Dança Afro na Atividade Física: Benefícios e Práticas
Venha vivenciar o melhor da Dança Afro! Esta atividade física promove o desenvolvimento geral e o bem-estar. Venha aproveitar tudo que a dança afro tem a oferecer para você. Experimente agora e sinta a diferença!
Danças Afro
Apresentação de dança Afro
1 – INTRODUÇÃO
Os milhões de africanos que foram trazidos para o Brasil eram tripulantes de navios negreiros, cada qual com suas crenças, dialetos e rituais diferentes, que chegaram entre os séculos XVI e XIX. Nesta caravana incluíam-se reis, rainhas, príncipes e princesas.
Mais do que africanos para trabalhar como escravos no Brasil-colônia, nos porões daqueles negreiros, viajavam tradições culturais, religiosas e artísticas diversas.
Danças cerimoniais, guerreiras e competitivas e, Danças litúrgicas ao som de instrumentos de percussão que desempenhavam um papel de grande relevância que, em suas terras de origem praticavam e ainda pratica-se até hoje. Formas de luta e dança, associadas a uma cerimônia mágico-religiosa que recebem denominações diferentes, conforme a região: N’Angolô (em Benguela), Cambangula (na região de Huíla, sul de Angola) e Bassula (em Luanda, capital ao norte). Todas impulsionadas pela firme vontade de crença e libertação. Muitas dessas manifestações religiosas trazidas pelos africanos eram representadas em forma de danças, hoje denominadas danças-afro.
A dança afro é considerada a mais antiga manifestação do ser humano (em forma de dança). Ela não só ainda está viva, como em pleno processo de desenvolvimento.
Pode ser definida como uma dança ritmada nos toques de atabaque, coreografada com movimentos de expressão corporal, inspirados nas tribos africanas que migraram para o Brasil. Descalços, roupas coloridas e muitos adornos. Movimentos elásticos do tronco, flexões e extensões acentuadas como felinos. Saltos leves, quase alados. Muita coordenação motora e rítmica, expressão de corpo e rosto. Como guerreiros prontos para o ataque, prontos para a dança. Tumbadoras, atabaques, bongôs, chiquerês. A dança se mostra em sua manifestação primeira: a da alegria, do prazer, da comunicação com o divino que surge naturalmente por intermédio da magia do som da dança do coração afro. A dança AFRO resulta da junção de dois estilos de Danças: A energia dos movimentos fortes do AFRO, unida à flexibilidade e ao swing do JAZZ contemporâneo. Utiliza sobretudo as pernas e o tronco, passa mensagens com os braços e as mãos.
2 – FORMAS DE LINGUAGEM NA DANÇA DE ORIGEM AFRICANA
- VERBAL – Cânticos e Louvores, Invocações
- PICTOGRÁFICA – Inscrições e Desenhos no corpo, Pinturas
- IDEOGRÁFICAS – Símbolos (bastões, escudos, peneiras, máscaras, etc…).
- VESTUÁRIO – Adornos e Adereços (animais, vegetais, minerais).
- INSTRUMENTOS MUSICAIS – O formato e o material usado na confecção dos mesmos.
3 – O AFRO PRIMITIVO E O AFRO CONTEMPORÂNEO
O que diferencia o tipo de Dança em Afro Primitivo e Afro Contemporâneo, é que em relação ao primitivo, a simbiose homem-natureza não é rompida e sempre reatualizada do coletivo para o individual; já no contemporâneo, o sentido é inverso, prescindindo de uma complementaridade.
No primeiro momento, parte-se do Tempo Mítico para o Tempo Histórico, passando-se pelo Tempo Social; no segundo momento, parte-se do Tempo Social para o Tempo Histórico.
O Afro Contemporâneo relaciona-se com a performance eminentemente técnica, refere-se à estética da linguagem.
O Tempo Mítico como elo de reunificação com a origem, não aparece em função da descaracterização cultural, e este é o fator que lhe confere um caráter específico singular – ser contemporâneo.
Como conteúdo psíquico, os mitos estão inseridos no contexto cultural que lhe é peculiar, sendo, portanto um elemento estruturante da cultura = Grupos Étnicos.
