Folclore vem da palavra folklore que significa, (folk »povo« + lore »conhecimento«) povo do conhecimento.
Folclore é uma ciência das tradições, usos, crenças, lendas, canções e literatura popular.
Atualmente inclui toda a cultura material.
Não existe grande concordância no tocante ao campo das atividades do folclore, que alguns teóricos restringem à cultura espiritual, outros à simples literatura oral, enquanto outros o ampliam às manifestações da cultura material, como acontece no Brasil.
A Carta Brasileira de Folclore, aprovada pelo primeiro Congresso Brasileiro de Folclore no Rio de Janeiro em 1951, aconselhou o estudo da vida popular em toda a sua plenitude, quer no aspecto material, quer no espiritual.
A importância do estudo do folclore vem desde a antiguidade, ressaltando o valor dos mitos, das lendas, dos contos e das fábulas. Para saber mais sobre a cultura popular, você pode conferir Cultura Popular e Folclore.
No século XVI, Montaigne pode ser considerado um precursor.
Contos de fadas e infantis, 1812-1814, chamaram a atenção para o valor da literatura oral e seu amplo significado na psicologia dos povos.
No século XIX, as projeções do folclore começaram a interessar o mundo científico de todos os países, depois que o romantismo realçou sua importância.
No Brasil, os estudos de folclore começaram como interesse literário, tendo como pioneiros Silvio Romero, Celso Magalhães, Couto de Magalhães e José de Alencar, iniciando os nossos estudos da cultura popular. Sendo Silvio Romero o pai do folclore brasileiro.
Vários são os trabalhos, coletâneas, ensaios e estudos no Brasil relativos ao folclore, tendo aproveitamento na literatura e nas artes.
Entre outros nomes importantes do folclore, há os de: Nina Rodrigues (1862-196), que abriu caminho para os estudos de folclore negro, Melo Morais Filho (1844-1919), Amadeu Amaral (1875-1929), Mário de Andrade (1893-1945), que à frente do Departamento de Cultura de SP, iniciou a pesquisa científica do folclore brasileiro e música folclórica, Cecília Meireles (1901-1964), e outros que continuam esse trabalho cultural.
Existem diversos museus de folclore no Brasil, também coleções particulares e bibliotecas especializadas, e centros de estudos. Os mais importantes são: Museu de Folclore em SP, Museu Edison Carneiro, no Rio de Janeiro; Museu Câmara Cascudo, no Rio Grande do Norte. O Ministério da Cultura mantém um órgão, a campanha de defesa do folclore, destinado a pesquisar e divulgar fatos do folclore nacional.
Mitos e lendas
“A Mula-Sem-Cabeça”
Ente sobrenatural muito comum no Brasil. Em alguns lugares do país, é também conhecida como “Burrinha”, “Mula-do-Padre” ou “Cavalo-sem-Cabeça”.
É muito comum, principalmente nos Estados de Goiás e Mato Grosso, sendo um dos mitos mais controvertidos do folclore brasileiro.
Segundo dizem, todas as mulheres que forem amantes de um padre se transformarão em mula-sem-cabeça.
Trata-se de um animal forte, bravio, sem cabeça, que possui fortes patas, calçadas com ferraduras que podem ser de aço ou prata. Seu relincho é tão estridente que pode ser ouvido a bem distante, algumas vezes geme como um ser humano e solta fogo pelo pescoço.
Coitado daquele que atravessar seu caminho!
A mula-sem-cabeça costuma aparecer na meia-noite da quinta-feira para a sexta-feira.
Se alguém for bastante corajoso para lhe arrancar o cabresto, conseguirá quebrar o encanto. Ou então, se algum valente conseguir picá-la com um alfinete, e se sangrar, a encantada perde o seu encantamento.
“Saci-Pererê”
Uma das figuras mitológicas mais populares parece ser o Saci-Pererê. Inúmeros escritores já o colocaram em seus livros. Mas as características frequentes variam. Começa a fazer suas aparições nas histórias de fins do século XVIII e a partir daí fixa-se no mundo fantástico da cultura popular.
O Saci-Pererê é um negrinho de uma perna só, ágil, astuto e atrevido, gosta de fumar cachimbo e usa uma carapuça vermelha (que dá o poder de se tornar invisível). Perturba a vida doméstica, apagando o fogo e queimando os alimentos, escondendo objetos na hora em que mais se precisa deles, trança os rabos e crinas de cavalo, mas nunca faz maldades.
Espanta também os animais. Assusta os viajantes, pedindo fumo. Aparece e desaparece no meio de um currupio de vento. Para se apanhar o Saci, pede-se usar um rosário, uma peneira ou dar três nós num pedaço de palha. É constante no folclore do Sul, principalmente nas regiões povoadas pelo índio tupi-guarani, de cujo idioma nasce o nome. Em várias localidades paulistas contam histórias do Saci-Pererê. Não é maldoso, porém brincalhão como toda criança.
