Os jogos nas aulas de educação física
Este artigo explora a importância dos jogos nas aulas de educação física, destacando como eles podem melhorar o aprendizado e o bem-estar dos alunos, além de oferecer recursos e dicas para educadores.
Os jogos nas aulas de educação física
The games in the physical education classes
Joaquim Rangel Lucio da Penha ¹
Resumo
Os jogos são constituídos de maneira autônoma em relação às crianças e ajudam a desenvolver suas capacidades físicas e motoras. Através dos jogos, as crianças melhoram sua coordenação motora e física, reforçando sua autoestima. O presente artigo tem como objetivo promover a participação em ações que possam melhorar a qualidade de vida das crianças, possuindo um caráter educacional que auxilia na afirmação de valores imprescindíveis à convivência social. Justifica-se pela necessidade de valorizar os jogos na educação física escolar. Para a realização da pesquisa, adotou-se como elemento investigativo consultas bibliográficas a autores que abordam a temática em foco. Os jogos compreendem atividades espontâneas, prazerosas e criativas, que a criança busca para melhor ocupar seu tempo livre.
Palavras-chave: Qualidade; Coordenação e Prazerosas
Abstract
The games are constituted in an autonomous way in relationships with children, and they help to develop their physical and motor capacities. With that, they become more and more comfortable for the children, as it is through the games that children improve their motor and physical coordination, reinforcing their self-esteem. The referring article aims to promote participation in different ways in actions that can improve the quality of children’s lives, possessing an educational character that aids in the affirmation of indispensable values for social coexistence. It justifies the need to value games in school physical education. For the accomplishment of the research, bibliographical consultations to mentioned authors on the thematic in focus were adopted. The games thus comprehend spontaneous, pleasurable, and creative activities that the child seeks to better occupy their free time. Words key: Quality; Coordination and Pleased
Introdução
Tendo em vista que os jogos têm sido considerados um dos fatores muito importantes para a ludicidade infantil e observando-se que a mesma envolve a criança de forma educativa interagindo com o meio, o presente artigo trata sobre esta prática no sentido de ter uma visão mais abrangente dos jogos na educação física, e mais especificamente no desenvolvimento das crianças.
Como os jogos estão presentes desde épocas remotas, têm um papel fundamental no desenvolvimento motor da criança, contribuindo principalmente para o fortalecimento do organismo e melhorando as habilidades que são úteis para a vida das crianças que praticam educação física. A prática dos jogos leva as crianças a ter um estímulo para a criatividade, um benefício para a formação pessoal e para as relações sociais, dando lugar à liberação de tensões da vida cotidiana, resgatando os valores essenciais para a sua autoestima. Portanto, os jogos estão sempre estimulando a ludicidade e o prazer entre crianças, proporcionando motivações onde é trabalhada a coordenação motora, fazendo com que a criança evolua cada vez mais em suas ações.
Os jogos são um meio onde a criança passa a desenvolver sua personalidade. Quando a criança joga, opera com significado suas habilidades motoras, o que faz desenvolver sua vontade e, ao mesmo tempo, torna-se consciente de suas decisões. Entretanto, os jogos e brincadeiras sempre contribuíram e influenciam na vida de uma criança, fazendo com que ela tenha capacidade motora em tudo que faz, dando a ela mais criatividade e curiosidade em suas habilidades. E por meio das brincadeiras, as crianças se envolvem no jogo e sentem a necessidade de partilhar com os outros. Mesmo em postura de adversário, a parceria é um estabelecimento de relação. Esta relação expõe as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões, testando limites. Brincando e jogando, a criança terá a oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis à sua futura atuação profissional.
O que é jogo?
Para Huizinga (1999, p.33), “jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias”. Sendo assim, os jogos têm suas regras flexíveis, sendo muitas vezes adaptados de acordo com o espaço existente, com os materiais disponíveis, número de alunos, e além de apresentar um caráter competitivo como o esporte, dispõe também de caráter cooperativo, recreativo e lúdico em situações de confraternização ou simplesmente como diversão e passatempo. Segundo Gadamer (2002, p. 175), “aquele que joga sabe, ele mesmo, que o jogo é apenas jogo, e que se encontra num mundo que é determinado pela seriedade dos fins. Mas isso não sabe na forma pela qual ele, como jogador, imaginava essa relação com a seriedade”. Portanto, o jogo deve ser ao mesmo tempo, lúdico, dinâmico e sério. Porque o ser do jogo se envolve completamente ao ambiente de alegria em que proporciona prazer, obedecendo a determinadas regras que compõem o jogo.
O jogo ajuda a construir novas descobertas, desenvolve e enriquece a personalidade dos alunos e simboliza um instrumento pedagógico que leva o professor à condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. Os jogos podem ser motivadores e, por isso, são um instrumento muito poderoso na estimulação da construção do raciocínio; o desafio proporciona ao aluno a busca de soluções ou de formas de adaptação a situações problemáticas. Para mais informações sobre a importância da educação física, consulte Educação Física Escolar: Conhecimento e Especificidade.