Cada grupo étnico desenvolve seus próprios mitos em particular, tendo um mito universal estruturante. Por exemplo:
- Mito da Criação ou Origem – É universal e de caráter racial, podendo ser trabalhado particularmente em acordo com a cultura de cada grupo étnico
- Mitos Agrários – Plantio, Colheita, Fertilidade da terra;
- Mitos da Pesca e Caça – Animais, Meio Ambientes naturais ou Ecossistema;
- Mitos Vegetais, Mitos Atmosféricos, Mitos Escatológicos – Relacionados à morte, ao fim da existência.
4 – DANÇA AFRO E EDUCAÇÃO FÍSICA
A prática da Dança Afro necessita somente do corpo: cabeça, tronco, braços e pernas, acrescidos de agilidade, sensualidade e um pouco de manha. Acompanha uma expressão rítmica que em determinados momentos para ser produzida vale-se do auxílio de instrumentos musicais, que por suas vibrações marcam os passos da dança.
É comprovado que a Dança Afro é uma atividade física que fornece muitos elementos para a formação educacional do indivíduo, ajudando na educação do movimento, principalmente, para as crianças. Entre eles pode-se citar: o canto, a poesia, códigos sociais, identificação cultural e componentes das funções motoras como: coordenação, ritmo, equilíbrio, e ainda, percepção ao nível de corpo, objetos, formas, linhas e cores.
O homem ou a mulher, com a prática da Dança Afro, fortalece sua musculatura abdominal, como também melhora sua capacidade aeróbica. Os exercícios executados de forma aeróbica visam, principalmente, as modificações significativas do sistema cardiorrespiratório que se caracteriza por um aumento das cavidades do coração, além da melhoria das trocas gasosas.
5 – DANÇA AFRO BRASILEIRA
Há muito tempo, ouve-se falar que a Dança Afro Brasileira não precisa de técnica para se aprender, que qualquer pessoa consegue executar os movimentos e que basta tocar um tambor e sair dançando, embalado pelo ritmo. Tais afirmações refletem o uso da discriminação por a dança afro não ser uma modalidade acadêmica e também a vergonhosa prática racista e ainda, o estereótipo de inferioridade a qual a cultura negra foi submetida na sociedade.
A Dança Afro é uma atividade que envolve ritmo, harmonia, sincronia, formas, linhas e cores, além de ter raízes culturais sólidas. Embora esteja correndo o risco de deterioração, pois em nome do redimensionamento da sua propagação, está perdendo sua identidade cultural e cada vez mais, sendo tratada como mero folclore.
Com a falta de conhecimento mais aprofundado, a Dança Afro a cada dia vem se distanciando das suas características originais. E mais uma vez, condenada à imposição para ser aceita, a de ser ministrada nas academias através das técnicas de afro-moderno, afro-jazz e ou afro-contemporâneo. Com isso, abandonam seus elementos simples e naturais, extraídos da própria natureza – que é a fonte de expressão do corpo primitivo: o contato com o mar, cachoeiras, rios, pedreiras e principalmente, com a floresta, no manuseio das plantas (folhas, flores e frutos), como fontes que possibilitam a captação de gestos e movimentos.
Como se não bastasse, a nova técnica empregada ao ensino da dança afro pressupõe a falta de contato com as cerimônias afro realizadas nas florestas que nos fazem entender o respeito e o sentimento de preservação ecológica, conceber os elementos-domínios dos deuses africanos, planos de existência e suas danças específicas. Considerando que a dança afro procura desenvolver um processo de relação entre o praticante e o meio ambiente.
6 – DANÇAS AFRO MAIS DIVULGADAS NO BRASIL
AFOXÉ
É de Origem Africana, apresenta no seu contexto elementos ligados à religiosidade dos africanos aqui no Brasil que para estes adeptos principalmente do Candomblé Jeje-Nagôs é quase que uma obrigação levar o axé (energia positiva) aos festejos que participam.
Os antigos Afoxés ao se prepararem para desfilar, sobretudo no Carnaval, primeiramente eram preparados espiritualmente, seguindo os Rituais do Candomblé nos Terreiros, com oferendas aos Orixás. Atualmente isto não acontece, pois muitas pessoas que brincam nos Afoxés não têm vínculos com o Candomblé, pois a liderança que organizavam tal desfile em muitos locais não pertencem mais ao líder religioso (Pai de Santo = Babalaorixa, ou a Mãe de Santo = Yalaorixa.
