O filme nos leva a uma imersão na Idade Média, fazendo-nos transitar por diversos temas e fases da história, tornando-se uma grande aula de história e também de filosofia.
A atmosfera sombria, a aparência doentia dos monges/frades, a rejeição a conceitos tidos como avançados pelos monges frequentadores do mosteiro e a abordagem à Santa Inquisição que passa a ser feita a partir da segunda metade do filme nos permite compreender um pouco do que foi a Idade Média.
Enredo e Contexto Histórico
O filme retrata a história da investigação de uma série de assassinatos ocorridos em um monastério da Itália Medieval, (sete monges são mortos de maneira insólita, no período de sete dias e noites). Um monge franciscano, Willian de Baskervile, ex-inquisitor, chega ao mosteiro para participar de um conclave onde decidiriam se a Igreja doaria parte de suas riquezas; mas diante dos assassinatos desviou sua atenção e começou a investigar o caso acompanhado pelo seu noviço/discípulo: Adso de Melk. (outra característica da Idade Média; habitualmente o 3° filho do Senhor Feudal era “encaminhado” à Igreja aos cuidados de um preceptor)
Willian é o representante da ciência, usa métodos de pesquisa sofisticados para reunir as provas necessárias e chegar à verdade; busca pistas que não são visíveis às demais pessoas; como as frases no pergaminho, apagadas com suco de limão, que revelam-se aos olhos do investigador sob a chama de uma vela. No filme, ele representa o Intelectual Renascentista, que com sua postura Humanista e Racional, consegue desvendar a verdade por trás das mortes do Mosteiro.
Do lado oposto ao franciscano estão os monges que alimentam a ideia de que uma força sobrenatural, demoníaca, tomou conta do lugar, relacionando as mortes com a profecia do Apocalipse.
A Biblioteca e o Conhecimento
No mosteiro beneditino, a biblioteca representa a fonte de saber que, para os monges, precisa ser protegida. A biblioteca tem que ser secreta, porque ela inclui obras que não estão devidamente interpretadas no contexto do cristianismo medieval. O acesso a esta é restrito, porque há ali um saber que é ainda estritamente pagão e que pode ameaçar a doutrina cristã. O pensamento dominante impedia que o conhecimento fosse acessível a quem quer que seja, salvo os escolhidos. A biblioteca era um labirinto e aqueles que chegavam ao final eram mortos. Essa “prática” tem a ver com o pensamento da Idade Média, dominado pela Igreja. A informação restrita a alguns poucos representava a dominação e o poder. Era a Idade das Trevas, em que se deixava todos os outros na ignorância.
Ao final, Willian revela o resultado de sua investigação: as mortes estão relacionadas com o livro desaparecido de Aristóteles, que aborda o riso como instrumento da verdade, e que teve suas páginas envenenadas por um dos monges que odiava a comédia e via no riso uma possibilidade de dúvida sobre Deus.
Reflexões sobre Ciência e Religião
O filme aborda a questão da ciência como caminho que leva à verdade e ao saber, e a religião como o caminho da irracionalidade e do obscuro. Retrata um ambiente no qual as contradições e oposições justificam as ações humanas. O confronto entre os franciscanos e os representantes da Inquisição nos coloca novamente frente a frente com a questão do Bem e do Mal. É também uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores pela demagogia, violências sexuais (mulheres que se vendiam aos monges em troca de comida), a luta contra a mistificação e o poder.
O Nome da Rosa é uma viagem imaginária à Idade Média europeia. A oportunidade de reflexão aberta das questões filosóficas, dos conceitos de Bem e Mal, de certo e errado.
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Autor: Rachel Cretton
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