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Resenha do livro: Uma análise profunda da Metafísica de Aristóteles

Descubra como Aristóteles aborda a realidade e as relações entre as partes para entender seu livro Metafísica. Saiba mais sobre os conceitos filosóficos, seus ensinamentos e seus limites. Uma oportunidade única de explorar a sabedoria de Aristóteles.

Resenha do livro: Uma análise profunda da Metafísica de Aristóteles

Aristóteles Metafísica. Porto Alegre. ed. Globo (1969). Aristóteles nasceu em Estagira de Trácia. Foi filho de Nicômaco, médico de Amintas II, rei da Macedônia. Quando contava dezessete anos, dirigiu-se a Atenas para completar sua carreira científica na Academia, primeiro centro cultural da época. Por duas décadas, foi aluno de Platão e membro ativo da Academia. Aristóteles sempre lembrará esses anos de convivência íntima com o amigo e incomparável mestre, cuja doutrina deixou marca indelével em seu pensamento. O sentido primordial do ser foi a preocupação primeira daqueles que posteriormente foram denominados filósofos. Estes pensadores viram diante de si algo extraordinário que os surpreendia, arrebatando-lhes o olhar. Por sua vez, Aristóteles teve o cuidado de definir uma ciência nova, que era a metafísica. Fixou o seu objeto como sendo o estudo do ser enquanto ser. É o que já diz no começo de sua Metafísica: “O objetivo desta discussão é o de mostrar que, sob a denominação de sabedoria, cada um entende comumente o que trata das primeiras causas e dos primeiros princípios” (Met., 981b 25). Aristóteles foi muito claro na primeira fase do livro IV da Metafísica: “Há uma ciência que estuda o ser enquanto ser, e os atributos que lhe pertencem essencialmente. Ela não se confunde com nenhuma das ciências ditas particulares porque nenhuma destas outras ciências considera em geral o ser enquanto ser, mas tomando uma certa parte deste ser, somente se ocupam do estudo desta parte; tal é o caso das matemáticas” (Met., 1003a 20). Além do ser em si mesmo, Aristóteles distingue ainda outros três sentidos principais em que se diz que uma coisa é, a saber: por acidente, como verdadeiro e como falso e em potência e em ato. O ser acidental pode ser dito como verdade, mas não uma verdade necessária ou habitual, e sim contingente. Por exemplo, pode-se dizer: “O arquiteto é músico”. Ser arquiteto não implica necessariamente em ser músico, mas, no entanto, esta proposição pode ser verdadeira, visto que uma coisa é acidente de outra. O logos para saber o que é ser músico não passa pelo logos de saber o que é ser arquiteto. O ser como verdade implica aceitar que dizer que uma coisa é, é aceitar que ela é verdadeira, ao passo que dizer que uma coisa não é, é dizer que ela não é verdade, isto tanto na afirmação como na negação. Assim, como explica Aristóteles, tanto a afirmação de que Sócrates é músico e não-pálido deve ser verdadeira, ao passo que a proposição “Sócrates não é pescador” deve ser falsa. O ser como verdade e falsidade está ligado, portanto, à lei de não contradição que Aristóteles formulou. Desde o começo, Aristóteles conduz a questão do objeto da filosofia para o ente inteligível, que distingue do observável, que é da ciência empírica. Aristóteles, no início de sua obra Metafísica, afirma: “Na verdade, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora” (982 b-l3/14). Este sentimento nos acomete bruscamente sem que o busquemos. Continuando a mesma passagem da Metafísica, Aristóteles afirma que, perplexos (os homens) de início, ante às dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito das maiores, como os fenômenos da lua, do sol e das estrelas, assim como a gênese do universo. O que arrebatava seu espanto admirado era, em primeiro lugar, a natureza, a physis. Aristóteles desejava assegurar as condições para o filosofar. “E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante…; portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária. E isto é confirmado pelos fatos, já que foi depois de atendidas quase todas as necessidades da vida e asseguradas as coisas que contribuem para o conforto e a recreação, que se começou a procurar esse conhecimento” (992-b/20-25). A filosofia, e portanto, em especial a metafísica, pergunta pelo porquê, pelo como, pelas razões, pela quiddidade. Tal é expresso em Aristóteles pelo *4`J4. A ciência experimental indaga apenas pelo fato, pelo puro “que” do acontecer factício, pelo quare e não pelo quia. (Segundos analíticos II, 2 90a 31: II, 1) (vd 161). A mesma definição volta a ser apresentada adiante (Met., 1025b 1). Está clara e completa a definição: o ente enquanto ente. Dali procede o termo ontologia, criado só modernamente; entretanto, restringe-se a um setor da metafísica. A subdivisão da metafísica em partes, com vistas a ordenar seu tratamento sistemático, não é expressamente anunciada por Aristóteles, que apenas trata dos temas uns após outros. Mas ofereceu Aristóteles os elementos para uma redivisão da metafísica, a qual passou a ter novas denominações modernas para cada parte. A divisão pela qual Aristóteles divide a realidade em quatro causas, de que duas são intrínsecas (formal e material) e duas extrínsecas (eficiente e final), fundamenta a divisão da metafísica em duas partes: natureza do ser visto em si mesmo; natureza do ser visto extrinsecamente. Uma pergunta final: o que seria primeiro, o ato ou a potência? Aristóteles responde taxativamente: o ato. Porque se é verdade que o atual procede sempre do potencial, entretanto, o que é potencial, só pode ser reduzido ao atual por algo que estiver em ato ou for atual. E isso faz precisamente com que o ato seja temporalmente primeiro que a potência. Como também, do ponto de vista da substância, o que é eterno é primeiro que aquilo que é perecível; pois, o eterno é atualidade pura, ato puro, primeiro motor imóvel. E, assim sendo, ele se constitui em causa final última da atualização da potência, em eterna fonte do movimento, isto é, da passagem da potência ao ato, nos diferentes seres. Cabe à reflexão filosófica a tarefa de compreensão da condição humana. O esforço se remeterá ao solo primeiro de onde o pensamento emerge e busca seus marcos de orientação, a saber, os eventos da experiência concreta, vivida. Esta, como evento, fluxo de eventos e fonte de significação, é um acontecimento significante. Tais eventos são cheios de sentido que se manifestam, se expressam na linguagem do cotidiano, no nível dos gestos, no momento principal do específico humano — corpo — consciência. Estas objetivações de linguagem estampam o homem “dizendo-se” nas suas relações com o mundo e com os outros. A obra Metafísica, de Aristóteles, é um livro que merece e deve ser lido por todos os professores e alunos que se interessam pela visão aristotélica a respeito da metafísica.

Autor: José Bakir de Amorim

Para aqueles que desejam aprofundar-se mais na filosofia, é interessante explorar o significado e benefícios de estudá-la. Além disso, a reflexão sobre a família na atualidade pode enriquecer a compreensão das relações humanas sob a ótica filosófica.


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