O Afoxé desfila separado de qualquer outra manifestação, pois apenas podem participar quem está no grupo que, na sua grande maioria, são homens. As roupas são iguais para todos, utiliza-se adereços como contas dos Orixás (conjunto de miçangas que unidas formam um tipo de colar que é preparado com ervas e outros produtos para poder ser utilizado pelo filho do Orixá como sinal de respeito e proteção, cada Orixá é representado por uma cor ou conjunto de cores nas contas), turbante na cabeça, uma bata (espécie de camisa de origem africana), calça, todas da cor branca simbolizando a paz o Orixá Oxalá.
Os Cantos e a dança executados durante o desfile estão ligados ao Candomblé, o canto é em língua Nagô, os instrumentos musicais mais utilizados são os 3 atabaques (ru, rumpi, le), agogô ou gam, xerê.
DANÇA DOS ORIXÁS
É uma dança sensual e guerreira. Aparece em todos os estados brasileiros.
Três fontes ficaram evidenciadas: a indígena, bem caracterizada pela coreografia dos caboclinhos (ou cabocolinhos) originários dos cucumbis; a européia, através do pezinho, das tiranas ou dos schottish, e a africana, via candomblé, umbanda.
Daí originaram-se muitos dos passos do. Suas cores, metais, alimentos, domínios no universo, saudações e as danças, os orixás povoam a cultura brasileira desde o tempo da colonização.
De suas coreografias deve-se ressaltar:
- Bravun, de origem keto, o ritmo percutido com varetas, dança de Ogun, orixá do ferro que alimenta-se de várias carnes e, em especial de galinha d’Angola. Sua saudação é “ogun ie” e a cor o azul. A coreografia de Ogun tem a dança do bravun bem agitada, os passos mais acelerados, braços movimentados para o alto, à frente e na horizontal, nesta última parte como a cortar lanças e defender-se de adagas com escudo imaginário, ações típicas de sua essência guerreira.
- Dança dos Exus: com domínio nas aberturas de rua e encruzilhadas, suas cores são vermelha e preta, os animais o galo, bode e cachorro. O metal dos exus é o bronze, a saudação é laro ie. Exu apresenta-se numa dança serpenteada, as mãos ora levantadas para o orun (céu), ora para o aye (terra) os quais ele interliga. A comissão de frente nas escolas, em especial a partir dos anos 60, executa inúmeros de seus passos.
- Aguerê: é a forma coreográfica com a qual se expressa Oxossi. Dono das matas, sua cor é o verde e a saudação “Oke” ou “Oke aro”. Metal é o bronze. O galo e animais de caça são oferendas preferidas e o seu domínio a lua. A dança de Oxossi é de especial beleza. O corpo corcoveia, vai ao chão, para. Os movimentos das mãos simbolizam arco e flecha, símbolos de Oxossi. É também a coreografia de Iansã, cujas cores são vermelha/branca ou amarela. Seu metal, o cobre. Domina os ventos, a tempestade e os animais prediletos são a cabra e a galinha. A saudação é “eparrei”. Além da rapidez, das fugas e contrafugas próprias de Oxossi, a dança de Iansã tem como propriedade feminina o enlaçar dos braços. A partir desses meneios desenvolve-se o “iruechim”, uma ondulação flutuante de mãos com os braços erguidos, comumente chamada de quebra-pratos, e na qual se utiliza um feixe de fios de rabo de cavalo.
- Iruechim: evocação aos eguns (espírito dos mortos), simbolizando a vida física que se quebrou. Toda a graça do jogo cênico dos braços dessa coreografia é exibida no belo momento do desfile das grandes escolas de samba. Seus animais são galo ou do bode e, para saudá-la diz-se “arroboboi”.