“Onça-da-mão-torta”
Outro registro feito pelo autor do Folclore Goiano. É a alma penada de um vaqueiro velho e mau. É uma onça enorme, rajada, e tem a pata dianteira torta. (Não diz se é a direita ou a esquerda.) Se vista e atirada, não morre. A bala não entra no seu corpo.
“Iara”
A Iara é uma sereia das águas, de grande beleza, que mora nas lagoas e que surge repentinamente para atrair os viajantes descuidados.
Quem escuta o canto da Iara fica encantado e é atraído para o fundo da lagoa.
Lá, entre milhares de sereias, num palácio de coral e pérolas, é realizado o casamento pelo Rei dos Mares.
Danças
Bicho Brabo
O Bicho Brabo é uma tourada, que foi introduzida pelos portugueses na época do Brasil Colônia.
Ainda hoje é comum em Mato Grosso, Goiás e São Paulo.
A tourada é uma recreação popular, festiva, das zonas pastoris, e é realizada num circo ou área fechada, a arena, cercada por grossos palanques, revestidos por traves horizontais bem resistentes. De vez em quando o toureiro precisa subir nas traves para se defender do boi…
Em algumas partes do Brasil, principalmente em São Paulo, nem sempre é um boi que entra na arena para ser toureado. Às vezes entra uma vaca. Em ambos os casos, as touradas são belos espetáculos de destreza e coragem.
Os toureiros trabalham usando capas vermelhas para excitar o boi. Quando os toureiros fazem pegas, ou seja, agarram touros com as mãos, as fintas, que são os desvios e as derrubadas, entram os palhaços que alegram e divertem o público. Nesta tourada brasileira, não se mata o “bicho brabo”, seja ele um touro ou uma vaca, tudo é um esporte, uma brincadeira no meio da arena cheia de sol e de alegria.
Torém
É uma dança que Almofala (Acaraú) nos legou, como uma herança dos índios Tremembés, que habitavam a região. Ao sabor do mocororó – aguardente do caju – cerca de 20 caboclos (homens e mulheres) iniciam a dança ao ritmo do “aguaim”, espécie de maracá, empunhado pela figura do “chefe”.
Catira
Estudada em Goiás por Luiz Heitor. É uma dança só de homens. Considerada versão do Catetetê paulista, é a mais brasileira de todas as danças, no dizer de Couto de Magalhães.
Ao som das violas, catireiros palmeiam e batem pés alternadamente, em evoluções variadas de entremeio ao canto da “moda”, dançando logo a seguir o Recortado. Uma boa Catira vara a noite nas festas das fazendas. Como explica Luiz Heitor, “a grande arte dos catireiros está nos bate-pés e palmas, cujo ritmo é diferente a cada aparição de elementos coreográficos”. E arremata o Professor: “A Catira é uma especialização coreográfica. Qualquer um não pode dançá-la”. E, acrescentamos, é preciso aprender desde menino.
Folclore em algumas regiões do Brasil
Folclore baiano
Bahia
Capital: Salvador
Conhecida popularmente como a cidade das 365 igrejas.
Linguagem/Literatura
Romances hoje reduzidos a pequenos trechos e versos que lembram o período medieval. O romance de Juliana e Dr. Jorge, o Bernal Francês, o Conde Alberto e tantos outros. Há uma literatura de cordel que continua transmitindo essa tradição através da cantoria dos violeiros.
Mitos/Lendas
Caipora, Tutu Marambá, Lobisomem, Bruxa, Uiara, Caboclo D’Água
Danças/Foguedos Folclóricos
Rala-Bucho – de caráter lascivo, exclusivamente de homens, muito apreciado nos forrós juninos de Campo Formoso
Samba de Roda – com meneios de corpo ao som do ritmo musical dos instrumentos, cada movimento possui uma denominação como: miudinho ou corta-jaca
Burrinha – começa na Festa de Reis e vai até o Carnaval. Um indivíduo vestido de vaqueiro ou com outra vestimenta, de acordo com a região, cavalga um jegue, simulado de papelão. A coreografia é realizada ao som da viola, pandeiros e outros instrumentos musicais, com semelhança ao Rancho do Boi.
Bacamarteiros – batalhões ou tropas subordinadas ao sargento, que se apresenta nas festas juninas dando tiros de pólvora seca ou com seus bacamartes – armas de fogo. Guerreiros – lembra o Reisado com a apresentação do Boi.
Caboclinhos – festa de janeiro na Ilha de Itaparica e 2 de julho na Festa de Nazaré das Farinhas, de caráter cívico-folclórico. Entrechoques de arco e flechas.
Bumba-Meu-Boi, Bailes Pastoris, Marujos do Rosário.
Maculelê – origem controvertida, semelhante a um fragmento do Cacumbi, típico de Santo Amaro. O povo recriou essa apresentação nos meados deste século. Saem a 2 de fevereiro, dia de N. S. da Purificação, cantam em homenagem às divindades, ao público e às autoridades. Hoje, totalmente deturpado, é apresentado por grupos parafolclóricos profissionais.