Origem dos jogos
A palavra jogo se origina do vocábulo latino ludus, que significa diversão, brincadeira. Jogos são construídos em determinado momento da história, a partir de diferentes estímulos e necessidades, e são incorporados a determinadas culturas. Pois, desde os mais remotos tempos, quando a espécie humana surgiu no planeta, nasceu junto a ela uma necessidade vital para seu crescimento intelectual: jogar.
Para Kishimoto (1992, p. 25), “não se conhece a origem dos jogos. Seus criadores são anônimos. Sabe-se, apenas, que são provenientes de práticas abandonadas por adultos, de fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos”. Os jogos estão presentes desde épocas mais remotas, podendo ser encontrados em todos os lugares e em diferentes sociedades. E é fato que povos antigos como os da Grécia e do Oriente brincaram de amarelinha, empinavam papagaios, jogavam pedrinhas e até hoje as crianças o fazem quase da mesma forma. Tais jogos foram transmitidos de geração em geração através dos conhecimentos empíricos e permanecem na memória infantil.
Mais um dos momentos muito importantes para o desenvolvimento dos jogos foi durante as grandes navegações, quando culturas diferentes se encontravam e trocavam informações sobre jogos, motivo pelo qual se proliferaram pelo mundo todo.
Tipos de jogos
O jogo não deve ser um dos aspectos dominantes na vida de uma criança, e sim, como fator de desenvolvimento por estimular a criança a pensar e fazer com que ela passe a agir independentemente, nas escolhas e decisões. Para Chatean (1996, p. 82), “o jogo é uma prática humana essencial, que contribui para a evolução do indivíduo, estabelecendo relações de equilíbrio entre eles e a realidade que os cerca”.
Segundo Lino de Marcedo (1995), em Piaget, propõe que todos os jovens devem ser estruturados basicamente seguindo três formas: Exercício, símbolo e regras. O livro propõe que, “embora essas três formas de jogo evoluam gradativamente no desenvolvimento da criança, todos os jogos contêm características das três formas”. Assim, Tavares e Souza (1996, p.49-52) classificam os diversos tipos de jogos que são praticados em vários ambientes e de diversas formas:
- Jogos Sensoriais: São jogos destinados aos estímulos dos sentidos humanos. O cérebro tem papel fundamental no processo perceptivo dos alunos, pois os sistemas sensoriais se processam nele. Trabalham também os sistemas sensoriais do tato, da audição e da visão. Estes jogos estão sujeitos a alterações conforme o desenvolvimento dos alunos, faixa etária, disponibilidade de materiais, entre outros.
- Jogos de Representação: São os jogos que promovem o desenvolvimento da capacidade de expressão através da linguagem corporal. É um jogo onde o jogador interpreta um personagem com narrativa criada por ele mesmo. Nesse jogo, utiliza-se a inteligência, a imaginação e o diálogo para, em colaboração com os demais participantes, buscar alternativas que procuram encontrar para o objetivo do jogo. O jogo é um trabalho a ser resolvido cooperativamente, e isso é algo que fascina o aluno.
- Jogos Cooperativos: Nos jogos cooperativos, as regras são feitas ou criadas em um ambiente restrito ou até mesmo de imediato. Geralmente, os jogos têm poucas regras e estas são simples. Podem envolver um jogador sozinho ou dois ou mais jogando cooperativamente. Os jogos devem ser disputados como uma forma de lazer, sem que os participantes enfoquem a competição como ponto essencial. Segundo Schwartz (2002), “a criança é automotivada para qualquer prática, principalmente a lúdica, sendo que tende a notar a importância de atividades para o seu desenvolvimento, assim favorecendo a procura pelo retorno e pela manutenção de determinadas atividades”.
- Jogos Populares: São aqueles conhecidos como jogos de rua, onde seus participantes podem ser alternados, decididos pelos próprios jogadores, com flexibilidade nas regras, e sem exigir recursos mais sofisticados, pois sua origem está na cultura popular. O jogo popular é uma riqueza cultural grande que precisa ser conhecida e preservada. A cultura é vida e compete a todos nós mantê-la viva.
- Jogos Coletivos: Segundo Kishimoto, “o jogo coletivo é uma necessidade para a criança. O desejo de convivência, o instinto associativo, a vontade de fazer parte de um grupo, é força dinâmica da vida”.
Os jogos como prática pedagógica
Segundo os PCNs (1997, p. 64), “jogo é atividade de ocupação de espaço e deve ter lugar de destaque nos conteúdos, pois permite que se amplie as possibilidades de se posicionar melhor e de compreender os próprios deslocamentos”. Transformando a realidade da escola em um ambiente agradável de estar e aprender, mudando a prática pedagógica, com atividades que valorizem as experiências e desejos dos alunos, utilizando jogos que criem oportunidades para o desenvolvimento físico, moral e intelectual.
Os jogos são utilizados como componente curricular por várias disciplinas, mas é na disciplina de Educação Física que este se destaca através da realização dos Jogos Esportivos. Fazendo um papel de destaque na Educação Física escolar. Para Castellani Filho (1998), “a Educação Física, enquanto disciplina curricular, tem o objetivo de tratar pedagogicamente os conteúdos da cultura corporal e permitir aos alunos o conhecimento e a análise crítica desses conteúdos”.