- Ijexá: é a animação coreográfica de orixás poderosos, a exemplo de Oshum (Oxum) que tem as cores do ouro ou azul. Seus animais preferidos a cabra e a galinha. Os domínios: a água doce e o amor sendo-lhe natural, também, o mar. Seus passos no ijexá são miúdos, lentos, delicados. Lua, meia-lua, como reproduzem os bailarinos clássicos ao representá-la. Os braços de Oxum conduzem o ritmo do corpo como se fora a puxada de remos, ora para frente, ora para trás. Ela reproduz, igualmente, sensual mexidinha dos ombros. orixá da beleza, do encantamento, também Oxum dança segurando e batendo a barra da saia, para onde olha, como a procura da imagem de sua graça no espelho das águas. Sua saudação é “ora ieie o”. O ijexá é, igualmente, dança de Ossanhe (Ossanha) que se reproduz em passos semicirculares dança com os braços e mãos multidirecionados, como a distribuir as folhas e raízes da sua essencialidade curativa. Para saudá-la diz-se “eu eu o”. Sua cor é abóbora-clarinha, e ferro o metal preferido.
- Opanijé: coreografia de Omulu, Obaluaê, que dominam o sol, a terra e, notadamente, as doenças epidêmicas. As cores são preta, branca e vermelha e a saudação “atotô”. Os animais preferidos são galo, porco ou o bode. A dança é exercida através de três passos a um lado, os braços erguidos ao céu; igual andamento para o outro lado, novamente os braços alçados. De volta à base, então os três passos serão para frente. São um dos principais movimentos das alas para se arremeterem à frente sem abrir claros na harmonia do desfile das escolas de samba.
- Alujá: dança de Xangô, a mais viril e agressiva de todas as coreografias dos santos africanos. Dominador do raio, do fogo e, sobretudo, da justiça, de Xangô são as cores vermelha e branca e, às vezes, o marrom. Cobre é seu metal e seus alimentos preferidos são o carneiro e o galo. A saudação é Kaô-Kabiecilê. Com guerreiro, a coreografia de xangô é dominada pela simulação de golpes de machado, um de seus símbolos. Num momento, ele rasga o espaço para frente, noutros cruza sua arma com o imaginário opositor (o mal). De forma impetuosa, uma coxa à frente, o tronco é impulsionado para frente e, em sequência, para um dos lados a coreografia vai ocupando todo o espaço que lhe é dado. Para executá-la bem, é preciso estar bem preparado fisicamente.
- Ibin: tem duas vertentes, uma quando aparece como Oxaguian, sua coreografia tem mais vibração, mas é executada a passos curtos, curtíssimos, para a direita e esquerda, ao tempo em que os braços movimentam-se para o alto, elevando sua espada para o céu. São passos semelhantes aos de Ogum, contudo, regidos pela brandura, a suavidade outra como Oxalufan (o oxalá mais velho), ao dançar a composição do corpo é arqueada. Amparado no Opaxoro (o cetro) ele praticamente caminha, passo a passo, com intervalos vibratórios da cabeça aos pés. A coreografia de Oxaguian dá postura às baianas, excetuando-se a rodada do corpo, propriedade do samba.
SAMBA:
Gênero de canção popular de ritmo basicamente 2/4 e andamento variado, surgido a partir do início do século XX como aproveitamento consciente das possibilidades dos estribilhos cantados ao som de palmas e ritmo batucado, e aos quais seriam acrescentados uma ou mais partes, ou estâncias, de versos declamatórios.
