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Atualizado em 10/08/2024

Resenha: O Mito da Caverna

Uma análise aprofundada da obra-prima clássica de Platão, explorando o significado real do Mito da Caverna e suas implicações sobre o conhecimento e a percepção da realidade.


Quantas vezes julgamos as coisas apenas pela imagem que vemos nelas? Muitas vezes, nós nos deixamos levar pelas aparências e não procuramos saber qual é o real significado das coisas. Nos primórdios, nossos antepassados viviam em uma cultura empírica; o modo como eles plantavam, criavam animais e viam os fenômenos da natureza era apenas baseado na observação. Assim, sabiam quando poderia chover, qual era a melhor época para se plantar determinado vegetal, como curar os animais de certas doenças, mas não sabiam por quê. Somente sabiam que, se cumprissem certos procedimentos, percebidos por eles ou transmitidos pelos mais velhos da tribo, poderiam resolver os problemas que lhes surgiam. A cultura baseada no empirismo não trouxe grandes progressos para a humanidade, não é uma cultura que procura questionar, apenas leva o homem a observar fenômenos e, pela repetição deles, permite que se possa tirar conclusões.

Ao longo do tempo, alguns homens começaram a se questionar sobre o porquê dos fenômenos naturais, por que chovia, por que o sol nascia e se punha todos os dias, e passaram a observar os fenômenos de forma científica, procurando saber como e por que eles aconteciam. Assim, o homem foi desenvolvendo cada vez mais as tecnologias, originadas da cultura científica.

Mas não é porque estamos no século XXI, com todo o progresso tecnológico, que podemos dizer que estamos livres da cultura empírica, que estamos todos munidos do saber científico. A maioria das pessoas não vê o mundo de forma científica, apenas aceita as informações que recebe através de outros ou através dos veículos de comunicação e as tomam como verdades indiscutíveis, sem procurar refletir se essas informações são verdadeiras ou não, e qual a sua profundidade. Foi desse modo que certas teorias se tornaram dogmas por séculos, até que alguém começasse a se perguntar se eram verdadeiras ou não. Tomemos como exemplo as teorias sobre o universo. O homem passou séculos acreditando que a Terra era o centro do universo, assim como julgava ser impossível que a Terra fosse redonda, sem nunca terem feito cálculos ou experimentos para comprovar esses fatos. Essas “verdades” eram aceitas por todos; ninguém pensava que pudesse ser de modo diferente, ninguém se perguntava por que era daquele modo, já que nunca tinham comprovado esses dogmas. Até que alguns estudiosos refletiram sobre a ideia e começaram a questionar se tudo aquilo que eles tinham aprendido era verdade. No início, esses estudiosos foram massacrados pela sociedade, foram chamados de bruxos e alguns até foram condenados à morte. Ao longo do tempo, as pessoas começaram a perceber o mundo de forma diferente, os estudiosos conseguiram convencer a sociedade de suas convicções e muitas dessas teorias que eram tidas como dogmas foram quebradas para dar espaço a outras, que tinham melhores propostas.

Com o conhecimento empírico, nunca poderia o homem imaginar que a Terra era redonda, sem estudos científicos sobre o assunto. É difícil imaginar que vivemos “de cabeça para baixo” em relação ao universo, que todos os dias a Terra gira em torno do seu eixo para que ocorram os fenômenos do dia e da noite. Somente com profundos estudos científicos se pôde afirmar isso. Mesmo os fenômenos que podemos saber que ocorrem, como os fenômenos das marés, nunca poderíamos explicá-los baseados no empirismo.

Entretanto, a passagem do empírico para o científico não é fácil; não se aprende nada imediatamente e sem um mínimo de esforço. Desse modo, ocorre na alegoria do Mito da Caverna, de Platão. Assim como os homens que estavam enclausurados na caverna, sem poderem se movimentar, somente com uma forte luz atrás de si, vendo as sombras que refletiam na parede da caverna, a sociedade estava e está de muitas formas na escuridão, no que se refere ao saber científico. Para que o homem que foi libertado da escuridão se ambientasse com a luz, levou tempo, e teve de ser aos poucos. Assim, para que possamos sair da escuridão e encontrar a luz do saber científico, temos que nos esforçar, nos ambientar aos poucos com esse saber, que à primeira vista é ofuscante e confunde nossas ideias, mas ao longo do tempo vamos nos acostumando e percebendo que o pensamento que tínhamos anteriormente era completamente limitado. As dificuldades na transição do saber empírico para o saber científico fazem com que muitos desistam, mas os que conseguem ultrapassar essa fase nunca mais querem voltar à escuridão.

Muitos que estão privados do saber científico às vezes pensam que tudo sabem, que o conhecimento que possuem é suficiente para que tudo entendam. No Mito da Caverna, os homens que lá viviam achavam que a realidade da caverna era a única que existia, que as sombras eram seres; alguns ainda se comunicavam. A visão que eles tinham da realidade era completamente distorcida do real. E isso não ocorre somente com os prisioneiros de Platão, mas também com os que negam o saber científico, com os que nada sabem e pensam que tudo sabem. A prova disso é que quanto mais uma pessoa se aprofunda no estudo filosófico ou de qualquer outra área, mais ela descobre que ainda tem muito a conhecer. Isso porque passa a conhecer outras realidades, não somente a que estava acostumado. E quanto mais realidades descobre, mais percebe que tem muito a aprender.

O filósofo, que procura mostrar a luz do saber aos outros, muitas vezes é criticado e sofre repreensões físicas e morais; é chamado de sonhador, de ser que está fora da realidade e, no passado, era até castigado fisicamente. Tudo isso por perceber a realidade dos fatos de maneira clara, ao passo que os outros se mantêm na escuridão do saber empírico. Muitos negam o saber científico, talvez pelas dificuldades que surgem à medida que vão descobrindo-o, talvez por achar mais cômodo permanecer sem o total conhecimento das coisas para não se preocupar demais com as coisas do mundo. Assim, as pessoas deixam de aproveitar tudo o que o saber científico pode proporcionar para ficar presas nas limitações do saber empírico.

Devemos perceber que, de certa forma, estamos também na escuridão como os prisioneiros de Platão, quando somente assistimos ao que se passa na televisão e nos outros meios de comunicação sem procurar questionar se os fatos narrados, que muitas vezes são manipulados, estão munidos de total clareza. Muitas vezes não nos perguntamos se o que aprendemos, mesmo nas escolas e universidades, é verdadeiro, se não estamos nos limitando somente à esfera do que os professores passam, sem buscar outras fontes de conhecimento, como a leitura. Não se pode ficar restrito a uma só realidade, preso pelos que manipulam a mente da sociedade; não se pode ver os fatos de um só ângulo. Deve-se refletir e pensar sobre o que nos é passado, para que não fiquemos eternamente presos na escura caverna do saber empírico e recebamos a luz do verdadeiro saber.

Autor: Marcelo

 

Para mais informações sobre a importância do conhecimento científico, confira a importância do letramento na educação.

Além disso, a transição do saber empírico para o científico é um tema que pode ser explorado em Psicologia da Educação, onde se discute a formação do conhecimento.

Se você está interessado em aprimorar seu aprendizado, considere investir em materiais didáticos de qualidade que podem auxiliar nesse processo.

Por fim, a reflexão sobre a educação e suas práticas pode ser aprofundada em Escola Cidadã, que traz uma análise crítica sobre o tema.

 


Este texto foi publicado na categoria Metodologias e Inovação Pedagógica.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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