Pais separados
Para casais que não têm filhos, a separação pode até ocorrer
de maneira tranquila, sem maiores preocupações. Entretanto,
quando existem filhos, ela tem de ser muito cuidadosa.
Hoje em dia, um número cada vez maior de adultos está criando sozinho seus filhos. A maioria desses adultos são mulheres. Algumas vezes, o adulto precisa criar sozinho uma criança por causa da morte do parceiro, mas, em geral, isso ocorre em virtude de um divórcio ou separação. Certos pais, depois da separação, conseguem permanecer sendo um casal no sentido de serem os pais de seu filho. Educar a autoconfiança e a autoestima é fundamental nesse processo.
Quando isso acontece, a criança é evidentemente favorecida. Se os pais querem que seus filhos sejam felizes, o vínculo filial deve ser preservado independentemente dos laços conjugais. A grande confusão que acaba ocorrendo na cabeça das crianças é quando os adultos misturam as figuras de marido e mulher com as de pai e mãe. Quanto menores forem os filhos, mais necessitam de pai e mãe. Quanto mais dependentes, no sentido de necessitar de cuidados, mais irão exigir uma figura que supra suas necessidades. Essa figura tanto pode ser a materna quanto a paterna.
A capacidade que as crianças pequenas têm de diferenciar a realidade da fantasia é pequena, de modo que estas podem, em sua imaginação, sentir-se responsáveis pelos eventos a seu redor. Portanto, não é incomum que elas sintam que afastaram o pai ou a mãe. Se os pais puderem continuar a ser amigos e a compartilhar a responsabilidade e o amor pelo filho, este passará a compreender e acreditar que não é responsável pelo término do relacionamento dos pais. Como falar de morte com seus filhos pode ser um tema relevante nesse contexto.
Tendo em vista, porém, as características da natureza humana, é comum que a capacidade dos pais divorciados de assumir uma responsabilidade adulta pela criação do filho diminua, e a criança pode então se tornar um “joguete” no relacionamento. Crianças pequenas são muito vulneráveis e precisam ser protegidas das discussões, que muitas vezes não conseguem compreender, mas cujo impacto emocional certamente são capazes de sentir.
Portanto, o importante é que na separação os pais poupem a criança de sofrimento. Tentar explicar a razão pela qual estão se separando pode apenas confundir ainda mais a criança. O que ela provavelmente precisa é de um relato, o mais simples e direto possível, das mudanças que a separação trará. Acordos relativos aos dias de visita são mais facilmente compreendidos por crianças de sete anos do que por crianças menores.
Os filhos não devem ser colocados como culpados, responsáveis ou participantes da separação conjugal. O melhor é transmitir aos filhos que o casal irá se desfazer, mas que os vínculos de pai e mãe serão preservados o máximo possível.
Psicologia Infantil
Dra. Daniela Levy (CRP 06/58195-8)
Pós-Graduada (Latu Senso) em Psicologia Clínica Hospitalar pelo
Instituto do Coração – InCor do HC-FMUSP
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