Dança popular e música de compasso binário e ritmo sincopado reveladores de sua ligação original com os ritmos batucados, acompanhados por palmas, dos bailes folclóricos denominados sambas. Palavra provavelmente procedente do quimbundo samba (umbigada), empregada para designar dança de roda (de coreografia semelhante à do batuque) popular em todo o Brasil, geralmente com dançarinos solistas, em que, como ponto de culminância, aparece quase sempre a umbigada. Os sambas mais conhecidos são os da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo Luís da Câmara Cascudo, pode-se observar a influência da cidade no samba pelo fato dele ser também dançado por par enlaçado. Quanto à instrumentação, Mário de Andrade faz uma observação válida para as demais danças afro-brasileiras com predomínio de percussão: “Os instrumentos não obedecem a nenhum critério seletivo, sendo livre a contribuição dos tocadores”. No Rio de Janeiro o samba era inicialmente dança de roda entre os habitantes dos morros. Foi daí que nasceu o samba urbano carioca, espalhado hoje por todo o Brasil. São seus instrumentos o tamborim, o violão, o pandeiro, o cavaquinho, a cuíca, o surdo, as caixas, etc. Da mesma forma que o batuque, já desde o início do século XIX, a palavra samba estendeu-se como designação de qualquer tipo de baile popular. O primeiro samba gravado, tido e reconhecido pela maioria dos pesquisadores de música popular, apesar de polêmicas paralelas tanto em relação à autoria exclusiva de seus dois autores quanto à prioridade de seu aparecimento público, intitulou-se “Pelo telefone” e foi assinado por Ernesto dos Santos (ver Donga) e Mauro de Almeida, o cronista carnavalesco Peru dos Pés Frios. A primeira gravação do samba inaugural foi feita para a Casa Edison do Rio de Janeiro pelo cantor Bahiano, acompanhado pela Banda da Casa Edison e obteve notoriedade pública no carnaval de 1917. Embora considerado por estudiosos com alguma influência do maxixe, o samba obteve consagração nacional na década de vinte através da obra de José Barbosa da Silva (ver Sinhô), considerado o primeiro sambista a organizar o samba profissionalmente em torno tanto de sua obra, quanto de sua própria personalidade individual. Ainda influenciado pelo maxixe, mesmo no conjunto das composições de Sinhô, o samba só viria a tomar sua forma definitiva, em ritmo, com Ismael Silva e sua turma do Estácio (bairro boêmio e semiproletário carioca), ao final da década de vinte do século passado.
AXÉ
As origens do axé estão nos anos 50, quando Dodô e Osmar começam a tocar o frevo pernambucano em rudimentares guitarras elétricas (batizadas de guitarras baianas) em cima de uma Fobica (um Ford 1929). Nascia o Trio Elétrico, atração dos carnavais para a qual Caetano Veloso chamou a atenção em 1968 na música Atrás do Trio Elétrico. Mais tarde, Moraes Moreira, dos Novos Baianos, teria a ideia de subir num trio (que era apenas instrumental) para cantar – foi o marco zero da axé music. Paralelamente ao movimento dos trios, aconteceu o da proliferação dos blocos afro: Filhos de Gandhi (do qual Gilberto Gil faz parte), Badauê, Ilê Ayê, Muzenza, Araketu e Olodum. Eles tocavam ritmos africanos como o ijexá, brasileiros como o maracatu e o samba (os instrumentos eram os das escolas de samba do Rio) e caribenhos como o merengue.
Com a cadência e as letras das músicas de Bob Marley nos ouvidos, o Olodum criou o samba-reggae, música com forte caráter de afirmação da negritude, que fez sucesso na Salvador dos anos 80 com artistas como Lazzo, Tonho Matéria, Gerônimo e a banda Reflexus – as músicas chegavam ao Sudeste em discos na bagagem dos que lá passavam férias. Logo, Luís Caldas (do trio Tapajós) e Paulinho Camafeu tiveram a ideia de juntar o frevo elétrico dos trios e o ijexá. Surgiu assim o deboche, que rendeu em 1986 o primeiro sucesso nacional daquela cena musical de Salvador: Fricote, gravado por Caldas. A modernidade das guitarras se encontrava com a tradição dos tambores em mistura de alta octanagem.
Uma nova geração de estrelas aparecia para o Brasil: Lazzo, Banda Reflexus (do sucesso Madagascar Olodum), Sarajane, Cid Guerreiro (do Ilariê, gravado por Xuxa), Chiclete com Banana (que vinha de uma tradição de bandas de baile, blocos afro e trios elétricos) e Margareth Menezes, a primeira a engatilhar carreira internacional, com a bênção do líder da banda americana de rock Talking Heads, David Byrne. Pouco tempo depois, o Olodum estaria sendo convidado pelo cantor e compositor americano Paul Simon para gravar participação no disco The Rhythm of The Saints.
