendo, em grande parte, responsáveis por sua preservação.

Inspirados no Evangelho, os franciscanos procuravam ajudar os pobres e professavam votos de pobreza, castidade e obediência. O mesmo ocorria com os membros da ordem dominicana.

Desta forma, essas ordens passaram a representar uma oposição às práticas do alto clero medieval.

Nas Abadias (centros de oração, trabalho e produção intelectual) havia igrejas, bibliotecas, muitos quartos (celas), oficinas para a produção e conserto de ferramentas e carroças, estrebarias e cocheiras, cozinhas, etc. Também, ao redor dessa moradia, cultivavam trigo, cevada, centeio, videiras, frutas, etc.

Os monges dedicavam a sua maior parte do tempo nas bibliotecas, copiando e estudando as obras dos grandes escritores da antiguidade, sobretudo dos gregos e romanos – eram os monges copistas. Reproduziam verdadeiras obras de arte. Nas margens das páginas, desenhavam ilustrações, chamadas iluminuras, utilizando um tipo de letra que hoje conhecemos como gótica.
Educação do Cavaleiro

Cavaleiros eram nobres que se dedicavam à guerra. A lealdade ao seu senhor e a coragem representavam as principais virtudes de um cavaleiro.

Por muito tempo, para ser cavaleiro, bastava possuir um cavalo e uma espada. Em troca de serviço militar a um senhor, o cavaleiro recebia seu feudo, onde erguia uma fortaleza. Pouco a pouco, porém, as exigências para se tornar um cavaleiro foram se tornando mais rigorosas: além de defender o seu feudo e o de seu senhor, ele deveria professar a fé católica e honrar as mulheres.

O jovem nobre iniciava a aprendizagem aos 7 anos, servindo como pajem na casa de um senhor, onde aprendia equitação e o manejo das armas. Aos 14 anos tornava-se escudeiro de um cavaleiro, passando 7 anos, pelo menos, a seu serviço, tratando de seu cavalo e de suas armas, ao mesmo tempo que aprendia com ele as artes do combate.

Tomava partes em corridas, em lutas livres e praticava esgrima. Para se preparar para torneios e combates, aprendia a correr a quintana: tratava-se de galopar a grande velocidade em direção a um boneco de madeira e cravar-lhe a lança entre os olhos. O boneco era munido de um braço e montado sobre um pino de ferro. Quem não acertava o alvo com a lança, fazia o boneco girar; ao girar, o braço do boneco batia nas costas do cavaleiro.

Depois do tempo de aprendizagem, se o jovem fosse considerado preparado e digno, estava pronto para ser armado cavaleiro.

Os Dez Mandamentos do Cavaleiro:

  • Acreditarás em tudo o que a igreja ensina e observarás todos os seus mandamentos;
  • Protegerás a igreja;
  • Defenderás viúvas e órfãos;
  • Amarás o lugar onde nasceste;
  • Jamais retrocederás ante o inimigo;
  • Farás guerra aos infiés até exterminá-los;
  • Cumprirás com teus deveres feudais, se estes não forem contrários à lei de Deus;
  • Nunca mentirás e serás fiel à palavra empenhada;
  • Serás liberal e generoso com todos;
  • Serás o defensor do direito e do bem, contra a injustiça e contra o mal.

Educação do Servo

Como já sabemos, o trabalho nos feudos era realizado pelos servos. Cada servo, com sua família, plantava em um pedaço de terra. O servo era educado a respeitar as normas dos senhores feudais. Dentre as normas, citamos as seguintes:

  • Se um senhor conquistasse ou herdasse um feudo, recebia também com ele os servos;
  • Recebia do Senhor a posse da terra (direito de morar e plantar), com isso poderia sustentar-se e à sua família;
  • Recebia a garantia de que o Senhor o protegeria contra qualquer inimigo externo;
  • Não podia abandonar o feudo. Se ele fugisse, o Senhor tinha o direito de persegui-lo e trazê-lo de volta;
  • Se conseguisse um outro Senhor que lhe desse acolhida, as coisas não mudariam em nada – continuaria submetido à servidão;
  • Por intermédio de um contrato entre o servo e o Senhor, em troca de terras para plantar e de proteção, o servo servia o Senhor de diversas maneiras;
  • Tudo que o senhor, sua família e seus guerreiros consumiam deveria ser produzido pelos servos;
  • Além de ter de dar uma parte do que produzia para o Senhor, era obrigado a trabalhar alguns dias da semana para ele;
  • Quando trabalhava no moinho, uma parte da produção era para o senhor;
  • Quando uma filha do senhor se casava, o servo era obrigado a contribuir para o dote;
  • Se o senhor fosse julgar uma causa entre esses camponeses, também receberia por isso;
  • Se quisesse um casaco, teria que plantar, colher, fiar, tecer e costurar o linho;
  • Quando havia padres, aos domingos, podiam ir à missa;
  • Podiam ir a batizados, casamentos e outras festas;
  • Nasciam e morriam servos, assim como os seus filhos;

Eram muito religiosos. A religião católica os ajudava a enfrentar aquela vida dura. Nessa época, acreditava-se que o importante era a vida após a morte. Assim, os servos aceitavam com resignação a sua vida sacrificada.

Eles viam a sua condição como natural. Sempre tinha sido assim, e sempre seria assim. Também viam a desigualdade social entre eles e os senhores como natural ou como fruto da vontade de Deus – o criador os tinha feito nascer servos e deviam aceitar isso.

Talvez isso nos ajude a entender porque eram raras as revoltas dos servos.

Não se julga necessário ensinar as letras aos camponeses, bastando formá-los cristãos. A ação da igreja é eficaz nesse propósito, destacando-se as catedrais góticas imponentes que exaltam a espiritualidade, os inúmeros afrescos com temas religiosos e os livros – cujo acesso é mais restrito – muito ilustrados para o entendimento dos analfabetos.

O que atinge o povo de modo mais direto são a poesia e a música, com predominância de temas religiosos. As canções populares e a literatura lendária contam as histórias dos santos e ensinam a devoção e o comportamento ideal.

A Educação Feminina

A sociedade feudal era um mundo predominantemente masculino. Em teoria, as mulheres eram consideradas inferiores aos homens; na prática, estavam sujeitas à autoridade masculina. Os pais promoviam os casamentos das filhas. As moças de famílias aristocráticas eram casadas geralmente aos 16 anos, ou ainda mais jovens, com homens muito mais velhos; as jovens aristocratas que não se casavam, tinham, com frequência, de entrar para o convento. A mulher do Senhor estava à mercê do marido; se o aborrecesse, podia ser espancada. Mas a senhora do castelo desempenhava funções importantes; distribuía tarefas aos criados, preparava remédios, preservava alimentos, ensinava às jovens costurar, tecer e fiar, e, apesar da sua posição subordinada, era responsável pelo castelo na ausência do marido. Embora a igreja ensinasse que homens e mulheres eram preciosos aos olhos de Deus e que o casamento era um rito sagrado, alguns religiosos viam as mulheres como agentes do demônio, sedutoras malignas que, como a Eva da Bíblia, levava os homens ao pecado.

Bibliografia:

Boulos Júnior, Alfredo, 1950-

História Geral: Antiga e medieval – São Paulo – FTD -1997

Piletti, Nelson, 1945-

História e Vida Integrada – São Paulo – Ática – 2002

Ferreira, José Roberto Martins, 1950-

História – 5ª Série, São Paulo FTD -1997

Vicentino, Cláudio

História Geral, São Paulo – Scipione

Vicentino, Cláudio

História Geral: volume único – ensino médio

São Paulo – Scipione.

Aranha, Maria Lúcia de Arruda

Temas de filosofia – 2ª ed. Revisada – Ed. Moderna -1998

Schmidt, Mario Furley

Nova história crítica – São Paulo – Ed. Nova Geração. 1999

Aranha, Maria Lúcia de Arruda – História da Educação

2ª edição Revisada e atual – Editora Moderna. São Paulo-SP

Autor: Ercilio Ferreira Duarte

Para saber mais sobre a história da educação no Brasil, acesse este artigo.

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