Freire (1992) afirma que se o contexto for significativo para o aluno, o jogo, como qualquer outro recurso pedagógico, tem consequência importante no desenvolvimento do aluno. Para conseguir este desenvolvimento com o aluno, certamente, os jogos, as atividades lúdicas e as brincadeiras parecem ter cada vez mais o seu lugar entre as atividades. A função básica é assegurar a prática no processo ensino-aprendizagem, com seus objetivos voltados para uma atividade motivadora, reforçada pelos conteúdos desenvolvidos pedagogicamente, respeitando-se as fases do desenvolvimento humano.
Contribuição dos jogos para seus participantes
Os jogos contribuem muito na inclusão dos participantes, trazendo muito mais benefícios que um simples momento de diversão. Quando se alia os jogos a outras atividades que os estudantes realizam no dia a dia, o rendimento tende sempre a melhorar. Eles ganham mais disciplina e aprendem a respeitar os colegas.
De acordo com Jean Piaget (1975, p.84), “o jogo favorece um equilíbrio afetivo na medida em que é uma atividade pelo prazer e tem como finalidade a afirmação do eu”. Podemos perceber que o prazer lúdico é uma expressão afetiva de toda aprendizagem que o jogo possa desenvolver. Segundo Schwartz (2000), “a dimensão lúdica e estética abre possibilidades para estimular a formação de indivíduos construtores ativos de suas culturas”. Mais para isso, é necessário que o jogo seja utilizado de maneira que auxilie nas mudanças de atitudes, buscando e incentivando o que é necessário ao ser humano. Podendo favorecer a autonomia dos alunos para monitorar as próprias atividades, regulando seus esforços, traçando metas, conhecendo as potencialidades e limitações e sabendo distinguir situações de trabalho corporal que podem ser prejudiciais.
Considerações finais
Os jogos oferecem numerosas situações nas quais as crianças podem enfrentar o ambiente social, aprendendo e experimentando novas formas de comportamento. As atividades recreativas não acontecem apenas na escola; sabemos que elas se desenvolvem em qualquer lugar, onde as crianças passam a conhecer melhor suas habilidades, seja qual forem os jogos praticados.
Os jogos propõem à criança benefícios para sua coordenação motora, além de desenvolver a afetividade no desenvolvimento dos praticantes, para buscar a autoconfiança e a iniciativa. Portanto, é necessário lembrar e valorizar nas crianças uma autoimagem positiva. Os jogos devem ser sempre incorporados ao cotidiano da criança, constituindo um importante caminho para o crescimento pessoal e social da criança. Neste contexto, faz-se necessário afirmar que os jogos devem associar o corpo e emoção, na consciência, na busca do prazer.
Portanto, os jogos são muito importantes no cotidiano das crianças e devem ser transmitidos de maneira espontânea e criativa, promovendo a elas um prazer e diminuindo a tensão em seu meio de convivência.
______________________NOTAS 1 Graduando do curso de Educação Física da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA.
Referências
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais – Educação Física. Brasília, 1998.
CASTELLANI F. L. Educação física no Brasil: história que não se conta. Campinas, Papirus, 1994.
CHATEAU, J. A criança e o jogo, Coimbra, Atlântica, 1995.
FREIRE, J.B. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1992.
GADAMER, H.G. Verdade e método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Petrópolis, Vozes, 2002.
HUIZINGA, J. O jogo como elemento da cultura. São Paulo, Perspectiva, 1999.
KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo; Pioneira, 1992.
MARCEDO, L. J. Jogos e sua importância na escola, São Paulo, Pioneira, 1995.
MUSCH, E. A.; MERTENS, B. L’enseignement des sports collectifs: une conception elaborée à I ISEP de 1.ª Université de Gand, Révue de l’éducation physique, 1991.
ORLICK, T. Vencendo a competição. São Paulo; Círculo do Livro, 1989.
PAES, R.R. Aprendizagem e competição precoce: “O caso do Basquetebol”, Universidade Metodista de Piracicaba: Dissertação de Mestrado, 1989.
SCHWARTZ, G. M. Emoção, aventura e risco – A dinâmica metafórica dos novos estilos. In: Burgos, M.S.; Pinto, L.M.S. (Org.). Lazer e estilo de vida. 01 ed. Santa Cruz do Sul, 2002.
As dimensões estética e lúdica e as interfaces do lazer. Santa Cruz do Sul, 2000.
TAVARES, M. e SOUZA, J. M. O jogo como conteúdo de ensino para a prática pedagógica da educação física na escola. In revista Corporis. VI, N° 1, Recife, 1996.
Autor: Joaquim Rangel Lucio da Penha – Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual Vale do Acaraú e Especialista em Educação Física Escolar pelas Faculdades Integradas de Patos.
Confira as melhores opções de bolas de futebol para suas aulas.
Veja materiais esportivos que podem enriquecer suas aulas.
Explore kits de jogos que podem ser utilizados em atividades recreativas.
Descubra brinquedos educativos que podem ser usados nas aulas.