CAPOEIRA
Capoeira é uma herança deixada pelos negros bantos vindos de Angola como escravos. Cultivado e praticado por escravos fugitivos, ensinado aos negros ainda cativos por recapturados voltando aos engenhos, surgiu como uma espécie de arte marcial. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecessem uma dança. Símbolo de identidade, solidariedade e resistência, a Capoeira não deixou de ser perseguida depois do fim da escravidão. Na cidade de Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o caráter marginal da luta. A Capoeira só começa a ganhar aceitação por parte das autoridades nos anos 30: Em 1932, Manuel dos Reis Machado, Mestre Bimba, abre uma academia em Salvador e solicita o registro para que funcione normalmente. Em 1937, Mestre Bimba recebeu um convite do então interventor da Bahia, General Juracy Magalhães, para organizar uma roda de uma variação da Capoeira (chamada “Regional“) para o Presidente Getúlio Vargas, que visitava Salvador. Desde então, a Capoeira ganhou reputação como arte marcial no mundo inteiro, assim como por sua função social e educativa. Hoje em dia, a Capoeira está dividida em duas correntes: ‘Angola’ (a mais antiga; Mestre Pastinha) e ‘Regional’ (Mestre Bimba).
MACULELÊ
O Maculelê é uma dança guerreira, um jogo de bastões de madeira acompanhados de cânticos em linguagem popular, ou em dialetos africanos, com um instrumental variável de atabaques, agogôs, ganzás, pandeiros e violas.
Trata-se de uma demonstração de ataque e defesa, em que o atacante pode investir contra um, dois e até três dos seus companheiros, usando apenas um bastão, ao passo que os atacados se defendem com dois deles.
O nome usual para o bastão é “grima”, palavra que seria uma forma abreviada de esgrima.
7 – INSTRUMENTOS MAIS UTILIZADOS
ATABAQUE
Atabaques são tambores de origem afro-brasileira, nativos do candomblé e de outros estilos relacionados e influenciados pela tradição africana Yoruba. Seu uso tradicional era na música ritual e religiosa, empregados para convocar os Orixás – as divindades do candomblé. Atualmente alguns estilos contemporâneos do norte também o utilizam em sua música. O atabaque é tocado com as mãos, com duas baquetas, ou às vezes com uma mão e uma baqueta, dependendo do ritmo e do tambor que está sendo tocado. Outros instrumentos de percussão genéricos (como congas e bongos) são comuns para o samba, baião, e outros estilos contemporâneos como o jazz brasileiro e o funk. Atualmente é normal ouvir adaptações de ritmos brasileiros para esses instrumentos.
XEQUERÊ
O afoxé e o xequerê tradicional são cabaças, logo existem em diferentes formatos e tamanhos devido a serem feitos de um material natural. Certos estilos musicais requerem tipos e tamanhos específicos desses instrumentos. O formato mais comum dos afoxés consiste numa cabaça redonda que se afunila para formar um tipo de cabo. Eles têm contas de plástico trançadas à sua volta amarradas com cordas ou fios. Os xequerês normalmente são maiores e produzem um som mais forte – especialmente no tom grave obtido com a palma da mão tocando o maior lado da cabaça. Muitas cabaças feitas atualmente têm cabos de madeira e pequenas contas de metal, e produzem um som bem diferente do original. Apesar disso, essa versão moderna do instrumento já foi incorporada em vários estilos brasileiros. Existem tantas maneiras de se tocar as cabaças quanto as variedades em que elas podem ser encontradas. Um dos modos seria a mão direita segurar o cabo e girar a cabaça, enquanto a mão esquerda segura as contas – obtendo-se assim a fricção delas contra o corpo da cabaça. O deslizamento das contas quando a cabaça é girada produz acentos e ritmos. Outro método envolve sacudir a cabaça e tocar tons com a palma da mão no corpo do instrumento. Um terceiro som é obtido segurando-se a cabaça reta e sacudindo-a para frente e para trás, produzindo notas curtas e agudas.
