Flor de Maio
Para quem nasceu tão “feinha”, desejou criar porcos, curar o oceano com a fisioterapia do “jornalismo”, você acabará curando rios, mares e pessoas, não?
Eu poderia bem esperar 08 de maio, mas quem resiste a este rostinho? E então, por pura preguiça de esperar, eu resolvo que, hoje, como acordei com seu sorriso reto na minha frente, preocupada com meus dois corações, o do peito e o da perna, vou agradecer a Deus pelo seu aniversário. Mas que seja hoje.
Que bom sentimento você desperta! Quase não ouço de você gargalhadas escabrosas, sempre elegante até para rir, e a voz de veludo para ler homilias e rápida para diagnósticos, com medo que o paciente entenda enquanto você tenta driblar resultados clínicos na esperança de não desesperar ninguém. Não coloca na voz ou no jeito de ser nada que a faça superior. Ora, quem diria? Nascer antes do tempo, viver fora do tempo (superou expectativas) continua em outro tempo (tanta bondade – só pode ser de outro tempo – a bondade está tão difícil…) agora é só esperar o tempo futuro para saber como será seu tempo. Segura e despreocupada, amiga e companheira, fiel e honesta, paciente, escreve poesias, publica livros, acorda cedo, enfrenta plantões, ouve “sacodes” de preletores, a, alinhada, separa joio do trigo, analisa a epidemiologia, mistura medicina com realidade e com sonho, sente pena dos doentes, chora quando alguém morre, quando nasce, já fez parto, já extraiu seios. Pouca coisa, convenhamos, para 1,60 de altura, alguns quilos de belo corpo que o tempo moldou, nascida fora do tempo, vivendo fora do tempo, continua em outro tempo… Que bela médica! Culta e bela: é a recompensa que você me deu e valeu a pena esperar pelo seu tempo.
*Tudo para você, Flor de Maio, de Alyne dos Mendonça e dos Marques!
Autora: Aurea Mendonça Coelho Gonçalves
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