Émile Durkheim: Vida, Visão em Relação à Sociedade e Pontos de Vista
Descubra como o inovador sociólogo francês, Émile Durkheim, influenciou a forma como vemos a sociedade moderna. Saiba mais sobre as suas ideias, visões e pontos de vista, e como elas afetaram o estudo da sociologia.
Neste artigo, pretende-se falar um pouco da vida de Émile Durkheim e sua visão em relação à sociedade, mostrando seu ponto de vista e como os seus estudos contribuíram para o desenvolvimento da mesma.
A vida de Durkheim
Émile Durkheim nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família de rabinos. Iniciou seus estudos fisiológicos na Escola Normais Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou sociologia em Bordéus, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transferiu-se em 1902 para Sorbonne, onde levou inúmeros cientistas, entre eles seu sobrinho Marcel Mauss, reunindo-os em um grupo que ficou conhecido como escola sociológica francesa.
Principais obras de Émile Durkheim
- Da divisão do trabalho social,
- As regras do método sociológico,
- O suicídio,
- Formas elementares da vida religiosa,
- Educação e sociologia,
- Sociologia e filosofia,
- Lições de sociologia (obra póstuma).
Fato Social
Embora Comenius seja considerado o pai da sociologia e tenha lhe dado esse nome, Durkheim é apontado como um de seus primeiros grandes teóricos. Ele e seus colaboradores se esforçaram para emancipar a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e constituí-la como disciplina rigorosamente científica. Em livros e cursos, sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método e as aplicações dessa nova ciência.
Em uma de suas obras fundamentais, As regras do método sociológico, publicada em 1895, Durkheim definiu com clareza o objeto da sociologia – os fatos sociais.
Distingue três características dos fatos sociais. A primeira delas é a coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha.
O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas. As sanções podem ser legais ou espontâneas. Legais são as sanções prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se estabelece a infração e a penalidade subsequente. Espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade à qual o indivíduo pertence.
Diz Durkheim, exemplificando este último tipo de sanção:
“Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável.”
Do mesmo modo, uma ofensa em um grupo social pode não ter penalidade prevista por lei, mas o grupo pode espontaneamente reagir penalizando o agressor.
A educação, entendida de forma geral, ou seja, a educação formal e a informal, desempenham, segundo Durkheim, uma importante tarefa nessa conformação dos indivíduos às sociedades em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transformadas em hábitos.
A segunda característica dos fatos sociais é que eles exigem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, são exteriores aos indivíduos.
A terceira característica apontada por Durkheim é a generalidade.
É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou pelo menos na maioria deles. Por essa generalidade, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.
A Objetividade do Fato Social
Uma vez identificados e caracterizados, os fatos sociais, Durkheim procurou definir o método de conhecimento da sociologia. Para ele, como para os positivistas de maneira geral, a explicação científica exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise.
Além disso, segundo Durkheim, é preciso que o sociólogo deixe de lado suas pré-noções. Essa postura exige o não envolvimento afetivo ou de qualquer outra espécie entre o cientista e seu objeto.
Imbuído dos princípios positivistas, Durkheim queria, com esse rigor, à maneira do método que garantia o sucesso das ciências exatas, definir a sociologia como ciência, rompendo as ideias do tempo comum.
O suicídio, amplamente estudado por Durkheim, constituía-se nesse sentido em fato social por corresponder a todas essas características: é geral, existente em todas as sociedades; e, embora sendo fortuito e resultando de razões particulares, apresenta em todas elas certa regularidade, recrudescendo ou diminuindo de intensidade em certas condições históricas, expressando assim sua natureza social.
Sociedade: um organismo em adaptação
Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade, mas também encontrar soluções para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicos, isto é, saudáveis e doentios.
Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a adaptação e a evolução da sociedade, estamos diante de um acontecimento de caráter mórbido e de uma sociedade doente.
Portanto, normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população. Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais.
Consciência Coletiva
Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam sua “consciência individual”, seu modo próprio de se comportar e interpretar a vida, pode-se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base do que Durkheim chamou de consciência coletiva.
Autor: Emeliane Fanti de Oliveira