BERIMBAU
O berimbau foi trazido ao Brasil de Angola com a música de capoeira dos escravos Bantú. Apesar de retratar um confronto, a graciosidade da dança da capoeira lembra o balé. Ela posteriormente desenvolveu-se no nordeste brasileiro, na Bahia e em outras regiões no estado de Pernambuco. O berimbau é feito com um arco de madeira (chamada biribá), e com um fio de arame preso nas duas extremidades desse arco. Uma cabaça com uma abertura em um dos lados é presa à parte inferior externa do arco, aproximadamente de 20 a 25 centímetros da ponta do instrumento, com um pedaço de corda. Essa corda é também amarrada em torno do fio de arame, e quando pressionada ela altera o som do mesmo. Os tons do berimbau são modificados pela aproximação e afastamento da cabaça em relação ao corpo do músico, assim abrindo ou fechando o buraco. Os outros 3 componentes são uma moeda ou rodela de metal, que é segurada contra o arame, uma pequena vareta para tocar o fio, e um pequeno caxixi. Apesar de originalmente ter seu uso reservado estritamente à capoeira, o berimbau encontrou seu caminho em meio a outros estilos populares, assim como em vários idiomas contemporâneos. Alguns músicos já o gravaram até mesmo como instrumento solista.
CAXIXIS
Caxixis são cestos entrelaçados enchidos com pequenas contas, conchas, pedras ou feijões. Por serem feitos à mão, eles existem em vários formatos e tamanhos. Originalmente o caxixi era usado com o berimbau na música de capoeira, mas hoje ele é encontrado criando ritmos e cores em diversos estilos.
AGOGÔ
O agogô é um instrumento feito com um par de campanas conectadas por uma haste de metal. Também existem conjuntos de 3 ou 4 campanas. Elas são usualmente afinadas em intervalos de terça, seguradas em uma das mãos e tocadas com uma baqueta pela outra. Uma vez iniciado o ritmo o padrão é em geral mantido constante, exceto em situações menos tradicionais, onde a improvisação de variações funciona bem.
APITO
O apito era tradicionalmente feito de madeira, mas hoje usam-se apitos feitos de metais como o bronze. Ele têm buracos nos lados que são cobertos com os dedos para produzir diferentes tons. O apito é usado tanto para tocar padrões rítmicos assim como para anunciar uma nova seção, o começo, ou o final de uma música. Em uma escola de samba o mestre de bateria é o responsável por esses sinais. Para ele, o apito – juntamente com o repinique – funciona como a batuta de um maestro. O apito é capaz de produzir sons fortes e fracos, longos e curtos, abertos e fechados, e todos são usados para adicionar variedade e cores aos padrões tocados. Ele também pode tocar um padrão repetitivo que funciona como parte do conjunto do grupo rítmico.
PANDEIRO
O pandeiro é um instrumento que requer considerável técnica para ser tocado. Ele é muitas vezes destacado como instrumento solista em escolas de samba, assim como em grupos contemporâneos onde há a participação de um percussionista. Solos tradicionais de carnaval incluem truques teatrais como deslizar o pandeiro ao longo das costas e girá-lo na ponta dos dedos. Um músico de nome João Machado Guedes é considerado o responsável pela introdução do pandeiro nas escolas de samba. Pandeiros podem ter peles de couro ou de plástico. Eles existem em diferentes tamanhos, com os de 10 e 12 polegadas sendo os mais comuns. As peles de couro produzem uma qualidade de som melhor, mas apresentam problemas de afinação causados por alterações climáticas, logo as peles de plástico são mais encontradas. O pandeiro é segurado por uma das mãos, enquanto a ponta dos dedos, o polegar e a base da outra mão são usados para tocar a pele do lado de cima. Os tons abertos e fechados podem ser obtidos através do uso do polegar ou do dedo médio da mão que segura o instrumento. O polegar pode abafar a pele do lado de cima, o dedo médio pode abafar o lado de baixo.
8 – CONCLUSÃO
Concluímos que a dança afro é uma das mais antigas formas de manifestação cultural praticada no Brasil. Algumas delas conhecidas internacionalmente, como o samba e a capoeira. Além do valor cultural, os profissionais de educação física podem utilizar essas danças como forma de atividade física. Para mais informações sobre atividades de educação física, você pode conferir o artigo sobre Dicas Imperdíveis de Atividade de Educação Física Infantil para Desenvolvimento Motor.
9 – BIBLIOGRAFIA
http://www.aomestrecomcarinho.com.br/
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http://www.ceasm.org.br/
http://www.mulheresnegras.org/africa.html
Autor: Michelli Santana