Cultos Populares
Senhor do Bonfim – devoção trazida em 1746 para Salvador pelo Capitão Teodósio Rodrigues de Faria. Romaria, com cumprimento de promessa, lavagem da escadaria N.S. das Candeias – depois do Senhor do Bonfim, também com Romarias a 2 de fevereiro, Cosme e Damião, Santo Antônio, São João, Santa Luzia, e tantos outros. Candomblé.
Arte/Artesanato
Cerâmica utilitária e ornamental (chamada louça de barro, uma herança do nosso índio, aprimorada com a introdução do torno), renda de bilro ou de almofada, bilê e outros tipos de bordados. Objetos feitos de couro, de madeira (santeiros) e também gamela, pilão, metal, tecelagem, lapidadores de pedras, bonecas de pano, riscadores de milagres (artistas populares).
Culinária
Maniçoba – ensopado feito com folhas de aipim ou de mandioca, Xinxim de galinha – cabidela ou Xinxim feito com miúdos da galinha. Maxixada com Leite – pedaço de carne de sol bem gorda, com os temperos e maxixes cortados em rodelas – não confundir com chuchu – despeja-se, depois, nata de qualhada de leite. Servir com farinha de mandioca crua, típica do Sertão.
Folclore mineiro
Minas Gerais
Capital: Belo Horizonte
Etnia: Constituída de bandeirantes paulistas, portugueses, indígenas e negros.
Linguagem/Literatura
Para explicar bem como é o mineiro, temos os provérbios criados como: “Mineiro faz bem-feito”
“Leva seu papel a sério”
“Mineiro não dá ponto sem nó”
(é engenhoso, perspicaz)
“Mineiro não perde trem”
(é precavido)
“Mineiro dorme no chão para não cair da cama”
(confirma a precaução)
“Todo Mineiro é desconfiado” (prudência é irmã gêmea da prudência) “Mineiro não briga, mas não faz as pazes”
(perdida a confiança em alguém, adeus)
“Mineiro sabe guardar”
“Mineiro trabalha em silêncio”
(ouve mais do que fala).
Claro que o provérbio cabe a quem deve e pode usá-lo.
Mitos/Lendas
Cavalo Invisível – mito que aparece na Quaresma. É o cavalo que passa a galope.
Mãe-d’água – mulher encantada que reina debaixo das águas do rio São Francisco e o tão conhecido Saci, a Lenda do Chico Rei.
– é muito longa, mas lembra o homem que governava o povo do Sul da África nas proximidades da foz do Rio Congo. Preso, subjugado e trazido para o Brasil. Nas costas do Rio de Janeiro, seu barco fundou num lugar chamado Valongo.
Todos os negros que estavam neste barco foram comprados por mineiradores de Vila Rica, hoje Ouro Preto, MG. Dada sua cultura, ocupou lugar de destaque junto aos escravos e também junto à Igreja.
Conseguiu fundar uma guarda de “Congos”, da qual participavam todos os negros forros de sua grei. Participavam das festas de N.S. do Rosário sempre com a licença do Sinhô e da Sinhá.
Danças/Folguedos Folclóricos
Batuque, Lundú, São Gonçalo (de promessa) em Januária, Cateretê (Catira), Caxambû de cultura Banto (é, na verdade, uma variação do Jongo), Dança dos Velhos (semelhante à do Rio de Janeiro e São Paulo), Mineiro-Pau, Zona da Mata (dança de roda ao som de chocalhos, pandeiro, reco-recos, ferrinhos e caixas), Folia de Reis, o Boi (Boi-de-Manta, Boi-Janeiro, Boi – Marruê – com características mineiras. É, como diz Saul Martins, “uma sobrevivência totêmico-fetichista, obra sincrética resultante do encontro duradouro de inúmeras culturas”), Congado ou Congo, Romaria (pagadores de promessas em Congonhas), Carvalhada.
Arte/Artesanato
Madeira, fibra vegetal, cerâmica utilitária e ornamental, estudar o Vale do Jequitinhonha.
Culinária
Angu Mineiro, Canjica (grão de milho cozido e temperado com leite de coco e açúcar – é o Munguzá do Nordeste), Arroz Ferrado (arroz cozido com lasquinhas de carne de vaca. É o Arroz Tropeiro), Mocotó (mocotó de boi, depois de cozido com claras de ovos e gemas, canela, cravo, açúcar), Pipoca Salgada, Tatu (guisado de feijão cozido, amassado e coado, depois engrossado com farinha de mandioca. Acompanhamento: lingüiça e torresmos), Doçaria (doce de todas as frutas existentes e sazonais, Mingau de Milho Verde, a Canjica do Nordeste, Pamonha, Pé.
Adivinhas
O que é o que é?
Tem asas mas não voa.
R: avestruz.
O que é o que é?
Que tem dente mas não morde?
R: Alho.
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